sexta-feira, janeiro 23, 2015

Dia da Escola de Engenharia com ministro e autarcas mas sem Ambiente

Na sessão solene de inauguração dos 40 anos da Escola de Engenharia, houve lugar a um debate entre membros de um painel que incluía 4 presidentes de câmara, e o ministro do ambiente, além do presidente da Escola e do reitor. Nesse debate, os quatro presidentes do quadrilátero, como foi referida a rede que seria formada por estas camaras e a região que estas camaras cobrem, concelhos de Braga, Guimarães, Famalicão e Barcelos, falaram, após questões colocadas pelo moderador, Luís Amaral, teceram considerações vagas sobre o quadrilátero, sem nunca se referirem a objetivos concretos. No entanto, ao juntar as quatro câmaras sob o mesmo teto já foi um passo no sentido da colaboração entre si. O ministro de alguma forma referiu os PDM's como sendo demasiado limitados por serem de concelhos e não de associações intermunicipais. É um recado importante mas que cai em orelhas moucas. Os vários presidentes, nomeadamente o de Guimarães e o de Braga nunca se entenderam ao longo dos anos, e eram na maior parte das vezes do mesmo partido. Agora de partidos diferentes ainda terão menos em comum. Oxalá me engane. vejamos os projetos que ou nunca arrancaram ou nunca foram completados: ligação ferroviária entre Braga e Guimarães, fosse comboio ou metro de superfície. Nunca saiu do papel. Fala-se muito do desenvolvimento da região pro parte destes dois presidentes, mas sempre para a sua cidade e concelho, como se tivessem dimensão suficiente para fazer qualquer diferença a nível nacional. Fazia todo o sentido esta ligação ferroviária. Em vez disso, outro projeto, a ligação de uma via rápida entre as duas cidades, construiu-se uma autoestrada, com todos os custos que isso implica para os utentes. As portagens não estavam previstas, mas como não havia uma consonância de posições entre as cidades, a concessionária da autoestrada teve "via verde" para avançar, e com as portagens mais altas do país, por km. Outra consequência de se construir uma autoestrada em vez de via rápida, foi o facto de um projeto ambicioso e importante não só para a Universidade do Minho mas também para a região, o parque de ciência e tecnologia, Avepark, ficou sem acessos rápidos às vias principais que o ligariam às duas cidades e ao Porto e ao porto de Leixões. Muitas empresas e possivelmente até centros de I&D que poderiam ter ido para o Avepark não foram em grande parte, devido aos acessos. Disto não se falou, pelo menos enquanto o ministro esteve presente. Outros projetos que até estavam a funcionar bem, como o SIDVA, sistema de interligação dos efluentes das tinturarias do Vale do Ave,um projeto da Associação dos Municípios do Vale do Ave, que surgiu numa altura em que a consciência ambiental estava a dar os seus primeiros passos e as empresas estavam a entrar no espírito do tratamento de efluentes, pelo menos no pré-tratamento dos efluentes uma vez que o SIDVA exigia que os efluentes estivessem minimamente tratados antes de serem encaminhados para o sistema, através de coletores que transferiam para ETARs estrategicamente situadas no rio Ave, eis senão que aparentemente tudo mudou, não sei bem quando, para uma situação de total "lavagem de mãos" em que as empresas enviam os seus efluentes tal e qual como são para os coletores do SIDVA. Não sei se coincidiu com a privatização do SIDVA para as Águas de Portugal ou não, mas o que é um facto é que houve uma total falta de consciência ao voltar atrás e desperdiçar anos de esforço daqueles que estavam a consciencializar as empresas para a componente ambiental. Não sei se as ETARSs conseguem tratar os efluentes tão carregados de produtos poluentes ou não, mas consta que não têm capacidade para tal, o que não espanta. De quem teria sido esta ideia peregrina? Será que o ministro sabe desta "colaboração" intermunicipal que transporta as empresas para os anos 70? A privatização é o forte deste governo sendo quase sagrado esse princípio de melhor gestão se for feita por privados. Ora aqui está um exemplo de mais um "sucesso" privado, e intermunicipal, tal como o ministro advoga. O resto da sessão não trouxe surpresas, mais do menos de referências a falta de alunos e das desigualdades Lisboa/Porto e o resto do país. Não sei qual a novidade nem a surpresa sobre esta situação. É assim há décadas e será assim por muito tempo, ou não fosse o próprio reitor o presidente do CRUP...sediado em Lisboa.