domingo, julho 20, 2008

A Autonomia das Escolas

Os novos estatutos da UM não contemplam a autonomia financeira das Escolas.É caso para perguntar: porque não? Quando temos pelo menos uma Escola,a de Engenharia, que tem receitas que o justificariam, e eventualmente outras Escolas que mesmo que não se justificasse em termos de receitas teriam muito a ganhar com a descentralização da Divisão Financeira.
Nos estatutos há institutos minúsculos que gozarão de Autonomia Financeira, designados por unidades diferenciadas (artº 108), sem que seja explicado o que são. Sá há duas, uma delas sendo o Instituto Confúcio, que divulga a lingua Chinesa. E o Instituto de Letras e Ciêncas Humanistas não divulga línguas? É caso para perguntar, poderia o ILCH ser considerado uma unidade diferenciada e gozar de autonomia financeira? Quais são os critérios? Estou confúcio!
Há casos de espera de mais de dois meses para pagamentos ou reembolsos pela Universidade. Os recursos são exíguos, pelos vistos, tanto na Divisão Financeira como na Tesouraria. No entanto temos espalhados pelas unidades funcionários que poderiam fazer esse serviço aliviando estes dois serviços centrais. Houvesse autonomia de outras unidades, que poderiam ser também diferenciadas, pela sua especificidade, como a de Engenharia, e os prazos encurtariam de que maneira. Isto não quer dizer que obrigatoriamente não houvesse um acordo em que uma percentagem das receitas das unidades com autonomia financeira não continuassem a ser transferidas para a UM, como sejam, os "overheads" dos projectos financiados e dos serviços prestados ao exterior. Por uma questão de coesão. Com o papão da Fundação muitos conseguem os seus objectivos do controlo centralizado no Largo do Paço. Não se trata de fazer uma Fundação, mas sim de agilizar o fluxo das verbas e os pagamentos.
Ganhavamos todos com esta mudança, creio, mas mudança é algo que não se vislumbra nestes estatutos e neste aspecto, o da autonomia financeira, também não há excepções.

domingo, julho 13, 2008

A reestrutruração da Escola de Engenharia-parte 3

Chegados à data limite de apresentação de propostas por parte dos departamentos às sugestões colocadas pelo Presidente da Escola em relação à reestruturação da Escola de Engenharia, nomeadamente a possível formação de pelo menos dois novos departamentos, o de Engenharia de Materiais e o de Design a partir da fusão de departamentos existentes ou de grupos dentro de departamentos, verifica-se que tal com já se previa os departamentos são imutáveis. Preferem permanecer tal como estão.
Ora isto vai de encontro ao que eu já tinha afirmado como sendo o conservadorismo existente no ensino superior, neste caso podendo-se também designar por cooperativismo. Porquê o cooperativismo? Porque se consideram privilegiados por terem de momento uma situação confortável, ou porque pensam que têm sustentabilidade como departamento (por via do número de alunos que conseguem aliciar para os seus cursos ou por via do proteccionismo superior)? Em relação a esta posição, que prejudica todo o processo previsto pelo RJIES, podemos também exclamar: oxalá não se enganem e a sustentabilidade que imaginam não será por muito tempo. Os departamentos organizados em sectores, como já o afirmei, têm fragilidades. Estas coisas de projectos de vida de alunos universitários têm a tendência de mudar com os tempos e com as modas. Hoje podem entrar aos magotes para engenharia disto ou daquilo, amanhã mudam para outro sectores mais apetecíveis ou ainda mais provável mudam para áreas transversais que lhes asseguram maior flexibilidade.
Esta é mais uma razão para aqueles que querem de facto a mudança, não ficarem presos por esta inacção por parte dos seus departamentos, mas aproveitarem esta oportunidade que o RJIES lhes dá e unirem esforços com outros pequenos grupos que investigam e leccionam em áreas análogas noutros departamentos, para integrar uma proposta de formação de um novo departamento de Engenharia de Materiais.
Desde que integrei o grupo de reflexão GRUM e a primeira Workshop que defendo uma reestruturação da Universidade em grandes áreas transversais. A dos Materiais é uma escolha óbvia numa Escola de Engenharia. Penso que não é original a ideia. Até o Presidente da Escola a propõe embora em moldes um pouco diferentes, ampliando o departamento para as Tecnologias de Produção, e integrando departamentos como o de Engenharia de Produção e Sistemas (Engenharia Industrial), ampliação que não vejo qual a coerência por divergir bastante do "core business" que se pretende na área dos Materiais, isto é, a sua produção e transformação. Se o nome fosse Engenharia de Materiais e de Transformação de Materiais, embora englobasse as disciplinas de produção dos vários departamentos representaticvos de sectores industriasi de indústrias de transformação (Metalurgia e Mecânica, Polímeros,Têxtil) existentes na UM, não seria lógico incluir um Departamento que tem mais afinidades com a informática que com as Tecnologias. No entanto, poderia haver um grupo de docentes neste,como noutros departamentos, que se sentiria á vontade num novo departamento de Engenharia de Materiais. Estou também a pensar no departamento de Engenharia Civil. Existe um grupo de Materiais neste departamento. Embora este departamento não tivesse sido integrado no "cluster" sugerido pelo Presidente da Escola, não vejo porque não teriam tanto direito como colegas do Departamento de Produção e Sistemas.
Bem resumindo, não estará tudo perdido em relação a este processo que o RJIES abre e que parece estar a culminar num tremendo fracasso.
Ainda há a hipótese da futura Assembleia Estatutária da Escola de Engenharia, ainda por eleger, mexer um pouco naquilo que os departamentos propõem, e se houver uma manifestação nesse sentido, como seria o caso duma proposta vinda de um grupo informal de docentes que proporiam um nova solução para os Materiais, que não esta de estarem dispersos por vários departamentos, mas sim o de a criação dum Departamento de Engenharia de Materiais com esses vários grupos como o núcleo duro do futuro departamento, acredito que a reestruturação ocorreria e que a lógica das grandes áreas transversais perduraria em detrimento da lógica sectorial.
Colegas que queiram formar esse grupo de Materiais, podem desde já enviar-me um e-mail (rgomes@det.uminho.pt) manifestando essa sua intenção de integrar tal grupo. Se quiserem visibilidade e difundir a vossa opinião podem como alternativa enviá-la para este blog.
O futuro está ao alcance de todos. É só querer!

sábado, julho 05, 2008

A reestruturação da Escola de Engenharia-parte 2

Continuando a argumentação em redor da restruturação da Escola, há outras áreas transversais importantes que têm que ser consideradas, além da dos Materiais. São elas a do Design e a da Informática. Não sendo um conhecedor destas áreas, atrevo-me no entanto a comentar as propostas já apresentadas nas Workshops que a Escola promoveu pelos diversos intervenientes, já que considero que continua a faltar discussão entre departamentos nesta fase final do processo. Em primeiro lugar o Design e a proposta do Presidente da Escola: um departamento de Design, que suponho seria a consequência do cluster proposto a partir de elementos de vários departamentos que se dedicam mais a esta vertente, não me parece má ideia, até porque poderia beneficiar de sinergias dos vários sectores representados actualmente em departamentos de engenharia Têxtil, Polímeros e Mecânica. Surgiriam novas apostas pedagógicas ligadas ao Design e eventualmente actividades noutras vertentes, científica ou de serviços. A única questão que eu poria seria se este departamento não estaria melhor situado como fazendo parte da futura Escola de Arquictetura ou associado a ela.
Em relação à Informática também se põe a questão se colocação, uma vez que tal como foi argumentado, a Informática vai muito para além da Engenharia. Poderia eventualmente ser considerada uma ciência. Afinal de contas ela é leccionada como tronco comum em muitos cursos, de engenharia, mas também de ciências e até de letras e humanidades. Por outro lado há departamentos de informática que se intitulam de Engenharia, o que talvez tenha mais a ver com a divisão da UM em dois pólos. Também a Matemática tem um departamento autónomo no Pólo de Azurém. Penso que esta divisão ou se faz na totalidade dos departamentos, dividindo a Universidade em dois pólos completamente independentes, ou não se faz de todo, e estes departamentos devem-se fundir com os de origem.
O tempo da fragmentação acabou. É necessário tocar a reunir para sobreviver! Só com massa crítica e com a troca de experiências o mais ampla possível, é que evoluimos. Quanto mais muros mais definhamos.
Penso que três ou quatro grandes departamentos serviriam muito melhor a Escola e a Universidade. Se a Informática e o Design ficarem de fora da Escola, a Engenharia fica mais pequena. Mas o núcleo não é a Escola é o Departamento, e se a Escola diminuir mas os departamentos aumentarem, não ficaremos pior. Pensem nisso.

quarta-feira, julho 02, 2008

A reestruturação da Escola de Engenharia - parte 1

Agora que os departamentos da Escola de Engenharia discutem o seu futuro, é bom que o façam pensando no futuro e não no passado. Assim o exige o RJIES e assim o exigem todos aqueles membros da Academia que perceberam há muito que a evolução da Ciência e da Tecnologia tem sido em grande parte concentrada nos novos materiais. Para uma formação dos futuros alunos não podemos ter uma estrutura do passado. Hoje há grandes áreas que são transversais e que devem ter expressão através da formação de grupos de diferentes sectores, que enriquecem essas áreas com a experiência que trazem desses sectores. É o caso dos Materiais. Sendo uma área transversal aos polímeros, têxteis, metais, construção civil, beneficia do cruzamento de informação entre especialistas destes sectores. Seria lógico que os professores e investigadores destes sectores que trabalham e investigam materiais, formassem uma estrutura de ensino com o objectivo de reforçar essas componentes nos diversos cursos sectoriais existentes (engenharia mecânica, têxtil, de polimeros ou civil)e formassem novos cursos transversais, que substituissem o actual curso de Engenharia de Materiais. Este foi fundado numa época em que nem sequer existiam os materiais funcionais o que leva a supôr que está muito desactualizado.
O cooperativismo e o conservadorismo de que os docentes do Ensino Superior são muitas vezes acusados, não pode prevalecer. Não é só o espírito do RJIES que o exige, é o próprio país. Não há progresso sem quebra de amarras. O situacionismo deve ser combatido. A inércia deve ser combatida. A iniciativa deve ser encorajada.
Diz-se que não se fazem omeletes sem ovos. Eu diria mais. Não se fazem omeletes sem primeiro se partirem as cascas dos ovos!Tenham paciência, façam alguma coisa, não se fiquem no vosso comodismo...