quinta-feira, julho 30, 2009

Candidatura a Reitor

Como se esperava, o cabeça da Lista C (candidatura ao Conselho Geral), António Cunha, que ganhou as eleições para o CG em termos de percentagem mas com o mesmo número de lugares que as outras duas lista juntas,anunciou a sua candidatura a Reitor da UM. O mesmo António Cunha que liderou a anterior lista, conotada com o actual reitor, agora demissionário, para a Assembleia Estatutária. Agora pergunta-se: é a candidatura da continuidade?
Só o próprio poderá responder e a Academia terá que acreditar ou não, porque uma coisa é certa, tudo se conjuga para a sua eleição. Senão vejamos: os membros externos que constituem um terço dos membros do Conselho Geral, foram cooptados por maioria pela lista C com a ajuda dos estudantes. Estes por sua vez estão conotados na sua maioria com a Associação de Estudantes que sempre manifestou a sua solidariedade com o actual reitor e que votou com a lista C, na altura sem dúvida a mais próxima do actual reitor. Isto é novidade para alguém da Academia minimamente informado sobre a política Universitária "top-down" dos últimos anos? Não penso que seja. Mas que é preocupante e não oferece garantias de uma verdadeira mudança, isso é, independentemente da vontade de mudar do próprio A.C., uma vez que a máquina já está há muito montada e quem vai em primeira classe neste comboio de interesses instalados, não passa facilmente para a segunda classe.

quinta-feira, julho 23, 2009

Auditoria á Universidade do Minho

Foi divulgada na um-net um e-mail contendo excertos da auditoria efectuada á Universidade do Minho em 2007, cujo texto completo pode ser consultado também aqui.
O texto é longo e muito crítico em relação a muitos aspectos da governação financeira da UM, concluindo com um parecer "desfavorável", com recomendações para o futuro. Não havendo qualquer orgão que fiscalizasse internamente nem o Conselho Administrativo, que curiosamente e malgrado a sua designação não tem um Administrador, nem o próprio Reitor,não se sabe se as recomendações do Tribunal de Contas foram seguidas em 2008 e 2009. Talvez agora com o Conselho Geral as coisas funcionem de maneira diferente. Isso não impede que se devam explicações à comunidade académica, a serem apresentadas pelo responsavel máximo da instiutição durante este período. Em vez de discursos de circunstância e apelos ao Governo para mais financiamento, precisávamos de relatórios sobre o que a Universidade andou a "fazer" nos últimos anos com o dinheiro do Estado, em última instância, dinheiro de todos nós. Salta á vista por exemplo participações da UM em entidades privadas e fundações da ordem dos 2 milhões de euros. Este número não me é estranho, penso que seria o valor necessário para o pagamento do subsídio de férias que o responsável máximo da institutição referiu ser necessário para pagar o subsídio de férias dos docentes e funcionários da UM em 2008. Corrijam-me se estou enganado!

quarta-feira, julho 08, 2009

As sub-unidades orgânicas de ontem e hoje

Na Escola de Engenharia perdeu-se uma boa oportunidade de fazer uma reestruturação das suas sub-unidades orgânicas. Não sei se houve reestruturação noutras Unidades Orgânicas ou não, mas duvido. Regem-se todas pelo mesmo diapasão: a lei do menor esforço!
Não querendo isto dizer que não são as sub-unidades "adequadas". Mas com o mundo que temos hoje, "adequado" não chega. As engenharias clássicas serão sempre necessárias. Mas o que é clássico? Não há dúvida que a engenharia civil é uma "clássica", embora há áreas, como a dos materiais, que mudaram muito nos últimos anos e possívelmente não deveriam fazer parte deste departamento. Há outros departamentos clássicos, como o de Engenharia Mecânica que possivelmente têm áreas que não têm muito a ver com o nome como a Termodinâmica e outras do género que estariam melhor num departamento de "Ciências de Engenharia" que nunca devia ter sido extinto, a meu ver. As outras engenharias que não são clássicas mas nasceram com as "novas" Universidades, tais como a do Minho, numa altura que fazia sentido apoiar a indústria local, caso da Engenharia Têxtil e a Engenharia de Polímeros. Só que a indústria têxtil de hoje já não tem muito a ver com a de então. Utiliza muita electrónica, informática, novos materiais, biotecnologia, já para não falar de "marca própria" o que implica design e distribuição. Esta e outras indústrias são portanto clientes de outro tipo de engenheiros, de outros departamentos, tais como Engenharias Electrónica, Informática, Biotecnológica e Produção e Sistemas. Aliás estas últimas duas engenharias quase não têm "indústria" própria. Aliás a indústria têxtil é tanto deles como do departamento de Engenharia Têxtil. Só que eles não o assumem, referindo-se à indústria muitas vezes em termos pouco elogiosos, como “tradicional”, de “baixa tecnologia”, etc. Mas se perguntarmos qual a indústria de “alta tecnologia” que corresponde aos seus departamentos, qual é a resposta? Infelizmente nem a electrónica na maior parte dos casos já é de alta tecnologia. As empresas são internacionais, os produtos são concebidos lá fora e nós cá quase só seguimos instruções, no fabrico dos circuitos integrados ou na montagem de rádios, só para falar de duas empresas muito conhecidas, uma em Vila do Conde e outra em Braga, e uma delas infelizmente na falência. A biotecnologia apoia que indústria própria? A farmacêutica? Puro engano. Talvez a alimentar e a cervejeira. E estas não são tradicionais? E a informática? Fazem programas informáticos? Em que empresas? As maiores empresas informáticas mais uma vez são internacionais e com honrosas excepções, a maior parte dos produtos já vêm concebidos de origem.Tenho ideia que os engenheiros electrónicos acabam por usar o seu know-how mais em empresas nacionais ditas tradicionais, como por exemplo a têxtil e o calçado. Não quero minimizar o que os Departamentos representam, mas é bom que se desmistifique algumas ilusões de “grandeur”.
A meu ver estaríamos todos melhor se fossemos mais flexíveis, sem estas amarras dos departamentos e estivéssemos divididos em três ou quatro grandes áreas. Por exemplo: 1) Engenharia Civil (sem os materiais), 2) Ciências de Engenharia, que incluiria grande parte da Produção e Sistemas e a Mecânica e a componente científica da engenharia têxtil (Química, por exemplo) e da engenharia de Polímeros, 3) uma Engenharia que podia ser de Projecto que incluiria a Mecânica, Polímeros e Têxtil e 4) a Engenharia Electrónica que incluísse a Electricidade e as energias renováveis e, “last but not least”, 4) a Engenharia de Materiais, aglomerando todos os grupos que desenvolvem diferentes materiais nos diversos departamentos.
Quanto á Informática, penso que é uma ciência/engenharia à parte, constituindo um departamento autónomo, como tem vindo a ser proposto pelo próprio
Mesmo que não fosse a divisão ideal, seria ao menos uma pedrada no charco, e motivaria muita gente para uma tarefa que valesse a pena. Agora, fazer novos estatutos para tudo ficar na mesma é que devia fazer pensar…que é tudo a brincar e não para levar a sério.

sábado, julho 04, 2009

O novo ECDU (5) e a Extensão Universitária-timidez na reforma

Quando se esperava que o novo ECDU viesse alterar substancialmente as várias formas que um professor pudesse contribuir para a Universidade e para o meio empresarial , vemos que as únicas referências a estes aspectos de ligação ao exterior são muito tímidas. No artigo 4, alínea c), aparece como uma das novas funções dos docentes a seguinte descrição:
- Participar em tarefas de extensão universitária, de divulgação científica e de valorização económica e social do conhecimento.
Mas que novidade! Há quanto tempo os docentes "participam" extensão universitária? Há 20 anos? Quando é que foram implementados os PSECS na UM?
Quando se esperava que as actividades de extensão universitária fossem uma das componentes obrigatórias de avaliação curricular, o que aparece no artigo 50, nº6´, são 3 componentes do currículo: a) científica, b) pedagógica e c):
-Outras actividades que hajam sido desenvolvidas pelo candidato no âmbito das atribuições dos docentes universitários.
Neste "saco" cabem lá tantas actividades, que a extensão universitária é completamente diluída. Senão vejamos o que diz o artigo 4 sobre as restantes atribuições.

d) Participar na gestão das respectivas instituições universitárias;
e) Participar em outras tarefas distribuídas pelos órgãos de gestão competentes e
que decorram da actividade de docente universitário.

No que respeita à gestão não há nada a dizer. Mas e a alínea e) que refere "outras" actividades?
Quer isto dizer que a extensão universitária está sujeita ao critério do júri que pode substituí-la por "outras" tarefas distribuídas pelos órgãos de gestão competentes...que não estão definidas, ou seja, podem ser a tarefas de elaboração de mapas de distribuição de serviço docente, organização de visitas, organização de eventos tais como recepção de convidados, elaboração de folhetos, etc.
Mais uma vez perdeu-se a oportunidade de incentivar a extensão universitária. E quando me refiro á extensão universitária, estou-me a referir a projectos de I&D em conjunto com empresas e formação de empresas "spin-off" de base tecnológica como prioritárias. É disto que o País precisa para se inovar. Não é de uma Universidade fechada intramuros que olha para o seu próprio umbigo como sendo o centro do Universo.