sábado, janeiro 28, 2012

A estratégia para a UM na captação de receitas de I&D

Quem se candidata a um projecto de I&D, por exemplo do QREN, tendo como objectivo financiar a investigação e em alguns casos transferir para a indústria a sua tecnologia, que se prepare para um calvário de burocracias no momento que precisa de solicitar ao QREN o pagamento da primeira tranche. Burocracias para as quais terá muito pouco apoio. De tal forma é essa burocracia que será provável que nunca mais se candidate. Como ajudam os Serviços a responder a essa burocracia? Na Divisão Financeira, o núcleo de projectos é constituída por duas ou três pessoas, e talvez por isso, limitam-se a enviar os documentos comprovantes das despesas para o investigador copiar os valores nesses documentos e inseri-los no formulário on-line. É um processo que demora muito tempo, principalmente porque um investigador não é um administrativo nem é o seu objectivo na Universidade. Um dos argumentos mais caricatos utilizados pelos serviços é de que não conseguem aceder ao formulário on-line da candidatura dentro da UM, por isso tem que ser o investigador a fazê-lo. O funcionário até sugere que pode aceder ao formulário e verificar o que já foi inserido pelo investigador...em casa. Tem até uma atitude de improviso na sua impossibilidade de o fazer no serviço. Até que preencher o dito formulário não causaria grande "stress" para quem tem uma estrutura montada com vários projectos a decorrer, e com uma pessoa contratada só para esse fim. Mas para aqueles que não têm? É para esses que me dirijo: não o façam sem primeiro terem condições por parte da UM para o fazer. Eu já não tenho intenção de o fazer a não ser que as coisas mudem muito. A UM além dos overheads que recebe diretamente do projecto, tem o seu próprio orçamento que vai quase todo para salários. Tanto as overheads como os salários devem ter uma parte reservada para auxiliar o investigador. Sem um investimento nesta área não há estratégia para a captação de receitas que mereça esse nome.
Outra questão é a da atitude dos serviços. A palavra "serviço" não é entendida como tal por estes serviços de apoio aos projectos. A hierarquia destes serviços tem uma função importantíssima e não deve ser recrutada sem ter um perfil de empatia e mútuo esforço para com os investigadores. Afinal devem ter todos os mesmos objectivos, captar receitas. Já lá vai o tempo em que os funcionários, dirigentes ou não, tinham uma função de fazer os mínimos, sem objectivos de sustentabilidade dos seus próprios serviços. Nos tempos que correm, se por acaso não mudarem, podem correr o risco de serem extintos e de a Universidade recrutar pessoal de fora para fazer o seu trabalho. Esses, que precisam de agradar senão perdem o contrato e porventura o emprego, terão certamente outra atitude..e ao menos podem acede a formulários on-line.