O termo é anglo saxónico mas há
muito que foi adotado por estas bandas para descrever as notícias
desproporcionadas com a realidade. Na tradução à letra seria notícias tontas,
mas vai na realidade para além disso.
Por exemplo, a guerra entre o António Costa e o bastonário da
ordem dos médicos, a que se juntou o sempre solícito representante do sindicato
independente dos médicos, parece mais uma tentativa atabalhoada de salvar a
honra dos médicos, ou melhor a sua "pele", nomeadamente daqueles
médicos que se recusaram a acudir aos doentes do lar de Reguengos de Monsaraz,
num "pre-emptive" ataque, porque o ataque é a melhor defesa. Ora
António Costa não foi meigo e "on-record" disse que os médicos não
têm competências para fiscalizar as instituições de saúde, e
"off-record", chamou cobardes aos médicos que se recusaram a acudir
aos doentes idosos internados no lar. É claro que ninguém tem 100% de razão,
mas já nos habituámos a este bastonário a fazer "inspeções" aos
hospitais, o ano passado antes da pandemia alertando os media, que ocorrerem em
massa filmando tudo o que seria am qualquer ano anterior normal, ou seja
urgências cheias e auscultando o bastonário como o estão a ouvir mais uma vez,
realçando o que está mal, sem nunca referir o esforço feito pelo governo que
gastou mais de 500 milhões de euros, e contratou milhares de novo médicos. Este
esforço vai aumentar muito, agora com a ajuda europeia, mas ainda assim, o
bastonário procura falhas no sistema, qual canalizador a procurar fugas de água
nas canalizações. Onde estava ele no tempo do Passos Coelho em que se congelaram
os salários e a progressão na carreira dos médicos, e se desinvestiu no SNS?
Tanto a ordem dos médicos como a dos enfermeiros, com a sua
bastonária sempre à procura do protagonismo anti-governo, confundem-se com os
sindicatos. O sindicato independente dos médicos, tem uma longa história de
greves por tudo e por nada, e a dos enfermeiros, apoiou a greve às cirurgias,
algo absolutamente anti-ético, dado a gravidade sobre a
população dependente de cirurgias que resolvam os seus problemas de saúde, mas conseguindo o que queria, tendo o governo cedido mediante a gravidde da situação.
Temos as ordens a exigir melhores condições para os seus membros, mas que vai
contra o seu dever deontológico de acudir aos doentes.
No fim desta novela, o representante do sindicato independente,
diz isso mesmo, que o recrutamento dos médicos do SNS é contra o contrato
coletivo de trabalho. Ora estamos a falar de médicos como os restantes funcionários públicos (funcionários das finanças, professores, magistrados..) ou como garantes da saúde dos portugueses? Tudo para calar a boca dos que acusam que alguns médicos náo prestaram assistência. Quanto mais procuram desviar as atenções, tentando fazer disto uma ofensa aos médicos em geral, e ás suas competências, mais se desconfia que alguma coisa os incomoda e que querem enterrar o assunto em vez de arrumar a casa e, pelo menos a ordem dos médicos, fazer um inquérito aos médicos que recusaram ir ao lar, e fazer uma advertência se fosse caso disso. Os estatutos devem também referir essa obrigação dos médicos e não só as competências da ordem no que respeita às fiscalizações (que ainda não se sabe se têm razão ou não).
Ordem e sindicatos deviam pelo menos nesta fase da pandemia, ter a
decência de não contribuir para o problema, mas antes, de contribuírem sem ruído, e
com humildade, para a resolução do problema. Nunca houve nada de tão grave nos
últimos 100 anos em termos de saúde pública, e não é admissível que quando mais
se precisa de cuidados médicos, venham as ordens e sindicatos defender os
faltosos, em vez de os chamar à razão. Não é só “silly season”, é um aviso à
navegação para o que pode vir aí por partes destas ordens e sindicatos.