domingo, janeiro 18, 2009

(Maus) Pensamentos do ano novo sobre o ensino

Que será do ensino quando os professores estão desmotivados? No ensino secundário é a avaliação duma maneira geral que os desmotiva e concretamente o processo de avaliação previsto pela tutela. No Ensino Superior o que desmotiva os professores? Afinal já são avaliados..
A meu ver é também a avaliação que desmotiva os professores do Ensino Superior.
Senão vejamos: Uma vez feito o doutoramento quais são as etapas seguintes? Nomeação Definitiva é a primeira. O Conselho Científico é quem determina se o candidato terá nomeação definitiva ou não baseando-se em pareceres, segundo o Estatuto.
Não é uma verdadeira avaliação uma vez que quase todos a conseguem, pela simples razão que ninguém quer ser responsável pelo despedimento de um professor que seria o que aconteceria se na Nomeação Definitiva de um Professor Auxiliar o parecer fosse negativo, o que não acontece noutras profissões da Função Pública. Conscientes disto, os avaliadores não avaliam o mérito, refugiando-se numa lei que tem uma malha tão larga que vai desde o currículum científico e pedagógico à relevância do candidato para o Departamento em causa, e o avaliado, consciente deste facto, não se esforça para ter um bom currículum. É portanto uma avaliação tão injusta como perversa. Com a mudança do Estatuto previsto para o princípio deste ano de 2009 a Nomeação Definitiva, para aqueles que já a têm, será substituída por um contrato por tempo indeterminado Reforçado, tal como no resto da Função Pública. Mas futuras Nomeações Definitivas serão contratos por tempo indeterminado mas não Reforçado, o que significa que se os Serviços forem reestruturados e não houver necessidade destes profesores eles poderão ser dispensados!
Deste modo passa-se dum extremo ao outro! Será que a motivação dos professores aumenta com estas mudanças? Não vejo como nem porquê. Esta medida aliás não faz sentido par o Ensino Superior. Não existe para Ensino Secundário, porquê existir no Ensino Superior? Os professores do Ensino Superior têm tanta capacidade de adaptação como os do Ensino Secundário (e Básico) ou não? Afinal foram para o Ensino Superior porque tinham mais capacidade (melhores médias, mais currículum..). A meu ver seria preferível que houvesse successivas avaliações como para os funcionários e só depois de três successivas avaliações negativas se dispensava o professor, sem a fazer depender da reestruturação do serviço. Ao menos só dependia deles e não de uma decisão Administrativa de reestruturação de serviços que, essa sim, desmotiva qualquer um, uma vez que é imprevisível e cega.