sábado, novembro 14, 2015
Atratividade do ensino superior em crise
Hoje uma notícia no jornal Público diz-nos que o ensino superior é menos atrativo para os jovens por o emprego estar a crescer mais, embora modestamente, para os jovens com o ensino secundário completo do que para os licenciados, citando um relatório da Comunidade Europeia(CE).
Por outro lado, muitos jovens licenciados exercem empregos abaixo das suas qualificações. A CE não foge à regra com 25% de jovens nessa situação. Adianta este relatório algumas causas, sendo a das oportunidades de emprego a primeira, mas que o abandono escolar também é elevado, pelo que se conclui que os alunos chumbam muito, talvez por os cursos não serem interessantes ou relevantes para um mundo em mudança. No caso de Portugal, com o que se perdeu nos último 4 anos, em que a indústria não evoluiu, em que não houve uma re-industrialização do país, mas que pelo contrário, houve um reforço das empresas dos setores tradicionais de mão de obra barata, os têxteis e o calçado por via das exportações, as saídas para os licenciados para postos de relevo nestas ou noutras engenharias são muito pequenas. Mesmo aqueles que exercem nestas indústrias, recebem ordenados pouco acima do ordenado mínimo. É o País que não acompanha o ensino ou é o ensino que não acompanha a indústria? É um ciclo vicioso porque uma coisa precisa da outra. Se a indústria não existe, os curso para essa indústria não fazem sentido e se os cursos não existem, embora não seja tão linear, também não há incentivo para a indústria se estabelecer no país, nomeadamente por via do investimento estrangeiro. Qual a saída então? Há quem defenda que as start-ups serão a solução. Mas estas são uma gota no oceano. Poderão no entanto, quando têm origem nas universidades como spin-offs, ter um efeito catalisador dos cursos donde emanaram, por servirem de exemplo para os candidatos aos cursos de ensino superior. Estes cursos com atratividade, por sua vez, terão um efeito de incentivo para a formação de outras spin-offs e assim sucessivamente. Será um ciclo vicioso mas desta forma, com efeito positivo tanto no tecido industrial como nos cursos de ensino superior.
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domingo, outubro 25, 2015
Praxes de novo
Será que alguma vez nos vamos livrar das praxes? Todos os anos as mesmas cenas. Jovens a serem humilhados em nome da integração da academia por outros jovens que já passaram por essa humilhação. Dir-se-ia que quem passou por isso, é pior que se não passasse, por ser uma espécie de vingançazinha ou uma catarse, para se livrarem da humilhação sofrida quando eram caloiros. Um psicólogo e em casos extremos de praxe um psiquiatra, conseguirá melhor que um simples observador, como é o meu caso, avaliar estas mentes que momentaneamente perdem o discernimento civilizacional, para se portarem como se fossem uns animaizinhos. Não se entende de outra forma. Já aqui de novo no ano passado discorri sobre este fenómeno tentando compreendê-lo mas sem grande sucesso. Já nem vou tentar mais entender este fenómeno. Por mim, fazia-se se uma semana ou duas de receção ao caloiro, com atividades, promovidas pelos clubes desportivos, por exemplo, e pelos alunos mais velhos, os finalistas em primeiro lugar, que promoviam atividades sobre os cursos que frequentam, com simpósios, convites a empresas e entidades que representassem a sociedade civil onde estes alunos se vão encaixar, quando acabarem o curso. Os alunos estariam assim ocupados, sem grande disponibilidade para as praxes. É o que se faz, ou pelo menos fazia-se, no Reino Unido. Porque não cá? Teremos menos imaginação que outros países para fazer singrar estas atividades de integração de estudantes caloiros? Talvez, ou talvez a praxe impeça isso, obrigando à participação de todos, por intimidação e por "tradição".
As praxes foram banidas dos campi da UM? Ou foram banidas só as praxes violentas? Não se sabe onde está a linha divisória. A humilhação é uma violência. A reitoria devia banir praxes do campus, "tout court". Sejam ou não aparentemente violentas. Sejam barulhentas ou não. Divertidas ou não. Integradoras ou não, por ser muito subjetivo o que é a "integração de pessoas". Quando se discriminam aqueles que não querem a praxe, a integração mais parece uma filiação numa seita que uma integração. Quando a participação de quem é praxado deriva de uma ordem de um superior e não de iniciativa própria, não é uma integração, mas uma sujeição. Quando se "lambem as botas" aos praxantes, isso torna os praxados em súbditos e não em colegas, como seria de esperar numa integração séria. A hierarquia está sempre presente, até ao fim do curso, e isso não é próprio de uma integração numa equipa, mas mais parece uma integração numas forças armadas onde se exige um hierarquia rígida. Enfim, haverá tantas mais observações a fazer, mas mais uma vez, mais um ano passa e tudo o que se diz sobre a praxe cai em saco roto. É frustrante.
sábado, outubro 17, 2015
Exposição a produtos tóxicos em Gualtar
Já lá vão dois anos desde que se deu uma explosão e incêndio nos laboratórios de Química da UM, na altura divulgado na imprensa. Foi de tal modo violenta que contam os primeiros a chegar ao local que pura e simplesmente tudo o que estava no laboratório esfumou-se: bancadas, produtos armazenados, equipamento. O que se relata é que os funcionários e professores, mas principalmente os funcionários, sofreram alergias graves, dificuldade respiratória, e até queda de cabelo, normalmente associada a produtos radioativos.
Segundo os relatos ao longo desses dois anos que passaram, tomaram-se medidas para restaurar o espaço envolvente ao laboratório onde ocorreu a explosão e incêndio, pensando-se que estaria o problema resolvido. Acontece que passados dois anos, houve novamente indícios nesta últimas semanas do mesmo problema ter ocorrido aos funcionários que trabalham nas imediações do laboratório, mas mais grave que isso, de outros cujo local de trabalho está mais afastado mas que por via das condutas, supõe-se que de ar condicionado, também têm vindo a ser afetados.
Pergunta-se: Porque não se substituíram as condutas? O que se fez além da limpeza? Evitou-se ou proibiu-se o uso de substâncias tóxicas e/ou radioativas nos laboratórios de química? Ou pelo contrário fez-se uma limpeza aos laboratórios, tipo lavar e pintar, e voltou tudo ao que era dantes? Este assunto é demasiado grave para ficar nas mãos de uns Serviços Técnicos que não estão habilitados a tratar com situações desta natureza, nem a responsabilidade deve cair sobre os ombros só dos responsáveis dos laboratórios de química sem um supervisão por parte de entidades externas.
Há pessoas do outro lado do edifício, que recentemente se sentiram mal, o que evidencia que há uma transmissão pelas condutas. Não é preciso ser um génio para se chegar a essa conclusão. As condutas foram substituídas? Pensa-se que não. O próprio sistema que força a circulação, as bombas e outros equipamentos, deve estar contaminado. Grandes males, grandes remédios. A meu ver deveria ser tudo substituído. A saúde dos utentes desses espaços deve estar acima de tudo. É sabido como o efeito de determinados produtos tóxico não se revelam logo de início, mas que podem mais tarde causar problemas graves que mesmo não tendo a certeza da sua origem, pode-se deduzir a origem, fazendo um acompanhamento das pessoas que foram expostas e assim saber se a causa veio dessa fonte de intoxicação. Nessa altura, nem as indemnizações que a UM vai pagar, compensam o mal feito.
Por favor, ponham especialistas a trabalhar numa solução definitiva, façam uma alteração profunda a todo aquele espaço, e deixem-se de remendos! Há edifícios em Gualtar que se têm erguido para isto e para aquilo, muitos deles parcialmente vazios. Seria uma solução que um desses espaços fosse para os Centros de I&D que circundam a zona do perigo, nomeadamente o de Química, e que no novo espaço não entrassem nem produtos tóxicos nem radioativos. Produtos inflamáveis deveriam ser armazenados fora do edifício num local ventilado, mesmo as pequena embalagens. Toda a parte elétrica e equipamentos de aquecimento elétrico deveriam ser novos, para evitar curtos circuitos. Investigadores não poderiam deixar experiências que envolvessem algum risco a funcionar depois de horas. Estes seriam logo os primeiros pontos a tratar, segundo a minha perspetiva. É simplesmente bom senso.
As verbas para esse efeito deveriam ser da UM, uma vez que se diz que a UM tem condições para ser transformada em Fundação por gerar em receita próprias pelo menos 50% do seu orçamento. Se a UM passar a Fundação, sendo mais flexível a utilização das verbas nomeadamente para gerir o património, talvez fosse por aí. Se fosse necessário construir um edifício novo fora do campus de Gualtar, por não haver espaço, há sempre a possibilidade de utilizar o Avepark na vila das Taipas, onde está localizado o Centro de I&D da UM, os 3B's, por exemplo. Há certamente verbas para esse fim no novo quadro comunitário 2020. O Avepark, afinal, foi construído a pensar na instalação de Centros de I&D da UM e de empresas spin-off da UM, e tem sido, a meu ver, subaproveitado. Uma estrutura a 15-20 minutos de carro de distância de Gualtar não pode ser considerada longe. Gasta-se mais tempo a atravessar a cidade de Braga em horas de ponta! O transporte de autocarro dos alunos entre Gualtar e Azurém poderia facilmente fazer um desvio a meio caminho, nas Taipas, onde está localizado o Avepark. São só algumas sugestões para resolver um problema de segurança, a meu ver, grave. A propósito, existe um comissão para a segurança na UM? Uma que exerça funções regulares? Seria um começo...
sábado, outubro 10, 2015
Então e a Fundação?
O Governo terminou funções, tendo terminado a sua legislatura, e ficaram por fazer algumas medidas anunciadas, nomeadamente a passagem a Fundação da Universidade do Minho. É caricato que por duas vezes isto acontece. Primeiro foi quando caiu o governo do partido socialista e o processo de passagem a Fundação estava em curso, com o então ministro da Educação entretanto falecido, Mariano Gago, ficou suspenso. Com a entrada em funções de novo governo, o ministro da Educação e Ciência Nuno Crato, abandonou essa ideia de novas Universidades-Fundação, sendo a sua nova política virada para outra forma de autonomia através de uma prometida reforma do ensino superior, que não se chegou a concretizar. Talvez por essa razão, à última hora o ministro decidiu dar o dito por não dito e voltar ao processo de transformação em Fundação dos processos em curso, nomeadamente o da Universidade do Minho. Só que, mesmo com a pressa e de se reiniciar o processo durante o período de férias, o que apanhou muita gente desprevenida, a Universidade do Minho não conseguiu que o ministério fosse a tempo de concretizar essa medida. É caso para dizer, que não há duas sem três, pois adivinha-se que o governo não vai ter a anuência do PS para esse fim, ou pior, o novo governo será outro, formado entre PS e partidos de esquerda, e então é que não vai mesmo para a frente a Fundação, a julgar pelas declarações desses partidos sobre este assunto mesmo antes das eleições. O reitor, atual ou futuro, bem pode esperar por mais uma legislatura, sem pressas, estudar e divulgar bem os prós e contras da passagem a Fundação, e nessa altura se a UM passar a Fundação que seja com a aprovação de uma larga maioria da academia.
domingo, setembro 27, 2015
Os Centros de Investigação coibidos pelos Estatutos
Os estatutos da Universidade do Minho mostram que provocam constrições ao sistema científico. A situação dos Centros de Investigação das Escolas, que antes era flexível no que respeita à independência e multidisciplinaridade, tornou-se após a introdução dos novos estatutos muito rígida, obrigando os Centros a pertencerem a uma Escola. Esta observação vem a propósito de um e-mail enviado por um centro de investigação, aprovado na última avaliação da FCT com Excelência, não ser aprovado pela Unidade orgânica da qual os seus docentes fazem parte, no caso, a Escola de Engenharia. Este Centro designado por MEMS, Microssistemas EletroMecânicos, é um exemplo típico de um centro que poderia abranger outros elementos de outras escolas, nomeadamente a de Ciências, com incidência na Física e eventualmente nas Ciências da Saúde. Desta forma, ao ser chumbado pela Escola de Engenharia, vê-se privado de funcionar. Para além do insólito da questão, ou seja um centro com classificação de excelente dada pela instituição que mais penalizações tem atribuído a centros e por isso seria também de esperar que os poucos centros com excelente fossem acarinhados por todos os responsáveis pela sua viabilidade, há ainda a questão se uma Escola tem o direito de impedir o funcionamento de um centro que para além do seu interesse a nível de Escola, tem obviamente interesse para a instituição como um todo, por abranger na área dos materiais outras especialidades, como s Física, e eventualmente as Ciências da Saúde, na área da aplicação destes sistemas e materiais.
É evidente que não sabendo as causas deste chumbo, não me posso pronunciar sobre o que estará por detrás dele, mas que deve haver um intervenção ao mais alto nível, nomeadamente do Conselho Geral para arbitrar esta situação e pôr algum bom senso nas partes em disputa para chegarem a bom porto, isso deve ser uma exigência de todos os que prezam a UM como uma instituição de excelência em investigação, sob pena de passarmos a ser um a instituição provinciana com guerras intestinas que em nada ajudam ao seu bom nome.
De futuro, esperamos todos que o que está mal nos estatutos da UM, nomeadamente este constrangimento que impuseram aos Centros, seja alterado.
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sábado, setembro 12, 2015
A caravana passa
Foi aprovado na última reunião do Conselho Geral da Universidade do Minho a passagem a Fundação. Tal como previ neste sítio há duas semanas atrás era isso que iria acontecer. Por acaso surpreendeu-me a margem mínima de vantagem, 12 votos a favor e 8 contra, o que já pode ser um sinal de que, feitas as contas do número de fiéis da lista de professores que apoiou António Cunha para reitor presentes no CG, poucos mais votaram a favor: nem o membros cooptados, nem os alunos nem a representante dos funcionários. É um sinal muito significativo do descontentamento de muitos membros da Academia, principalmente representados pela outras duas listas que estão representadas no CG, com destaque para o movimento NDNR, Novos Desafios Novos Rumos,que se insurgiu na UM-net contra a forma como todo o processo foi conduzido, à última hora e à pressa sem consulta prévia à Academia mas também contra a passagem da UM a Fundação, uma forma de governo da universidade que também eventualmente não agrada à maioria dos membros da Academia. Talvez seja esta posição da Academia que fez com que o reitor não tivesse hà mais tempo colocado à Academia esta questão, tão importante para o futuro da UM, com receio que viesse reprovada. Pode o reitor refugiar-se nos estatutos da UM que não prevêem "referendos", mas haveria outras formas de consultar a Academia. Por exemplo através de votação mo Senado, nos Conselhos de Escola, nas próprias sub-unidades (Conselhos de departamento, Centros de Investigação). Haveria muito por onde escolher.
O que é certo é que após tantas mensagens de rejeição da passagem a Fundação e da forma como o foi feito, da parte de movimentos representativos dos docentes e funcionários, do sindicato do ensino superior, entre outros, o reitor enviou uma mensagem curta e factual: que já tinha sido discutido no Conselho Geral há muito e que por isso não havia mais nada a dizer. Quero, posso e mando ou seja, como quem diz: "os cães ladram, mas a caravana passa".
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sábado, setembro 05, 2015
Catch 22 situation
A Universidade do Minho passará a Fundação muito em breve, de acordo com as últimas informações, uma das quais do reitor. Não seria tão mau assim, se não fosse o facto da instituição estar há muitos anos nas mãos de uma "dinastia" que atua como se a UM fosse a sua quinta. Começando pelo topo, o reitor atual foi sancionado e apoiado pelo seu antecessor. O anterior já o tinha sido pelo seu antecessor e assim sucessivamente. Pode-se dizer que é o que a distingue das outras Universidade mais antigas e maiores, que se regem pelas regras da alternativa. Com a Fundação, a mesma "gente", desde os órgãos dominados pelos professores, começando pela reitoria e Conselho Geral e acabando nas Escolas e sub-unidades orgânicas, e os órgãos dominados pelos funcionários do "regime", nomeadamente os SASUM e os diretores dos serviços, muitos nomeados pelo reitor, atuarão da mesma forma, promovendo os do seu grupo restrito, e deixando para trás os outros.
Como se chegou a este ponto? Principalmente devido à inércia dos membros da Academia ao longo dos anos. Deixam para um grupo muito ativo de pessoas, conhecidas aliás por todos, a "política", porque estão ou apáticos ou demasiado envolvidos nas suas atividades letivas e de investigação. Também durante muito tempo não havendo o risco de casos mais graves para os professores, tais como despedimento, ninguém se incomodou com essa situação. Agora que se desenha no horizonte um maior risco para os próprios, como o despedimento ou a possibilidade de ficarem para trás irreversivelmente, não sendo promovidos, já soam as campaínhas de alarme. O reitor já iniciou o "emagrecimento" da instituição, forçando o despedimento ou a diminuição de horas até ao insignificante, a professores sem vínculo, em unidades orgânicas onde os há em maior número, como sejam os leitores nas humanidades. O RJIES permite extinguir serviços deixando em aberto o que acontecerá aos professores. No caso dos funcionários, é certo que os funcionários públicos não podem ser despedidos, e continuarão a manter esse estatuto mesmo com a Fundação. Mas há a possibilidade da mobilidade para aqueles que não tiveram excelente ou muito bom, e como muitos funcionários tiveram excelente na avaliação do SIADAP não devido às suas qualidades mas devido à fragilidade do sistema que permite que um júri, controlado por membros nomeados pelos do "regime", premeie os funcionários que entender e arranjam as justificações de acordo com os objetivos que eles próprios delinearam, os mais expostos à mobilidade serão os outros mesmo que sejam competentes. Assim é e sempre será no funcionalismo publico quando minado por uma hierarquia instalada demasiado tempo nos lugares de topo. Em democracia parlamentar, pelo menos há um votação direta para acabar com esta situação. No Ensino superior houve quase sempre um filtro, e agora há mesmo um colégio eleitoral, o Conselho geral. Voltando ao princípio, se quem participa nas eleições para o Conselho geral estivesse atento e fosse mais empenhado, poderia votar numa maioria que seria uma verdadeira alternativa. Aqui também se deparam com a falta de candidatos em que se revêem, ou que consideram capazes, porque muitas vezes os melhores, como já referido atrás, por que estão muito envolvidos noutras atividades não se envolvem ou não se querem envolver. E assim repete-se o ciclo dos mais interessado em manter o poder conseguirem alcançar a maioria no CG e eleger o reitor, que estará de qualquer forma já predeterminado. Não será este reitor especificamente, porque ele é também a consequência de toda uma máquina montada por uma pequena minoria muito ativa, que o quis lá, para poder manter os seus privilégios. Assim, sem uma mudança de atitude dos professores quando for da próxima eleição para o Conselho Geral, será com o próximo. Assim, não há volta a dar, sendo o que Joseph Heller designou por "catch 22" situation, ou como em bom português, pescadinha-de-rabo-na-boca.
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segunda-feira, agosto 31, 2015
A Fundação aí está
A Fundação parece que vai mesmo para frente, a julgar pela pressa com que o reitor submeteu ao Conselho Geral a proposta. Esta iniciativa juntamente com a coincidência do governo estar a finalizar o seu mandato, levam-nos a crer que há conjugação de interesses, entre a reitoria e o governo. Claro que passa no C.G. sem grande oposição, por este ser o nosso sistema: Um Conselho Geral eleito pela lista que apoia o reitor. Não sei se o Conselho Geral se mantém com a Fundação, mas nestes moldes não faz muita diferença. Podemos dizer que neste esquema instaurado pelo RJIES só o Presidentes de Escola, devido ao estatuto de autonomia das escolas, têm alguma independência relativamente ao reitor. A Fundação, segundo o RJIES, tem a tutela de um conselho de curadores, em número de 5, nomeados pelo governo. Estes curadores seguem pelos vistos as decisões do Conselho Geral, incluindo a destituição do reitor,visto de uma maneira simplista. Claro que devido á composição do Conselho geral, já referida, esse cenário é muito pouco provável. mas de qualquer modo, talvez com a Fundação o Conselho Geral ganhe importância. Vamos ver.
Quanto a outros aspetos diferenciadores, há um curioso que aparece à cabeça: a Fundação é dona e gere o seu património,o que quer dizer que vamos ter vendas (e compras) brevemente de imóveis na UM? Eu sugeria que se vendesse a reitoria, no centro da cidade. Está num lugar muito apetecido por outros e com certeza que haverá um empreiteiro disposto a trocar por uns hectares para construir mais prédios quadrados para albergar mais salões de congressos, mais espaços para a Associação dos estudantes, mais parafarmácias, campos de golfe, ginásios, e tudo o mais que entusiasma os SASUM, à semelhança do negócio da quinta dos peões.
O que vai acontecer é que a arbitrariedade nas contratações (e despedimentos?) e promoções vai continuar ou vai-se agravar. Só pode, como dizem os nossos amigos brasileiros!
sábado, agosto 22, 2015
Férias e livros
As férias são para relaxar: ir a banhos, ler um livro (ou dois) e passear.Pelo menos era assim. Procuro ainda manter os mínimos destes parâmetros. No meu caso, ir a banhos no Algarve, ler um livro de um escritor conceituado, já que leio poucos ao menos que sejam bons. Ir passear só em Portugal e eventualmente Espanha, evitando os aeroportos. O Algarve esteve como sempre, cheio de gente por isso quem gosta de algum sossego para poder relaxar, deve ir a sítios menos concorridos, praias com acessos mais difíceis e hotéis perto dessas praias. O livro escolhido foi de Don de Lillo, um conceituado escritor americano que ficou conhecido pelo seu livro "Libra", sobre o assassinato de John Kennedy, um livro extraordinário. Desta vez li "Mao II", um livro muito diferente do seu estilo habitual de relato de personagens violentas e cheios de ação, como no caso de Libra e de outro livro, Underworld. Neste livro trata-se da vida de um escritor relatado por uma fotógrafa conhecida que quer publicar fotografias suas, e que vive escondido há anos desde que publicou a sua obra prima, a escrever um novo livro que nunca considera que está pronto para ir para a editora. A segunda parte do livro perde um pouco esta mística de um escritor solitário, e avança para reportagens de guerra no Líbano, centrada em redor de um rapto de um escritor, como que a lembrar-nos que afinal é De Lillo o autor e não um escritor romântico enternecido por uma vida solitária de um outro escritor que eventualmente reflete a sua própria vida.
Outro livro interessante que comecei a ler, é o "Lágrimas do meu pai", de John Updike, autor da trilogia da família Coelho (Rabbit), mas este lido em português. Devo dizer que não perde muito na tradução, que a meu ver está muito bem conseguida. Os da trilogia da família Rabbit, lidos em inglês tal como os de De Lillo, pela razão que não havia na altura tradução em português, são ricos na descrição das personagens e do ambiente que envolve essas personagens, indo ao pormenor, como é típico de Updike, de descrever plantas, árvores, ruas e casas que constituem o habitat destes americanos do sudeste os EUA, as Carolinas e a Virgínia, estados conservadores e que mais espelham a meu ver o americano típico da província, se é que existe um estereótipo americano, nação tão díspare entre norte e sul, este e oeste, cidade e província. Updike, mais próximo da sua morte em 2009, através de "short stories", talvez por essa razão centra-se muito na idade já avançada dos seus protagonistas dessas estórias, o que não é para qualquer um, especialmente alguém jovem. Os últimos livros de outro escritor conceituado, Philip Roth, lidos em férias anteriores, também seguem esta tendência. Mas como quem lê livros é cada vez mais a geração mais velha, talvez estes escritores estejam a acompanhar não só a evolução da sua idade, mas também, infelizmente, a tendência da era pós-internet e do facebook, You tube e twitter, para mencionar algumas redes sociais tão viciantes que absorvem todo o tempo livre antes dedicado, em parte, aos livros.
domingo, julho 26, 2015
Os manuais escolares e os cheques-ensino
O escândalo dos manuais escolares está de volta. Num artigo no jornal Público, é relatado uma situação das famílias que gastam uma média de 200 euros em manuais escolares por filho a partir do 5º ano de escolaridade. Depois de em 2006 ter saído uma lei que determina que os manuais escolares têm 6 anos de duração, esta regra podendo ser quebrada desde que o Ministério da Educação faça revisões de programa ou metas curriculares. O governo fez esta revisão todos os anos nos últimos 3 anos! Também ficamos a saber a partir da leitura deste artigo que o Ministério estabeleceu bolsas de manuais escolares nas escolas para famílias que até então recebiam comparticipações para adquirir manuais. Sé têm direito a esta bolsa quem receba o salário mínimo. No entanto, o ensino é obrigatório, tal como lembra a jornalista. Noutros países da Europa por essa razão os manuais são gratuitos para todos. Aqui e agora, só os pobres têm direito a esta bolsa e à comparticipação na compra de livros que não façam parte dessa bolsa. O que alegam alguns pais entrevistados e a Confap, confederação da associação de pais, é que esta bolsa discrimina de duas formas: primeiro porque aqueles que ganham mais que o salário mínimo não têm acesso; por outro lado, aqueles que a recebam da escola e não diretamente em casa como antes, são estigmatizados na escola por serem pobres. Parece que estamos a voltar à caridadezinha do Estado Novo com os alunos pobres a evidenciarem a sua pobreza perante os outros alunos. Outra medida neste sentido, será a dos cheques-ensino pretendido por este governo para os alunos mais pobres poderem frequentar as escolas privadas. Nestes últimos 3 anos, segundo a Fenprof, tem havido uma transferência de recursos para os privados e em algumas zonas não há alternativa de ensino público. Os cheques-ensino a serem instituídos, eventualmente se o governo ganhar de novo as eleições, será também mais uma medida nesse sentido, além de evidenciarem que o aluno que os recebe e os "carrega" na sua identidade durante todo o período da sua educação nestes colégios.
Não é que estes alunos não sejam provavelmente mais bem sucedidos do que se tivessem seguido para o ensino público. Esse é um facto com alguns colégios privados. Mas no ensino, seja público ou privado, não se "apreende" só o que vem nos programas, mas também se recebe uma lição de como ser um ser humano decente e orgulhoso. Ou quererá o governo que o aluno tenha outras qualidades normalmente consideradas importantes pela sociedade católica e submissa do Estado Novo, a submissão, e outros aspetos da personalidade dos jovens, também realçada por poetas de outros tempos: o perdão a quem o humilha, tal como as descreve Rudyard Kipling no poema If (Se) de um pai para um filho. Mas R.K. é de outros tempos, o do imperialismo britânico, e defendia com certeza a abnegação dos mais pobres e mais fracos para que a ordem "natural" das coisas de então se mantivesse a bem do Império.
terça-feira, julho 21, 2015
Cursos do ensino superior para todos os gostos
Mais um ano em que desce o número de vagas no ensino superior acompanhando a descida do número de candidatos. É a tendência dos últimos anos. Há ainda a novidade do Ministério da Educação informar sobre a empregabilidade dos cursos. Os alunos continuam a preferir os cursos que lhes dão emprego, medicina e enfermagem, o primeiro em universidades e o segundo mais em politécnicos. O que se verifica é que muitos dos alunos que vão para enfermagem, já o fazem com a ideia de emigrar. Porquê então que o Ministério aceita tantos cursos e com númerus clausus tão elevados? Não se entende. São recursos do País que poderiam ser empregues noutros cursos, mesmo em cursos que à partida não têm empregabilidade, como o das humanidades. Ao menos estes cursos custam menos ao País por não precisarem dos meios que os cursos de enfermagem precisam. Não há qualquer planeamento de cursos, muito devido à autonomia das universidade e dos politécnicos. Será que a autonomia das universidade e politécnicos deverá determinar quais os cursos a oferecer? Talvez em parte. Mas não deveria também obedecer a uma estratégia nacional? Aliás como se fez em relação aos cursos de medicina. Pelo menos nas engenharias poderia haver mais organização e não depender só da lei da procura e da oferta, como está a acontecer com os cursos de engenharia civil. O governo lava dali as suas mãos, guiando-se pela procura dos cursos, como se os candidatos soubessem quais os cursos mais relevantes para o país. Basta ver quanto alunos se candidatam aos cursos de comunicação, jornalismo, media, etc, para perceber da disparidade da desproporcionalidade entre o número de jornais, canais de televisão e outros media. Ou no caso dos cursos de engenharia biológica ou biologia, a desproporcionalidade entre os candidatos a estes cursos e os empregos disponíveis para este tipo de especialização: indústria alimentar, ambiente, etc. Ou no caso da arquitetura. E haverá muitos mais disparidades como estas.
Estamos com um ensino superior dependente dos gostos dos alunos, ou nestes casos, mais das alunas. Que fazer? Penso que se os alunos gostam de tirar um curso que os satisfaçam, e não que o país precise, deviam pagar esse curso, tal como se paga um curso de guitarra ou de culinária gourmet, ou outros (pintura, decoração, etc). Demasiado polémico? Talvez e certamente não exequível. Mas então que o governo tenha uma estratégia de "hair cut" aos cursos repetidos em universidades e politécnicos distantes poucos quilómetros uns dos outros e númerus clausus para cima de 50. Tentou timidamente através da formação de consórcios, começando a norte, mas depressa recuou, ao ser confrontado pelo lobby dos reitores do CRUP. A única boa ideia que o Ministério da Educação teve para o governo superior, nunca saíu do papel! É hora deste ministério dar lugar a outro que tenha mais garra.
domingo, julho 05, 2015
Bolonha e doutoramentos
A propósito de Bolonha, vem a talhe de foice falar de Miguel Relvas. O caso é conhecido: alguém que conseguiu uma licenciatura, em Ciências Políticas, numa universidade portuguesa, a Lusófona, por lhe ter sido atribuídas equivalência a grande parte das UCs (disciplinas) com base no seu currículo de político. Diz o Professor Alberto Amaral que se a moda pegasse bastava a alguém trabalhar num stand da Renault para obter a licenciatura de engenheiro mecânico. Está bem visto. Bastaria a alguém trabalhar numa empresa têxtil para ter uma licenciatura em engenharia têxtil? Talvez. Os exemplos seriam muitos.
O caso de Relvas está em tribunal para se averiguar da sua legalidade. Mas independentemente da sua legalidade, há alguém que aceita este estado de coisas? De que serve a legalidade formal de um diploma se o diploma não vale nada? E se não vale nada pode-se concluir que as outras licenciaturas da Universidade Lusófona também não valem nada? Com certeza que não! Onde eu quero chegar é à generalização que se pode fazer de casos tristes em que a Universidade facilita, ou para ganhar alunos, ou compensações de outra ordem. Preocupa-me um pouco o facilitismo que se apoderou das Universidades desde que as licenciaturas e doutoramentos de Bolonha passaram a vigorar. E não se pode atribuir tudo a Bolonha. Mas uma vez que o facilitismo se instala, já não se distingue se é de Bolonha ou não. Por exemplo, doutoramentos em conjunto com outras Universidades que por não terem uma especialidade numa determinada área, formam os seus docentes nessa área através de um doutoramento em conjunto, mas que será atribuído pela UM. Não sei se existem outros casos, mas conheço o do Centro de Ciência e tecnologia Têxtil da Escola de Engenharia, o 2C2T. É um doutoramento pago, à Universidade e aos docentes. Põe-se logo a questão: se é pago, admite que algum dos seus doutorandos não obtenha o título de doutorado? A universidade de Maringá, Brasil, neste caso específico, espera que alguns dos seus professores voltem sem doutoramento depois de pagar? Há uma outra questão que se coloca e que há muito que eu ponho em causa: a formação de base dos alunos. Não sei como é nos outros centros, mas no caso do 2C2T entram alunos com os mais diversos currículos para o doutoramento em Engenharia têxtil, desde design a gestão. Deu-se o caso de há uns anos admitirem um aluno com contabilidade como área principal do seu currículo. Como me demiti nessa altura do Conselho de Cursos do PDET, Programa de Doutoramento em Engenharia Têxtil, considerando que esta era a gota de água, não sei que outros CVs têm sido admitidos. Sei que o Design tem sido admitido como currículo até porque houve recentemente doutoramentos na área do design que foram admitidos como doutoramentos em Engenharia Têxtil. A justificação é que não existe doutoramento em Design Têxtil. Depois do escândalo do doutoramento em Engenharia Têxtil que foi plagiado, também por ser numa área que se prestava a isso, Marketing, mais uma que se admite como Engenharia Têxtil, pensar-se-ia que no 2C2T se "navegaria" com mais cuidado. A questão é que no caso do doutoramento plagiado, não houve qualquer sanção aos envolvidos, nem qualquer demissão. Os mesmos continuam à frente do centro e os professores envolvidos continuaram a distribuir diplomas, em tudo igual, baseados em estudos de mercado, estatísticas e outras ferramentas que de originalidade não têm nada(veja-se o artigo de opinião de Vasco Eiriz em Empreender). Na altura o reitor e presidente de Escola afirmaram que iriam atuar. Ficou-lhes bem. Mas o tempo tratou de fazer esquecer e o risco de acontecer outra vez continua. É o que acontece quando se facilita. E voltamos ao assunto de início: facilitar, ajuda quem? O próprio é evidente. Mas a instituição em causa, e por último a imagem do ensino superior e do País? Com a ideia que os países do norte da Europa já têm dos portugueses que acham pouco gostam de trabalhar, muito por causa da dívida que acumulámos, este tipo de atitude vem mesmo a calhar para provar a sua teoria.
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segunda-feira, junho 22, 2015
Subsídio de exclusividade
Num artigo de opinião, um professor da Universidade Católica de Lisboa, sugere que se retire o subsídio de exclusividade a quem não faz investigação. Para além da questão óbvia da designação de "exclusividade" não ter muito a ver com a "investigação", não sendo líquido que um exclua o outro, há ainda a questão de saber se aqueles professores que não fazem investigação não terão outras funções uteis na instituição? E os funcionários que não trabalham como deveriam ser tratados? Também perderiam uma parte do ordenado? Alega que seria uma forma simples de aumentar a contratação de mais professores sem gastar dinheiro. E esses novos professores fariam investigação? Também não é seguro que o façam uma vez que alcançam a segurança do emprego. Penso que o mecanismo de avaliação dos professores, RAD, se fosse feito duma forma honesta, seria o suficiente para fornecer o incentivo necessário para os professores fazerem investigação e "assustar" aqueles que não a fazem. Não tem sido eficaz, por razões muito próprias da função pública, em que o fator de subjetividade prevalece, relacionado em parte com o receio de penalizar colegas. O sistema que o colega da Universidade Católica propõe também não deixa de ter os seus riscos de arbitrariedade. Quem é que decide se o professor faz investigação ou não faz? O Presidente (Direção) da Escola. Como é possível ter tal avaliação? Não seria melhor aproveitar o RAD que foi feito a pensar na objetividade do que estar sujeito a uma avaliação que não tem parâmetros seguros para comparação entre CVs? Seria aliás uma dependência perigosa dos professores da vontade unilateral de um só indivíduo. O atual estatuto RJIES já incentiva a investigação através da promoção no escalão, uma vez descongelados os escalões, e aponta para soluções para os casos de professores que não fazem investigação, permitindo que façam atividades alternativas, dedicando-se mais à componente pedagógica, por exemplo. Basta pôr o ECDU, o RAD e o RJIES a funcionar como deve ser para resolver este problema. Só é preciso haver força de vontade dos professores para que isso aconteça, e essa é a parte mais difícil, mas deve-se chegar lá motivando e não penalizando, na minha perspetiva. Promovendo os melhores na investigação, deixando por defeito os piores para trás. Esta seria uma forte mensagem para os que ficassem para trás alterarem a sua atitude.
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sábado, junho 13, 2015
Bolonha
Que balanço se faz da implementação de Bolonha? Nenhum? Porque é que as Universidades não fazem um balanço dos resultados? O que se ganhou e o que se perdeu? Afinal altera-se todo um sistema de ensino e não se fazem balanços, como se a mudança fosse definitiva. A sociedade empresarial, e principalmente a industrial, recusa empregar licenciados de Bolonha. O que é que isto nos diz? Diz-nos que os cursos de 3 anos de engenharia ou ciências não têm qualidade? É evidente que é isso que nos estão a tentar dizer. E na Educação? O que é que os resultados dos exames feitos aos professores com resultados preocupante, demonstrando o que muitos já sabíamos, que há muitos professores que não dominam a matéria que lecionam nas nossas escolas? Os próprios sindicatos vêm agora dar a mão à palmatória e concordar que de facto pode haver casos desses, mas que são as instituições de ensino que são ocupadas por não ensinarem bem. Na engenharia, procurou a Ordem dos engenheiros colmatar eventuais falhas das licenciaturas de Bolonha instituindo os Mestrados Integrados, com a mesma duração que as antigas licenciaturas. O problema é que foi tudo feito à pressa e os Mestrados Integrados acabaram por ser uma licenciatura mas sem estrutura. Não há aulas práticas como havia na licenciatura; não há tantas provas escritos recorrendo-se muito a trabalhos, que tantas vezes são copy-paste de outros trabalhos sem possibilidade de haver uma avaliação objetiva; não há estágio empresarial/industrial perdendo-se aquilo que seria uma introdução do aluno na empresa/indústria e quantas vezes tinha como consequência o aluno permanecer na empresa e conseguir um emprego, além de se afirmar com um projeto muitas vezes útil e ás vezes até inovador. O que há de positivo com Bolonha é talvez só a implementação de projetos integrados, em que os alunos usam de alguma iniciativa para apresentar soluções para apresentarem produtos ou processos, supostamente inovadores, que lhes são sugeridos pelos professores e que integram matéria de várias disciplinas (UCs). Talvez com tantos projetos integrados se espere que o aluno saia com capacidade para resolver problemas e até de inovar. Sem dúvida que este aspeto do curso estava ausente do formato anterior dos cursos, pelo menos do plano de estudo não constava, e só no estágio haveria algo de parecido. No entanto os professores das UCs eram livres de solicitar aos alunos que apresentassem trabalhos sobre determinados temas, da mesma forma como acontece agora com os projetos integrados. Só não eram temas que abrangessem também outras UCs. Mas quantas vezes essa integração é de facto feita? Até porque em muitos casos as UCs de um determinado semestre, serão muito difíceis de incluir num projeto integrado, por serem tão díspares. Falando dos casos que conheço dos cursos onde lecionei estes anos, verifico também que muitos assuntos são repetidos ano após ano, sem os alunos aprofundarem esses temas suficientemente ao longo dos anos. Acabam por não saber mais do que aparece nos motores de busca, que vem em abstracts, sumários e reportagens da atividade de empresas nas áreas abrangidas pelo tema em estudo.
No caso dos doutoramentos, que merecem uma análise separada, por supostamente serem de um trabalho original, verifica-se que os programas doutorais, que agora na UM contam para nota final, uma vez que sendo opções não são propriamente UCs que serão determinantes na formação do aluno em investigação, e retiram tempo precioso para que o aluno possa ter tempo de aprofundar o estudo que estará a realizar por iniciativa própria. Em três anos de doutoramento, é um ano que se "perde". São muitas vezes UCs que ao contrário do que se pretende, retira ao aluno a sua aprendizagem de investigação, ao tentar ensinar a investigar, pois retira a auto aprendizagem, essencial para a capacidade necessária à afirmação do investigador. Além do mais, um doutoramento com dois anos efetivos de doutoramento, dificilmente terá o mesmo nível que os doutoramentos que eram efetuados em 3 e muitas vezes 4 e mais anos.
sábado, maio 23, 2015
Inquéritos e estatísticas
As empresas são assediadas constantemente com inquéritos de alunos de mestrado ou doutoramento, e até de licenciatura, que fazem trabalhos e teses baseadas numa análise desses inquéritos. É algo que se tornou “viral” ultimamente, não estando os professores também livres de apanharem com inquéritos por parte também de alunos. Claro que todos gostamos de ajudar os jovens nesse seu percurso de aprendizagem. Mas será que ao responder estamos mesmo a ajudar? Que resultados tiram estes alunos de inquéritos que demoram uns minutos a responder? Por outro lado as empresas são obrigadas a preencher inquéritos do INE sobre I&D. Para que serve? Para estatísticas claro, mas na realidade qual o proveito? Inquéritos são o que são. Podem espelhar uma situação mas não a resolvem. Por isso não se percebe qual o objetivo, a não ser encher arquivos de números. Também temos na Universidade inquéritos à aprendizagem. Quem os faz terá a noção que ninguém os vai analisar? Ou mesmo ler? Parece que temos uma inquérito-mania. Tenho para mim, que as estatísticas são o oposto duma avaliação objetiva do mérito ou do fracasso, nivelando tudo pela média. Com a entrada do processo de Bolonha, as avaliações ponderadas dos trabalhos dos alunos, acabam sempre por nivelar, ou digamos, "terraplanagem", sem altos nem baixos. Os concursos também seguem a mesma "segurança" com avaliações ditas objetivas em folhas excel. Mal vamos quando ninguém sobressai e ninguém é excluído. Temos depois profissionais que não passaram por um verdadeiro crivo, sendo que não poderão responder a desafios que terão de enfrentar de uma forma conclusiva ao longo da sua vida profissional, mas antes acabam por evitá-los ou então acabam por aprender à própria custa, porque no ensino superior não foram verdadeiramente postos à prova.
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domingo, maio 17, 2015
A ciência é para ser aplicada?
Discute-se mais uma vez nos fóruns sobre ciência se esta deve ser fundamental ou aplicada. Durante os últimos anos investiu-se muito na ciência fundamental e supostamente na ciência aplicada. Mas os resultados são mais evidentes no que se investiu em ciência fundamental, com o número de doutorados e de publicações científicas a crescer exponencialmente nas últimas 2 décadas, mas o que se investiu em ciência aplicada não surtiu o efeito desejado, segundo Daniel Bessa no jornal Expresso deste sábado dia 16, só se tendo registado 18% das patentes da média europeia em Portugal. Há algo que não está certo, uma vez que o investimento em investigação e desenvolvimentos está a 82% da média europeia, muito superior portanto ao que se investe na maioria dos países europeus. No caso das patentes, nunca houve no passado incentivo científico ao seu registo, não se considerando no mesmo nível que os artigos científicos e não havia nem há incentivo financeiro para o se registo, que estará fora do alcance de qualquer inventor individual. Além do mais, quem regista patentes em Portugal tem pela frente examinadores que são mais papistas que o papa, chegando a ser mais fácil obter a sua aprovação noutros países europeus do que em Portugal. Há uma atitude de chumbo fácil, de uma forma leviana em que se faz uma análise negativa da patente sem o cuidado de analisar exaustivamente o seu mérito, tal como fazem os EUA no que respeita à patentes submetidas pelos seus cidadãos e empresas. Eles protegem a nossa tecnologia, nós penalizamos a nossa.
E mesmo das patentes aprovadas só 3% da média dessas patentes contribuíram para as exportações, através do seu licenciamento ou venda. O mal não pode estar só nos investigadores, mas no desajuste dessas patentes ao tipo de empresas existentes em Portugal. Com algumas exceções, são pequenas e médias empresas sem estrutura para poder tirar partido de novos desenvolvimentos ou novos produtos. Os setores de atividade também são setores de grande imobilidade tecnológica, que mesmo modernizando-se, fazem-no através da importação, e não através de inovação obtida no país. É sem dúvida um problema complexo. Mas sem descomplexá-lo não se resolve. Vamos por partes: se os setores são de baixa tecnologia, há quem defenda que deviam-se substituí-los por outros mais sofisticados e mais produtivos. Como exemplo, o setor têxtil, que de momento está bem e exporta a maior parte da sua produção. Como vai uma indústria deste teor contratar doutorados? A sobrevivência faz com que não faça planos para alterar o seu paradigma: exporta mas não evolui. Outras indústrias como o calçado, também não têm necessidade de doutorados, por serem também de baixa tecnologia, e mais focados no design e no branding. Falou-se muito da Bosch a contratar engenheiros e possivelmente doutorados. Mas a Bosch é estrangeira e à primeira oportunidade de cortar nos custos, deslocaliza para países onde os salários e energia mais baixos, tais como os países de Leste. E mesmo que fique, é uma gota no Oceano. É necessário fazer um pausa para pensar, mesmo que isso signifique diminuir os número de bolseiros nas universidades. Talvez esperar uma década para o cenário industrial mudar para um de mais alto nível tecnológico e consequentemente mais apelativo para os doutorados e vice-versa, que precise de doutorados. Até porque temos 9,2 doutorados por cada 1000 habitantes quando a média da UE é de 6,2, segundo o mesmo artigo de Daniel Bessa.
Entretanto faça-se ciência mas com dinheiro de fora, sejam projetos europeus ou internacionais, e que não necessitem de comparticipação nacional. Porque fazer ciência é sempre necessário, para o futuro das universidades e da própria ciência, que todos os países têm que ter, em maior ou menor grau. Mas não com os escassos recursos que temos. É a única via, a meu ver. Pelo menos a mais lógica e pragmática.
sexta-feira, maio 08, 2015
Consórcios em risco-2
Devem as universidades fundir-se? A fusão traz mais-valias às universidades? A opinião da EUA, Associação Europeia das Universidades, divulgada em notícia do jornal "Público" em 3 de Maio, diz que não. Na verdade pode ser uma forma de atingir maior dimensão mas não traz sinergias. Cortes, talvez, nomeadamente quando os cursos se sobrepõem. E os centros de investigação ganham com o aumento da sua dimensão? Penso que não. Por muito que se tente juntar professores, o ADN do investigador-professor típico faz com que ele não ceda a sua autonomia. Haverá sempre colaboração entre equipas complementares, mas não será esse o cenário provável entre equipas da mesma área de investigação. No caso das universidades do norte, Minho, Porto e Vila Real, que formaram o primeiro consórcio existente, elas são réplicas uma das outras, apresentado basicamente os mesmos cursos, e os mesmos centros de investigação, à exceção de alguns pequenos cursos e centros de setores específicos da região, mais ligado à agricultura no caso de Vila Real e cursos ligados ao setor têxtil na Universidade do Minho. É uma situação muito diferente daquela das faculdades existentes em Lisboa, o Técnico, centrado nas engenharias, e a Universidade de Lisboa, lecionando principalmente cursos de humanidades e ciências. Não havia portanto duplicação de especialidades por isso não se prevê um processo de "otimização" de recursos, um eufemismo par "cortes" de recursos. Mas no caso das universidades a norte, que a ideia do consórcio destas universidades não foi suficientemente ponderado nem pelo governo nem pelas partes interveniente, é mais que óbvio. Como os responsáveis por este consórcio vão descalçar esta bota que se tornou incómoda para todos, não sei. Se esta ideia for para a frente, poderá haver uma subalternalização das universidades da periferia, em relação às do litoral, nomeadamente a universidade à do Porto, no caso do consórcio a norte, devido à maior população estudantil no litoral. Até pode implicar um maior fosso entre estas universidades. Receando este cenário, as universidades mais periféricas, matam o consórcio à nascença. Veja-se a mais recentes tomada de posição do presidente do CRUP e reitor da UM que já é um passo nesse sentido.
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domingo, abril 26, 2015
Consórcios em risco-1
Todo o processo de nascença dos consórcios sai inquinado à partida, é o que se deduz das novas tomadas de posição por parte dos reitores. O reitor da UM, António Cunha, já veio dizer em entrevista há duas semanas atrás, que o consórcio já formado "terá que deixar de existir". Argumenta que o Conselho de Coordenação previsto para o consórcio, iria esvaziar as competências dos Conselhos Gerais. Não tendo havido uma posição pública por parte dos C.G., não sabemos se será essa a razão principal da argumentação contra o que nos permite duvidar da bondade da atitude do reitor da UM em relação à posição em que ficariam os C.G. sendo talvez mais a sua própria posição em que ficaria como reitor, que não teria a total liberdade de atuar em determinadas áreas, como até aqui, e muito menos se a UM passasse a Fundação. O reitor da UM e Presidente do CRUP não deixa no entanto de sugerir que qualquer alteração teria que ser feita no âmbito de uma alteração ao RJIES. Não se entende porquê, uma vez que este Conselho de Coordenação estaria acima dos órgãos das Universidades, não sendo ele próprio um órgão universitário, mas depreende-se, até pela natureza do consórcio, que seria um órgão intercalar entre o Ministério da Educação e as Universidades. A Universidade de Lisboa na atualidade,originou de um processo não muito diferente de "consórcio" entre a anterior Universidade de Lisboa e o Técnico, passando depois numa fase mais adiantada, a uma instituição única. Não defendendo à partida os consórcios, por não saber concretamente quais as consequências da sua formação, nomeadamente no corte de cursos "duplicados" que existam nas duas ou três Universidades do consórcio, mas por outro lado, só tenho ouvido referências elogiosas a esta união de duas universidades, principalmente pela sua maior dimensão originar numa maior visibilidade em termos internacionais, nos rankings e nas candidaturas a projetos internacionais. Na altura este aspeto foi salientado como sendo uma grande mais-valia para o consórcio estabelecido entre as três universidades do norte: Porto, Minho e Vila Real. Aparentemente este e outros aspetos positivos propalados na altura pelos governo e pelos reitores, nomeadamente aqueles das universidades que formaram o primeiro consórcio, as universidades do norte, que correram com as suas canetas em punho a assinar o protocolo, já não são assim tão positivos. Agora que o consórcio está formalmente formado, vêm os reitores, ou pelo menos o reitor da UM na qualidade de Presidente do CRUP, mostrar arrependimento pela sua anterior concordância em relação à formação dos consórcios. Pena foi que não tivessem pensado nos aspetos negativos antes. Agora depois de tudo assinado, se não for demasiado tarde, no mínimo coloca os reitores numa posição de falta de coerência em relação a todo o processo.
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domingo, março 29, 2015
Espaços verdes na UM
Vem a propósito de umas mensagens recebidas na UM-net este fim de semana sobre uma aluna ter sido avisada por um segurança para sair da relva onde estava sentada, um comentário sobre a falta de espaços verdes na UM. Pois se se havia de expandir os espaços verdes no campus, como seria de esperar quando se discutiu o futuro da quinta dos Peões mesmo em frente ao campus, e se prometeu uma expansão dos espaços verdes, o que parece ser a evolução no últimos anos é a ocupação de possíveis espaços verdes. Os edifícios aparecem por todos os lados, sabendo-se que alguns são de projetos megalómanos de projetos financiados que tudo indica não terão ocupação que justifique a sua dimensão, como por exemplo os edifícios a "norte" do campus. Podia-se ter expandido para esse lado com um espaço verde, com relva, árvores, arbustos, flores e toda uma envolvente que descansa se recomenda para descansar o corpo e a mente de quem estuda. Já antes a UM deitou abaixo sobreiros nessa zona, contra o parecer do Ministério do Ambiente. Porque será que as melhores universidades mundiais são as que têm as maiores zonas verdes? Basta passear pelo campus da Universidade de Oxford ou de Yale para nos apercebermos desse facto. Em Yale os espaços são de tal ordem que se montam tendas enormes para festejar a entrega dos diplomas no fim do ano, em que as famílias e toda a comunidade académica festejam em conjunto esse evento. Entretanto o projeto da quinta dos Peões parece estar parado, e já houve sucessivas alterações ao projeto que alteraram aquilo que estaria projetado no início, o prolongamento do campus para baixo, eliminando a estrada que neste momento separa os dois espaços. Tudo se alterou em nome do "progresso", estando agora previstos edifícios para congressos e incubadoras de empresas, associação dos estudantes, entre outros "equipamentos". Espaços verdes? Só se forem "incubados".
Não se sabe porque o projeto está parado, mas não será por qualquer decisão que teria resultado da consulta pública, pois nunca teria sido feita pela câmara. Esse tipo de consulta, mesmo que tivesse sido feita, seria meio escondida e sem divulgação junto dos interessados, leia-se os frequentadores do campus de Gualtar e mesmo que fosse, nunca teria uma condenação, especialmente se apadrinhada pela reitoria e pela Associação de estudantes, que aí terá ganho a promessa duma sede. O empreiteiro dono da quinta, o sr. Rodrigues de Névoa, agradece. A reitoria deveria ter auscultado a Academia antes de se pronunciar junto da Câmara e do sr. Rodrigues Névoa. É por estas e por outras que uma reitoria sem controlo de uma Academia, porventura através de um Conselho Geral independente que representasse a Academia, poderá fazer o que entender. Então quando tiver as mãos livres da obrigatoriedades de concursos públicos e movimentações de verbas ao passar a Fundação, passará também a ser uma espécie de imobiliária, vendendo, adquirindo e encomendando edifícios sem qualquer plano estratégico global para a UM, que inclua nomeadamente os espaços verdes. Tudo numa lógica de encher os cofres da instituição (onde é que eu já ouvi isto). Enchendo os cofres não se melhora a qualidade de vida, como todos sabemos, e a qualidade de vida académica também é uma parte importante da vida de quem passa pela Universidade durantes os seus anos de formação. Não será por uns e-mails inofensivos que alguma coisa mudará. Meus amigos, se querem fazer alguma coisa, façam mais e e-mailing menos.
domingo, março 15, 2015
Uma Autonomia crescente é bom para a UM?
Com os consórcios entre universidades já estabelecidos, e a passagem a Fundação da Universidade do Minho, teme-se o pior em relação a arbitrariedades no que respeita aos despedimentos, admissões e promoções. A autonomia atual de que as universidades gozam, já permite atuar fora do que está estabelecido pelos diretivas gerais do governo, no que respeita à contratação de funcionários e das diretivas do RJIES e do ECDU no despedimento de professores, pondo em causa, neste caso, a qualidade e mesmo a sobrevivência de cursos emblemáticos da UM. O RJIES veio diminuir a fiscalização dos órgãos decisores, como o reitor e administrador, pelos membros da Academia, como já comentado anteriormente. As contratações e promoções de pessoal não-docente, mesmo que condicionadas, sucedem-se na UM, especialmente na área da informática. Tem talvez a ver com a fúria de desmaterialização que assolou a reitoria que arrastou consigo a administração da UM. Aparentemente tudo se justifica se contribui para essa desmaterialização, nomeadamente investir recursos não-existentes para contratar, promover os funcionários que estão alocados a essas tarefas. Como o dinheiro não é elástico, assiste-se por outro lado ao despedimento ou redução do número de horas de professores sem vínculo, os professores convidados, já praticamente extintos, e os leitores, também já anteriormente referido. Com a passagem a Fundação, com a implementação dos consórcios, tudo será mais fácil de fazer no que respeita a despedimentos, contratações e promoções.
Com o mandato do reitor a aproximar-se do fim, dá também que pensar se não virá a acontecer como na política, quando os governos de gestão que antes de passarem a pasta, fazem as maiores despesas e muitas desastrosas e de duvidosa legalidade, pondo em risco a sustentabilidade do sistema para quem vem a seguir. Posto isto, qual o controlo que pode ser feito na UM? Nas condições atuais, nenhum, uma vez que o Conselho Geral é dominado maioritariamente por membros afetos à lista que elegeu o reitor. E com o próximo reitor será também assim. Só com uma alteração dos estatutos em que o Conselho Geral não elege o reitor, mas antes este é eleito diretamente por um processo independente da eleição do Conselho Geral. Para isso acontecer seria necessário a alteração do RJIES e dos Estatutos da UM. O RJIES está para ser alterado por este governo desde o princípio, mas parece que não vai acontecer, ou ao acontecer será feito em tempo record de uma forma atabalhoada que não traria nada de bom, e muito menos algo que mexa com os interesses dos governantes das instituições em causa. Resta aos professores, continuarem a trabalhar para que, atuando dentro do sistema atual, elejam um Conselho Geral que mude este estado de coisas, ao eleger um reitor que represente os interesses reais da instituição, ou seja, a "paz social" para que os funcionários e os professores se sintam motivados a trabalhar para uma universidade autenticamente democrática e em que os ideais académicos sobressaiam, nomeadamente a excelência na investigação científica e a excelência no ensino.
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