segunda-feira, novembro 05, 2018

Professores e investigadores, que futuro?

Os sindicatos do Ensino Superior, concentraram as suas reivindicações nos investigadores. Esqueceram-se das progressões dos professores do ensino superior. É o que se constata ao ler as notícias sobre as suas atividades recentes. Explicação? É mais urgente contratar precários do que fazer progredir aqueles que já têm emprego? Será? Ora se é, que sentido faz contratar bolseiros, porque é disso que se trata, que não terão outra atividade do que investigar? Se as bolsas são para projetos bem definidos, quando deixarem de ser bolseiro farão investigação para que objetivos? Normalmente são professores universitários que os orientam mas se estes deixarem de o fazer, porque a carreira será autónoma, quem os orienta? Eles próprios? Haverá alguns que terão experiência para isso, mas com que motivação? Para os professores, a investigação é paralela à docência, e o resultado são alunos com formação superior, que irão para o mundo exterior trabalhar e supostamente preencher lugares onde serão úteis. No caso dos investigadores o resultado é na maior parte das vezes inútil em termos práticos, sejamos sinceros, dado o caráter científico e prematuro da investigação. Poderá a muito longo prazo ser assimilado, por alguma grande empresa, das tais que não existem em Portugal, com capacidade para o fazer. Mas para um país como Portugal, o resultado a médio prazo será quase nulo. País de pequenas e médias empresas, descapitalizadas e interessadas na sobrevivência e puco mais. Gostava que me dessem exemplos de empresas em número expressivo que se lançaram internacionalmente utilizando resultados de I&D feito pelos melhores investigadores de Portugal. Não que não tenhamos uma rede de investigadores relevante, mas que seja motivada por objetivos e que ganhe projetos europeus para financiar as suas bolsas, e não que sejam mais um peso para o orçamento já diminuto da Educação. As Universidades serão as primeiras prejudicadas com esta partilha do seu orçamento. Como alternativa, devia-se dar estabilidade aos investigadores com bolsas mais longas,de 5 a 10 anos ou mais, que serão úteis para mais tarde estes investigadores servirem de “pool” para o recrutamento de professores do Ensino Superior. Mas tudo o que seja a mais que isso, como a passagem destes investigadores a funcionários públicos, será um erro estratégico por parte do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que de coordenação entre estas três vertentes, tem feito muito pouco, diga-se de passagem. Ajudaria no contexto desta problemática.