O primeiro ministro visitou a Universidade do Minho hoje, nomeadamente a Reitoria/Largo do
Paço, e alguns centros de I&D da UM. No Largo do Paço, na companhia
do resto do governo, dispôs-se a responder a perguntas de alunos e professores.
A visita com direito a perguntas ficou no segredo dos deuses, até uma hora antes
quando foi divulgado na rede UM! Não sei se os professores no campus de Gualtar
teriam tempo de se prepararem, largarem o que estavam a fazer e ir assistir ou
mesmo intervir. Certamente os do pólo de Azurém em Guimarães, não teriam essa
possibilidade. Talvez por isso, não se tivesse visto ninguém da Escola de
Engenharia, maioritariamente instalada em Azurém, a colocar questões ao
governo. O reitor, como responsável máximo e "guardião" da UM, devia
ter sido mais democrático na divulgação desta iniciativa. Teria sido mais
interessante do que transportar o primeiro ministro aos locais do costume, centros
de I&D de maior projeção mediática sem mostrar nem falar das necessidades
da UM em termos de investimento. Os laboratórios pedagógicos estão decadentes, a colaboração com a indústria local
nacional é praticamente inexistente, privilegiando-se a Bosch e outras
multinacionais, tudo com ajudas do ministério da Ciência e Tecnologia e Ensino superior. A Bosch agradece, com baixos salários e condições de trabalho
que não se atrevem a aplicar no seu país de origem (a julgar pelos protestos recentes
dos trabalhadores às portas da empresa).
Percebia-se que as perguntas
tinham previamente sido vetadas, lidas de um púlpito, não fosse alguém colocar uma pergunta que seria embaraçosa para o ministro da tutela, para a UM ou para o próprio reitor. Ninguém incomodou o ministro. Houve uma
questão sobre as residências para estudantes, nitidamente já esperada pelo
ministro Manuel Heitor.
Podia-se questionar o conluio
entre o ministério da tutela e as universidades, ao abrigo da sua autonomia, de truncarem
as progressões na carreira dos professores àqueles com dois excelentes nas avaliações,
completamente à revelia do estipulado pelo ECDU e pelos estatutos da UM. Mas
não, esta e outras perguntas pertinentes ficaram de fora de um programa inócuo,
sem nada de novo: perguntas politicamente corretas e visitas aos locais
turísticos da UM do costume (leia-se centros de I&D) já na rota turística
de todas as visitas à UM de entidades nacionais e estrangeiras.