segunda-feira, setembro 10, 2012
O suicídio coletivo de um departamento
Zero candidatos ao curso de Engenharia Têxtil. Já aqui fiz a previsão para este cenário e a sua análise. A direção do departamento de Engenharia Têxtil ao longo das últimas décadas, não fez nada para evitar esta situação. Fundou-se o curso de Engenharia de Materiais e a engenharia têxtil ficou de fora. O resultado é que quem investiga materiais no Centro de Ciência e Tecnologia de Materiais há anos, já deixou o departamento para outros departamentos onde se investiga e ensina sobre materiais, e outros eventualmente se seguirão, se o departamento entretanto não for dissolvido. Já aqui foi referido como os responsáveis pelo DET num passado recente, entregaram o curso de química de materiais têxteis ao departamento de química. O resultado é que os "químicos" do departamento não têm aulas suficientes com os cursos existentes no DET, Mestrados principalmente. Criou-se a ilusão que o Design seria o futuro. Neste curso o que se ensina de têxtil podia-se ensinar na escola secundária: é a introdução às tecnologias, matéria descritiva que até se pode aprender sem ir ás aulas. As outras componentes são lecionadas por professores que são eles próprios novos à àrea e inexperientes. Essa é a minha perceção, embora eu próprio tenha dificuldade em avaliar matéria tão pouco científica e sujeita a interpretações várias. Estes professores, não quer dizer no entanto que sejam novos em idade, uma vez que não tendo havido renovação de quadros desde há quase duas décadas, estão quase todos na casa dos quarenta, o que dificulta qualquer outra nova “adaptação”, como esta que foi feita ao Design. Neste curso há alunos. Não são no entanto alunos de engenharia, e este curso já não é exclusivo da têxtil, havendo um outro curso de design que arrancou este ano, o curso de Design do Produto…na Escola de Arquitetura. A "têxtil" nem sequer foi ouvida, ou mais uma vez, não se fez ouvida. Como é que os professores da "têxtil" deixaram chegar a isto? Muito simplesmente: é a falta de coragem dos seus docentes, nomeadamente os antigos assistentes, agora professores auxiliares, que mantiveram no poder, leia-se á frente do DET, professores sem capacidade nem iniciativa para mudarem esta situação de declínio lento e inevitável. Diz-se que os Países têm os governos que merecem, que até pode ser o caso deste governo eleito numa euforia anti-Sócrates. Pois talvez também os professores têm os departamentos que merecem...
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sexta-feira, agosto 31, 2012
Acessibilidades ao campus de Gualtar
Para a entrada e saída da UM deparamos depois das obras com uma solução curiosa. Num espaço muito mais amplo que o anterior, fizeram um acesso para os carros mais estreito que o anterior e mais sinuoso. Não se entende porquê. Para um carro um pouco maior entrar e sair, tem que fazer manobras para não roçar os pneus ou as jantes, quando antes não era assim. Aliá podem-se ver as marcas dos pneus nas bermas do caminho de saída. Será que os engenheiros civis que projetaram esta obra não sabem mesmo fazer o mais simples? Qualquer miúdo da primária desenhava um acesso melhor para os carros.
Temos ainda a outra entrada, do lado nascente, que é comum aos alunos e a todos os outros frequentadores, ocasionais ou não, com porteiro/segurança. Acontece inúmeras vezes para os professores e funcionários que entram por esse lado, terem que estar à espera porque há alguém que precisa de autorização do porteiro/segurança para entrar. Nunca entendi porque não fizeram aqui uma segunda entrada para aqueles que são portadores do cartão, professores e funcionários, aliás tal como sempres existiu em Azurém. Se há espaço suficiente para ter uma segunda entrada, e há, então porque não se faz? Haverá uma resposta lógica? Era interessante saber o que fazem tantas cabeças a pensar nas acessibilidades da UM. Se as cabeças trabalhassem para uma empresa privada poderiam até rolar, mas como estão presas por estacas, e assim foram plantadas, presumo que tenham pouca mobilidade..intelectual,
quarta-feira, agosto 22, 2012
Livros de férias
Não há férias que se prezem que não incluam pelo menos a leitura de um livro, isto é, no que me diz respeito, obviamente. É uma forma de nos abstrairmos do que nos enche a cabeça todo o ano. Ao ler um livro que entramos mundo onde a descrição de um enredo pode ser, dependendo do escritor, algo que nos prende até ao fim do livro. Se for um livro grande como o caso do que estou a ler neste momento, o Underground (Submundo) do Don DeLillo, então pode-nos ocupar durante bastante tempo. É um livro que aborda a sociedade americana, utilizando o percurso de uma bola de baseball, um jogo tipicamente americano, e junta personagens que vão desde os anos 50, desde o J. Edgar Hoover, diretor do FBI e espetador casual num jogo de baseball que se tornou famoso pela vitória dos Giants sobre os Dodgers, em 1951 (ano em que nasci), que durante a guerra fria era o expoente máximo nos EUA conhecido pela sua perseguição à família Kennedy, até uns anos mais tarde em que se debatem questões mais atuais como a poluição e a degradação de zonas das cidades onde habitavam sobretudo os negros. O fio condutor é a bola de baseball que foi importante na vitória dos Giants, e que atravessa as décadas, sendo os que a possuem o epicentro de muitas das histórias que fazem parte da narrativa. Sem ser abertamente uma crítica á sociedade de então e da contemporânea, que perdeu muitos das suas referências de então, não deixa de constatar isso mesmo. Don DeLillo tem outros livros interessantes, um deles, "Libra", onde tece uma teoria sobre a morte de J.F. Kennedy, e agora mais recentemente o "Cosmopolis", que foi transformado em filme muito badalado por cá, por ter sido dirigido por um realizador português, Paulo Branco. Este também é um livro muito interessante, mas fora do estilo anterior de Don DeLillo, um livro de ficção, quase todo passado numa limusina durante 24 horas, e portanto forçosamente muito mais curto, mas que não deixa de nos envolver da mesma forma que os outros livros.
Como comlemento aos livros de Don DeLillo, que retrata a história contemporânea dos EUA duma perspetiva muito particular, há outros que dão um contributo para a história mais recuada dos EUA, como seja a “conquista do oeste”. Na minha juventude os filmes de cowboys mostravam os índios como um bando. Um livro espantoso sobre os índios, com particular incidência nos comanches, mostra como comanches dominaram a pradaria do interior dos EUA, que hoje compreende o Texas, Arizona e Colorado, durante grande parte do século 18 e 19. Tinham, à sua escala, um pequeno império em termos de população, mas grande em dimensão. O livro, escrito por S. C. Gwynne é um relato imparcial da guerra entre os índios, a cavalaria americana e os colonos que se iam instalando nestes estados americanos. Tem em comum com o Underworld de Don DeLillo o facto de ter um fio condutor do princípio ao fim, o que torna o livro viciante, aliviando os muitos relatos de batalhas e escaramuças que ocorreram durante esses dois séculos. O fio condutor é Quanah Parker, um mestiço filho de um índio comanche e uma mulher branca. A sua mãe, Quincy Parker, foi raptada quando criança durante um raid, e anos mais tarde, depois de mantida em cativeiro pelos índios foi ser “libertada” (embora já fosse índia 100% sem saber sequer falar inglês nunca considerando que foi libertada mas sempre a tentar regressar ara junto dos índios). O filho fugiu e tornou-se o maior chefe comanche, comandando um a tribo que espalhou o terror entre os colonos travando inúmeras batalhas com a cavalaria dos EUA, até ao princípio do século 20, altura em que já era conhecido pessoalmente de Ted Roosevelt, presidente dos EUA e outras figuras gradas do regime, que lhe nutriam um enorme respeito, pela sua visão como um político extremamente hábil. Recomendo vivamente este livro para quem gosta dos “underdogs”, aqueles que mesmo lutando contra todas as hipóteses, perdem tudo o que tinham, incluindo a liberdade de vaguear por imensos territórios, para simplesmente sobreviverem adaptando-se à civilização envolvente. Já não há índios mas ainda há” free-spirits”, seus irmãos em espírito, homens e mulheres que não se vergam perante a "civilização" dominante. Neste entido, livros como este são mais atuais do que se possa pensar à primeira vista.
terça-feira, agosto 14, 2012
Considerações de Pré-temporada
Com o aprofundamento da crise e o governo a tentar arranjar receitas e cortar nas despesas a todo o custo, surgem situações no mínimo desajustadas. Foi anunciado como uma vitória terem sido recuperados alguns 200 milhões de euros de dinheiro que tinha sido colocado em paraísos fiscais e contas na Suíça, por ter o governo taxado a 7,5 % esse dinheiro aos que tinham declarado voluntariamente terem fugido ao fisco desta forma. Pois é, quem trabalha e leva para case o que ganhou a trabalhar paga em média alguns 15 a 25% de IRS e aqueles que angariam dinheiro sabe-se lá como, até porque a origem deste dinheiro não foi investigado, paga 7,5%. Para além de não serem acusados, constituindo portanto este ato do governo uma amnistia, o governo ainda por cima concede uma taxa extremamente generosa. Para a classe média, professores incluídos, é o que se vè: além de lhe terem tirado os subsídios de férias e de natal, em cima dos cortes no salário que vinham do anterior governo e que não foi reposta, há ainda o que foi acrescentado à conta mensal: IMI mais alto, taxas moderadoras mais altas, IVA na alimentação mais elevado, propinas dos filhos na Universidade mais altas, etc. Querem acabar com a classe média? Passamos a ser a típica república das bananas, com os ricos cada vez mais ricos e em pequeno número, a classe média quase não existe e engrossa a classe dos pobres. Os pobres por sua vez são cada vez mais pobres e desamparados. Com a poupança no rendimente minimo, o encurtar do período do subsídio de desemprego, o corte nas pensões, as taxas moderadorea ainda para muitos que não têm isenção, como sobrevivem? Mas o que é mais grave é que o futuro que está nos jovens não nos dá esperança uma vez que os nossos jovens estão todos a emigrar e aqueles que serão os mais qualificados, mais de 60%, afirmam em sondagem recente que pretendem emigrar. Se continuarmos assim, senhor Passos, teremos um país de reformados e ninguém para produzir riqueza. Nessa altura já a Europa da sra. Merckle e do sr. Hollande, recebeu a mão de obra portuguesa que permitirá que continue a produzir riqueza que fica lá, e que se vier virá como esmola e não como pagamento. Há quem diga que a austeridade é fruto do sr. Passos Coelho ser um bom aluno da sr Merckle. Penso que será mais uma atitude de sobreserviência ou de falta de ideias para fazer algo de diferente do que aquela que aprendeu na cartilha da austeridade. Esta semana é a rentrée do PSD e curiosamente do futebol. Será que o PM e o Sá Pinto não podem combinar a estratégia para o País e para o futebol da mesma forma? Defender sim mas é preciso atacar também, para marcar golos. Eu gostaria que assim fosse, como português e como sportinguista.
sexta-feira, agosto 03, 2012
Fundações saem, fusões entram, no Ensino Superior
As notícias de abandono do regime fundacional por parte do ministro da Educação são mais em termos de nome de que de conteúdo, porque o que o ministro disse sobre a nova lei não é muito diferente do que se tem dito sobre as fundações: maior autonomia, maior independência de gerir os seus próprios orçamentos, património, etc. Resta esperar para ver quais as diferenças.
Entretanto a Fundação Lloyd Braga foi considerada como tendo pouca atividade, menos de 50%, um dos critérios para o sue futuro financiamento. Na verdade, ninguém estranhará, até porque muitos nem ouviram falar de tal fundação. Quanto à fundação da Associação de estudantes, foi considerada como tendo zero atividade!
entrevistados alguns reitores na reportagem a maioria exprimiu-se satisfeita com o acordo final, confiantes que podem gerar receitas alternativas. Gosto de ver reitores confiantes, mas sabemos que com a conjuntura atual não será nada fácil. O reitor do Técnico, Cruz Serra, em entrevista na televisão afirmou a dada altura que o investimento nas Universidades é estratégico para o futuro de qualquer país. Palavras sábias que não foram tidas em conta pelo governo ao cortar quase 3% do orçamento das universidades. Corte-se nas estradas, PPPs, forças armadas, e aumente-se os impostos aos rendimentos de capitais, heranças, e outras rendimentos que não são do trabalho. Mas não se corte no futuro! Isso era o que Cruz Serra queria dizer mas não disse por não ser um político. Aliás o reitor do IST, disse que as universidades não têm a força dos "lobbies" que normalmente as autarquias, por exemplo, têm. Não sei bem se será tanto assim...mas percebi a ideia.
No entanto Cruz Serra não se pode queixar. A sua universidade pelo fato de se estar a fundir com a de Lisboa, a Clássica, vai receber fundos que outras universidades não recebem o que só abona a seu favor, pois teve juntamente com o seu colega da Clássica a coragem de avançar para uma fusão que lhe vai tirar protagonismo ao deixar de ser reitor. Não deixa de ser de admirar num setor constituído por capelinhas, em que cada um é um reizinho no seu cantinho (leia-se departamento, centro, Escola, Universidade).
sábado, julho 28, 2012
Cortes no Ensino Superior e na Saúde
Vêm aí cortes de 2% no ensino superior que acabam por ser de 4%, segundo as contas do reitor. Este governo corta e corta, mas não se preocupa com o que pode acontecer com cortes cegos na educação e na saúde. O reitor diz que irá acomodar os cortes com restrições à manutenção de edifícios e nas contratações. A questão é que penso que já não se vai fazer nem uma coisa nem outra pois já se fez. Não será otimista pensar que se pode cortar onde já se tinha cortado até ao osso? Já não são gorduras que estamos a falar. O que penso que o reitor quis dizer é que se pudesse cortava no osso, isto é, vendia edifícios e dispensava pessoal, ou seja, um emagrecimento da instituição tanto física como intelectualmente. Na saúde, os cortes ainda são nas gorduras, especialmente quando se descobre que há médicos a acumular o seu salário com o que recebem de empresas de prestação de serviços, e na mesma instituição! Há médicos a receber salários de 40 000 euros por mês com este esquema. Mas uma vez que se põe fim a estes abusos, onde se corta sem danificar o Serviço Nacional de Saúde ou mesmo feri-lo de morte? Ou será que se incidirá nas receitas aumentando de novo as taxas moderadoras? Duma forma ou de outra, quem se lixa é o utilizador do serviço, ou seja os mais pobres ou a classe média uma vez que os muito pobres são dispensados. Por isso quem se lixa, dr. Passos Coelho, são os professores e outros funcionários públicos (outra vez) e os quadros médios das empresas. Estamos num só ano a assistir ao desaparecimento de uma classe média baixa que se transformou numa classe pobre e ao desaparecimento da classe média, que passou a média baixa. Os mais ricos, algumas profissões liberais e os que vivem de rendimentos, estão bem. Não pagam mais impostos, não lhes cortaram os subsídios de férias e de natal, nem aumentaram os preços dos bens de luxo, como carros de alta cilindrada, fatos Armani nem férias em lugares exóticos. As casas e apartamentos de luxo pelos vistos é que mantêm os preços e estão a vender bem, o que significa que há clientela para eles. Mas também há cada vez mais clientela para a sopa dos pobres e para as filas do desemprego. Portanto estamos a recuar mais de 40 anos. Quem viu a cerimónia de abertura dos jogos olímpicos, que representava uma evolução dos tempos difíceis da sociedade agrícola à revolução industrial, em que os assalariados tinham aspeto de escravos do trabalho, sem condições nem para a usa própria higiene, morrendo muitos de doenças, até à fundação do serviço nacional de saúde em que todos têm acesso aos cuidados de saúde. Pois agora imaginem o cenário ao contrário : é para aí que caminhamos ! E a “Passos” largos !
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domingo, julho 22, 2012
Cursos têxteis: premonição ou despedida?
Pelos vistos foi prematura o meu Requiem pelos cursos têxteis. O curso de Engenharia têxtil vai afinal abrir e em regime pós-laboral conforme consta na página web da Direcção Geral do Ensino Superior (DGES) e esta semana já publicitado no jornal Expresso. Será no entanto uma premonição? Vamos esperar para ver. O que é certo, é que tal como já referido, o curso não tem tido alunos suficientes e se não houver uma alteração na atitude dos responsáveis, leia-se departamento de Engenharia Têxtil e Reitoria, o curso vai mesmo acabar, mais ano menos ano. Quanto à Opção têxtil do curso de Química, também não vai ressuscitar, a não ser que também haja uma atitude diferente pro parte dos responsáveis, nomeadamente o Departamento de Química. Não é aceitável que se anuncie um curso de Química com uma Opção Têxtil e que depois os docentes do departamento de Química não salvaguardem o funcionamento dessa opção e os encaminhem para a sua opção, a de química-ramo científico. É mais uma premonição que se vai concretizar se não alterarem as regras de frequência das opções. Se a moda pega, acabam-se aos poucos as opções "profissionais" de todos os cursos da UM!
domingo, julho 15, 2012
Requiem pelo cursos têxteis
Ao ver a lista de cursos que vão funcionar na UM neste próximo ano lectivo, verifico que não aparece o curso de Engenharia Têxtil. A ser verdade, esta omissão será o epílogo do inevitável declínio de um curso que foi dos primeiros cursos da UM, e que na altura veio cobrir uma lacuna numa indústria que não tinha engenheiros formados em Portugal mas que ao longo dos anos se veio a revelar menos interessante para os candidatos ao ensino superior, porventura influenciados por notícias de uma indústria em crise. O curso passou a pós-laboral há uns quatro anos atrás com a intenção de captar novos públicos, como os alunos que trabalham na indústria e que querem mais qualificações, ou mesmo alunos que não trabalhando na indústria têm uma ocupação diurna e que podem desta forma tirar um curso superior, neste caso em engenharia têxtil. Infelizmente os alunos foram diminuindo em número e as notas de entrada também seriam das mais baixas dos cursos da UM, o que indiciava que nem esta alteração tinha motivado os candidatos ao ensino superior a candidatarem-se a engenharia têxtil.
É um fenómeno estranho, que ocorre precisamente quando a indústria está muito mais moderna, competitiva e com o aumento das exportações não tem tido mãos a medir. Têm necessidade de especialistas têxteis com o curso superior, sejam engenheiros ou químicos, sendo que não só não conseguem engenheiros, como também não conseguem químicos, uma vez que o curso de química-ramo materiais têxteis também acabou. O fim deste curso foi fruto de uma alteração do ramo têxtil para uma opção não obrigatória, o que implicou um desvio de alunos para as outras opções, fomentada pelos respectivos docentes. Assim, aos poucos, houve uma capitulação dos responsáveis pelo departamento de engenharia têxtil ao longo dos anos e dos directores dos respectivos cursos, demonstrando um fatalismo e uma incapacidade para novas opções que serviriam na mesma o departamento e a própria indústria. Há uns anos propus que o departamento se virasse para os materiais, o que não foi atendido. A mudança foi para o Design para o qual o departamento não tem todas as competências necessárias, muito longe disso. Sugeri também que não aceitassem a proposta do departamento de química no que respeitava à opção têxtil, sem garantia de um mínimo de alunos. Fui afastado da comissão de negociações. É com pena que vejo que o curso que justifica a existência do departamento, o de engenharia têxtil, desaparece, e nunca é demais insistir que não tinha que ser desta forma, sem glória.
Só nos restam as memórias de dois cursos, o de engenharia têxtil e o de química-ramo materiais têxteis, que forneceram durante anos quadros especializados que quero crer fizeram um bom serviço à indústria e ao país, que neste momento tanto precisa de indústrias exportadoras.
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domingo, julho 01, 2012
INL-Laboratório Ibérico de Nanotecnologia
Num evento que ocorreu no INL esta semana que passou, os empresários foram convidados a uma apresentação dos projectos do INL. O Diário do Minho comentou que as empresas que lá estavam não entenderam a utilidade dos projectos ou dos equipamentos do INL. Porquê que isto não me surpreende? Todos esperávamos algo de inovador e relevante para o País quando este instituto foi anunciado. Mas isso foi quando a nanotecnologia se vendia bem pois tudo era fantástico nesse mundo nano e todos gostamos de passear a nossa imaginação por esse mundo fantástico em que muitos pensavam que seria o futuro mas já próximo. Os empresários são mesmo assim, procuram soluções para os seus problemas e quando não encontram soluções que os seus fornecedores mais imediatos lhes sugerem, andam ás voltas pelos locais mais óbvios: universidades. O INL nesse aspecto também é como uma Universidade, tem I&D que baste mas não tem ligações à indústria, nem forma de as conseguir, pelas mesmas razões das Universidades, que são várias. Uma delas é o conceito de investigação fundamental que não se orienta por prazos curtos, que seriam do agrado das PME que constituem a maior parte das indústrias portuguesas.
Multinacionais ou mesmo grandes empresas nacionais, talvez tenham capacidade para absorver as tecnologias ainda em fase de desenvolvimento, ou mesmo ainda de investigação, porque podem prosseguir com o seu desenvolvimento e endogeneização com as suas próprias equipas de I&D. Agora as PMEs do nosso tecido industrial e especialmente do norte do País que muitas vezes nem laboratórios bem equipados têm nem equipa de I&D, que poderão fazer com essas tecnologias que na maior parte dos casos são ainda projectos de I&D? Não quero com isto dizer que foi mal pensado o INL. Foi mal concebido o que é diferente. Tal como está, concorre com as Universidades, com os mesmo tipos de projectos e os mesmos equipamentos, incluindo a UM. Estando à porta da UM até é aberrante, tamanho investimento em equipamento muito dele já existente na UM. Ao menos que ele seja utilizado pelos investigadores da UM, se forem mais recentes ou diferentes e porventura essenciais para a investigação dos investigadores da UM. Temos um INL numa zona nobre da cidade que poderia ter sido uma zona verde. Mas não, talvez a visibilidade fosse importante e por isso não foi para a periferia, como foi por exemplo o AvePark. Ma a visibilidade pode-se tornar embaraçosa, porque por ali passa muita gente de carro que poderá indagar-se o que estará a fazer ali aquele edifício branco? A cor pode até levar alguns a incluir um paquiderme na frase, ao não perceber para que serve.
Com muitos projectos de alto nível universitários, infelizmente quem vai usufruir do que por lá se investiga vão ser as multinacionais estrangeiras e pouco ficará no País. Talvez em Espanha, um pouco à frente de nós, usufruam da I&D que por lá se faz, mas também não serão muitas mais as empresas que o farão. A história repete-se em Braga. Tivemos o Idite-Minho que para a altura era também inovador e deveria sobreviver com base na sua transferência de tecnologia para a indústria. Não o conseguiu, reduzindo-se a uma infinitésima parte daquilo que era quando arrancou. Não sei qual é o esquema de financiamento do INL, mas se não estiver por debaixo de um chapéu como a FCT em Portugal e a sua congénere em Espanha, poderá ter o mesmo destino que o Idite-Minho.
A meu ver, a única forma seria a sua integração na Universidade como um Centro de Investigação, talvez partilhado pela Universidade de Santiago de Compostela, concorrendo com os outros centros a projectos nacionais e internacionais, mas beneficiando da massa cinzenta já existente na UM, e dos investigadores com bolsa da FCT que são muitos na UM em vez de suportarem salários de investigadores que se tronarão cada vez mais pesados para o orçamento do INL, especialmente no clima de crise que Portugal e Espanha atravessam
sexta-feira, junho 08, 2012
A circulação na cidade
A circulação em Braga está um caos, devido a obras. A mania dos espaços pedonais por tudo o que é centro da cidade, é o que dá. De onde vem o dinheiro para tudo isso, não se sabe. E os carros por onde vão passar para ir ao centro também é um mistério de momento, mas que em breve se saberá, e com toda a certeza que os vão obrigar a dar voltas enormes para lá chegar. Se tudo fosse em prol dos peões, ficaríamos satisfeitos, mas tendo Braga o maior índice de atropelamentos do País, e normalmente nas vias rápidas fora do centro, desconfiamos que não será essa a motivação maior por parte da Câmara. Nas variantes faltam passadeiras e semáforos, para os automobilistas poderem acelerar. Não há qualquer controlo de velocidade sendo um perigo não só para os peões mas para os próprios automobilistas que circulam a velocidades dentro da lei. Se pensassem nos peões, ou mais concretamente nos bracarenses, teriam feito mais zonas verdes, não tinham transformado zonas do leito do rio Este em zonas urbanas, e amontoado prédios de forma a que uns fazem sombra aos outros. São estas contradições que tornam Braga uma cidade provinciana, por muito que queira ser desenvolvida, sujeita aos interesses imobiliários que enriqueceram ao longo dos anos à custa do betão e similares. Mesmo as zonas pedonais não são de calçada, mas sim de sucedâneas de pedra, que sujam com facilidade, dando um aspecto escuro e sujo, quando em Lisboa por exemplo a calçada dá um ar leve e limpo, mesmo quando não o está. Porquê? Lá está, é a cedência aos fornecedores de tais materiais. Qual foi o arquitecto que os escolheu? Devia estar com os óculo escuros quando o fez ou então acha que por estarmos na cidade dos arcebispos devemos ser soturnos e a cidade deve transmitir esse sentimento, com tons adequados. Por outro lado, fazem-se experiências com rotundas, tendo-se inventado uma nova rotunda que devia-se se chamar “ovaltunda”, uma vez que não é circular mas oval. Porquê? Novamente deve ter sido distorção ocular ao desenhar a rotunda que causou tamanha aberração. Quem contorna uma destas rotundas deve ter cuidado para não sair disparado contra o carro que espera entrar à sua direita, uma vez que pode não conseguir virar totalmente para trás, sim porque já não é uma viragem suave, mas trata-se de uma viragem em U, quando chega à parte mais pontiaguda da rotunda! A zona de passeio da cidade, que vai do hotel de Lamaçães à zona dos novos edifícios pretos junto aos barracões estilo americano do Media Markt do Lidl, está cheia dessas rotundas ovais. Há ainda rotundas ovais que invadiram com a sua ponta a zona de entrada das vias que desembocam nessas mesmas rotundas, como é o caso da rotunda junto ao campus da UM em Gualtar. Quando se está a dar a volta para entrar na UM não é raro deparar com um carro que está à nossa frente à espera de entrar para a rotunda! Isto é que foi uma obra digna da instituição que serve, uma universidade. Há túneis e viadutos que antecederam estas rotundas, a mais conhecida aquela onde se cruzam a rodovia e a variante sul, perto do centro comercial Bragaparque. Mais parece uma obra inacabada, em que o viaduto dá a sensação de ser um prefabricado, tal é a fragilidade que transmite. Gostaria de ver ela aguentar com seis ou sete camiões TIR ao mesmo tempo. Depois de atravessar esse viaduto, que lá do topo dá a sensação de estarmos num parque de diversões, no topo duma montanha russa, sensação essa que é mais real quando logo a seguir baixamos para um túnel. Deve ser a sesação dos condutores, na maior parte jovens, que á noite aceleram por essa rodovia fora sem qualquer controlo. É caso para dizer, agora que a Bracalândia foi embora, ficámos com o essencial, a montanha russa, e esta é de borla!
sexta-feira, junho 01, 2012
Hints (Dicas) do reitor sobre o futuro da UM ditas em workshop
Numa workshop conjunta das Escolas de Engenharia e das Ciências que teve lugar em Azurém, em que membros das duas Escolas esforçaram-se por mostrar o melhor da investigação que têm vindo a fazer em áreas relevante para ambas as áreas, houve uma intervenção do reitor. Referiu nesta sua intervenção antes do início da sessão da tarde aquilo que já sabemos, que houve cortes e que temos que viver com menos. O corte no ensino superior foi de 30%, um valor que nos deve fazer pensar um pouquinho no lema da conferência: sustentabilidade. Mas infelizmente que não a sustentabilidade ambiental, que com essa ainda podemos divagar sem consequências, mas a sustentabilidade económica. Esta é real e o perigo do sistema não ser sustentável está aí à porta. Foram referidas consequências que nos transpões para o mundo animal: “survival of the fittest”. Foi dito por exemplo que há uns grupos que ficarão mais fortes e outros desaparecerão (de que forma eles desaparecem não disse, se é um desaparecimento do centro de ID mas que os seus membros se mantêm na instituição ou não, isso não esclareceu. Mas é um aviso. Tanto assim é que desafiou os Centros de I&D a delinearem uma estratégia. Com isto percebeu-se que teria que ser uma estratégia também ela sustentável. Referiu programas europeus que seriam uma oportunidade. Nunca uma oportunidade serviu de tábua de salvação, mas mais como um complemento. No entanto agora surge como uma alternativa ao orçamento do Estado...senão.. o quê? Desemprego? Ninguém se atreve a dizer a palavra, nem o reitor nem o ministro, mas com cortes de 30% e acenando com oportunidades como alternativa, do estilo daquela do empreendedorismo que o Passos Coelho acenou aos desempregados jovens,alterantivas inviáveis a curto prazo, a que caminho isso leva senão ao do desemprego no Ensino Superior? Onde o governo está errado é nos cortes cegos. Onde o reitor está certo é na sua análise (fortes ficam mais fortes, fracos mais fracos, e a estratégia seria útil para os mais fracos que não a têm) mas não na forma como o faz, disfarçado de uma introdução numa workshop restrita a alguns professores das Ciências e Engenharias. Deveria quanto a mim, convocar uma assembleia de toda a UM e transmitir esta análise, porque ela é suficientemente grave para uma sessão só para esse fim. Talvez o reitor estivesse a treinar para esse tipo de evento que vai ter que fazer mais cedo ou mais tarde...Mas não se pode esperar por esse dia. Os professores precisam de acordar já e delinearem estratégias de sobrevivência, porque senão alguns quando realmente acordarem já terão um pé fora e outro dentro, senão forem já os dois pés de fora!
sábado, maio 26, 2012
Estratégia e Avaliação da EEUM
Fala-se de estratégia, da UM e das Escolas. Na Escola de Engenharia ensaiam-se cenários de restruturação de departamentos. Duma situação imutável e rígida de divisão da Escola em departamentos estanques, depois de anos de aparente decadência de alguns departamentos, nomeadamente o departamento de Engenharia Têxtil, em contracorrente com o centro de I&D correspondente, o 2C2T com uma classificação da FCT de excelente, sugerem-se cenários como o da extinção de departamentos por parte do Presidente da Escola. Até que não está mal visto, porque desta forma nenhum departamento seria prejudicado, mas talvez tivesse sido demasiado arrojada, especialmente vindo de quem vem, um Presidente cauteloso e com imagem de conservador. Talvez tivesse sido a necessidade de quebrar o status quo e a inércia que domina as estruturas dos departamentos, com uma visão para dentro, preocupados com o seu próprio sustento. Seja como for, talvez tenha tido o efeito contrário, ou seja, serviu para adiar ainda mais a restruturação dos departamentos
Numa altura em que também se discute o RAD-EEUM, a Escola tem vindo a complicar, curiosamente na tentativa de simplificar através de um programa informático, o SIEEUM, que faz a classificação com base em pontuação pré-definida para a produção científica, já que este programa tem vindo a mostrar falhas na sua execução. Também não tem ajudado a indefinição sobre quando começa a avaliação a sério, ou seja aquela que é avaliada. Primeiro era para os anos de 2008-2011 já que para os anos 2004 a 2007 seriam atribuídos 1 ponto por ano. Agora parece que, por despacho da reitoria, também há a possibilidade de haver anos entre 2008 e 2009 que poderão não ser objecto de avaliação, sendo-lhes atribuída, tal como para 2004-2007 a pontuação de 1 ponto por ano. Mas que confusão! Para quê tantas cautelas? Será para aqueles que pensam que nem terão a classificação de 1 ponto puderem optar por eta via? Se lermos os comentários do sindicato sobre a avaliação, ela questiona se vale a pena, uma vez que não servirá para a progressão nos escalões tal como estava previsto inicialmente, devido ao congelamento dessa progressão. Assim, põe-se a questão, será que a avaliação seria mais útil para verificar quais aqueles docentes que não têm o mínimo de currículo e poderiam portanto ser dispensados num cenário de crise, e desta forma evita-se esse cenário atribuindo uma classificação mínima que evite a sua classificação de insuficiente? Se assim for, seria melhor não fazer a avaliação, pois estaremos todos a perder tempo. Pontuações artificiais de 1 ponto por ano como alternativa a uma avaliação segundo critérios que levaram tanto tempo e esforço a preparar, são no mínimo uma falta de respeito por quem trabalhou e trabalha para cumprir este objectivo do ECDU. A avaliação torna-se assim uma farsa: os bons não são promovidos, por falta de orçamento ou mesmo por decreto inviabilizando o descongelamento dos escalões, e os fracos não serão despromovidos e terão uma "passagem" administrativa com 1 ponto por ano, que será suficiente para terem os mínimos exigidos para se manterem em actividade. Dá vontade de dizer que é mesmo à portuguesa: faz que anda mas não anda.
sábado, maio 12, 2012
O campus e a cidade
Uma das raras ocasiões em que o campus vai à cidade em força é na semana do cortejo académico. Embora já não vá há muito tempo, admito que seja um momento divertido em que o cidadão comum vá ver o espectáculo promovido pelos estudantes, como se de um divertimento se tratasse. O bom humor impera e como é tradicional e natural num evento destes e também a irreverência.
A instituição costuma dar o se apoio e também conferir legitimidade académica ao cortejo, nomeadamente o reitor com a sua presença. Consta que este ano a presença do reitor foi curta e que rompeu com uma tradição que vem sendo habitual e que virou as costas aos alunos que o mimaram com umas sátiras à sua actuação em relação à prática da praxe. Falta de sentido de humor? Falta de "poder de encaixe"? Como costuma dizer o comentador Professor Marcelo Rebelo de Sousa: o reitor não esteve bem. Já há muito que tinha notado que estas falhas constituiriam o calcanhar de Aquiles do reitor, imperdoáveis numa posição como a sua, uma posição que deve representar o que de melhor os académicos demonstram ter, de uma maneira geral, ou seja o sentido de humor e o poder de encaixe. A sua tomada de posição em relação à praxe foi, quanto a mim, a mais positiva do seu mandato. Na verdade, temos assistido a um rol de obscenidades, e práticas de humilhação exercidas pelos mais velhos sobre os mais novos, os caloiros. Nada justifica esta actuação quase que militarista, muitas vezes reminiscente das práticas dos comandos, e de outras forças especiais como que a testar os futuros soldados em terreno de batalha, a sua resistência e "endurance". No entanto, alunos não têm necessariamente que ser lutadores no sentido estrito da palavra. Já basta o que os jovens têm que enfrentar quando se candidatam a um emprego e que segundo as estatísticas são sujeitos cada vez mais a tudo e mais alguma coisa, desde a pressão psicológica típica dos “call centres” até ao assédio a que são sujeitos por empregadores sem escrúpulos que agora mais que nunca, aproveitando-se da crise, os exploram até ao tutano. Eles não precisam que lhes iniciem nesse caminho da humilhação mas sim de um estímulo e de encorajamento para a vida que está à sua frente. Ora, dito isto, nem tudo é mau nas tradições estudantes e há também a componente saudável do convívio que a semana da queima/enterro da gata proporciona e que de alguma forma serve para desanuviar dos estudos e prepararem-se para os exames que vêm aí. O reitor pelos vistos não sabe distinguir entre estas duas formas de manifestação de irreverência. Uma raiando o insultuoso, como é o caso das praxes, a outra, divertida, caso do cortejo. Faltou aqui o sentido de humor. Faltou também o poder de “encaixe” à crítica. Quem quer ser reitor actuante e toma medidas populares junto dos professores, mas impopulares junto de muitos alunos, como em relação às praxes, tem que estar preparado para as críticas. Ninguém está acima da crítica. Nem o reitor, nem o Presidente da República. Tanto num caso como noutro, aos actuais detentores do cargo, falta-lhes aparentemente o sentido de humor e o poder de "encaixe". Terão outras qualidades para o cargo, senão não seriam eleitos. Talvez noutra ocasião eu tenha razões para as referir. E são bem precisas, com a crise que atravessamos.
segunda-feira, abril 23, 2012
A curva descendente do Ensino Superior
É normal que quando tudo parece ruir em redor do Ensino Superior, tal como no resto do País, não haja qualquer reacção a essa curva descendente? É o orçamento para as Universidades e Politécnicos que cada vez está mais baixo, são os alunos a sair por não terem bolsa, é a progressão na carreira congelada, é o facto de não se poder contratar mais ninguém, são os cortes nos salários e nos subsídios de férias e de Natal, é a ADSE a custar mais e a valer menos, em cima de todos os outros custos comuns a toda a população (IVA, transportes, reembolsos do IRS para a saúde e educação parados, etc.). Não reajam que o ministro do ensino superior e prinipalmente o das Finanças, agradecem.
Será que não há outra forma de resolver esta questão do défice a não ser cortar,cortar e cortar mais? Os partidos da oposição dizem que sim, mas os eleitores nas sondagens ainda dão maioria aos do governo. Porquê? Por muito menos, pelo menos em termos de cortes, foi ao ar o governo Sócrates. Será que estamos todos em negação por causa do Sócrates e por isso não reagimos, uma vez que achamos que estávamos todos do mesmo lado e se estávamos do mesmo lado não iriamos agora protestar contra aqueles que nos "salvaram" do Sócrates? Pelo menos a imprensa, começando pelo Correio da Manhã e acabando no Público, dão a entender precisamente isso. Mas ao olharmos só para o Ensino Superior, alguém duvida que estamos muito pior que no tempo do Mariano Gago, embora o criticássemos na altura? Podem dizer que foi com dinheiro que não tinhamos. Mas não nos podemos esquecer que só do BPN que não teve nada a ver com membros do anterior governo mas sim do governo do Cavaco, já lá vão 5,5 milhões de euros e esses não tinham como missão educar o País mas tão só encher os bolsos de uns quantos....Enfim, se não vamos reagir vamos ao menos seguir o conselho do Secretário de Estado da Juventude e do ministro Relvas e vamos recomendar que os nossos alunos emigrem, neste caso para outras paragens com o Ensino Superior intacto, porque a este ritmo não vamos ter condições para lhes dar uma formação superior condigna.
Será que não há outra forma de resolver esta questão do défice a não ser cortar,cortar e cortar mais? Os partidos da oposição dizem que sim, mas os eleitores nas sondagens ainda dão maioria aos do governo. Porquê? Por muito menos, pelo menos em termos de cortes, foi ao ar o governo Sócrates. Será que estamos todos em negação por causa do Sócrates e por isso não reagimos, uma vez que achamos que estávamos todos do mesmo lado e se estávamos do mesmo lado não iriamos agora protestar contra aqueles que nos "salvaram" do Sócrates? Pelo menos a imprensa, começando pelo Correio da Manhã e acabando no Público, dão a entender precisamente isso. Mas ao olharmos só para o Ensino Superior, alguém duvida que estamos muito pior que no tempo do Mariano Gago, embora o criticássemos na altura? Podem dizer que foi com dinheiro que não tinhamos. Mas não nos podemos esquecer que só do BPN que não teve nada a ver com membros do anterior governo mas sim do governo do Cavaco, já lá vão 5,5 milhões de euros e esses não tinham como missão educar o País mas tão só encher os bolsos de uns quantos....Enfim, se não vamos reagir vamos ao menos seguir o conselho do Secretário de Estado da Juventude e do ministro Relvas e vamos recomendar que os nossos alunos emigrem, neste caso para outras paragens com o Ensino Superior intacto, porque a este ritmo não vamos ter condições para lhes dar uma formação superior condigna.
sábado, abril 07, 2012
A avaliação feita à medida de alguns
A avaliação segundo o RAD-EEUM (RAD da Escola de Engenharia), pode-se entender como auto-avaliação em 85% e avaliação em 15%. Embora o processo informático balize a auto-avaliação de I&D maioritariamente em publicações referidas no ISI W.O.K. e no SCOPUS, o que é uma forma correcta de assegurar uma avaliação comparativa entre os vários departamentos, o que acabou por prevalecer devido à pressão dos vários departamentos e centros de I&D foi que também fossem consideradas conferências que os centros considerassem de qualidade, mesmo que os "proceedings" não estivessem na ISI w.o.k. ou Scopus. Pode-se argumentar que nem todas as conferências são registadas nestas bases de referência internacional, o que prejudicaria certas áreas do saber menos mediáticas ou que não tenham a agressividade de certos promotores de conferência na ânsia de angariação dos melhores conferencistas. No entanto, não deixa de ser uma tentação para os departamentos e Centros de indicarem conferências em que mais participaram nos últimos anos, nomeadamente os que estão a ser avaliados, tenham ou não mérito internacional essas conferências. Devia ser para evitar esses abusos que há uma avaliação por parte de outro avaliador, um Professor mais graduado(Catedrático), e não só de um sistema automático que aceita tudo o que lá se mete desde que esteja na lista. Mas o que se verifica? É que o avaliador não pode alterar essa avaliação automática, mas tão só participar com uns meros 15% numa avaliação global. No futuro, podemos ter casos em que os avaliados acumulam pontos nas várias comunicações nessas conferências pré-escolhidas sem referência internacional, que quando somados vão valer mais que uma comunicação numa conferência referenciada nas bases de dados aceites por toda a comunidade internacional. É preciso dar ao avaliador a possibilidade de evitar esses abusos, sob pena de termos uma avaliação em boa parte deturpada.
domingo, abril 01, 2012
Prálem do Campus
O campus não é uma cláusura. É necessário ir para além do campus. Visitar empresas, fazer colóquios, apresentar a Universidade tal como ela é e como será daqui a uns anos. O ECDU está desactualizado. Tem a componente de avaliação desactualizada. Não é só com papers que se faz um Professor Catedrático senão ele não serve para a sociedade. Servirá para orientar os outros Professores, mas com a estrutura departamental tal como está definida, nem para isso serve. A interacção com a sociedade de um professor devia ser importante para a sua avaliação, mas não o é. Mesmo a sua intervenção política, leia-se política apartidária, devia ser objecto de avaliação. Política educacional, política regional, política empresarial, por exemplo.
Tenho dito.
Tenho dito.
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sábado, março 17, 2012
A garra que nos falta
Vimos o Sporting bater um dos grandes do futebol europeu, o Manchester City. Com um plantel que vale dez vezes menos que o do adversário, conseguiu ganhar. E de que forma? utilizando a sua tática de um bom futebol técnico mas sobretudo como dizem do seu treinador, muita garra. Resistência e contra-ataque. Não será uma forma também do país resistir perante os milionários europeus e os especuladores que deitam abaixo o nosso rating? Resistir sim como estamos a fazer, e a que custo, mas também contra-atacar. Parece-me que é aqui que o governo não está a fazer nada. A nossa economia afunda-se a olhos vistos, o governo aceita todas as imposições da troika do FMI e da sra.. Merkel, e como um aluno bem comportado vai fazendo o que lhe mandam. Dos jogadores do Sporting o Manchester não conhecia ninguém. Agora já conhecem. De Portugal quem é que lá fora conhece alguém do governo? Pois é preciso darem-se a conhecer e quanto mais cedo melhor. Insistam na restruturação da dívida para maiores prazos e a juros mais baixos, mas não pedinchando. Eles que tenham respeito porque se nós lhes fecharmos a porta temos para onde nos virarmos, para África e eventualmente o Brasil e a Ásia. Há lá muito boa gente que gosta dos nossos produtos, como o vinho do porto, e de alguma da nossa tecnologia. É melhor aguentarmos um período mau de uns anitos do que pôr em causa todo o futuro dum país durante anos a pagar a dívida e os juros...e a morrer lentamente à fome, como a história do burro do inglês que tanto lhe reduziu a ração para poupar que o burro morreu de fome. Vejam a Islândia, a crescer 2,5% ao ano! E estava na bancarrota há 3 anos atrás. Porque não nós? Se nos "chatearem" muito até fazemos como eles. Só a ameaça já nos traria dividendos.
Por hoje não se fala do Ensino Superior porque não há nada a falar: está também sem garra.
Por hoje não se fala do Ensino Superior porque não há nada a falar: está também sem garra.
sábado, março 10, 2012
Não façam nada demais
Temos cada vez mais uma sociedade que castiga aqueles que fazem alguma coisa. Não há muito tempo o betão era o alvo de todas as críticas. Fizeram-se autoestradas a mais sem dúvida, mas algumas que se fizeram dão muito jeito. Quem se lembra de ir a Viseu pela estrada antiga? Ou ao Algarve? Era um castigo. Agora são as obras que se fizeram nas Escolas. Talvez se tenha exagerado em algumas escolas com os materiais e há um famoso candeeiro que tem andado nas bocas do mundo. Mas alguém parou para pensar nas condições que os alunos têm agora em contraste com as que tinham há pouco mais de um ano? Basta aos mais velhos pensarem na escola onde os filhos andaram e que conheceram, nas reuniões de pais, em salas sem o mínimo de condições para as reuniões, e aos mais jovens de recordar o frio que passaram quando eram alunos. Havia reportagens de escolas onde chovia lá dentro! É tudo política e tudo serve para bater, escolhendo sempre o aspeto negativo. E se não se fizesse nada? Se o programa de melhoramento do parque escolar não fosse avante? Estaríamos satisfeitos que tínhamos poupado esse dinheiro? Passaram despercebidos anos do formação do Fundo Social Europeu em que se ensinava de tudo, e desde que os alunos recebessem e os monitores tivessem emprego, estava tudo sempre bem. O que é que ficou desses milhões que se gastaram desde 1986? Muito pouco. Esfumou-se. E atravessou todos os governos de todas as cores políticas! Mas as críticas não existem. Mas se uma escola foi intervencionada e lá alguém se entusiasmou e comprou um candeeiro desnecessário ou um material mais nobre, cai o Carmo e a Trindade. As Escolas e as estradas estão aí para ser usadas por futuras gerações. Mas e as "sebentas" dos cursos do FSE? Onde estão e para que servem?
Na Universidade também se adquiriram materiais nobres para algumas das instalações mais recentes. Mas as obras que se fizeram vieram melhorar muito as condições de trabalho tanto dos alunos como dos professores. No Ensino Superior numa perspetiva mais etérea, o que se fez em I&D que muitas vezes não tem consequências para a sociedade, é elogiado ao máximo enquanto que aquele professor que atende os alunos fora de horas mas não tem um currículo brilhante é muitas vezes desprezado. O que fica para a Sociedade nestes dois casos? O aluno que foi ajudado terá um futuro eventualmente mais seguro, ou a investigação do Professor servirá muito provavelmente só para ele ter currículo e subir na carreira. Não façam nada que não dê pontos, é o que parece ser o lema das avaliações, tal como o RAD. Quem monta um laboratório será recompensado? Quem apoia os alunos fora das suas obrigações mínimas é recompensado? Quem ajuda os colegas por ser mais antigo na carreira é recompensado? O ECDU recomenda que assim seja, mas se o RAD não o premeia, qual o incentivo?
É um mundo de números. No tempo do Salazar, o país acabou por ter enormes reservas de ouro e as contas que hoje fariam inveja a uma Alemanha. Mas a que custo? Não havia estradas, nem escolas que se comparassem às dos outros países. Não havia hospitais dignos desse nome. Hoje temos uma dívida que nos preocupa mas temos um Serviço Nacional de Saúde que faz inveja a muitos países desenvolvidos. Se não o tivessemos feito, a nossa dívida seria mais pequena, mas viveríamos como em muitos países e como há 40 anos atrás, com medo de ter um acidente ou doença porque não sairíamos vivos do hospital.
E se forem políticos não façam infraestruturas mas em vez disso façam discursos e usem e abusem da caridade que essa retira o orgulho a quem a recebe mas ao menos mantem-nos vivos e principalmente gratos; distribuam algumas mordomias pelos vossos eleitores e serão recompensados.
Voltando ao Ensino e I&D: Não façam nada demais, porque ninguém os vai recompensar, e sobretudo não façam nada pelos outros.
Na Universidade também se adquiriram materiais nobres para algumas das instalações mais recentes. Mas as obras que se fizeram vieram melhorar muito as condições de trabalho tanto dos alunos como dos professores. No Ensino Superior numa perspetiva mais etérea, o que se fez em I&D que muitas vezes não tem consequências para a sociedade, é elogiado ao máximo enquanto que aquele professor que atende os alunos fora de horas mas não tem um currículo brilhante é muitas vezes desprezado. O que fica para a Sociedade nestes dois casos? O aluno que foi ajudado terá um futuro eventualmente mais seguro, ou a investigação do Professor servirá muito provavelmente só para ele ter currículo e subir na carreira. Não façam nada que não dê pontos, é o que parece ser o lema das avaliações, tal como o RAD. Quem monta um laboratório será recompensado? Quem apoia os alunos fora das suas obrigações mínimas é recompensado? Quem ajuda os colegas por ser mais antigo na carreira é recompensado? O ECDU recomenda que assim seja, mas se o RAD não o premeia, qual o incentivo?
É um mundo de números. No tempo do Salazar, o país acabou por ter enormes reservas de ouro e as contas que hoje fariam inveja a uma Alemanha. Mas a que custo? Não havia estradas, nem escolas que se comparassem às dos outros países. Não havia hospitais dignos desse nome. Hoje temos uma dívida que nos preocupa mas temos um Serviço Nacional de Saúde que faz inveja a muitos países desenvolvidos. Se não o tivessemos feito, a nossa dívida seria mais pequena, mas viveríamos como em muitos países e como há 40 anos atrás, com medo de ter um acidente ou doença porque não sairíamos vivos do hospital.
E se forem políticos não façam infraestruturas mas em vez disso façam discursos e usem e abusem da caridade que essa retira o orgulho a quem a recebe mas ao menos mantem-nos vivos e principalmente gratos; distribuam algumas mordomias pelos vossos eleitores e serão recompensados.
Voltando ao Ensino e I&D: Não façam nada demais, porque ninguém os vai recompensar, e sobretudo não façam nada pelos outros.
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sábado, março 03, 2012
O meio ministro
Quem tutela o Ensino Superior e da Investigação Científica? Um Secretário de Estado. Juntos, Ensino Superior e Ciência e Economia não valem sequer um ministro inteiro. Estamos pior que antes quando tínhamos um ministro para o ensino superior e a Ciência. Ao menos tivemos novos estatutos com o RJIES e bem ou mal iniciou-se um processo de renovação da orgânica das Universidades e abriram-se perspetivas para uma auto-responsabilização da Universidades através de uma maior autonomia. Algumas até passaram a Fundações com plena autonomia. O resultado está á vista: tudo parado. O processo de passagem a fundação da UM está parado. A fusão do Técnico e da Universidade de Lisboa já vinha de trás, não havendo qualquer indício de com este governo haver incentivos para outras fusões. Se a UM quisesse entrar num processo semelhante, fusão com outra Universidade ou com um politécnico, já aqui referido, que apoio teria por parte dum ministério ausente? Muito pouco. Já basta não responder aos apelos dos reitores que com os cortes sofridos as Universidades não vão poder continuar como até aqui. Já sofremos de há alguns anos a esta parte nos departamentos a cortes que vão até ao papel higiénico. Agora com mais cortes, onde vai chegar? Os alunos nas engenharias e ciências, estarão muito e breve a ter só aulas teóricas, uma vez que as aulas laboratoriais necessitam de matérias primas, manutenção de equipamentos, técnicos de apoio (não substituídos depois de reformados), etc. Qual a moral de cobrar propinas cada vez mais elevadas em cursos de engenharia e ciências, com os cursos a deteriorarem-se de dia para dia? Um país sem educação de qualidade nestas áreas está a hipotecar o futuro. A engenharia e as ciências são a base duma economia saudável, embora há ministros que pensem que mais saudável ainda é vender pastéis de nata.
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sábado, fevereiro 25, 2012
A fé de alguns países e a reacção de outros: a via da Irlanda no ensino (2)
Temos tido algumas demonstrações de fé nos últimos dias por parte dos nossos governantes: é a ministra do ambiente que diz que tem fé que chova e é o primeiro ministro que tem fé que em 2013 o país volte aos mercados sem recessão e com a economia a crescer. Nada disto é realista mas tem que se admirar a fé dos nossos governantes. Para muitos de nós também não há na verdade muito mais que se possa fazer senão esperar, e ter fé é uma forma de esperar... e não fazer nada para inverter a situação. A fé mantem-nos quietinhos tal como acreditar no destino nos desincentiva de atuar. É o fado dos portugueses. Outros países quando confrontados com a adversidade têm seguido caminhos mais reactivos, reagindo com energia e confiança, lutando com as armas que têm. Na economia temos o caso da Islândia que usou a sua pequenez para não pagar a divida dos seus bancos. Temos a Grécia que usa a força dos seus sindicatos para na rua combater o inevitável rolo espremedor da troika duma forma que não deixa dúvidas. Temos a Irlanda cuja economia cresce mesmo com a troika, o que se deve a uma governação imaginativa, mesmo sendo um país católico como Portugal. Na Irlanda o pragmatismo fala mais alto que a fé. Já aqui exprimi o que é reconhecido à Irlanda como vantagem sobre Portugal: a educação. Teríamos muito a aprender sobre o pragmatismo da educação na Irlanda, voltado para a indústria IT e muito focado na formação profissional, mais do que na formação teórica. A nossa educação pelo contrário forma doutores nos politécnicos por exemplo, quando devia formar técnicos altamente especializados. Nós na UM tivemos uma oportunidade de termos uma associação com politécnico o do Cávado e Ave e perdemo-la. Eles sozinhos não têm "guidance" nós na UM perdemos uma hipótese de ter cursos técnicos altamente especializados, virados para as novas indústrias. Talvez se tivéssemos um futuro conjunto teríamos condições para fazer essa viragem, e não esperar e ter fé que os nossos cursos se tornem mais relevantes apenas mudando os nomes altamente motivadores (mas sem interesse para a indústria). Os consórcios defendido pelo anterior governo faria sentido neste caso, pois parece-me haver uma complementaridade entre Universidades e Politécnicos. Os politécnicos teriam contudo que deixar de ser Universidades de segunda e passarem a ser politécnicos de primeira, com uma componente técnica muito maior que a que têm neste momento. Há excepções, mas o IPCA não me parece ser uma e a UM poderia promover essa diferença e complementaridade simultânea entre as duas instituições, também para seu próprio bem. Poder-se-ia, partilhar recursos, nomeadamente humanos, e beneficiar também por essa via, através do intercâmbio de experiências diversas dos seus docentes e técnicos
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