O investimento que o governo
anda a propalar, proveniente da Comissão Europeia, assenta em várias
premissas que fazem de Portugal o menos apto a aproveitar os biliões de euros
distribuídos pelos vários países europeus. Este programa baseia-se muito no
modelo alemão, um país com capacidade financeira e tecnológica de abarcar
desafios que nós, devido ao nosso atraso, não vão conseguir aproveitar. Exemplo
mais óbvio é o Hidrogénio verde. É uma grande fatia desse bolo. È uma
tecnologia que foi desenvolvida em países como a Alemanha nos últimos anos e
mesmo assim, a nível de "planta piloto".. Nunca foi testado
industrialmente. Além do mais, precisa de energia elétrica para a reação
química de produção do hidrogénio a partir da água. Esse custo só não será um
custo excessivo, se for energia excedente em determinados períodos e
simultaneamente energia sustentável. A energia sustentável mais indicada será a
energia das centrais fotovoltaicas, com painéis solares. Quem vai ganhar com
este mega negócio? Os construtores de ventrais fotovoltaicas, que são..alemãs
muito provavelmente. E quem vai contruir as empresas de produção de hidrogénio?
Alemãs? Provavelmente. Pelo menos com muitos componentes vindos da Europa do
norte, incluindo a Alemanha. Está-se mesmo a ver porque o programa, delineado
por um Comissária alemã e a sua equipa, escolhe estas tecnologias supostamente
energias do futuro. Tudo bem que o mundo precisa de mais energias renováveis,
uma vez que as barragens só funcionam se houver água e portanto pouco funcionam
no verão, as eólicas te quebras se houver pouco vento, e as centrais
fotovoltaicas só funcionam se houver sol, portanto de dia. O hidrogénio por
outro lado estará sempre disponível. Mas a que preço? Portugal, nós todos, vai
ter que pagar para ter esta tecnologia, e os empregos prometidos, serão para
a..Alemanha e os outros países que dominam toda a cadeia de produção do
hidrogénio.
Este panorama, já é bem conhecido dos investigadores e
Universidades e empresa, que quando olham para os projetos europeus,
apercebem-se que são projetos dirigidos às grandes empresas, predominantes na
Europa, e poucos dirigidos às PMEs. Embora tenham aparecido nos últimos anos
projetos para as PMEs, em termos de verbas, têm sido maiores para os grandes
projetos europeus com grandes empresas e tecnologias que não são o nosso
panorama industrial. As poucas empresas em Portugal que se encaixam nestes
programas europeus, pertencem a empresas...alemãs (Autoeuropa e Bosch).
Portanto, Srs políticos, tenham dó, não se iludam e não iludam os
portugueses. Alguns de nós, já conhecemos as manhas dos países dominante
europeus no que se refere a projetos financiados. E isto é um projeto nacional,
não um mero projeto de I&D. Vamos todos ser apanhados, não só meia dúzia de
investigadores, como tem sido no passado. Santa paciência para quem houve o
canto da sereia.