sábado, julho 20, 2013

Projeto da quinta dos peões avança sem auscultação à população

Em notícia avançada pelo diário do minho é difundido  o desfecho do percurso da quinta dos peões: foi decidido em reunião da Assembleia da Câmara de Braga por maioria, merecendo os votos favoráveis também dos partidos da oposição. A quinta dos peões era do Estado, mais propriamente do Ministério da Agricultura, saíu para a Câmara para logo de seguida ser vendida ao senhor Rodrigues Névoa. Nunca se percebeu porque é que não reverteu para a UM uma vez que estava contígua aos terrenos destinados à UM, mas deste tipo de mistérios está a cidade de Braga cheia, por isso não espanta. Também à boa maneira do que se tem feito em Braga, um espaço verde, talvez o único que restava naquela zona da cidade tão saturada de trânsito devido à entrada do campus de Gualtar da Universidade, vai dá lugar a mais cimento, mais trânsito e estrangulamentos, para não falar da poluição, uma vez que se vai construir um centro de congressos e a associação de estudantes !
A oposição aprova provavelmente porque é influenciada por designações nobres dadas aos edifícios que lá se constroem e supostamente beneficiam a Universidade, tais como o centro de congressos e o centro de empreendedorismo. Essa é a cenoura meus senhores ! Quem fica com a fava? São os utentes do campus de Gualtar, professores, alunos e funcionários, claro. Mas esses não foram consultados. Que me conste não houve uma auscultação à população como é costume nestes casos, quanto mais aos utentes do campus. Assim vai a câmara de Braga, tomando decisões estruturantes em vésperas de eleições autárquicas, não fosse o diabo tecê-las e o próximo executivo estudar melhor esta questão e decidir manter o espaço verde !

sábado, julho 13, 2013

Os dois pólos da UM: uma história por contar

A divisão da  Universidade do Minho em dois pólos ocorreu em 1976, contra o desejo da Comissão instaladora que geria a Universidade na altura, e desde então já se fizeram milhares de viagens  entre Braga e Guimarães. Muitos professores e funcionários gastaram do seu próprio  bolso os custos dessas viagens. Já alguém pensou no que se teria poupado só em combustível se não tivesse havido essa divisão? Se a universidade fosse só num sitio como estava previsto? Quando a auto-estrada foi construída, a pensar sem dúvida nos dois pólos da universidade e no negócio que isso traria, somou-se ao combustível as portagens, as mais caras do país por km. Não seria demais a concessionária pagar parte dos lucros que tem com os alunos e professores à  universidade ! E o prejuízo para a vida dos professores que foram destacados para Guimarães e viajaram durante anos num pequeno autocarro (mais tarde foi substituído por um transporte comum com o dos alunos)? Para evitar este incómodo as novas engenharias, a Biológica por exemplo, conseguiu ficar em Braga, quando o acordo inicial era de que as engenharias ficariam em Guimarães. Houve outras engenharias que se dividiram em duas, como os Polímeros. No entanto  a sua maior incidência era no pólo de Azurém em Guimarães. Isso não evitou no entanto, desmultiplicações desnecessárias dos professores entre pólos, agravado pelo arranque de cursos, como o de engenharia de materiais, com a participação de departamentos sediados em Guimarães, o de Engenharia Mecânica e o de Engenharia de Polímeros. Claro que estas constantes viagens e estadias nos dois pólos tiveram consequências no atendimento dos alunos, na orientação de mestrados e doutoramentos e nos currícula dos professores.Tudo feito em cima do joelho para remediar uma situação anormal de uma universidade com dois pólos, e fruto do interesse de professores com influencia junto do centro de decisões, ou seja, junto da reitoria e do poder político da altura.
A transferência de cursos para Guimarães em 1976 seria com o objetivo de desenvolver a cidade. Guimarães demorou muito tempo a obter aquilo que dizia ter direito, O desenvolvimento da cidade com a vinda dos estudantes e professores ocorreu bastante mais tarde, e ainda hoje muito aquém do que Braga beneficiou. Qual a razão? Não me ocorre nada mais do que dar-se o caso que durante muitos anos os primeiros anos eram em Braga e os alunos já estariam hospedados em Braga. Mas e nos últimos anos quando isso deixou de ser a norma e os cursos eram lecionados na totalidade em Guimarães? Continua o movimento de alunos e professores entre as duas cidades. Conclui-se que entre o que se perdeu para a região, com uma universidade dividida e necessariamente prejudicada por essa razão, e o que se ganhou para Guimarães, ficou a região prejudicada e o país gastou mais dinheiro, sem contar com o desperdício para os professores e alunos à conta das deslocações diárias.
Razão tinha a Comissão Instaladora, com Lloyd Braga como Presidente e onde pontuavam figuras como Barbosa Romero e Santos Simões, de querer ficar unida. independentemente do local. É interessante folhear as páginas de um documento na forma de livro publicado em 1976 pela ADMIN-Associação dos Interesses do Minho, e encontrar nos vários capítulos relatos de documentos que relatam as várias etapas do processo, desde o despacho do Ministério da Educação de então (MIEC) que dividiu a universidade em duas, o despacho 61/76, passando pela posição tomada pela comissão nomeada elo Conselho Pedagógico da UM, da qual faziam parte Luis Soares, Sérgio Machado dos Santos, Chainho Pereira, António Guimarães Rodrigues e Jaime Rocha Gomes (eu próprio, acabado de chegar à Universidade no início desse ano !). Embora mais novo que os outros elementos e sendo ainda só assistente convidado, senti como os outros que este seria um erro cujas consequencias perdurariam durante anos. Infelizmente, não nos enganámos.

 

terça-feira, julho 02, 2013

Correias de transmissão

Temos como portugueses a tendência para ajudar aqueles que nos enviam informações, reenviando essas informações para outros. Assim surgem informacoes sobre as farmácias que estão nos campi, promovendo as suas atividades e outros servem-nos informação sobre cursos de formação de empresas privadas, cursos esses subsidiados. Não há mal nenhum nisso, no entanto alguém pediu essa informação? E porquê  informação sobre de uma empresa e não outras? qual o critério da escolha? Ao menos as farmácias estão no campus, mas e no caso da formação?
Também temos o coração grande e divulgamos situações verdadeiramente trágicas de crianças que precisam de tratamento, muitas vezes no estrangeiro, para sobreviverem ou ao menos melhorarem a sua qualidade de vida. No entanto se calhar o próprio não fez nada para ajudar essa criança, passando a responsabilidade e o peso na consciência para outros. Ninguém pode individualmente resolver problemas graves desta ordem e desta forma. O estado é que deve resolver, não premiando os ricos enão   retirando  capacidade ao serviço nacional de saúde. No entanto, esses que fazem esses apelos, muitas vezes não apoiam o serviço nacional de saúde, são normalmente incentivados por sentimentos religiosos ou de compaixão, que vertendo lágrimas de crocodilo, contribuem inconscientemente para a caridadezinha tão querida do antigamente, do tempo da outra senhora. Nos tempos do PREC estas pessoas seriam apelidadas de correias de transmissão....mas desta vez, do lado oposto, daquilo que é iniciativa privada é não daquilo que é do coletivo.
Resta salvaguardar aqueles e aquelas que genuinamente contribuem para colmatar as deficiências do SNS  salvando estas crianças, como os médicos, enfermeiros e porquê não dize-lo, alguns políticos.

sábado, junho 22, 2013

A reforma dos funcionários públicos

Os funcionários públicos são tratados como se fossem privilegiados. Depois de todos os cortes que já sofreram vão agora ter revistas as suas reformas, para "aproximá-las" do setor privado. Assim todos aqueles que descontaram segundo uma determinada lógica, e contrato com o Estado, vêm agora as suas expetativas goradas em relação à sua reforma. Como não têm possibilidade de causarem mossa ao governo, ao contrário dos professores do secundário, por exemplo, são o alvo óbvio do governo.
Assim vai o país, com um governo que ataca os mais fracos e poupa ao mais fortes. Um governo que divide para reinar, e usa o setor privado como arma de arremesso para com o setor público.  Muitos funcionários e principalmente patrões do privado concordarão com estas medidas, porque não lhes toca a eles. Mas esquecem que os descontos que os funcionários do setor público fazem foram mais elevados que os do setor privado, porque foram baseados no salário real, não havendo possibilidade de "fugir" ao fisco, enquanto que todos sabemos que muitos no setor privado não declaram o salário real que auferem nas suas empresas, usando outras compensações para complementar o seu salário, de forma a evitar que nelas incida  IRS, o que também implica descontarem menos para a Segurança Social. Que não se pense que o governos mais tarde ou mais cedo também não irá atrás daqueles que agora escapam ! Haverá de chegar a sua vez. Por isso será melhor não esfregarem as mãos de contentes ou a testa de alívio. Fala-se agora do pós-troika. Pois quando recuperarmos e começarmos a crescer de novo, o funcionalismo público estará desfalcado e em muitos setores, privados dos seus melhores elementos, que ou se reformaram ou foram despedidos. e nessa altura o governo abre lugares na função pública e o que acontecerá? Alguém que tem um oportunidade de emprego no privado quererá ir para o público, onde ganha menos e não tem qualquer contrapartida, como tinha antes, tal como maior segurança de emprego e melhor reformas ou ADSE? Será como nos EUA, onde só os serviços privados funcionam bem, e esses são só para quem tem dinheiro.

domingo, junho 09, 2013

Vêm aí os despedimentos no Ensino Superior

Vêm aí os despedimentos no Ensino Superior.  Já foi dito pelo Secretário de Estado da tutela e a sua anunciação está na proposta de lei nº154/XII/2 a ser apresentado à Assembleia da República dia 12 deste mês, daqui a dois dias. Não houve sequer negociação, embora a SNEsup dê a atender que foi fruto da pressão negocial deles que foi introduzida a cláusula de salvaguarda no nº 4 do artº 4 da "especificidade em relação ao respetivo corpo docente e investigador", o que quer que isso signifique (o que é específico se não quase tudo?).
Esta proposta de lei também "especifica" quem serão os primeiros a ser enviados para a mobilidade, leia-se desemprego: os Assistentes e Professores Convidados. Mas não ficam a salvo aqueles Professores Auxiliares que não têm ainda os 5 anos. Não se sabe como se vai mobilizar o pessoal docente daqueles departamentos que já não têm ninguém nestas condições. E é que são muitos, na Engenharia pelo menos. Parece que quem vai decidir são as chefias intermédias, que no caso dos Professores serão os chefes de departamento. Como se exige dois, o outro será o diretor do Centro? São duvidas que em breve serão dissipadas. Quanto aos critérios, há aquilo que se chama a Avaliação do desempenho que no caso dos funcionários será o SIADAP e no caso dos Professores o RAD? É que nem todos os Professores foram avaliados pelo RAD. A outra possibilidade será a "avaliação da competência profissional", o que basicamente será a adequabilidade às suas funções. Pode ser arbitrário uma vez que o que se pode dizer de um professor em relação a isto? Para um técnico será mais fácil se por exemplo não tiver capacidade de utilizar um determinado programa informático, mas em relação a um professor? Pois se ele foi contratado para lecionar uma determinada área como decidir que não tem "competência profissional"?
São todas estas questões que fazem com que todo este processo vá ser polémico e eu não quero estar onde isso acontecer. Não quero ver os mais vulneráveis mais uma vez a serem despedidos (já foram os leitores e convidados). Não quero ver os protegidos das chefias a serem poupados, aqueles que até foram beneficiados no passado, com promoções, prémios e outras benesses. Já chega de ouvir e sentir também na pele, os funcionários públicos a serem privados de parte dos seus salários, para agora estar no meio de um processo de despedimento que nos vai tocar de muito perto. E é para começar ainda este ano, ao contrário dos outros professores do básico e secundário, que podem esperar para o ano, vá-se lá saber porquê, ou por outra, sabemos que é por serem os que têm mais força negocial. E não foram avaliados, o que dificulta o critério de base, ou seja,  a avaliação do desempenho. Eles lá sabiam porque não queriam a avaliação....

sábado, maio 25, 2013

Fim de ciclo de um curso e uma ideia alternativa

Na Universidade do Minho em Guimarães no Departamento de Engenharia Textil há 30 anos atrás, 1983, os professores eram jovens e os alunos também. Agora, os professores não são novos e os alunos também o não são, se considerarmos a média normal de idades dos alunos universitários. Que situação! Os professores, muitos a caminho da reforma, e nenhuns com menos de 45 anos, os alunos são do curso pós-laboral já com as suas vidas organizadas durante  dia, com pouco entusiamo para ouvirem a teoria da que se ensina no curso, ansiosos por aprenderem coisas práticas e novas. Portanto que conclusão tiramos do curso? É um fim de ciclo. O que os professores têm, ou pelo menos alguns, é experiência e neste ramo não há muitos que tenham essa experiência combinada de tecnologia e ciência.
A partir de agora, o ensino terá que ser de outra forma, mais personalizado, com os professores a transmitirem os seus conhecimentos com base na sua experiência, não através de um curso já esgotado, mas tem que ser de uma forma diferente. O reduzido número de alunos presta-se a isso. Se cada professor tomasse nas suas mãos o ensino e orientação pedagógica e científica de 5 alunos, cobrir-se-ia dessa forma todos os alunos de engenharia textil. O aluno podia ter os dois primeiros anos de ensino geral, e a partir daí ficaria a estudar só com um professor. Os professores deviam ser escolhidos entre os mais experientes em termos de projetos de I&DT e de PSECS, e estabelecer o ranking. Ao esgotar os alunos os restantes professores ficariam sem alunos mas com outras tarefas, e com a obrigatoriedade de estabelecer contactos com a indústria e de se candidatarem a projetos de IDT par ganharem experiência tanto industrial como científica. Poderiam também fazer parte do grupo dos professores mais experientes e coadjuvá-los.
Aqui fica a ideia.

terça-feira, maio 21, 2013

Mobilidade e greves

Os professores do ensino secundário ameaçam greve aos exames. Que bicho lhes mordeu? Só agora se mexem? No tempo do governo Sócrates não só fizeram greve aos exames como também não se calavam o tempo todo. Porquê? Agora percebe-se que não queriam as avaliações. O resto, mais alunos por turma, horários zero, menos contratações, menos estabilidade para os contratados, agrupamentos de escolas, cortes nos salários, cortes nos subsídios, etc, que lhes foram atirando para cima desde que a troika veio, nada disso fez aos sindicatos tanta raiva como um simples programa de avaliações, proposto pelo anterior governo. É caso para dizer: quem tem medo das avaliações? E porquê? A resposta é óbvia e não serei eu a dá-la.
 Mas este governo, após uma tímida proposta de avaliação, deixou cair o assunto. Não lhes interessa a qualidade? Ou pura e simplesmente querem os sindicatos dos professores pacificados, nomeadamente os seus dirigentes?  Era assim com os sindicatos americanos: apaparicavam os cabecilhas com benesses para os domesticar e conseguiram, no caso do Jimmy Hoffa que acabou por controlar os sindicatos mais poderosos. Os alemães foram pelo mesmo caminho oferecendo ações das empresas onde eles trabalhavam, como "incentivo". E agora não têm força. Felizmente têm uma economia forte que embora beneficie os mais ricos, sim porque na Alemanha o fosso entre ricos e pobre nunca foi tão grande, sempre paga bem aos dirigentes dos sindicatos, Os desempregados e os mal pagos, esses não têm força. Por cá, vamos pelo mesmo caminho. Vejam os professores contratados, alguns com mais de 20 anos de serviço e agora desempregados, Os sindicatos estão preocupados? Estão sim, mas a avaliação preocupa-os mais.
Na mobilidade como vai ser? Quem vai primeiro? Se não foram avaliados...mas parece que não vão para a mobilidade, em troca talvez de..não fazerem greve aos exames.
E assim vai o País. Quem sofre é quem não tem voz. Primeiro os reformados, que são alvo fácil. Depois os funcionários públicos mais fracos (carreiras médias para a mobilidade), depois os outros. Só não se toca nos juízes. O Sócrates atreveu-se a sugerir férias só de um mês, porque achava que dois era muito, teve os sindicatos a fazer de tudo, até pediram contas aos gastos com cartões de crédito dos ministros!
Quanto às avaliações no Ensino Superior, também há muito quem conteste. Parece que é um mal nacional no que toca ao ensino.
Os Professores do Ensino Superior do quadro têm sido poupados nos despedimentos, tal como os restantes funcionários públicos. Mas mais uma vez os mais fracos, leitores e convidados foram os sacrificados. Mas e a mobilidade? Também vai ser para todos? Vamos ver, porque aí, mais uma vez, não havendo avaliações, quero ver qual o critério e se os sindicatos do superior fazem ameaça de greve aos exames tal como os seus colegas do ensino secundário. Nessa altura já vai ser tarde porque ninguém os vai levar a sério. Foram demasiados anos a serem manipulados sem qualquer reação.

sábado, maio 11, 2013

O ensino em inglês para brasileiros

O conselho de reitores veio a público protestar pelo facto de os alunos oriundos do Brasil irem agora ser encaminhados para os EUA e outros países onde se ensina em inglês. Não sei qual é o grande problema que se pensa existir. Fala-se em perdas de propinas mas os alunos brasileiros pagam  mesmo que os portugueses e não serão em número tão elevado que faça assim tanta mossa nas contas das Universidades. Fala-se também em perda de ligação cultural. Talvez haja um pouco de perda nesse sentido, embora seja difícil de antever. Depende muito se alguns destes alunos no futuro chegue a um lugar relevante na cultura brasileira, De outro modo, não será diferente de outros brasileiros que se encontram em Portugal a trabalhar. Também se receia um "downgrade" do ranking mundial das universidades portuguesas. Neste caso, receia-se mais a imagem do que a realidade, porque de facto não são os alunos brasileiros que contribuem de alguma forma significativa com o nível de publicações, patentes ou outras manifestações científicas ou mesmo culturais (livros, pintura, design e outras manifestações de cultura) oriundos das universidade portuguesas. Infelizmente sabemos que muitos dos alunos brasileiros não são muito diferentes dos alunos de Erasmus na sua atitude, ou seja, primeiro conhecer o País, nesta caso a Europa, conviver, que no caso dos brasileiros acaba mais por ser entre eles do que com outras nacionalidades, e só depois vêm os estudos. Para as universidades, isto não as preocupa, por isso deixem-se de hipocrisias. Se os estudantes saírem com um canudo, não interessa se aprenderam alguma coisa ou não. Não são da nossa responsabilidade. É essa no intimo a atitude dos professores perante o interesse final dos alunos brasileiros, que é o canudo, seja com uma boa nota ou não. Este é o meu pressentimento embora não tenha provas. Não é possível com o tempo que eles estão cá e a preparação deficiente que trazem, fazer muito mais do que esperar que pelo menos saiam com um diploma, porque disso depende o futuro destes jovens no país deles e o professor não terá que explicar porque não o passou, quando interrogado por estas instituições que se preocupam tanto com os resultados na pauta e agora também com a  imagem das suas instituições e do país. "Let it go" e procurem alternativas. Se os brasileiros não querem, há quem queira. Há sempre!
O Ministro da Ciência do Brasil afirma que a razão de mudarem o rumo dos seus bolseiros para países como os EUA é para os bolseiros brasileiros aprenderem inglês ao mesmo tempo que tiram os seus mestrados e doutoramentos. Muitos acham que é desculpa. Muitos desconfiam que os responsáveis brasileiros não consideram que se desenvolverão científicamente com o que se aprende em Portugal. Uma coisa que já devíamos saber é o Brasil não olha para a língua portuguesa e para o seu património como os portugueses. Foram ensinados na escola que os portuguese estragaram o Brasil depois de o descobrir, matando índios e instaurando um sistema burocrático e paralisador que impediu o seu desenvolvimento. Os EUA por outro lado, foram desenvolvidos por colonos que não tinham nem a burocracia nem o atraso dos portugueses, misturando- se aqui um pouco o fator cultural de um povo com a religião católica, considerada também imobilizadora. Pois pode muito bem ter algum fundo de verdade, pois Portugal também sofreu e sofre estes constrangimentos. Mas ninguém deve renegar os seus pais por serem isto ou aquilo, e muito menos por serem mais pobres que outros. Os filhos desenvolvem-se segundo as suas próprias capacidades e não podem culpar os pais pelas suas falhas ao longo da vida. Assim são as nações.
O inglês é importante mas se os brasileiros não têm a facilidade de outros povos em falar inglês, o problema é seu e não dos seus antepassados, uma vez que estes desenrascam-se muito bem nesta como noutras línguas.

domingo, abril 28, 2013

Lisboa, Porto e resto do País

Porquê que os media nomeadamente a televisão, incluindo a RTP paga por todos nós, tratam o resto do País como se de parolos se tratassem e alimentam-nos com festas e festarolas em que a chamada musica pimba impera? Até parece que querem manter o interior ignorante reservando para as duas maiores cidades o País culturalmente superior, tendo o CCB e a Casa da Música a como bolsas culturais num país culturalmente desertificado. Mesmo em cidades de dimensão intermédia,  como Braga e  Guimarães, os sucedâneos destes dois bastiões da cultura, como o Teatro Circo e o Palácio Vila Flôr não têm nada que se pareça em termos de programação cultural. Foram no entanto feitos esforços pelos presidentes das camaras destas duas cidades para ter algo parecido que facultasse estas cidades de algumas atividades culturais. Com a aproximação das autárquicas, será bom que se pense nesta vertente, a cultural, porque com os cortes na cultura, do governo não virá nada, e se vier será para as duas grandes cidades como sempre foi (não consta que o CCB tenha sido financiado com fundos da câmara de Lisboa nem a casa da música pela câmara do Porto !).
Há outra vertente, a das obra públicas, que têm unicamente beneficiado estas duas cidades, mas pagas por todos nós, como são os metros do Porto e de Lisboa. O mais escandaloso são estas negociações que estas empresas fizeram, os chamados "swaps", que nos irão penalizar ainda mais. São os juros especulativos, a serem pagos aos bancos, que já forma denunciados por todos, governo e oposição, que nos vão particularmente penalizar. Isto para os utentes destas das cidades terem um sistema de transporte que é muito mais barato que os praticado pelos TUB, os transportes de Braga, por exemplo.
Isto para concluir que a captação de pessoas para os distritos de Braga e Guimarães, será mais difícil do que para Lisboa e Porto. Com meios culturais mais pobres, as profissões como médicos por exemplo, vão privilegiar estas duas cidades, e com os transportes mais baratos e melhores, as universidades também são prejudicadas por tudo isto: os aluno pagam menos em Lisboa e Porto o que também conta para a sua escolha.
As Universidades e os serviços (saúde, tribunais, etc) destas duas cidades intermédias, Braga e Guimarães, ficarão sempre para trás se não se investir na cultura e nos transportes. A crise não pode servir de desculpa. Há outras formas de poupar dinheiro.

terça-feira, abril 16, 2013

A escrita inteligente

Escrever com escrita inteligente como é o caso deste post, tem as suas vantagens por acabar o que começamos e de corrigir automaticamente o que escrevemos. No entanto tornamo-nos preguiçosos e descuidados com o que escrevemos. Não sendo uma ferramenta de ensino, não se aprende nada com ela. Faz-me lembrar algum do ensino que se faz por cá. A internet serve como a escrita inteligente nos trabalhos que muitos alunos apresentam e muito professores (não ) corrigem. Escreve-se uma palavra chave e já está: o texto aparece-nos à nossa frente para completar a nossa palavra chave e daí  a aparecer um texto completo, que depois e uma questão de fazer um rearranjo para não ser detetado ou uma tradução caso seja em português, e também assim evitar a detecção de plágio.
Vivemos num mundo de facilitismos e quando as coisas se complicam não temos como fazer face a elas. Por isso aqueles que aparentam ser os melhores alunos, no mundo real não são os melhores profissionais. Sempre disse isso aos alunos e não será necessário dize-lo lá fora no mundo empresarial porque os empresários já conhecem esta realidade. Mas a culpa não e dos bons alunos, mas sim dos pais, que querem mostrar os êxitos dos filhos como sendo os seus, como se de trofeus se tratassem. Há excepções em alguma profissões mais cientificas, como médicos, biólogos, físicos, etc. Mas quando tanto se fala de empreendedorismo, esquecem-se que o melhor empreendedor será o que tem menos currículo por não ter os argumentos que um bom aluno com uma boa nota tem, para se acomodar num emprego estável e com futuro. Pelo menos era assim antes, porque agora têm que ser quase todos empreendedores porque empregos estáveis não há e com futuro...bem, só se o governo e a troika se forem embora antes que acabem com o futuro deste pais. E assim foi a primeira experiência da escrita inteligente...ou pouco inteligente, depende da perspectiva. O acordo ortográfico também não faz ainda parte desta escrita inteligente talvez para disfarçar a falta de acentos nos as e és, ou talvez seja um snob da escrita que o impingiu ao Steve Jobs  ou ao sósia que o substituiu. E já chega de escrita "inteligente" porque essa e para gente preguiçosa, e assim acabo por onde comecei.

domingo, março 31, 2013

A ciência, a gestão e as aulas

Vemos todos os dias nas Universidades alguns exemplos de atitudes entre os professores, que são de louvar. Vemos também exemplos de pessoas que se acomodam e que nos desiludem. Realçar os que são de louvar? Não há uma resposta fácil. Há a ideia que os casos de sucesso são um incentivo para os outros, mas serão? O problema é que nas Universidades há dois mundos: o da ciência e o da gestão. O primeiro é importante para os docentes subirem na carreira e o segundo é importante para a instituição e há quem defenda que serve também para se subir na carreira sem necessidade do primeiro (ciência). Aliás não há tempo para se cumprir os objectivos de um e de outro ao mesmo tempo. Mas os dois dão trabalho e se forem feitos com dedicação e derem resultados, são ambos recomendáveis. Quais destes casos são exemplos a seguir pelos mais novos?
Será para mim sempre um mistério que pessoas competentes em ciência se metem na gestão e que pessoas assumem muitas vezes cargos para os quais não têm o mínimo jeito ou afinidade. Pior ainda, quando pessoas que nem têm uma coisa nem outra, ou seja, que nunca fizeram ciência na vida e não têm jeito para a gestão, organizam a vida dos outros que fazem ciência.
Será que sou só eu que vejo a Universidade assim ou há por aí outros, têm uma visão diferente? Esses serão eventualmente aqueles que dão as suas aulas, não fazendo nem ciência nem gestão, e a sua atitude é a do comodismo, que resulta numa atitude amorfa sem pretensões nem em subir na carreira nem em gerir seja o que for. Dão as suas aulas e convencem-se que estão a cumprir o seu dever. Quais professores do secundário, dão as suas aulas, e o que fazem durante o resto do seu tempo, é um mistério. São esses, a maioria, que não põem os pés na Universidade em tempo de férias letivas, como foi patente nestas férias da Páscoa, o que não é sequer notado, ou é notado mas não é censurado nem controlado pelos seus superiores. Mas como a estratégia da UM centra-se à volta dos alunos, da burocracia em redor das aulas, com tudo e mais alguma coisa a ser preenchido pelos professores nas várias plataformas, esta faixa de professores "profissionais" entretêm-se com estas obrigações a atestar a sua dedicação, mas quanto a serem avaliados "no terreno" por outros mais experientes , isso não existe, podendo chegar ao ponto de tudo o que preenchem ser fictício. Ainda os professores do secundário vão ser avaliados primeiro na sala de aula que os Universitários, apesar de terem protestado tanto contra essa avaliação !

sábado, março 23, 2013

Competências e consequências nos Cursos tecnológicos da UM



A criação de competências nos vários cursos está definida pelos RAs, resultados de aprendizagem desde o processo de Bolonha. É um exercício que os professores fazem automaticamente. Sabem os professores que o fazem se por exemplo o departamento tem recursos para cumprir tais objetivos? Claro que não. Se fizessem um estudo sério, verificariam que em muitos casos não existem nem recursos humanos nem materiais para cumprir como o que está escrito nos RAs. Os departamentos mais tecnológicos por força dos cortes nos últimos anos, têm os equipamentos envelhecidos ou mesmo parados. Os próprios centros de investigação, que podiam ajudar, ou não o fazem porque os equipamentos estão alocados aos investigadores que se candidataram a projetos de investigação ou porque os projetos não financiam normalmente equipamentos. Há ainda os bravos diretores de departamentos de áreas tecnológicas que promovem os seus cursos como conferindo competências para os seus alunos contribuírem para uma indústria de futuro, quando os alunos trabalham com máquinas do passado e muitos passaram pelos cursos sem ter tido uma única aula prática da sua especialidade.

Estamos numa nova vertente do ensino, constituída maioritariamente por teoria, muita dela depois avaliada através de mini-dissertações, baseadas em informações que se obtêm através da net. A maioria dos alunos, e alguns professores, já não recorre às publicações da especialidade, mas sim a motores de busca, que só abordam generalidades.

Assim vão as competências atribuídas a muitos cursos tecnológicos. Ou o governo investe nas infraestruturas das Universidade ou bem pode dizer adeus às competências dos futuros engenheiros, químicos, físicos, médicos, farmacêuticos entre outros.

Há ainda a considerar os doutoramentos. Hoje não é difícil tirar um doutoramento em engenharia. Pode-se entrar com a nota dez no programa doutoral e a partir daí é quase tudo de nível de Mestrado, na maior parte das vezes. Ninguém controla e os júris são escolhidos a dedo, não vá haver azar. Quem decide é um órgão que é basicamente uma comissão de curso escolhida pelo diretor do centro de investigação. Transformam os doutoramentos em cursos! Talvez fosse mais honesto chamá-los doutoramentos via ensino, porque os de investigação não se encaixam em dois anos de investigação que lhes são destinados. Que preparação ou competência um doutoramento destes dá ao aluno? Será que dá para entrar na Universidade como Professor Auxiliar? É este o corpo docente do futuro?

Bom, mas mudando de assunto para responder a um colega que afirma que um ministro á frente de um ministério onde ocorreram irregularidades, não por sua culpa direta, não se deve demitir, isto a propósito da demissão de Jorge Coelho quando da queda da ponte de Entre-os-Rios Ora essa não é a ideia geral que subsiste entre os eleitores e quando a honra está em causa, que subsiste entre os próprios responsáveis pelos ministérios. Assim é em países desenvolvidos como o Japão, o Reino Unido e os próprios EUA. Se um ministro não detetou um problema grave no seu ministério e considera que não o fez ou por distração ou por impossibilidade ou mesmo incapacidade, considero que o mais correto é demitir-se. Será diferente para os ministros ou primeiro-ministros que abandonam o cargo para assumirem outros cargos mais vantajosos do ponto de vista pessoal e financeiro. José Barroso e António Guterres são disso exemplos. Será que no nosso universo a demissão não seria uma via honrada? Há centros de investigação que se afundam lentamente há anos e no entanto continua tudo como se nada fosse. Não há renovação do pessoal dirigente também não há renovação de mentalidades. Aqui a demissão seria mais por incapacidade embora em muitos casos haja responsabilidades diretas. Há centros de engenharia que enveredaram há anos por conceder doutoramentos em áreas onde não têm competências, como seja o Marketing. Houve já consequências gravosas tais como plágio que envergonhou a Universidade e em particular o Centro e departamento em causa. Houve demissões? Não. Talvez seja altura de as haver, pois são os mesmos que são responsáveis pela área de Marketing e o Centro e Departamento em causa continuam a promover este tipo de doutoramento sem ter em atenção o passado.

 

sábado, março 16, 2013

As contradições do sistema eleitoral das Universidades


As eleições para o Conselho Geral já foram e ficou tudo como dantes. A Universidade não se renova, continua. Não porque a maioria esteja satisfeita com a equipa atual, mas talvez porque não há alternativas que tivessem sido reconhecidas como tal. Há que reconhecê-lo. Um empate técnico no corpo dos professores e investigadores é disso um sintoma. Tanto assim é que nenhuma das listas alternativas tinha um nome para reitor. Embora não tenha sido esse o objetivo das eleições, será esse o corolário principal do resultado das eleições, ou não fosse o reitor com a maioria do CG do seu lado, o absoluto senhor das suas decisões. Uma minoria no Conselho Geral não será impedimento de qualquer decisão por parte do reitor, será mais uma voz, só isso. Penso que isso é claro para todos. O mais caricato é que a maioria é decidida pelos estudantes. Devia haver no regulamento uma norma que impedisse isso de acontecer. Afinal não são os Professores e os Investigadores aqueles que decidem sobre o ensino e a investigação, os pilares da instituição universitária? Os alunos, devem ter um dizer nestes assuntos mas não deviam ser o fiel da balança como estão de novo a ser (já o foram nas últimas eleições). Para além do facto de a votação ter tido mais de 90% de abstenção entre os estudantes, não sendo por isso representativa desse corpo, á ainda a questão da própria Associação estar por detrás da lista vencedora. Pode-se dizer que houve uma intenção concertada por parte da Associação em ter uma posição importante no CG e daí tirar dividendos. Por outro lado teremos os cooptados também com um peso importante nas decisões, talvez demasiado importante para quem tem outras prioridades na sua vida profissional.

Mas o pior não será esta situação de continuidade no topo. O pior é a continuidade nas Escolas e nas sub-unidades orgânicas, Centros e Departamentos, duma política de imobilidade, e isso não se resolve com eleições, uma vez que os protagonistas estão demasiado próximo de eleitores, havendo um jogo de interesses contínuo entre eleitores e eleitos.

domingo, fevereiro 17, 2013

Fund-raising


Com a crise e cortes no orçamento das universidades vem o reitor sugerir em entrevista à televisão o "fund-raising", ou seja a angariação de financiamento junto de mecenas. É uma prática que se faz lá fora, nomeadamente os EUA e Reino Unido segundo o reitor. É uma verdade que existem laboratórios inteiros, bibliotecas e salas de operações financiadas por mecenas desses países. Normalmente os mecenas fazem parte do "board", uma espécie de Conselho Geral das universidades portuguesas, talvez com um poder semelhante. A questão põe-se então, se não seria de angariar membros co-optáveis para o Conselho Geral com base nas suas contribuições financeiras para a Universidade, ou pelo menos sendo esse um dos critérios de seleção? Afinal esses membros externos vêm maioritariamente de empresas e bancos, e alguns foram alunos da UM. Pode-se argumentar que a Universidade estaria a pôr nas mãos de empresários o seu futuro, o que subverte o princípio do ensino público. No entanto, os membros externos, mesmo sem qualquer contribuição para a Universidade, a não ser a sua "experiência", já fazem parte do Conselho Geral e embora em minoria, juntos com os Professores que os co-optaram e seguindo as suas orientações, já influenciam bastante as decisões tomadas por este órgão que define a estratégia da UM. Talvez se tivessem contribuído financeiramente, e fosse esse o critério de co-optação e não o facto de serem conhecidos e porventura "acquaintances" dos professores que os co-optaram, seriam mais independentes quando na tomada de posição sobre a instituição para a qual contribuiram de alguma forma, fosse muito ou pouco. De outra forma, sentem-se agradecidos pela honra de terem sido convidados, e, sem qualquer força de alavancagem ("leverage" - mais um anglicismo !), não se opõem àqueles que os convidaram e que lhes permite passearem o seu cartão de membros do Conselho Geral nas suas múltiplas funções sociais. Se o reitor quer imitar os sistemas capitalistas que refere, ao menos que o faça como deve ser, oferecendo algo em troca, e não uma coisa tão vaga como "missão" da Universidade, porque isso não tem valor para um investidor, por muito "mecenas" que seja.

 

sábado, fevereiro 09, 2013

Eleições para o Conselho Geral, para que servem?

As eleições para o Conselho Geral estão aí à porta. Há já 3 listas, sendo uma delas afeta à reitoria, como se percebe pelos elementos que a constituem, e as outras são as mesmas que já se candidataram nas últimas eleições. A campanha vai começar e ficamos com a sensação que há uma outra realidade paralela que não esta e que preocupa mais os potenciais eleitores. São os cortes que já se fizeram, na FCT e nas bolsas dos alunos, e serão agora os cortes gerais de 900 milhões no ensino  que serão em grande parte no ensino superior. Mas estas questões que obviamente preocupam os eleitores não deveriam estar totalmente desligadas das eleições para o Conselho Geral, uma vez que tudo conta. Se tivermos no Conselho Geral um conjunto de pessoas que lutam contra este estado de coisas já ajuda. Se este grupo de pessoas for maioritário e eleger um reitor que também tem o sentido de defesa dos superiores interesses da instituição, também ajudará. Mas o que mais ajudaria seria haver uma maioria para eleger um reitor que trouxesse à instituição uma atitude de humildade perante a Academia, e os ouvisse constantemente, ouvisse os seus receios, as injustiças de que se queixam, e depois se empenhasse num sistema justo de avalição tanto e funcionários como de professores. Sem incentivos económicos, ao menos que haja incentivos no reconhecimento do mérito daqueles que mais se esforçam.

quarta-feira, janeiro 09, 2013

Horários pós-laborais, quem os quer?


Quem dá aulas práticas em cursos pós-laborais em Azurém, como é o meu caso, depara-se com situações que muitas vezes rondam o caricato. Já não basta não ter as mesmas condições que de dia, muitas vezes pela ausência do técnico, que nem sempre está disposto a trabalhar à noite (até às dez), há também a questão dos acessos a partir de uma determinada hora. Imagine-se que deixa o computador no gabinete porque não o necessita para a aula prática e por volta das 9:30 vai buscá-lo. Não recomendo. Ontem fiz exatamente isso e quando estava para voltar para o laboratório estavam todas as portas de acesso ao edifício B, onde fica o gabinete, encerradas. Como nunca telefonei para o segurança não sabia o número de telefone. Por sorte a técnica ainda estava no laboratório pelo que lhe pedi que telefonasse. O mais caricato é que o segurança não queria vir abrir a porta e a técnica teve que ir ao seu gabinete insistir. Finalmente veio, abriu a porta e resmungou qualquer coisa como "o meu colega é que não queria..". Ainda lhe disse se as aulas são até às 10:00 horas da noite então todos os acessos devem estar abertos e não fechá-los às 9:30 horas como aconteceu. São estes e outros contratempos que fazem com que os professores não queiram dar aulas pós-laborais. Desconfio que só dá essas aulas quem tem esse sentido da responsabilidade ,,,e quem não se pode esquivar.

 

terça-feira, janeiro 01, 2013

Fim do ano com mais notícias a alimentar cortes no Ensino Superior e princípio de outro com esperança


Acabou mais um ano e com o cair do pano ficámos a saber pelo Expresso mais sobre o BPN e a corrupção que lavrou naquele banco durante o mandato duns senhores que agora se passeiam com os seus iates e outros luxos provenientes de empresas off-shore onde colocaram o dinheiro obtido através de empréstimos fraudulentos. Só o Oliveira e Costa está preso e mesmo assim em prisão domiciliária. A grande maioria desses senhores eram do PSD, com cargos importantes, desde ministros a dirigentes do partido. Poderiam ser de outro partido, sim porque em corrupção não há exclusividade, mas a verdade é que não; eram do PSD e ainda por cima do governo do Cavaco Silva. Onde está a vergonha? Mais de 4 mil milhões é quanto se estima que já vai o prejuízo para o Estado, quantia que agora o governo quer cortar no serviço nacional de saúde e na educação. Há ainda os 3 mil milhões dos submarinos que o dr. Paulo Portas, membro do governo, não nos esqueçamos, comprou e que estão envoltos também em corrupção.

Já se sabe que o ensino superior vai ser dos mais prejudicados, uma vez que não é um sector que para a população seja tão importante como o ensino básico e mesmo o secundário. Preparemo-nos para arcar com parte deste prejuízo. O pior é que já não há onde cortar a não ser nos salários e aí só se for por reformas ou despedimentos. Ninguém se lembrará do Oliveira e Costa e dos seus capangas quando colegas seus forem para a rua. Provavelmente falarão de termos vivido acima das nossas posses durante os governos socialistas, com a construção de autoestradas desnecessárias e de gastos sumptuosos na reabilitação das escolas. A imprensa, pertencente a grandes grupos económicos, tratou de meter na cabeça de todos que essa é a verdadeira razão. Mas se também contribuiu para o descalabro, ao menos sabemos que as escolas têm melhores condições e que as autoestradas existem e sem elas o interior ficaria mais isolado, mas os submarinos levam-nos aonde? Só se for para o fundo.

Com este cenário, só resta termos esperança na justiça, para que se prendam os responsáveis e se recupere algum do dinheiro, e esse é o meu desejo político para o próximo ano.

Os meus desejos humanistas, são mais para a saúde e bem-estar de todos, e quando falo em bem-estar gostaria de pensar mais naqueles que perderam seu emprego e que se vêm aflitos para manter a vida, pelo menos digna, a que estavam habituados. A minha esperança é que é nestas alturas que o engenho humano vem ao de cima e contra tudo e todos consegue vingar e tornar a sociedade mais produtiva e mais justa.

 

sábado, dezembro 29, 2012

A estratégia da UM: 2-contribuir para a economia e industrialização do País


O ano que passou, como já tinha constatado anteriormente, até que não foi muito mau para o ensino superior, nomeadamente para a UM, por haver uma entrada de alunos sensivelmente igual aos anos anteriores e segundo o seu plano os alunos poderão até aumentar. Como já referi anteriormente, quantidade não tem nada a ver com qualidade e no que refere à qualificação dos alunos na sua vertente prática, por exemplo, o problema já vem de trás. Há anos que o orçamento para verbas de capital, por exemplo, são tão exíguas que os laboratórios dos departamentos de base tecnológica, os da Engenharia e os das Ciências por exemplo, não têm renovação e muitos nem sequer têm manutenção. Há um outro aspeto que corre paralelo a este, que é o das aulas experimentais (práticas) terem diminuído muito por opção dos departamentos que não querem desperdiçar professores com esse tipo de aulas desde que o regulamento não autoriza o desdobramento de turmas e portanto a contabilização de horas. Há ainda a bolonhização do ensino nas engenharias que privilegia os trabalhos teóricos em grupo, através dos projetos integrados sem exigir a componente experimental desses trabalhos. Assim, temos os alunos a saírem dos cursos de Ciências e Tecnologia com cada vez menos capacidade (skills) de atuar na prática e muito mais de teoria. Será que é também analisado como se gastou o dinheiro nos anos anteriores quando se faz uma retrospetiva necessária a qualquer plano estratégico, no nosso caso, um plano estratégico para a UM? No passado foi um esbanjar de recursos que vão ainda por cima constituir custos fixos para sempre, como por exemplo ordenados de diretores promovidos através de dotações para os Serviços, como aconteceu por exemplo nos Serviços Sociais, cujos pesados orçamentos transitaram do anterior reitor para o atual, a formação de divisões com uma ou duas pessoas só com o intuito de promover alguém a chefe de Divisão, o recurso constante pelos Serviços Técnicos à subcontratação quando têm pessoal que então não se sabe para que serve. O dinheiro vem todo do mesmo bolo e penso que tendo a Universidade Autonomia tanto pode gastá-la desta forma como em verbas de capital ou de manutenção. Mas mesmo que não pudesse, e se estivessem só s a considerar salários, já houve a necessidade da Universidade despedir professores convidados ou reduzir-lhes o salário para 60 ou mesmo 30%. Alguns desses professores lecionavam precisamente as aulas práticas, fosse das Ciências ou Engenharias ou mesmo das humanidades, dado que são muitas vezes profissionais com experiência profissional que lhes permite transmitir essa componente melhor do que colegas seus que nunca tiveram essa experiência. Por todas estas razões, os alunos da UM saem com menos valências do que seria desejável para enfrentarem os desafios que se colocam quando integrarem o mundo real das empresas. A estratégia do reitor para a UM deveria contemplar um correção deste caminho se quiser melhor contribuir para o tecido industrial, quando afirma que o País e a Europa deveria contribuir para a economia apostando na industrialização.

 


 

sábado, dezembro 22, 2012

Estratégia da UM: 1- aumento de alunos

Agora que estamos a chegar ao fim do ano, olhamos para trás e vemos que o ano até não foi tão mau como se esperava para o ensino superior. Os cortes foram minimizados à última hora, fruto da pressão que os reitores fizeram junto do ministro Crato, e o número de alunos e a nota de entrada manteve-se. A Universidade do Minho entretanto pela mão do reitor apresenta um plano estratégico otimista, em que um dos pontos fortes é o do que número de alunos que aumenta. Como? Principalmente com alunos estrangeiros do segundo e terceiro ciclo, referindo-se como prioridade os alunos dos países de língua portuguesa. Já é aliás uma realidade a presença de alunos provenientes dos países de países da CPLP, Brasil com o maior número. Os alunos que cá vêm, de várias origens académicas, têm como objetivo obter um diploma que lhes vai valer bastante no país de origem, sendo certo que têm a noção que isso é quase garantido. Quem lhes confere essa noção não sei. Talvez seja do que já ouviram de colegas que já obtiveram o diploma ou se são os professores que lhes transmitem esse facilitismo. Penso que será um risco para a imagem da Universidade transmitir essa mensagem de facilitismo, porque a mensagem a médio prazo para o exterior, seja no país de origem ou seja no estrangeiro em geral, vai mais tarde provocar danos no recrutamento demais aluno desses países, por os futuros alunos e as instituições que os subsidiam não considerarem o nosso ensino suficientemente exigente. Nós próprios que também não tinhamos condições na altura para fazer cá o doutoramento, quando procurávamos locais para doutoramento no estrangeiro, procurávamos as melhores instituições, conscientes que o seu nome iria ficar colado para sempre ao nosso currículo.
Concluindo, quando se fala em quantidade, neste caso de alunos estrangeiros mas que se aplica também aos alunos nacionais, fico sempre preocupado com a qualidade.

domingo, dezembro 16, 2012

O RJIES para profissionais de eleições

Estamos no meio ou fim de eleições para os Conselhos das Escolas e a caminho das eleições para o Conselho Geral da UM. Por muito democráticas que sejam as eleições para estes órgãos, o que de facto está a acontecer são movimentações para a eleição dos futuros líderes, sejam os das Escolas ou, no caso do Conselho Geral, o próprio reitor.  Assim, o RJIES, tira à Academia a possibilidade de votar diretamente para estes lugares de topo. O Universo dos eleitores da Universidade seria demasiado amplo para poder haver este tipo de jogo, sendo por isso muito menos permeável a pressões e angariações de apoiantes do que com o regime atual de eleição de colégio eleitoral. Na perpetuação dos lugares pelos mesmos de sempre, o RJIES serve-lhes às mil maravilhas. uma vez que têm ao longo dos tempos juntado grupos de apoiantes em lugares chave, que lhes são dedicados, e que trabalham nos bastidores para conservar os seus privilégios através da angariação de votos de subordinados, demasiado vulneráveis para não alinharem.  Outros, que não estão no poder mas querem lá chegar, socorrem-se muitas vezes de argumentos populistas, muitas vezes conotados com um certo facilitismo para a carreira dos Professores, como seja o processo de avaliação. Nem num caso nem noutro a democracia fica bem servida.  O que se passa com as listas é uma extrapolação do que se passa nos departamentos, em que por serem unidades mais pequenas a totalidade dos eleitores do departamento é também angariada por estes profissionais de política, para alcançarem o seu objetivo. E quem são estes profissionais? São normalmente professores como nós. Têm no entanto uma agenda diferente que a maioria dos professores. São ambiciosos e querem os lugares de topo para se vangloriarem perante os demais mortais com o seu ego e assim provarem a si próprios e aos outros que têm uma missão, que é demasiado importante para se entregar a outros, sendo os outros todos nós.