Estava o primeiro semestre em pleno, com as dificuldades já referidas
das aulas laboratoriais (avarias de equipamentos, falta de materiais e
produtos..), entretanto resolvidas com recurso a verbas exteriores à
universidade, e eis que é tudo interrompido pelo aparecimento do vírus COVID
19. Quando se pensava que poderiamos transmitir aos alunos os conhecimentos
necessários ao seu futuro profissional na indústria têxtil, eis senão que nos
cai em cima algo muito pior do que qualquer outro acontecimento desde a
fundação da Universidade do Minho, ou de qualquer outra universidade. As aulas
teóricas passaram a ser lecionadas à distância com recurso a ferramentas
eletrónicas, tais como plataformas informáticas de reuniões por vídeo, zoom,
skype entre outras, e as aulas práticas foram suspensas. Agora coloca-se a
questão do funcionamento futuro das aulas práticas, uma vez que a proximidade
entre pessoas, neste caso alunos, professores e técnicos, deverá ser no mínimo
de 2 metros, para evitar o contágio ou de 50 m2 em seu redor no caso de
investigadores em laboratório. Também outros cuidados como a transmissão
através de superfícies que são tocadas pelos utilizadores dos laboratórios,
sejam bancadas, equipamentos, puxadores de portas, embalagens de produtos, seja
prevenida. Normalmente já se utilizam luvas nos laboratórios, o que evitará em
grande parte esta transmissão, mas as luvas se levadas à cara, e entrarem em
contacto com boca, nariz ou olhos, não servirão de nada na prevenção do
contágio, se estiverem contaminadas.
Por isso entende-se o receio
dos utilizadores dos laboratórios a iniciarem as aulas, com um número de alunos
que rondará os quinze alunos. Começando pela distância que já é recomendada para
investigadores a de 50 m2 em seu redor. Se aplicarmos esta área aos alunos da
licenciatura e mestrado, teríamos 750 m2, uma área muito superior ao espaço
laboratorial de qualquer laboratório da UM. Os do departamento de Engenharia
têxtil não terão mais do que 200 m2 no máximo, e com equipamentos e bancadas
pelo meio, está área será muito menor. Como fazer então?
Haverá várias hipóteses que
podemos imaginar que poderiam funcionar minimamente. como sejam aulas de demonstração,
operadas pelo professor e pelo técnico do laboratório, e que seriam filmadas e
transmitidas através da plataforma de ensino à distância. É evidente que estas
aulas não poderiam ser consideradas aulas prática, porque os alunos não iriam
adquirir "prática" na aplicação das técnicas que seriam ensinadas.
Seriam aulas teóricas para todos os efeitos. Outro hipótese é diminuir muito o
número de alunos, talvez para um terço dos atuais 15 alunos que é o estipulado
para cada laboratório, mas nesse caso as turmas eram divididas em 3 ou 4
turmas, o que iria sobrecarregar a utilização dos laboratórios e os horários
dos professores. Com as atuais turmas de 20 a a 30 alunos, seria incomportável.
Outra alternativa seria dividir a turma por especialidades, um pouco como se
faz nos projetos interdisciplinares, PI. Assim os alunos seriam distribuídos pelos
laboratórios conforme as suas especialidades. Tomando como exemplo o curso de Engenharia Têxtil, digamos que um grupo de 5 alunos
escolhia tecelagem, outro grupo malhas, outro confeção, outro materiais/física
têxtil, outro ultimação/tingimento. Ainda poderia haver uma subdivisão para
estamparia/coating. Seria uma forma de ter 5 alunos no máximo em cada
laboratório. Para outros cursos de engenharia, poder-se-ia fazer algo semelhante dividendo as aulas práticas por especialidades específicas desses cursos. Seria aconselhável que os aluno já tivesses algum conhecimento da matéria e da forma como funcionam os aparelhos laboratoriais, pois teriam que ter alguma autonomia para poderem começar de imediato as experiências devido ao reduzido tempo da aula prática para levar até ao fim o trabalho, como já acontece nos projetos interdisciplinares, e para não necessitarem do apoio constante do técnico do laboratório e do professor, uma vez que sendo trabalhos individuais, não haveria tempo para dar esse apoio a todos. Este sistema seria mais adequado para as aulas práticas dos últimos dois anos do curso, por esse motivo. Mesmo assim os
professores teriam que se organizar para estarem disponíveis para qualquer
dúvda que os alunos tivessem, ou por vídeo conferência (zoom, skype, whatsapp,
etc, ou mesmo deslocando-se ao laboratório. Em termos logísticos, as aulas
práticas das disciplinas (UCs) de cada semestre passariam a fazer parte do
Projeto Interdisciplinar, sem necessidade de necessariamente haver coerência entre
elas, como atualmente sucede, tendo um protótipo em vista. Neste caso, os alunos
seguiriam os protocolos das aulas práticas de cada uma das UCs respetivas.
Coloca-se a questão dos horários de laboratório. Teria que haver sacrifícios
no plano de estudos, nomeadamente nos projetos interdisciplinares, que passariam a ser
mais virados para outra forma de trabalho, como dissertações de revisão de
matérias atuais, como funcionalidades têxteis, por exemplo, para que esses
períodos em laboratório fossem dedicado a estas aulas práticas e as dissertações poderiam ser escritas em casa.