domingo, setembro 27, 2020

Hidrogénio: o canto da sereia?

 

O investimento que o governo anda  a propalar, proveniente da Comissão Europeia, assenta em várias premissas que fazem de Portugal o menos apto a aproveitar os biliões de euros distribuídos pelos vários países europeus. Este programa baseia-se muito no modelo alemão, um país com capacidade financeira e tecnológica de abarcar desafios que nós, devido ao nosso atraso, não vão conseguir aproveitar. Exemplo mais óbvio é o Hidrogénio verde. É uma grande fatia desse bolo. È uma tecnologia que foi desenvolvida em países como a Alemanha nos últimos anos e mesmo assim, a nível de "planta piloto".. Nunca foi testado industrialmente. Além do mais, precisa de energia elétrica para a reação química de produção do hidrogénio a partir da água. Esse custo só não será um custo excessivo, se for energia excedente em determinados períodos e simultaneamente energia sustentável. A energia sustentável mais indicada será a energia das centrais fotovoltaicas, com painéis solares. Quem vai ganhar com este mega negócio? Os construtores de ventrais fotovoltaicas, que são..alemãs muito provavelmente. E quem vai contruir as empresas de produção de hidrogénio? Alemãs? Provavelmente. Pelo menos com muitos componentes vindos da Europa do norte, incluindo a Alemanha. Está-se mesmo a ver porque o programa, delineado por um Comissária alemã e a sua equipa, escolhe estas tecnologias supostamente energias do futuro. Tudo bem que o mundo precisa de mais energias renováveis, uma vez que as barragens só funcionam se houver água e portanto pouco funcionam no verão, as eólicas te quebras se houver pouco vento, e as centrais fotovoltaicas só funcionam se houver sol, portanto de dia. O hidrogénio por outro lado estará sempre disponível. Mas a que preço? Portugal, nós todos, vai ter que pagar para ter esta tecnologia, e os empregos prometidos, serão para a..Alemanha e os outros países que dominam toda a cadeia de produção do hidrogénio.

Este panorama, já é bem conhecido dos investigadores e Universidades e empresa, que quando olham para os projetos europeus, apercebem-se que são projetos dirigidos às grandes empresas, predominantes na Europa, e poucos dirigidos às PMEs. Embora tenham aparecido nos últimos anos projetos para as PMEs, em termos de verbas, têm sido maiores para os grandes projetos europeus com grandes empresas e tecnologias que não são o nosso panorama industrial. As poucas empresas em Portugal que se encaixam nestes programas europeus, pertencem a empresas...alemãs (Autoeuropa e Bosch).

Portanto, Srs políticos, tenham dó, não se iludam e não iludam os portugueses. Alguns de nós, já conhecemos as manhas dos países dominante europeus no que se refere a projetos financiados. E isto é um projeto nacional, não um mero projeto de I&D. Vamos todos ser apanhados, não só meia dúzia de investigadores, como tem sido no passado. Santa paciência para quem houve o canto da sereia.