segunda-feira, outubro 01, 2018

Os tomba-ministros

Continuam as greves dos professores do secundário. É desgastante; para o governo certamente mas também para quem segue as notícias e ouve os mesmos argumentos sobre a progressão na carreira por parte dos entrevistados, seja o Mário Nogueira, já conhecido de muitos governos e ministros que sucumbiram perante as suas posições, como de professores anónimos, convencidos da justiça das suas reivindicações. Tudo democrático, mas uma atitude que começa a estar divorciada da população. Os pais, não se manifestam, talvez por receio de piorar a situação. Mas nota-se que os media não entrevistam o povo em geral sobre o que pensam da atitude dos professores no que respeita a esta reivindicação. Podiam até perguntar o que pensam dos professores no contexto dos alunos, privados de um ensino de qualidade. É uma posição concertada de apoio pelos media aos professores e até o Presidente disse recentemente que os professores portugueses são os melhores do mundo (sem comentários). A razão para este apoio será política por parte dos media. que procuram os que podem causar mossa no governo e menos aqueles que não terão influência nenhuma. Estou a apensar nos professores universitários. Não se manifestam, não fazem greves, aceitam o que lhes é dado. Por isso não é notícia. Já os investigadores tiveram alguma cobertura, e mesmo o ministro que claudicou perante as suas exigências, para ficar bem na fotografia num tema popular, nem o seu ministério tem escapado. A questão é que estes grupos com alguma força, e os professores serão os mais fortes, se o governo cede, eles pedem mais...e mais. Queriam turmas com menos alunos, foi-lhes dado, queriam manter-se na mesma escola por mais tempo, foi-lhes concedido, e por aí fora. Outras medidas positivas foram-lhes concedidas assim como a outros funcionários sem ser pedido, como o descongelamento das carreiras. Não aceitaram só isso, exigindo a recuperação do tempo em como se não tivesse havido congelamento. Dos 9 anos e picos foi-lhes ainda oferecido 2 anos e picos, para igualar a sua recuperação a outros funcionários. Não aceitam. Querem a totalidade, o que faz com que ultrapassem outros funcionários, que progridem mais lentamente (os professores de 4 em 4 anos). Seria esta a justificação do governo. Mas os professores não querem saber que ultrapassam outros. Também se esquecem que a regra estabelecida pelo governo foi que só aqueles que eram avaliados seriam contemplados durante o período de congelamento com a progressão, mas mesmo assim em 6 anos só àqueles que tiverem excelente. Os outros podem ter que esperar 10 anos. Mas avaliações para os professores só para os seus alunos. Outras tentativas de estabelecer a meritocracia na carreira dos professores falharam no passado em sucessivos governos, sendo a mais estrondosa a que Maria Lurdes Rodrigues tentou, um exame de acesso à carreira. Levou à sua demissão. Por isso, que se cuide o ministro e o governo, porque com estes professores , estamos a falar de grupos organizados de tomba ministros e eventualmente, de governos.