Nem tudo vai bem nas novas universidades-fundação. Na
Universidade do Porto o reitor Marques dos Santos tenta controlar as faculdades
através da introdução de alterações ao estatuto da universidade a que preside,
como noticia o jornal Público, com a introdução de uma nova regra que lhe permite nomear os diretores das
faculdades que até agora são eleitos pelos Conselhos de Escola. Para tal, tem o
Conselho Geral a apoiá-lo mas tem quase todos os diretores das faculdades,
contra. Argumentam que a medida é um retrocesso na democracia da instituição,
argumento que não haverá muita gente que conteste. O que deu no reitor para
seguir o caminho da confrontação? Os resultados das faculdades têm sido fracos?
Pelos vistos não. Então porquê? É óbvio: porque não quer autonomia das faculdades para
poder ser ele a mandar através de "yes-men" que nomearia para a direção das faculdades.
Mas um reitor tem que reger a sua Universidade pelo consenso não pela força e
isso ele não percebe. A democracia tem muitas vezes o condão de favorecer o
despotismo, por via da astúcia dos seus utilizadores, como ao longo da história
exemplos como os Bórgias o demonstraram. Neste caso é óbvio que o reitor
esperou pelo seu segundo mandato para implementar estas medidas não se
sujeitando a um novo escrutínio. Mas também tem a virtude de deixar alternativas
aos eleitores entre eleições, ou seja, a possibilidade de se manifestarem nem
que seja pela contestação geral e contínua a estas medidas.