segunda-feira, março 30, 2009

Não marcamos golos

Portugal mais uma vez não marcou golos. Não sei quantos jogos sem marcar... Mas não é esse o drama de Portugal? Faz que faz mas não faz..Senão vejamos: na política durante muitos anos ameaçou-se que seriamos líderes na Europa e até tivemos uma cimeira com o nome de Lisboa, mas mais uma vez esse nome não quer dizer que estejamos a ganhar terreno na Europa, mas tão só foi o nome da cidade onde se deu a conferência. Também na política interna, se falou de Regionalização. Ficou na gaveta. Fez-se muito jogo de meio-campo e nada de golos. Na Educação desde o 25 de Abril que se investe na alfabetização e que se verifica? Que somos dos mais analfabetos da Europa, com uma classe idosa analfabeta, uma etnia (a cigana) também analfabeta e uma classe que embora saiba ler e escrever sofre de analfabetismo cultural, apreciando um tipo de música e de programas do mais simples imaginável, e uma classe de jovens maioritariamente sem memória do que Portugal foi e conhecedores da palavra digitalizada mas não escrita. Como se podem marcar golos assim? Na indústria, subsídio-dependente, faz-se os possíveis por se manter à tona de água, portanto nem perto da baliza estão. Nos serviços, temos o Simplex e aí menos mal, mas quando reparamos temos situações onde ainda se exige o reconhecimento presencial da assinatura! Na sector terciário temos os hiper a ganhar dinheiro mas sem produzir e sem gerar empregos duradouros, tudo varrido a recibos verdes e ordenados mínimos, e os bancos a ter lucros, antes da crise, obscenos, mas sem servir os clientes, antes servindo-se a si próprios. O País ainda teve que nacionalizar quando as coisas correram mal e vamos todos pagar por isso. Aqui o golo foi na própria baliza!
No ensino secundário, fazem-se manifestações em que se exige uma outra avaliação da do Ministério, com muito alarido. Quando se pergunta que avaliação propõem os professores, percebemos que é tudo só para empatar (sem golos) porque suspeito que a maioria não quer avaliação nenhuma.
E o Ensino Superior?
É melhor deixar isso para depois, porque haverá muito para "empatar"!

domingo, março 22, 2009

A cooptação de elementos externos para o CG

Embora um pouco atrasado,não quero deixar de difundir o texto do blog Empreender, sobre como devia ser a cooptação de elementos externos para o Conselho Geral. Tal como o autor do blog, Vasco Eiriz, mais tarde volta a escrever em "A escolha de conselheiros externos", espero que como é referido a equipa cooptada seja a que melhor serve os interesses da Universidade e não a que melhor serve os interesses das listas que se candidataram ao CG.

sábado, março 21, 2009

Low-cost nas viagens e nas Universidades

Ir a uma conferência em Low-cost tornou-se normal para muitos professores e investigadores, procurando assim poupar alguns euros da bolsa disponível. Se o preço parece apetecível, como tem vindo a ser denunciado recentemente, não é bem o que parece. Paga-se o check-in, as malas, o seguro, o cartão de crédito, as sandes, o café, o excesso de peso acima dos 15 Kilos quando normalmente o peso limite é de 20 Kgs, etc. No futuro próximo serão as idas à casa de banho que serão pagas. Tudo somado não será muito mais que viajar na TAP ou noutra empresa de "bandeira". Ainda por cima para o reembolso é necessário o recibo que por ausência de balcões no aeroporto do Porto, têm que ser pedidos à sede, sem haver a certeza que vem "direitinho". Há ainda essa preocupação.
Mesmo que se poupe dinheiro, temos o resto. O aeroporto de Low-cost tem o aspecto duma estação de autocarros, com o povo a amontoar-se nos locais de check-in e de controlo. Talvez por isso sejam tão maltratados pelas empregadas no check-in, como se tratasse de "crowd control" e não de servir o cliente. Eu por exemplo fui recebido com o comentário que "já tinha dito três vezes que o limite de 15 Kg foi ultrapassado". Primeiro não disse três vezes, só uma, e depois mesmo que o limite tivesse sido ultrapassado, o cliente, eu neste caso, devia ser informado com profissionalismo, como sempre fui noutras companhias.
Uma vez no avião, não vale a pena pensar que se pode ter um descanso: os bancos não reclinam! E beber um copo de água que seja, temos que pagar, e não é pouco (somado ao resto já ultrapassa um bilhete da TAP).
A viagem de autocarro da empresa, a Terravision, é algo terceiro-mundista. É sujo, o condutor mais parece um serial killer, com travagens de "emergência" contantes, e o aspecto interior do autocarro condiz com o da empresa: Low-wash!
Tanto para partir como ao chegar ao destino, o condutor permanece no sítio, e os ocupantes como que por intuição põesm e retiram as malas. É tudo feito pelos clientes, mas nem por isso têm desconto.
É um pouco como a fast food, em que os clientes é que põem as bandejas no sítio, para poupar mão-de-obra e despejam o lixo no sítio próprio. São treinados para o fazerem. Não tarda muito, é-lhes dada a massa da pizza ou o hamburguer congelado á entrada e ordeiramente, metem -nos no micro-ondas ou forno disponível ao balcão, e assim as empresas Fast food não precisam dos empregados para o fazer.
Já foi anunciado que a Ryan Air vai acabar com o check-in e dispensar os empregados que estão ao balcão. Qualquer dia dispensam as hospedeiras de bordo e põem uma caixa automática com sandes e bebida a bordo.
Sintomático é a recolha dos restos, que as hospedeiras chamam apropriadamente "rubbish" (lixo). Assim não precisam de ter uma empresa de limpeza a limpar entre os voos. Observando a saída dos passageiros do avião que nos levou, verifiquei que não havia tempo para essa limpeza, uma vez que entrámos logo de seguida. Havia papéis no chão e outros sinais de falta desse serviço de limpeza, que não menciono para não ferir susceptibilidades.
Enfim, estamos a caminhar rapidamente para o auto-serviço. O cliente é que acaba por fazer quase tudo. É um pouco como aqueles programas em que o artista ou o actor acaba por ser o próprio concorrente. Sai quase a custo zero para o programa, não ter que pagar a actores.
Penso que no Ensino Superior o mais parecido talvez seja a Universidade Aberta, embora já tenha visto teses no Ensino Superior em que o proponente do trabalho foi o próprio candidato.
Com a tendência das low-cost não será que o ensino caminha para o low-cost também?
Já lá vai o tempo em que as secretárias escreviam os ofícios dos professores. Com o aparecimento dos computadores, foi o início e com os programas como o e-mail a serem usados como ferramenta principal, o próprio docente já faz tudo, desde o edital para bolsas às consultas para compra de equipamento. Agora com o ajuste directo deu-se um passo atrás e preenche-se um papel o que com o mundo cada vez mais informatizado parece um contra-senso. Parece que isto vai ser alterado o que é uma pena porque me fazia lembrar o antigamente com uma certa nostalgia (o tempo em que tínhamos os ofícios escritos pelas secretárias).
Enfim, pertencemos a uma rede de tratamento de documentação. Imaginem se os professores do ensino secundário tivessem que fazer o que nós fazemos (encomendar equipamento, matérias primas, escrever editais para bolsas, etc). Seria um protesto nacional. Nós o que fazemos? Isto e muito mais, desde que nos digam o que é preciso fazer. Somos obedientes, é isso.
Sabemos que é tudo em prol do Low-cost e como bons portugueses, isso agrada-nos.

sexta-feira, março 13, 2009

A lógica do poder nas eleições para o Conselho Geral

Acabámos de ter uma eleição para o Conselho Geral da UM. Pertenci a uma lista para o Conselho Geral, a lista B. Conseguiu a lista B eleger 2 "conselheiros". São dois elementos que no Conselho Geral vão poder expressar as posições que a lista B tomou em relação a muitos aspectos da vida Universitária. No entanto, no essencial, não se prevê que a UM mudará muito. Em primeiro lugar a lista C, composta por elementos que detêm posições de poder na UM há vários anos, embora não tendo manifestado um apoio incondicional ao actual Reitor, não o criticando e até afirmando que tinham orgulho do que por aqui se fez nos últimos anos, indirectamente mostraram que eram apoiantes das políticas da UM, nomeadamente o seu responsável máximo, o Reitor.
A questão é que a lista C, numa lógica de assumir o poder, não podia defender abertamente o Reitor, e chegou-se a demarcar para fins eleitorais da sua tutela. E, temos que admitir, que a sua estratégia funcionou. Obtiveram a maioria, quando em eleições anteriores para a Assembleia Estatutária, não o conseguiram. Não sei até que ponto o Reitor com tamanha "deslealdade" dos seus antigos apoiantes se vai manter no seu lugar. Não há nenhuma Universidade que não tivesse tido a "lista do Reitor" como candidata ao Conselho Geral. A lógica é a de reeleger o Reitor ou ao menos dar-lhe legitimidade no caso de o mesmo continuar até terminar o seu mandato. Neste caso, a anterior "lista do Reitor", demarcou-se do Reitor e deixou-o sem legitimidade de continuar. Aliás a lista C, veio recentemente afirmar, utilizando uma frase da lista B, que quer um Novo Ciclo! A lista B usou esta frase como campanha para "Um novo Conselho Geral -Um novo Reitor". Será que a lista C quer dizer o mesmo? No mínimo a lista C devia clarificar esta sua frase!
Outra estratégia que demonstra a lógica de poder por parte da lista C, transmitido pelo seu cabeça de lista no debate havido em Azurém, foi a campanha que fez contra o facto da lista B ser representada por mais que um elemento não apresentando o cabeça de lista como sendo o único representante da lista.
Talvez não se tivesse transmitido a mensagem á Academia que para o Conselho Geral não se estão a eleger 3 representantes dos professores e investigadores, mas sim 12!
Ou talvez os académicos, tão afastados têm estado da vivência democrática, só conseguem entender a lógica "do chefe". O que é um facto, é que a personificação da lista no cabeça de lista do seu líder, o António Cunha, parece ter dado resultado. Já no caso da lista A parece não ter dado tanto resultado. Quererá isto dizer que na confusão que se instalou sobre as funções do Conselho Geral, tendo ficado só a noção que era o orgão que elegia o Reitor, as eleições serviram para plebiscitar o futuro Reitor da UM?
A lista B, propositadamente, não tinha um cabeça de lista "reitorável", precisamente para mostrar que não era disso que se tratava nesta eleição. Pelos vistos, foi ingenuidade pensar que a Academia estaria preparada para eleger um corpo de docentes, quando a maioria o que queria era marcar já uma posição na eleição do Reitor.
Não se pode no entanto culpar a Academia por querer eleger o Reitor. Seria muito mais democrático se assim fosse, e não estaria a eleição entregue a um "colégio eleitoral", que ainda por cima tem elementos não eleitos pela Academia, os membros externo. Pode-se argumentar que estes membros ao serem cooptados seriam dessa forma eleitos indirectamente. Nada mais ilusório. A cooptação destes membros será alvo de negociações entre as várias listas e eles poderão não representar a proporcionalidade das listas no CG. Essa é a próxima função do Conselho Geral e será interessante verificar se representam proporcionalmente as listas ou não.

terça-feira, março 03, 2009

O Resultado da eleição para o CG

Não é engano, o título é mesmo o resultado e não "os resultados".
Porquê? Analisando os resultados agora divulgados pela Reitoria, em termos percentuais a lista C ganhou com 48,5% dos votos, embora não com maioria absoluta como anunciado pela lista.
Mas na realidade o que se verifica é um empate efectivo entre a lista C, mais conotada com o estado actual da UM, com 6 lugares no Conselho Geral, e as outras duas listas com um total de 6 lugares (4 da lista A e 2 da lista B)que se reclamam da "oposição" à hierarquia dominante na UM.
Por isso o resultado que vai emergir nas várias votações que vão ocorrer no CG vai depender dos outros corpos, os estudantes (4), os membros cooptados (6) e o único funcionário eleito (1). Fazendo um pouco de futurologia, sabendo que os membros cooptados estarão "grosso-modo" proporcionalmente representados pelas listas, quem vai fazer a diferença serão os estudantes, uma vez que 1 voto do funcionário facilmente será absorvido pelos 4 votos dos estudantes.
Com este aparente equilibro de forças o "status quo" poderá manter-se por mais cinco anos e meio, assim os estudantes o queiram.
Vamos aguardar um ano e meio pela saída do Reitor para ver se assim vai ser.
Estamos nas mãos deles ou doutros que tomarão o seu lugar.
É quase aberrante uma Universidade depender dos estudantes nas decisões que quase só dizem respeito aos Professores e funcionários (financiamento do qual 90% são salários, ligação ao exterior, etc..é só ver s atribuições do reitor!). Para os alunos existem os Conselhos Pedagógico em que têm paridade com os professores e o Senado.
É caso para dizer: porque não têm os professores um voto também na Associação de Estudantes? A relevância é quase a mesma que a presença dos estudantes no C.G. (Ao menos podiam ter uma palavra a dizer sobre os excessos que se fazem nas praxes!).
Mas quem fez o RJIES e os Estatutos não imaginou que poderia haver situações de empate ente professores/investigadores? Não imaginava que uma Universidade, como foi o caso da UM, decidiu atribuir ao CG o poder de fixar as propinas?
Poderão os alunos negociar as propinas como contrapartida para outras negociações em cima da mesa? E o financiamento da UM como fica? Com propinas zero por exemplo? Quantos professores/investigadores vão para a rua agora que com o novo Estatuto todos prevêem que em tudo vai ser igual ao das carreiras da Função Pública, podendo fechar serviços e dispensar pessoal desses serviços?
O Ministro não pensou nisso ou é uma forma maquiavélica de conseguir dispensar pessoal?
Ficamos na dúvida.