sábado, agosto 20, 2011

Consequências de uma antecipada "silly season" de alguns políticos

De volta de umas férias, deparo com notícias que demonstram que nada mudou na política. O que o os partidos da oposição criticavam, aplicam com tanto ou mais afinco que o partido socialista. "Jobs for the boys", aparentemente quase 50% das nomeações para os ministérios foram para detentores do cartão partidário. Ingerência nos média através de uma acção de recompensa pelos bons serviços de Mário Crespo, amigo de Moniz e Moura Guedes, com a sua prometida nomeação para comentador em Washington. Impostos que não se iriam aplicar, afirmado mil vezes por Paulo Portas e reafirmada a vontade de cortar nas despesas, o que se verifica é que nunca tivemos nos últimos anos impostos tão gravosos: subsídio de Natal cortado daqueles que trabalham por conta de outrem e daqueles que estão a recibos verdes. Neste último caso nem a troika foi tão longe. Outro imposto que aumenta é o IVA para compensar as empresas com a queda do TSU (pelos vistos até os bancos beneficiam desta queda, o que é perverso). Enfim, já Miguel Sousa Tavares disse na sua crónica no Expresso que se fosse o Sócrates a tomar estas medidas caía o Carmo e a Trindade. Qual a razão de tão pouca contestação? Estado de graça do governo? Cá para mim é o tomar de consciência que algo correu terrivelmente mal quando se chegou ao ponto da antipatia pessoal pelo Sócrates, alimentada pelos média em grande medida, ter suplantado a razão, ou seja o discernimento dos partidos, ao ponto de haver uma aliança entre partidos como o parido comunista e o BE a aliarem-se a partidos no outro extremo do espectro político, o PSD e o CDS, para deitarem o governo PS abaixo. PCP e BE sucumbiram a pressões dos sindicatos dos professores na questão da avaliação que os impulsionou para outras fantasias, como a de que teriam o povo do seu lado se houvesse eleições, como se os professores representassem o eleitorado (a "silly season" começou muito antes do Verão para estes partidos!). O resultado foi o que se viu. O PCP manteve o seu eleitorado imutável, sem crescer, e o bloco quase desapareceu. Foi o maior favor que fizeram àqueles que sempre criticaram, os que eles designam como os representantes do grande capital e dos latifúndios. A privatização a que sempre se opuseram vai ser muito maior que o que estava previsto, a escola pública vai competir em pé de desigualdade com a privada, as Misericórdias serão subsidiadas com dinheiro tirado ao Serviço Nacional de Saúde numa promiscuidade entre a religião e o Estado, muito do agrado do CDS. Nada disto está no entendimento com a Troika. Quanto à Universidades, nada será como dantes. Já se anunciam cortes de 10%: quando os ordenados constituem 95% das despesas, significa isto cortes nos salários? O reitor já disse que vai cortar em horas extraordinárias dos funcionários (nem me tinha apercebido que as havia) e controlar a progressões (hoje notícia no DN)
A avaliação dos professores no superior não vai ter pois consequências pois não pode haver progressões nem nos escalões nem na carreira de cada professor com este cenário. Qual o incentivo para produzir trabalho científico?
Quanto à avaliação dos professores do secundário, fala-se que os mais velhos, os do escalão 8 e 9 (?) não serão avaliados, pois nas palavras do ministro, estes já são muito bons! Este era o ministro que era exigente! Professores que foram transitando de escalão em escalão só devido à sua idade são muito bons? Deve estar a confundir os professores com o vinho do Porto!
E assim vai o País. Se não estava bem com Sócrates também não é com estes governantes que se vai estar melhor, mesmo contando com o denominador comum da troika. Só se for para aqueles que têm dividendos a receber e não paguem os impostos com que nos brindaram para o Natal.