domingo, janeiro 18, 2015

A revisão do RJIES

Em fim de mandato do governo o ministro Nuno Crato lembrou-se do RJIES. Bom, mais vale tarde que nunca, mas se for para a frente seria melhor rasgar e escrever de novo. O RJIES não tem nada que se tenha provado nos últimos anos da sua aplicação que é positivo para as Universidades. No caso das Universidades-Fundação, será necessário outro tipo de análise, uma vez que também não houve tempo para analisar os efeitos a médio prazo nas Universidades que foram contempladas. A Universidade do Minho poderá vir a ser também uma Fundação, a julgar pelas notícias mais recentes. Mas o RJIES que tanta discussão gerou, deixou de interessar a quase todos na UM. Porquê? Talvez porque tal como está a funcionar na UM é um anacronismo. Tem órgãos de poder, como o Conselho Geral, que acaba por não ter poder nenhum, a não ser 4 em 4 anos quando elege o reitor. No intervalo, não tem poder. Poderá aparentemente considerar-se que é um poder deliberativo em questões tão importantes como por exemplo a aprovação de novos centros de I&D ou das contas, mas como em todas as outras deliberações, a lista que vota no reitor é depois do ato da votação, um veículo das deliberações do reitor uma vez que o reitor pode estar por de trás da formação dessa lista quando da eleição para o Conselho Geral. Esta situação anómala foi instituída pelos estatutos da UM que determina faze-lo por listas. Embora aparentemente independentes de interesses setoriais, tal com estipula o nº 9 do artigo 81 do RJIES, na realidade não é assim. Os alunos eleitos estão normalmente ligados à Associação dos estudantes e os professores apresentam listas em que pelo menos uma será liderada pelo pretendente a reitor, para assim procurar assegurar a maioria quando da sua eleição. Aquela ideia simpática que até membros fora da Universidade podem ser eleitos, não tem desta forma viabilidade na UM, como se verificou nas primeiras eleições. Seria mais democrático que o reitor fosse eleito por eleição direta por todos os membros da UM, mesmo que divididos em corpos, com diferentes pesos, mantendo os professores com mais peso que os outros corpos, alunos e não-docentes. Pelo menos haveria menos manobras de angariação de votos, como acontece agora na formação das listas. O reitor teria o seus vice-reitores na mesma e o grande parte da gestão seria entregue ao administrador, que seria nomeado pelo reitor. Se fosse mantido o regime de eleição pelo Conselho Geral, pelo menos que se fizesse a eleição dos membros por eleição individual, sendo eleitos para cada um dos corpos aqueles que teriam mais votos, até esgotar o número máximo para cada corpo representado no Conselho, no caso dos professores quando o 12º elemento fosse eleito. À semelhança do Conselho Geral, os Conselhos de Escola são também inúteis. Não é um órgão executivo funciona como uma réplica do Conselho geral, direcionado pelo Presidente de Escola através da lista que o indigitou. É um ciclo vicioso. Mas de vícios já o sistema tem uma longa história, por isso não admira que se tenha habituado e manipulado com naturalidade o RJIES através de eleições por intermédio de listas organizadas.

quinta-feira, janeiro 15, 2015

Doutorados

O novo programa do governo de introdução de doutorados nas empresas vem na sequência de uma análise do número de doutorados que em Portugal subiu de há uns anos a esta parte mais do que nos outros países europeus, e a constatação de que este crescimento exponencial cingiu-se quase só às Universidades e institutos públicos, ou seja no Estado. Mas alguém fica admirado com isto? Só quem não anda atento à evolução, ou não, das empresas. O que é notório é que nem o tecido empresarial evoluiu, nem os doutorados se especializaram no que as (poucas) empresas querem no que se refere a novas tecnologias, novos processos, novos produtos. Faz pensar no ouro do Brasil do século 16. É outra oportunidade perdida. Não há planeamento, não há objetivos, gasta-se o dinheiro de Bruxelas como se gastou o dinheiro do Brasil que foi desperdiçado na corte e desviado para o estrangeiro, em vez de ser investido em infraestruturas e indústria (na altura indústria têxtil, uma vez que as sedas vinham da Flandres). Mas ao reagir já tarde, embora seja elogiável, não vai resolver nada. As especialidades dos doutorados continuam a não se enquadrar nos desígnios das empresas, pela simples razão que são os mesmos doutorados que já não tinham lugar quando fizeram a sua investigação, por ser desadequada à assimilação pelas empresas, desde o início da sua formação. Só se passarem por uma adaptação à realidade, o que não será fácil de fazer nem há quem o faça, ou seja, desde que passem por um estágio, mas as empresas não querem estagiários, mas sim mão-de-obra. Estamos perante um ciclo vicioso, ou uma pescadinha de rabo na boca, e a pescada é o peixe que antes de ser já o era, o que também se aplica aos doutoramentos dissonantes das empresas. Ou por outras palavras, o que nasce torto não mais se endireita.

quinta-feira, janeiro 01, 2015

Um ano de I&D a começar com boas notícias para alguns

Inicia-se hoje mais um ano, o de 2015. Em 2014, ao cair do pano, houve um anúncio de verbas que centros de I&D classificados por excelentes ou excecionais irão receber. É pouco ainda, mas já é um bom começo para 2015. Os centros com Bom ou menos, não terão verbas relevantes ou mesmo nenhum investimento, sendo o sue futuro incerto. Se esses centros estão indignados, há outros que estão admirados, uma vez que nem todos os centros excelentes são de facto excelentes no que respeita a número de publicações e citações dessas publicações Só se entende essa classificação com a sua atividade mais relacionada com o mundo empresarial, nomeadamente em número de patentes e empresas spin-off que emanaram desses centros. Esta relação de facto transparece nos relatórios efetuados pelos avaliadores. Sejam quais foram as razões, não será no relatório do seu centro que encontrarão a explicação, uma vez que os relatórios tendem só a referir os aspetos bons, mesmo que não sejam suficientes para a sua aprovação. Ninguém gosta de pôr o dedo na ferida. Aconselha-se os centros que não foram bem classificados a lerem os relatórios dos que foram bem classificados, para poderem entender as razões pelas quais não foram também selecionados para uma segunda fase, o que garantiria a sua classificação pelo menos com Muito Bom. Também abriu o concurso para I&D em todos os domínios. Também se lê nas entrelinhas que a aplicabilidade dos resultados obtidos. Parece que finalmente se percebeu que ao I&D fundamental cresceu demasiado sem qualquer efeito no tecido empresarial português. Quem quer fazer I&D fundamental terá que o fazer com fundos comunitários, o que me parece razoável, uma vez que os resultados serão só absorvidos por grandes empresas europeias, uma vez que as nossas não têm capacidade, ou interesse, em o fazer.

sexta-feira, dezembro 19, 2014

Natal Mau e Natal Bom

O que eu não gosto da quadra natalícia: -boas festas de pessoas que não conheço -boas festas por e-mail de pessoas que não conheço -boas festas por e-mail de pessoas que não prezo -boas festas por e-mail de pessoas que não prezo em lugares institucionais -boas festas por e-mail de pessoas que não prezo em lugares institucionais de que nunca ouvi falar -boas festa em várias línguas -boas festas com a frase "um santo natal" -boas festas com a frase "santa Klaus" ou coisa parecida -boas festas em postais com música -música de natal em supermercados -música de natal em altifalantes da cidade -música de natal que nos dão "música" (anúncios) -música de natal cantada por pessoas que não sabem cantar -música de natal para promoção dos músicos no "natal dos hospitais" -músicos pimba a cantar no "Natal dos Hospitais" -display dos doentes dos hospitais no "natal dos hospitais" O que eu gosto do Natal: - luzes de natal (simples) - música White Xmas de Frank Sinatra - Bacalhau com todos na véspera - Perú no forno no dia, com recheio (stuffing) à maneira inglesa - Um bom vinho português a acompanhar - doces de natal (rabanadas, aletria, filhoses, azevias, formigos) - bolo rei, pela nossa tradição - Xmas cake, pela tradição inglesa E por fim -sentimento de família - sentimento de paz e.....desejos de.. BOM NATAL a todos de quem eu gosto e conheço ou pelo menos que não desgosto e para quem o sentimento é mútuo !

domingo, dezembro 07, 2014

Uma sociedade esfrangalhada por uma política hipócrita

O Governo humilhou muitos, fez perder a muitos aquilo que mais gostavam, a sua profissão, e ainda vai ficar mais um ano para terminar de enterrar definitivamente a esperança. O governo como é feito de anjinhos, ninguém vê que nos está a aniquilar com palavras mansas e jogando com as clivagens que a sociedade portuguesa tem, duma forma muito subtil sacia os preconceitos da sociedade: são os do setor privado contra os dos setor público, cortando nas "regalias" do público tal como a ADSE; são os empresários contra os desempregados, instituindo um plafond máximo de subsídio, são os "ricos" do setor público contra os mais pobres e vice-versa, procurando agradar à maioria do setor público, taxando mais os que ganham mais que são muito menos em número; os novos contra os velhos, permitindo despedimentos por "inadequação" às novas tecnologias e procurando desta forma agradar aos mais novos, são os que falam contra os do rendimento mínimo, apelidando-os para todos os efeitos de mandriões. Agora o primeiro ministro vem dizer que acabou com os que mandam nisto tudo e protegeu os "mexilhões". Quais? Os do rendimento mínimo que reduziu para mais de metade ou os velhos a quem lhes cortou o rendimento de solidariedade, os desempregados a quem vai introduzir um plafond para que não recebem mais que um subsídio (a que teriam direito), aos inquilinos que têm sido despejados a torto e a direito com a nova regulamentação da ministra, ou os jovens do ensino especial que não terão os professores que os acompanhem devidamente, já para não falar da escola pública em geral prejudicada pela política de incentivo ao ensino particular (cheque ensino e subsídios a colégios privados). É preciso muita lata ! E quais os donos disto tudo que foram destituídos por este governo? Ou o governo confunde-se com a justiça, o que é natural dado os recentes acontecimentos, ou é melhor estar calado uma vez que os poderosos e ricos são cada vez mais, e o governo com a baixa do IRC, por exemplo, só os beneficia ao beneficiar as grandes empresas, prejudicando os restantes cidadãos com um pesado IRS. O governo obrigou-nos a uma austeridade que foi muito mais pesada para os funcionários públicos e todos os que dependem dele (desempregados, alunos, professores, enfermeiros, médicos..) e está a destruir a sociedade tal qual nós a conhecíamos até há bem pouco tempo, instigando a clivagens e aumentado o fosso entre os mais ricos e os mais pobres. Essa é que é essa. A Espanha não mandou vir a troika e com exceção do emprego que já era muito superior ao nosso, está muito melhor que nós. Os partidos do governo forçaram a vinda da troika e o governo até foi para além da troika, não olhando a quem espezinhava. Agora, com o argumento que o governo anterior levou o país à bancarrota (só o governo anterior esbanjou ou muitas autoestradas já estavam construídas ou em vias de construção e os submarinos que "tanta faltam fazem", quem foi que os encomendou?) corta a torto e a direito, e força de facto a bancarrota de muitas empresas portuguesas e muitos cidadãos portugueses. Assim se vê a hipocrisia desta frase, já muito gasta de tanto uso.

domingo, novembro 30, 2014

Assim vai o ensino superior na transição para 2015

Aproxima-se mais o fim de um ano em que as contas das Universidades chegam ao fim e mais um orçamento entra em vigor em 2015. Pelo que sabemos do que é divulgado que resta do orçamento deste ano, não chega para mais que uns consumíveis. Longe vai o tempo em que tínhamos o desafio de gastar mais do que tínhamos tempo para o fazer, a cumprir todas as regras, claro. Que o governo cortou no ensino superior já sabemos, mas que cortou ao ponto de cortar no futuro das universidades e do I&D é menos claro para os mais distraídos. Mas quando vemos que os cursos perdem professores, convidados e leitores, despedidos só por não terem vínculo, por muito bons professores que sejam, e quando bolseiros perdem a bolsa só porque a FCT decide cortar nas bolsas aliatoriamente e alterar a forma de avaliar os centros, atribuindo a uns que mal têm publicações a classificação de excelência a e a outros com mais que reconhecido nome internacional uma classificação menor, então perde-se o rumo, não se sabendo mais qual o objetivo da Universidade. O Governo humilhou muitos, fez perder a muitos aquilo que mais gostavam, a sua profissão, e ainda vai ficar mais um ano para terminar de enterrar definitivamente a esperança de muitos mais professores e investigadores. Com os cortes vêm também os despedimentos, com consequências para a qualidade que tinha como base no mérito dos seus professores. A meritocracia sai muito prejudicada e o que prevalece é aquilo que durante muitos anos andou a sondar o ensino superior, o corporativismo por um lado, e o "salve-se quem puder" de outros, eliminando os mais fracos e procurando salvar a pele sem olhar a critérios de mérito. É a promoção dos mais baixos instintos profissionais, que vem de cima. Leitores e bolseiros, os elos mais fracos, são as vítimas nas Humanidades, e os professores convidados, nas Engenharias. Precisamente aqueles que poderiam construir o futuro do ensino superior mais ligado à I&D e à sociedade. Tudo feito por colegas em reuniões departamentais, sem qualquer critério de mérito. O corporativismo vem de jogadas auto-protetoras por parte daqueles que constituem a maioria, normalmente os menos competentes, normalmente instigados por um líder eleito por eles, o que é uma deturpação da democracia e um atentado à meritocracia. O salve-se quem puder é normalmente típico de outros espíritos fracos e muitas vezes incompetentes que se juntam ao grupo da matilha, para não serem eles próprios sacrificados.

domingo, novembro 16, 2014

O outro lado dos funcionários públicos

Fiz aqui há duas semanas uma brincadeira escrita sobre os funcionários públicos, enaltecendo a sua abnegação e dedicação, e também resignação pelos cortes que sofreram. Não demorou muito que funcionários públicos, nomeadamente os que têm chefias em repartições que supostamente têm a nossa justiça nas mãos, como a secretária geral do ministério da justiça, deixaram ficar mal a classe. Na realidade os vistos gold contaminaram também as polícias, o notariado e em última análise um elo comum a muitos destes arguidos que á a amizade que os liga ao Ministro da Administração Interna, Miguel Macedo. Pelos vistos a única suspeita sobre ele é não ter nomeado um fiscal na China que deveria ter nomeado há uns 6 meses atrás, para impedir que malfeitores chineses se aproveitassem do programa para lavagem de dinheiro, que veio de facto a acontecer. De qualquer forma, o Ministro devia ter mais cuidado com as suas amizades. Habitante de Braga, amigo de Marques Mendes, também envolvido numa empresa com familiares dos arguidos, os dois colocam o PSD do norte muito mal na fotografia e o próprio governo, caso Miguel Macedo não se demita ou não seja demitido.

sábado, novembro 08, 2014

Questões sobre programas de doutoramento para alunos estrangeiros

Quais são as prioridades da UM? Quem se lembra do programa eleitoral do presente reitor? Do que retive desse programa só me recordo do compromisso em angariar mais alunos do estrangeiro para compensar a falta de alunos nacionais. Isso tem acontecido por exemplo no departamento de engenharia têxtil, talvez ainda o departamento com menos alunos por professor, através de programas conjunto de doutoramento. Mas isso traz prestígio à UM ou só traz receitas para a UM (e para os professores que lecionam neste programa)? Qual o grau de exigência para estes alunos? Será que alguma destas teses, obrigatoriamente com um limite temporal, alguma vez chega a ter reconhecimento internacional através de publicações em revistas "peer reviewed"? Sendo um curso que não conta como horas docência na distribuição de serviço docente, por serem pagos, será que podemos considerar que os parâmetros de avaliação serão diferentes dos doutoramentos que contam para os etis (horas por docente)? Pode-se considerar que é um curso privado dentro de uma Universidade pública? Bom se for como as camas dos privados para os doentes com seguro nos hospitais públicos, estes até têm melhor tratamento que os doentes do serviço nacional de saúde. Será que há aqui uma analogia? São questões para as quais não temos ainda resposta e que aguardaremos até ao fim para ajuizarmos sobre o real valor deste tipo de doutoramento e como contribui para a imagem da UM´.

domingo, novembro 02, 2014

Ranking das Escolas de Engenharia das universidades portuguesas

Mais um ranking em notícia do público e desta vez a Universidade do Minho não figura nas eleitas. Foi um ranking sobre as unidades de engenharia, em que das universidades portuguesas a Universidade de Lisboa lidera no 15ºº lugar das universidades europeias. A Universidade do Porto está em 26º lugar. Seria de esperar que estas duas universidades liderassem as universidades portuguesas, mas acontece que Coimbra e Aveiro também figuram na lista. Quem está ausente neste ranking das engenharias é a Universidade do Minho. Não é por isso de admirar que os alunos escolham mais estas universidades que a UM para as engenharias. Os rankings valem o que valem, havendo rankings para todos os gostos, o que é certo é que há uns de maior reconhecimento ou com maior visibilidade que outros, como este da US News, e nesses pelos vistos nós na UM não estamos. Embora não concorde que uma Escola/Faculdade de Engenharia não devia só ser avaliada pelos artigos científicos, mas também pelas patentes e nas spin-off's que gerou, entre outras projeções para a sociedade, uma vez que segundo a notícia o ranking foi precisamente baseado no número de publicações e citações de artigos científicos, depressa se percebe porque ficámos em último lugar, sem figurar sequer na lista. Desde que na última eleição do Presidente da Escola de Engenharia, o Presidente cessante, o Paulo Pereira, fez um esforço junto com o seu vice Eugénio Ferreira na implementação de um sistema de avaliação de docentes, o RAD-EEUM, baseado precisamente nos artigos científicos e citações, que houve um movimento contrário que culminou na sua derrota nas eleições. Portanto está tudo dito: quando os próprios docentes não querem ser avaliados pelos parâmetros internacionais, o caminho é para o facilitismo, a imobilidade e finalmente, a perda de prestígio internacional. Não se podem queixar depois de não figurarem na lista das melhores universidade na área das engenharias, o que se repercutirá mais cedo ou mais tarde, na perda de alunos que também se guiam pelo que leem ou ouvem nos media. Faz lembrar um pouco, os professores do ensino secundário, com as devidas diferenças de nível, com a sua recusa em serem avaliados. Mas estes fazem-no através do sindicato, enquanto que os professores da Escola de engenharia fizeram-no numa eleição institucional em que o corporativismo da classe não deveria se espelhar neste tipo de eleição, em que a qualidade deve ser e é normalmente o lema de campanha dos candidatos, tendo em vista a vontade dos eleitores em melhorarem a qualidade da usa instituição. Pelos vistos não é um tema prioritário na Engenharia, o que lamentamos, porque somos todos envolvidos depois pelo ranking, mesmo não tendo participado na queda da proposta do RAD-EEUM tal como ele era proposto no início. Neste momento o RAD-EEUM não serve para nada, não decide sobre promoções, nem que seja de escalão, como seria de esperar, nem amedronta aqueles que não investigam, mas que só dão aulas, acabando por os premiar. De facto, a avaliação está de tal forma enviesada que a componente pedagógica pode suplantar a produção científica na pontuação, chegando ao ponto de alguém com quase nada de publicações científicas reconhecidas pelos pares, ter a mesma classificação de outro com bastantes artigos científicos de qualidade, na web of knowledge, ISI ou SCOPUS.

sábado, novembro 01, 2014

Funcionários Públicos de hoje


cortam-nos nos salários
cortam-nos nas pensões
tiram-nos abonos
chamam-nos mandriões

salvamos pessoas
em fogos de verão
tratamos doentes
temos que partir, deixar a nação

somos pau para toda a obra
damos aulas, investigamos
ficamos com o que sobra
assim para a frente País, não vamos

Prendemos gatunos
patrulhamos os céus
fazemos missões
em terras de véus

Ficamos doentes
pagamos a ADSE
morremos mais tarde
mas perdemos a fé

Quem somos?
Somos Funcionários Públicos !



domingo, outubro 26, 2014

O Novo Presidente do CRUP e a imagem da UM

Nada vai bem no reino de Crato. Confusão nas escolas, na colocação de professores, na falta de funcionários, provocando o caos nas escolas. Mas o que é um facto é que enquanto as atenções se concentram nos problemas do ensino básico e secundário, não se fala no ensino superior nem na I&D, pelouros também deste ministro. Se houver um questionário nacional sobre qual é o  ministro do Ensino Superior e da Investigação científica, aposto que muito poucas pessoas não ligadas ao setor, o saberão. É assim com este ministro todo-poderoso.
Entretanto houve eleições no CRUP e António Cunha ganhou, ficando a UM com um Presidente num órgão de representação muito importante na defesa das Universidades e no diálogo com a tutela. Pode ser que sangue novo faça a diferença, e até parece que foi esse um dos critérios que levou à eleição de A. Cunha, porque de facto ele deve ser o mais novo de entre os reitores. Também já é o reitor mais jovem na UM em muitos anos, o que deu esperança à Academia de mudanças, mas que de facto não são visíveis passados quase 6 anos de mandato. Será que pelo menos no CRUP, António Cunha fará vingar a sua juventude e conseguir recuperar o que o Ensino Superior e a investigação científica perderam desde que este governo tomou posse? Oxalá que sim, embora tenho dúvidas que o consiga, não só por culpa dele, neste caso, mas porque este órgão nunca conseguiu nada do ministro. Só com um novo governo, está visto. Pode ser que perante a adversidade surja o verdadeiro A. Cunha, uma vez que na UM, tendo tudo a favor, desde a maioria no órgão Conselho Geral, o único que poderia vetar a sua atuação, desde que foi eleito e desde que foi re-eleito, não aproveitou esse facto para lançar a UM na senda da excelência, mas pelo contrário afastou-a das outras Universidades portuguesas de referência, Lisboa e Porto, que lideram com grande avanço. Veja-se a quebra de alunos nas Engenharias, que não podendo ser imputado ao reitor, o que é certo é que não conseguiu impedir que a imagem da UM derrapasse nos últimos anos ao ponto de perder a confiança dos candidatos a estes cursos. A UM precisava de ter mais visibilidade, para que os alunos sentinssem vontade de vir. Mas essa visibilidade não foi suficiente e uma das causas será a falta de agentes (professores) que divulguem o nome da UM. Veja-se os docentes que dispensou nas humanidades, quando sob pressão, e que agora com o rejuvenescimento das humanidades em número de alunos, tanta falta fariam. O mesmo com os professores convidados. Todos estes farão falta para recuperarmos o nosso prestígio e a nossa imagem. São pessoas que podiam dar visibilidade à UM, com artigos, prémios e organização de eventos, por exemplo, dada a sua especificidade. Sabemos que não seria possível fazê-lo a professores do quadro seguindo as regras da meritocracia, com o RJIES e o ECDU que temos. Mas que poupasse noutras áreas, como nos subsídios aos SASUM, nas promoções de pessoal dos serviços a diretores, como na informática e no Largo do Paço de uma maneira geral, nas contratações de pessoal não-docente, que supostamente deveriam estar congeladas, nos subsídios à Associação de estudantes, evitando ter que dispensar professores. Claro que estes são setores estratégicos para o apoio que qualquer reitor precisa; quando se trata de contar votos no Conselho Geral, os alunos são importantes e  todos estes órgãos e serviços estão ligados aos alunos. Todos os reitores o fizeram e este não foi exceção.
Outro exemplo, muito importante para as engenharias, foi a ausência de um esforço na componente de apoio ao  empreendedorismo, tão  falado como prioridade, mas que não teve o apoio que merecia. Um exemplo foi a incubação de empresas spin-off. Recentemente a UM saiu da administração do Avepark, parque de Ciência e Tecnologia, o que deixou órfãos de estratégia publicitária, com a qual muito beneficiaria, os centros de I&D e as empresas incubadas nesse parque. Quem ficou com esse benefício foi a Câmara de Guimarães, que assumiu o controlo absoluto do Avepark.
Por isso é de reafirmar que o novo em idade nem sempre é sinónimo de novo em atitude. Que não seja assim no CRUP é o que todos na UM e restantes universidades desejamos. Queremos um Presidente do CRUP mais eficaz que os seus antecessores e já agora um reitor mais atuante na imagem da UM.  A saída recente da responsável por esse pelouro, infelizmente também não augura que as coisas mudem para melhor nesse sentido. A contrapor, a sua eleição para o CRUP lança momentaneamente o nome da UM para a imprensa, duma forma positiva,esperemos que a sua atuação também, perpetuando dessa forma este período efémero de exposição nos media.

quinta-feira, outubro 16, 2014

Qual o sentido da praxe

O processo da praia do Meco em que morreram 6 estudantes, foi re-aberto, após um arquivamento prematuro, muito por força da insistência dos pais e da exposição nos média. Nem sequer foi considerada na avaliação do processo a possibilidade das mortes terem sido causadas por uma praxe, o que é estranho, dada a evidência dos factos e das circunstâncias em que ocorreu o "acidente". O caso da queda do muro em Braga, embora diferente, é outra consequência das praxes, em que também houve estudantes mortos. Estamos de novo no início do ano letivo com as praxes a ocorrerem como se nada se aprendesse destes dois casos. Impressiona a inconsequência de tais tragédias nas praxes e não se percebe o que mudou. Os alunos ou são irresponsáveis ou são ignorantes ou o mais provável, continuam a ser esmagados logo à entrada por toda uma encenação dos mais velhos, de tal forma intimidatória que não se atrevem a faltar à praxe. Poderá ser que alguns gostem da praxe. Mas quantos gostam realmente de práticas extenuantes, em que se mantêm de pé, tal como os vemos quando passamos pelos agrupamentos, horas a fio, à chuva e vento, mal protegidos, muitos em T-shirt ou equivalente, obrigados a gritarem e a fazerem outro tipo de brincadeiras forçadas, que de brincadeira não têm nada? Então se é assim, porque não forma para as forças armadas? Lá só não há as brincadeiras forçadas, porque de resto há tudo o resto: permanecer de pé horas, obedecer cegamente à hierarquia, gritar coisas sem nexo, etc.
É um fenómeno de um misto de medo, teimosia em ser aceite pelos pares, vontade quase masoquista de sofrer para alcançar o patamar superior, e a possibilidade de se divertirem como bónus logo após a praxe, em bebedeiras gerais, que leva mais uma vez à inconsciência do seus atos.
Não entendo, nem muitos entendem, a não ser que seja uma penitência que está imbuída no seu ser, proveniente de séculos de fé católica que os moldou sem eles se aperceberem. Afinal Cristo também teve que morrer para poder ser ressuscitado. Será essa a analogia nos seus pensamentos íntimos?

terça-feira, outubro 07, 2014

Prós sem contras

No programa "prós e contras" de ontem, no Teatro Circo de Braga, tivemos a ocasião de ouvir dos vários intervenientes os prós de Braga e da UM em várias frentes, centrada nos jovens de Braga, e no sucesso da intervenção da UM na sociedade. Foram passando os minutos e os membros da "mesa", desde o Presidente da Câmara ao ex-secretário de Estado, agora responsável pela mais recente incubadora de empresas de Braga, a investBraga, falaram de uma realidade que dificilmente se pode imaginar como sendo aquela da cidade de Braga. O que é certo é que faltaram exemplos de todo esse dinamismo que foi referido, sendo que quase a única foi a Primavera que da plateia fez um relato que deve ter posto muita gente a dormir. Aliás,entre o enfado que as várias intervenções provocavam, ao enjôo de tantos elogios à cidade e à UM, faltou algum discernimento sobre a nossa realidade. Que a cidade é a mais jovem, refira-se como jovem o facto de ter a população mais jovem, é o que temos ouvido há mais de 20 anos. Será que ainda é? A emigração de jovens para a Suíça, França e Reino Unido, parte principalmente do norte do país e o distrito de Braga deve ser o epicentro dessa emigração. O norte do país deve ser a região do país com mais pobres. Tem talvez o maior desemprego. No entanto só o arcebispo referiu timidamente estes dados, não fosse destoar do otimismo e autoelogio de todos os outros presentes. Não se coibiu no entanto de regogizar-se com o trabalho que a igreja tem feito junto desses setores da população mais desfavorecida. A moderadora Fátima Campos Ferreira, parecia que dançava num mar de rosas, incentivando à enaltação por parte dos presentes dos feitos que fizeram para Braga ser a cidade que pintou quando da apresentação do programa. Não destoou em nada, não havendo lugar aos "contras" normalmente presente no seu programa. O reitor fez o que lhe competia, referindo a Universidade como uma "research University", e até pecou por ser parco nas palavras, não deixando no entanto de referir mais um ranking onde a UM figura à frente das outras universidades portuguesas. Não disse no entanto o óbvio, que os rankings são baseados em critérios que nem sempre são objetivos. O discurso de quase euforia teve um pequeno solavanco com a intervenção de José Mendes que se queixou que a região merecia receber mais investimento por parte do poder central, considerando ser uma região exportadora e que muito contribui para a riqueza do país por esta via. Esqueceu-se da auto-europa e da Galp, as maiores exportadoras, situadas perto de Lisboa. Ainda houve lugar ao protesto do reitor sobre o financiamento dos centros por parte da FCT não ter contemplado um centro de I&D que tem no seu seio um investigador que fez parte da equipa de um nobel da física, com trabalho na área do grafeno. António Murta fez o discurso de exaltação deste investigador. Quase que estávamos ombro a ombro com os prémio nobel com tal exaltação! Foi o ponto alto da noite. Foi uma noite surrealista em que Braga se elevou acima das nuvens, o que ao menos já é uma melhoria para Braga, habitualmente debaixo de nuvens.

sábado, setembro 13, 2014

O moinho da praxe

Num programa muito interessante da LVTV sobre moinhos no Algarve, descrevia-se o moinho como um sistema de movimento contante quando, propulsionado por velas movidas a vento, com engrenagens que ligavam e transmitiam este movimento ao de uma mó, em que o objetivo era mover a mó para esmagar os grãos de milho ou trigo e assim fazer farinha.
Podemos imaginar as praxes como um sistema semelhante. Começa um novo ano letivo e começam as praxes. É um movimento contínuo, uma engrenagem que não para. Uma roda dentada em movimento em que outras rodas encaixam, sendo que as rodas pequenas, os praxantes, obedecem às rodas grandes, os dux e companhia, num movimento constante e imparável, ao sabor do vento. Todo este sistema tem como objetivo moer uns grãos, os caloiros, que saiem já feitos numa farinha que será amassada pelos professores para fazer o pão. Se daqui sai um bom pão, é o que é discutível.
Farinha não será a melhor para fazer um adulto com ideias próprias, iniciativa e que analise e discuta ideias. Serão soldados prontos a receber ordens, receber matéria sem questionar, com o objetivo de alcançarem o fim do curso e obterem o tão desejado diploma.
O vento pode ser forte, com praxes que violentam os caloiros, humilhando-os, tornando ainda mais provável a  sua submissão e deixando marcas na sua personalidade. Pode-se argumentar que quem sobrevive se torna mais forte. É provável. Esta é a lei da selva e se esta é a lei que governa as praxes, então está tudo dito. O vento pode ser menos forte e as praxes serem educativas, com atividades coletivas em que todos fazem parte da engrenagem. No entanto há sempre alguém que por ter sofrido em anos anteriores a praxe, quer retribuir na mesma moeda e não permite estas facilidades, ou então é um bully que só tira prazer de humilhar outros mais fracos que ele. Estes moinhos de praxe, localizam-se em espaços supostamente onde se cultiva a cultura, ciência e a evolução do indivíduo. Não pode haver maior contradição.

sexta-feira, setembro 05, 2014

Mais um golpe numa classe profissional aparentemente indiferente

Ontem em entrevista num canal de televisão o Presidente do Sindicato Nacional do Ensino superior, António Vicente, disse que nos últimos 3 anos os cortes foram de 31%. . Perante a questão de que este ano são só de 1,5% o que seria um pequeno sacrifício perante os sacrifícios dos restantes setores do Estado e do país, o entrevistado disse que era grave este corte porque não havia mais margem de manobra devido aos cortes anteriores. Não sei se esta foi uma boa resposta, uma vez que quem acomoda 31% também acomoda 1,5%, dirá alguém menos atento. A questão é que o que o entrevistado não disse como resposta, embora o tenha referido anteriormente mas sem convição, é que a este corte acresce ainda os cortes nas bolsas de investigação e nos cortes baseados numa avaliação dos centros de I&D que poupará à FCT outro tanto sobrecarregando as Universidades, mais que aos politécnicos, com verbas desviadas para os centros que necessitem de honrar os seus compromissos. Há ainda a considerar os aumentos dos funcionários públicos, incluindo os professores, nos meses pós-chumbo da troika nos cortes dos salários. Penso que o grande problema dos professores do ensino superior perante o governo, é não terem nem um sindicato à altura de os defender, e já agora, nem um conselho de reitores à altura. Os reitores também não convencem que estão determinados quando ora dizem que não podem apresentar orçamentos com estes cortes, ora dizem que o farão após um fim de semana supostamente de telefonemas do ministro a insistir na aceitação deste corte.
Os próprios professores não estão à altura de se defenderem, uma vez que para além de não estrem unidos, são pessoas que não pensam em reivindicar seja o que for, e aguardam serenamente que venha o ordenado ao fim do mês. Só se escandalizam quando o seu centro não foi selecionado para financiamento ou um seu aluno não tem bolsa. São de facto muito altruístas ou pura e simplesmente indiferentes.

sábado, agosto 23, 2014

O Algarve que (não) temos

Perdeu-se algures o espírito do Algarve de outros tempos. Aquilo que era mais apetecível, as praias, tornou-se num mar de gente ávida de ocuparem a areia ou as espreguiçadeiras dos hotéis e num dormitório temporário dos chamados turistas de massas. O Algarve já foi orgulhoso com as suas praias pristinas e os seus produtos originais, separado do resto do país por uma barreira natural, a serra do caldeirão, que noutros tempos o tornava suficientemente isolado para os que lá moravam se sentirem algarvios e os que se aventuravam pela serra para passarem um mês de férias numa pensão uma numa casa alugada se sentirem turistas na sua terra, usufruindo dos bens locais e interagindo com os residentes algarvios.
Agora parece o inverso. Comunidades de turistas do norte da europa, sendo os britânicos a maior colónia residente de estrangeiros, vivem num mundo à parte, relacionando-se quase exclusivamente uns com os outros, comprando em lojas também deles, utilizando de preferência os seus conterrâneos como fornecedores (construtores de piscinas, talhos, etc). Muitos não pagaram os impostos que os locais tiveram que pagar na compra da casa e nem pagam IRS. Vivem numa região e num país para a qual pouco contribuem. No entanto quando necessitam de cuidados de saúde utilizam os hospitais públicos além dos privados, um serviço pago por todos os portugueses. Não sei se pagam IMI sequer. Muitas das suas casas forma compradas por off-shores fugindo desta forma aos impostos. Tudo isto com a complacência das autoridades. No inverno os turista são outros: os idosos de países do norte da Europa que se estabelecem nos hotéis a preços abaixo do que pagariam de contas de eletricidade nos seus próprios países. A hotelaria habituou-se nas últimas década de tal ordem a estes clientes, que os clientes de verão, muitos portugueses, têm que gramar com comida ao gosto dos ingleses e outros estrangeiros europeus, que têm por base alimentar o borrego assado, o filete de peixe tipo perca, os "beans", a salsicha, etc. A gastronomia portuguesa está remetida para um dia em que se anuncia qualquer coisa como sardinhas assadas ou outras coisas menos nobres da nossa gastronomia. Mais uma vez tudo para que os portugueses se sintam estrangeiros na sua própria terra.
Claro que também há os hotéis de 5 estrelas e os restaurantes com 1 ou até 2 estrelas Michelin, ou as "villas" em condomínios mais ou menos fechados. Mas nesses os algarvios só entram como ajudantes de cozinha ou empregadas de limpeza e de quartos, muito como o fazem na Suíça e França, pelo que podem ser considerados como parcelas dessas economias mais evoluídas em território nacional. Só falta pedir o passaporte para ter poder entrar em alguns desses locais (veja-se por exemplo Vale de Lobo com segurança privada em todo o resort). Há ainda os letreiros em inglês, os pubs, o turismo de habitação pertencente a estrangeiros que angariam pessoas do seu país, enfim, toda uma economia paralela que foge em grande parte ao controlo das autoridades e principalmente ao controlo político regional.
A sazonalidade no Algarve é outro problema. Uma região quase totalmente dependente do turismo, não consegue dar aos seus naturais trabalho fora dos meses de estação alta. Não se investiu em mais nada que não o turismo, muito incentivado por programas de incentivos europeus. As pescas pelo contrário, desde o tempo de Cavaco Silva como primeiro ministro, ele próprio um algarvio, que se veem abatendo barcos em troco de subsídios para não se fazer nada.
Com o continuar da crise nacional e o poderia económico dos norte-europeus, e com a sua continuada vontade de viver em países do sul da Europa, devido ao seu clima, ou o Algarve dá uma grande reviravolta e se protege, pela mão dos algarvios conscienciosos e do governo, ou os outros, turistas e parasitas, incluindo alguns algarvios oportunistas, o virarão do avesso, se é que já não o fizeram, transformando-o num conjunto de kibutzs de vários países do norte da Europa, com predominância para o britânicos, ficando os algarvios remetidos a uma faixa "de Gaza". Afinal, muito antes da existência da faixa de Gaza,  foi assim que se fundou o estado hebraico, pela mão dos britânicos.

quarta-feira, agosto 20, 2014

Mais cortes no orçamento do ensino superior

No período de férias, eis que surge mais uma noticia de cortes por parte da tutela, desta vez 1,5%. Muitas instituições não conseguirão compensar estes cortes gerando receitas que há uns anos propagandeavam que faziam através e projetos europeus e receitas próprias em projetos de I&D.
O melhor seria não declarar as receitas próprias para desse modo ir buscar mais financiamento? Nesse caso foi um erro a UM inflacionar as receitas próprias com orgulho há um par de anos atrás, reclamando que constituiriam mais de 50% do total daas receitas, incluindo por exemplo receitas de projetos europeus que provêm da cobrança de custos indiretos, como receitas próprias. É como um senhorio  receber rendas e ser considerado produtiva essa receita.
Noutra componente dos cortes, estão os seus professores e funcionários que voltarão a ter cortes, e os cortes nas bolsas e nos centros de investigação.
O Ensino Superior nunca foi tão atacado como agora. Terá que se defender, e se reinventar. Não basta fazer o mesmo que sempre tem feito, ensino e investigação. Tem que se ligar ao exterior, com aas empresas, e deixar que esta ligação não seja só um slogan mas uma realidade.

segunda-feira, julho 28, 2014

Avaliação dos centros de I&D

Agora que se aproximam as férias, não se esperam grandes novidades. Acaba o ano com a polémica  causada pelos centros que não passaram à segunda fase. O centro de física da UM  e o centro de química apareceram na imprensa a reclamar a sua não passagem à segunda fase, pelo que foram secundados por vários comentadores que depressa passaram ao pedido de impugnação de todo o processo de avaliação. Independentemente da justeza ou não destas reclamações, há algumas questões que se nos ocorrem. Tendo sido a avaliação pela primeira vez feita totalmente por avaliadores estrangeiros, seria de esperar que num país pequeno como Portugal, onde quase todos os cientistas do mesmo ramo se conhecem, esta teria sido um boa medida para evitar compadrios, que têm assolado o nosso meio científico durante décadas. Pelos visto já não basta só o número de "papers" e citações para se ser considerado um centro de excelência. É talvez um ponto de viragem que se impunha há algum tempo, não havendo qualquer benefício para o tecido empresarial português ou mesmo para o Estado Social o aumento exponencial que se tem verificado de produção científica. Houve nos últimos anos uma proliferação de publicações para inflacionar o ego dos responsáveis dos institutos de I&D e de alguns responsáveis de equipas e I&D que são autenticas fábricas de produção de "papel". Também não ajuda a comunicação social contabilizar a excelência científica a metro, contabilizando o número de papers e citações sem olhar às causas de tais resultados. Uma delas é a globalização da I&D e a proliferação de "journals" na última década, um negócio das editoras como a Elsevier entre outras. Temos pois que enveredar por uma autoanálise do que tem sido o financiamento da I&D em Portugal e só depois criticar as novas orientações, que não são este governo, mas são da Europa, que financia a I&D e exige mudanças, no sentido de ligar mais a I&D ao tecido empresarial e industrial regional, que diga-se de passagem, não é má ideia.

quarta-feira, julho 23, 2014

Avaliação dos professores 2014


Assistiu-se mais uma vez ao espetáculo dos professores do ensino secundário a resistirem a serem avaliados em provas escritas efetuadas em escolas. No local onde é suposto eles manterem a ordem entre os alunos, comportam-se pior que muitos alunos, comprometendo a autoridade e a própria dignidade da classe. Embora as provas fossem muito fáceis e mais adequadas ao 9ºano, segundo alguns que fizeram a prova, foi a primeira vez que os professores foram avaliados, o que significa que é possível avaliá-los. Já é um começo. Foi a segunda prova que se fez por terem faltado muitos professores à primeira devido a ações do sindicato que desde os governos anteriores tem feito um boicote sistemático à avaliação. Como é que é possível aqueles que pautam o resultado do seu trabalho pela avaliação de outros, os alunos, não sintam que é essencial que eles próprios sejam avaliados, sob pena do seu trabalho estar à partida inquinado, sendo o resultado, alunos mal preparados para prosseguirem os seus estudos e eventualmente se candidatarem ao ensino superior? Em consciência eles sabem que é assim. Os alunos que chegam ao ensino superior, está na sua grande parte mal preparados, o que lhes dificulta o seu percurso, muitos desistindo nos primeiros anos, com tudo o que isso implica para eles e para as suas famílias. O abandono escolar, seja no ensino secundário ou no universitário, tem muito a ver com uma deficiente formação e motivação dos alunos, durante o ensino básico e secundário, fruto em grande parte de professores mal preparados para lhes transmitirem essas duas vertentes essenciais do seu percurso académico. O país perde muito com índices tão elevados de abandono escolar, por serem jovens que poderiam contribuir mais para a evolução do país e para o seu progresso, ao qual está tudo ligado, desde o PIB (engenheiros, gestores, etc) ao Estado Social (médicos e enfermeiros, professores, assistentes sociais, etc).

No ensino superior, embora só de tantos em tantos anos, os professores são avaliados quando são submetidos a provas que permitam subir na carreira. Os juízes e médicos são avaliados também para progressão na carreira. Todos os funcionários públicos são avaliados de 3 em 3 anos, bem ou mal, para progredirem na carreira. A exceção são os professores do ensino básico e secundário.

Desta vez até podem ter alguns argumentos para não se terem submetido à prova ou por considerar que a prova não é séria, por ser demasiado fácil ou por ter sido marcada muito em cima. Mas noutras ocasiões com os anteriores governos arranjavam sempre argumentos para não serem avaliados. De que têm medo? Por que se deixam ser manipulados? Qual a razão? Pura e simplesmente insegurança em relação aos seus próprios conhecimentos. Só pode ser.

sábado, julho 12, 2014

A ciência sem consequência



Têm vindo a ser frequentes as críticas ao financiamento por parte de institutos de I&D dos cortes de financiamento para a investigação fundamental. São de facto lamentáveis os cortes cegos nas bolsas que a FCT fez sem qualquer estratégia alternativa que concedesse financiamento alternativo à ciência, a não ser a promessa dos centros que passaram à segunda fase da avaliação serem financiados.

Mas quem mais se queixa?

 É quem mais recebeu nos últimos anos. Não é quem tem recebido pouco ou nada, que tem sido preterido ano após no financiamento, mas são aqueles que se pode dizer estava mal habituados. Muitos foram beneficiados através de programas especiais de financiamento "por atacado" a laboratórios associados e a institutos de I&D. O Centro de I&D que não estivesse integrado em laboratórios associados, não teria a garantia dos 10 anos de financiamento, mas teria 3 anos.

Claro que os centros de I&D tinham que estar sempre a candidatar-se a financiamento enquanto que os laboratórios associados não precisassem, sendo os seus orçamentos renovados quase automaticamente, não se conhecendo um laboratório associado que não tivesse o seu orçamento aprovado. Claro que nem todos os laboratórios associados eram de I&D fundamental e por não o serem não se queixam porque têm projetos com empresas como alternativa. Os outros, de I&D fundamental, sem outros recursos agora gemem. A questão é se um país como Portugal pode-se dar ao luxo de ter laboratórios de I&D fundamental, sejam institutos ou centros de I&D, totalmente ou quase totalmente financiados pelo Estado, na situação em que o País se encontra. Por muito que custe a estes “opinion makers” da ciência, constantemente convidados para programas sobre ciência, o que fazem pode ser muito interessante, mas o que o país agora precisa não é de “papers”, mas sim de ideias e de quem as ponha em prática. Biólogos às centenas a fazer I&D não vai resolver os problemas do país, por muito interessante que a genética seja. Desde que o genoma humano foi descoberto que não têm parado os cursos "bio" de se multiplicarem, ou de aumentarem s numeros cláusus, Depois vêm os doutoramentos nas áreas "bio" que tornaram o país num oásis para os "cocabichinhos". Não se esqueçam do que os rodeia, que é um país real com necessidades reais e muito mais básicas!  Portugal não é um país com capacidade de absorver as suas experiência, como os países das multinacionais, EUA, Suíça Alemanha, Reino Unido e França. Não, é um país pequeno e sem essa capacidade como é o nosso.