Porquê que os media nomeadamente a televisão, incluindo a RTP paga por todos nós, tratam o resto do País como se de parolos se tratassem e alimentam-nos com festas e festarolas em que a chamada musica pimba impera? Até parece que querem manter o interior ignorante reservando para as duas maiores cidades o País culturalmente superior, tendo o CCB e a Casa da Música a como bolsas culturais num país culturalmente desertificado. Mesmo em cidades de dimensão intermédia, como Braga e Guimarães, os sucedâneos destes dois bastiões da cultura, como o Teatro Circo e o Palácio Vila Flôr não têm nada que se pareça em termos de programação cultural. Foram no entanto feitos esforços pelos presidentes das camaras destas duas cidades para ter algo parecido que facultasse estas cidades de algumas atividades culturais. Com a aproximação das autárquicas, será bom que se pense nesta vertente, a cultural, porque com os cortes na cultura, do governo não virá nada, e se vier será para as duas grandes cidades como sempre foi (não consta que o CCB tenha sido financiado com fundos da câmara de Lisboa nem a casa da música pela câmara do Porto !).
Há outra vertente, a das obra públicas, que têm unicamente beneficiado estas duas cidades, mas pagas por todos nós, como são os metros do Porto e de Lisboa. O mais escandaloso são estas negociações que estas empresas fizeram, os chamados "swaps", que nos irão penalizar ainda mais. São os juros especulativos, a serem pagos aos bancos, que já forma denunciados por todos, governo e oposição, que nos vão particularmente penalizar. Isto para os utentes destas das cidades terem um sistema de transporte que é muito mais barato que os praticado pelos TUB, os transportes de Braga, por exemplo.
Isto para concluir que a captação de pessoas para os distritos de Braga e Guimarães, será mais difícil do que para Lisboa e Porto. Com meios culturais mais pobres, as profissões como médicos por exemplo, vão privilegiar estas duas cidades, e com os transportes mais baratos e melhores, as universidades também são prejudicadas por tudo isto: os aluno pagam menos em Lisboa e Porto o que também conta para a sua escolha.
As Universidades e os serviços (saúde, tribunais, etc) destas duas cidades intermédias, Braga e Guimarães, ficarão sempre para trás se não se investir na cultura e nos transportes. A crise não pode servir de desculpa. Há outras formas de poupar dinheiro.
domingo, abril 28, 2013
terça-feira, abril 16, 2013
A escrita inteligente
Escrever com escrita inteligente como é o caso deste post, tem as suas vantagens por acabar o que começamos e de corrigir automaticamente o que escrevemos. No entanto tornamo-nos preguiçosos e descuidados com o que escrevemos. Não sendo uma ferramenta de ensino, não se aprende nada com ela. Faz-me lembrar algum do ensino que se faz por cá. A internet serve como a escrita inteligente nos trabalhos que muitos alunos apresentam e muito professores (não ) corrigem. Escreve-se uma palavra chave e já está: o texto aparece-nos à nossa frente para completar a nossa palavra chave e daí a aparecer um texto completo, que depois e uma questão de fazer um rearranjo para não ser detetado ou uma tradução caso seja em português, e também assim evitar a detecção de plágio.
Vivemos num mundo de facilitismos e quando as coisas se complicam não temos como fazer face a elas. Por isso aqueles que aparentam ser os melhores alunos, no mundo real não são os melhores profissionais. Sempre disse isso aos alunos e não será necessário dize-lo lá fora no mundo empresarial porque os empresários já conhecem esta realidade. Mas a culpa não e dos bons alunos, mas sim dos pais, que querem mostrar os êxitos dos filhos como sendo os seus, como se de trofeus se tratassem. Há excepções em alguma profissões mais cientificas, como médicos, biólogos, físicos, etc. Mas quando tanto se fala de empreendedorismo, esquecem-se que o melhor empreendedor será o que tem menos currículo por não ter os argumentos que um bom aluno com uma boa nota tem, para se acomodar num emprego estável e com futuro. Pelo menos era assim antes, porque agora têm que ser quase todos empreendedores porque empregos estáveis não há e com futuro...bem, só se o governo e a troika se forem embora antes que acabem com o futuro deste pais. E assim foi a primeira experiência da escrita inteligente...ou pouco inteligente, depende da perspectiva. O acordo ortográfico também não faz ainda parte desta escrita inteligente talvez para disfarçar a falta de acentos nos as e és, ou talvez seja um snob da escrita que o impingiu ao Steve Jobs ou ao sósia que o substituiu. E já chega de escrita "inteligente" porque essa e para gente preguiçosa, e assim acabo por onde comecei.
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domingo, março 31, 2013
A ciência, a gestão e as aulas
Vemos todos os dias nas Universidades alguns exemplos de atitudes entre os professores, que são de louvar. Vemos também exemplos de pessoas que se acomodam e que nos desiludem. Realçar os que são de louvar? Não há uma resposta fácil. Há a ideia que os casos de sucesso são um incentivo para os outros, mas serão? O problema é que nas Universidades há dois mundos: o da ciência e o da gestão. O primeiro é importante para os docentes subirem na carreira e o segundo é importante para a instituição e há quem defenda que serve também para se subir na carreira sem necessidade do primeiro (ciência). Aliás não há tempo para se cumprir os objectivos de um e de outro ao mesmo tempo. Mas os dois dão trabalho e se forem feitos com dedicação e derem resultados, são ambos recomendáveis. Quais destes casos são exemplos a seguir pelos mais novos?
Será para mim sempre um mistério que pessoas competentes em ciência se metem na gestão e que pessoas assumem muitas vezes cargos para os quais não têm o mínimo jeito ou afinidade. Pior ainda, quando pessoas que nem têm uma coisa nem outra, ou seja, que nunca fizeram ciência na vida e não têm jeito para a gestão, organizam a vida dos outros que fazem ciência.
Será que sou só eu que vejo a Universidade assim ou há por aí outros, têm uma visão diferente? Esses serão eventualmente aqueles que dão as suas aulas, não fazendo nem ciência nem gestão, e a sua atitude é a do comodismo, que resulta numa atitude amorfa sem pretensões nem em subir na carreira nem em gerir seja o que for. Dão as suas aulas e convencem-se que estão a cumprir o seu dever. Quais professores do secundário, dão as suas aulas, e o que fazem durante o resto do seu tempo, é um mistério. São esses, a maioria, que não põem os pés na Universidade em tempo de férias letivas, como foi patente nestas férias da Páscoa, o que não é sequer notado, ou é notado mas não é censurado nem controlado pelos seus superiores. Mas como a estratégia da UM centra-se à volta dos alunos, da burocracia em redor das aulas, com tudo e mais alguma coisa a ser preenchido pelos professores nas várias plataformas, esta faixa de professores "profissionais" entretêm-se com estas obrigações a atestar a sua dedicação, mas quanto a serem avaliados "no terreno" por outros mais experientes , isso não existe, podendo chegar ao ponto de tudo o que preenchem ser fictício. Ainda os professores do secundário vão ser avaliados primeiro na sala de aula que os Universitários, apesar de terem protestado tanto contra essa avaliação !
Será para mim sempre um mistério que pessoas competentes em ciência se metem na gestão e que pessoas assumem muitas vezes cargos para os quais não têm o mínimo jeito ou afinidade. Pior ainda, quando pessoas que nem têm uma coisa nem outra, ou seja, que nunca fizeram ciência na vida e não têm jeito para a gestão, organizam a vida dos outros que fazem ciência.
Será que sou só eu que vejo a Universidade assim ou há por aí outros, têm uma visão diferente? Esses serão eventualmente aqueles que dão as suas aulas, não fazendo nem ciência nem gestão, e a sua atitude é a do comodismo, que resulta numa atitude amorfa sem pretensões nem em subir na carreira nem em gerir seja o que for. Dão as suas aulas e convencem-se que estão a cumprir o seu dever. Quais professores do secundário, dão as suas aulas, e o que fazem durante o resto do seu tempo, é um mistério. São esses, a maioria, que não põem os pés na Universidade em tempo de férias letivas, como foi patente nestas férias da Páscoa, o que não é sequer notado, ou é notado mas não é censurado nem controlado pelos seus superiores. Mas como a estratégia da UM centra-se à volta dos alunos, da burocracia em redor das aulas, com tudo e mais alguma coisa a ser preenchido pelos professores nas várias plataformas, esta faixa de professores "profissionais" entretêm-se com estas obrigações a atestar a sua dedicação, mas quanto a serem avaliados "no terreno" por outros mais experientes , isso não existe, podendo chegar ao ponto de tudo o que preenchem ser fictício. Ainda os professores do secundário vão ser avaliados primeiro na sala de aula que os Universitários, apesar de terem protestado tanto contra essa avaliação !
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sábado, março 23, 2013
Competências e consequências nos Cursos tecnológicos da UM
A criação de competências nos vários cursos está definida pelos RAs, resultados de aprendizagem desde o processo de Bolonha. É um exercício que os professores fazem automaticamente. Sabem os professores que o fazem se por exemplo o departamento tem recursos para cumprir tais objetivos? Claro que não. Se fizessem um estudo sério, verificariam que em muitos casos não existem nem recursos humanos nem materiais para cumprir como o que está escrito nos RAs. Os departamentos mais tecnológicos por força dos cortes nos últimos anos, têm os equipamentos envelhecidos ou mesmo parados. Os próprios centros de investigação, que podiam ajudar, ou não o fazem porque os equipamentos estão alocados aos investigadores que se candidataram a projetos de investigação ou porque os projetos não financiam normalmente equipamentos. Há ainda os bravos diretores de departamentos de áreas tecnológicas que promovem os seus cursos como conferindo competências para os seus alunos contribuírem para uma indústria de futuro, quando os alunos trabalham com máquinas do passado e muitos passaram pelos cursos sem ter tido uma única aula prática da sua especialidade.
Estamos numa nova vertente do ensino, constituída maioritariamente por teoria, muita dela depois avaliada através de mini-dissertações, baseadas em informações que se obtêm através da net. A maioria dos alunos, e alguns professores, já não recorre às publicações da especialidade, mas sim a motores de busca, que só abordam generalidades.
Assim vão as competências atribuídas a muitos cursos tecnológicos. Ou o governo investe nas infraestruturas das Universidade ou bem pode dizer adeus às competências dos futuros engenheiros, químicos, físicos, médicos, farmacêuticos entre outros.
Há ainda a considerar os doutoramentos. Hoje não é difícil tirar um doutoramento em engenharia. Pode-se entrar com a nota dez no programa doutoral e a partir daí é quase tudo de nível de Mestrado, na maior parte das vezes. Ninguém controla e os júris são escolhidos a dedo, não vá haver azar. Quem decide é um órgão que é basicamente uma comissão de curso escolhida pelo diretor do centro de investigação. Transformam os doutoramentos em cursos! Talvez fosse mais honesto chamá-los doutoramentos via ensino, porque os de investigação não se encaixam em dois anos de investigação que lhes são destinados. Que preparação ou competência um doutoramento destes dá ao aluno? Será que dá para entrar na Universidade como Professor Auxiliar? É este o corpo docente do futuro?
Bom, mas mudando de assunto para responder a um colega que afirma que um ministro á frente de um ministério onde ocorreram irregularidades, não por sua culpa direta, não se deve demitir, isto a propósito da demissão de Jorge Coelho quando da queda da ponte de Entre-os-Rios Ora essa não é a ideia geral que subsiste entre os eleitores e quando a honra está em causa, que subsiste entre os próprios responsáveis pelos ministérios. Assim é em países desenvolvidos como o Japão, o Reino Unido e os próprios EUA. Se um ministro não detetou um problema grave no seu ministério e considera que não o fez ou por distração ou por impossibilidade ou mesmo incapacidade, considero que o mais correto é demitir-se. Será diferente para os ministros ou primeiro-ministros que abandonam o cargo para assumirem outros cargos mais vantajosos do ponto de vista pessoal e financeiro. José Barroso e António Guterres são disso exemplos. Será que no nosso universo a demissão não seria uma via honrada? Há centros de investigação que se afundam lentamente há anos e no entanto continua tudo como se nada fosse. Não há renovação do pessoal dirigente também não há renovação de mentalidades. Aqui a demissão seria mais por incapacidade embora em muitos casos haja responsabilidades diretas. Há centros de engenharia que enveredaram há anos por conceder doutoramentos em áreas onde não têm competências, como seja o Marketing. Houve já consequências gravosas tais como plágio que envergonhou a Universidade e em particular o Centro e departamento em causa. Houve demissões? Não. Talvez seja altura de as haver, pois são os mesmos que são responsáveis pela área de Marketing e o Centro e Departamento em causa continuam a promover este tipo de doutoramento sem ter em atenção o passado.
sábado, março 16, 2013
As contradições do sistema eleitoral das Universidades
As eleições para o Conselho Geral já foram e ficou tudo como dantes. A Universidade não se renova, continua. Não porque a maioria esteja satisfeita com a equipa atual, mas talvez porque não há alternativas que tivessem sido reconhecidas como tal. Há que reconhecê-lo. Um empate técnico no corpo dos professores e investigadores é disso um sintoma. Tanto assim é que nenhuma das listas alternativas tinha um nome para reitor. Embora não tenha sido esse o objetivo das eleições, será esse o corolário principal do resultado das eleições, ou não fosse o reitor com a maioria do CG do seu lado, o absoluto senhor das suas decisões. Uma minoria no Conselho Geral não será impedimento de qualquer decisão por parte do reitor, será mais uma voz, só isso. Penso que isso é claro para todos. O mais caricato é que a maioria é decidida pelos estudantes. Devia haver no regulamento uma norma que impedisse isso de acontecer. Afinal não são os Professores e os Investigadores aqueles que decidem sobre o ensino e a investigação, os pilares da instituição universitária? Os alunos, devem ter um dizer nestes assuntos mas não deviam ser o fiel da balança como estão de novo a ser (já o foram nas últimas eleições). Para além do facto de a votação ter tido mais de 90% de abstenção entre os estudantes, não sendo por isso representativa desse corpo, á ainda a questão da própria Associação estar por detrás da lista vencedora. Pode-se dizer que houve uma intenção concertada por parte da Associação em ter uma posição importante no CG e daí tirar dividendos. Por outro lado teremos os cooptados também com um peso importante nas decisões, talvez demasiado importante para quem tem outras prioridades na sua vida profissional.
Mas o pior não será esta situação de continuidade no topo. O pior é a continuidade nas Escolas e nas sub-unidades orgânicas, Centros e Departamentos, duma política de imobilidade, e isso não se resolve com eleições, uma vez que os protagonistas estão demasiado próximo de eleitores, havendo um jogo de interesses contínuo entre eleitores e eleitos.
domingo, fevereiro 17, 2013
Fund-raising
Com a crise e cortes no orçamento das universidades vem o reitor sugerir em entrevista à televisão o "fund-raising", ou seja a angariação de financiamento junto de mecenas. É uma prática que se faz lá fora, nomeadamente os EUA e Reino Unido segundo o reitor. É uma verdade que existem laboratórios inteiros, bibliotecas e salas de operações financiadas por mecenas desses países. Normalmente os mecenas fazem parte do "board", uma espécie de Conselho Geral das universidades portuguesas, talvez com um poder semelhante. A questão põe-se então, se não seria de angariar membros co-optáveis para o Conselho Geral com base nas suas contribuições financeiras para a Universidade, ou pelo menos sendo esse um dos critérios de seleção? Afinal esses membros externos vêm maioritariamente de empresas e bancos, e alguns foram alunos da UM. Pode-se argumentar que a Universidade estaria a pôr nas mãos de empresários o seu futuro, o que subverte o princípio do ensino público. No entanto, os membros externos, mesmo sem qualquer contribuição para a Universidade, a não ser a sua "experiência", já fazem parte do Conselho Geral e embora em minoria, juntos com os Professores que os co-optaram e seguindo as suas orientações, já influenciam bastante as decisões tomadas por este órgão que define a estratégia da UM. Talvez se tivessem contribuído financeiramente, e fosse esse o critério de co-optação e não o facto de serem conhecidos e porventura "acquaintances" dos professores que os co-optaram, seriam mais independentes quando na tomada de posição sobre a instituição para a qual contribuiram de alguma forma, fosse muito ou pouco. De outra forma, sentem-se agradecidos pela honra de terem sido convidados, e, sem qualquer força de alavancagem ("leverage" - mais um anglicismo !), não se opõem àqueles que os convidaram e que lhes permite passearem o seu cartão de membros do Conselho Geral nas suas múltiplas funções sociais. Se o reitor quer imitar os sistemas capitalistas que refere, ao menos que o faça como deve ser, oferecendo algo em troca, e não uma coisa tão vaga como "missão" da Universidade, porque isso não tem valor para um investidor, por muito "mecenas" que seja.
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sábado, fevereiro 09, 2013
Eleições para o Conselho Geral, para que servem?
As eleições para o Conselho Geral estão aí à porta. Há já 3 listas, sendo uma delas afeta à reitoria, como se percebe pelos elementos que a constituem, e as outras são as mesmas que já se candidataram nas últimas eleições. A campanha vai começar e ficamos com a sensação que há uma outra realidade paralela que não esta e que preocupa mais os potenciais eleitores. São os cortes que já se fizeram, na FCT e nas bolsas dos alunos, e serão agora os cortes gerais de 900 milhões no ensino que serão em grande parte no ensino superior. Mas estas questões que obviamente preocupam os eleitores não deveriam estar totalmente desligadas das eleições para o Conselho Geral, uma vez que tudo conta. Se tivermos no Conselho Geral um conjunto de pessoas que lutam contra este estado de coisas já ajuda. Se este grupo de pessoas for maioritário e eleger um reitor que também tem o sentido de defesa dos superiores interesses da instituição, também ajudará. Mas o que mais ajudaria seria haver uma maioria para eleger um reitor que trouxesse à instituição uma atitude de humildade perante a Academia, e os ouvisse constantemente, ouvisse os seus receios, as injustiças de que se queixam, e depois se empenhasse num sistema justo de avalição tanto e funcionários como de professores. Sem incentivos económicos, ao menos que haja incentivos no reconhecimento do mérito daqueles que mais se esforçam.
quarta-feira, janeiro 09, 2013
Horários pós-laborais, quem os quer?
Quem dá aulas práticas em cursos pós-laborais em Azurém, como é o meu caso, depara-se com situações que muitas vezes rondam o caricato. Já não basta não ter as mesmas condições que de dia, muitas vezes pela ausência do técnico, que nem sempre está disposto a trabalhar à noite (até às dez), há também a questão dos acessos a partir de uma determinada hora. Imagine-se que deixa o computador no gabinete porque não o necessita para a aula prática e por volta das 9:30 vai buscá-lo. Não recomendo. Ontem fiz exatamente isso e quando estava para voltar para o laboratório estavam todas as portas de acesso ao edifício B, onde fica o gabinete, encerradas. Como nunca telefonei para o segurança não sabia o número de telefone. Por sorte a técnica ainda estava no laboratório pelo que lhe pedi que telefonasse. O mais caricato é que o segurança não queria vir abrir a porta e a técnica teve que ir ao seu gabinete insistir. Finalmente veio, abriu a porta e resmungou qualquer coisa como "o meu colega é que não queria..". Ainda lhe disse se as aulas são até às 10:00 horas da noite então todos os acessos devem estar abertos e não fechá-los às 9:30 horas como aconteceu. São estes e outros contratempos que fazem com que os professores não queiram dar aulas pós-laborais. Desconfio que só dá essas aulas quem tem esse sentido da responsabilidade ,,,e quem não se pode esquivar.
terça-feira, janeiro 01, 2013
Fim do ano com mais notícias a alimentar cortes no Ensino Superior e princípio de outro com esperança
Acabou mais um ano e com o cair do pano ficámos a saber pelo Expresso mais sobre o BPN e a corrupção que lavrou naquele banco durante o mandato duns senhores que agora se passeiam com os seus iates e outros luxos provenientes de empresas off-shore onde colocaram o dinheiro obtido através de empréstimos fraudulentos. Só o Oliveira e Costa está preso e mesmo assim em prisão domiciliária. A grande maioria desses senhores eram do PSD, com cargos importantes, desde ministros a dirigentes do partido. Poderiam ser de outro partido, sim porque em corrupção não há exclusividade, mas a verdade é que não; eram do PSD e ainda por cima do governo do Cavaco Silva. Onde está a vergonha? Mais de 4 mil milhões é quanto se estima que já vai o prejuízo para o Estado, quantia que agora o governo quer cortar no serviço nacional de saúde e na educação. Há ainda os 3 mil milhões dos submarinos que o dr. Paulo Portas, membro do governo, não nos esqueçamos, comprou e que estão envoltos também em corrupção.
Já se sabe que o ensino superior vai ser dos mais prejudicados, uma vez que não é um sector que para a população seja tão importante como o ensino básico e mesmo o secundário. Preparemo-nos para arcar com parte deste prejuízo. O pior é que já não há onde cortar a não ser nos salários e aí só se for por reformas ou despedimentos. Ninguém se lembrará do Oliveira e Costa e dos seus capangas quando colegas seus forem para a rua. Provavelmente falarão de termos vivido acima das nossas posses durante os governos socialistas, com a construção de autoestradas desnecessárias e de gastos sumptuosos na reabilitação das escolas. A imprensa, pertencente a grandes grupos económicos, tratou de meter na cabeça de todos que essa é a verdadeira razão. Mas se também contribuiu para o descalabro, ao menos sabemos que as escolas têm melhores condições e que as autoestradas existem e sem elas o interior ficaria mais isolado, mas os submarinos levam-nos aonde? Só se for para o fundo.
Com este cenário, só resta termos esperança na justiça, para que se prendam os responsáveis e se recupere algum do dinheiro, e esse é o meu desejo político para o próximo ano.
Os meus desejos humanistas, são mais para a saúde e bem-estar de todos, e quando falo em bem-estar gostaria de pensar mais naqueles que perderam seu emprego e que se vêm aflitos para manter a vida, pelo menos digna, a que estavam habituados. A minha esperança é que é nestas alturas que o engenho humano vem ao de cima e contra tudo e todos consegue vingar e tornar a sociedade mais produtiva e mais justa.
sábado, dezembro 29, 2012
A estratégia da UM: 2-contribuir para a economia e industrialização do País
O ano que passou, como já tinha constatado anteriormente, até que não foi muito mau para o ensino superior, nomeadamente para a UM, por haver uma entrada de alunos sensivelmente igual aos anos anteriores e segundo o seu plano os alunos poderão até aumentar. Como já referi anteriormente, quantidade não tem nada a ver com qualidade e no que refere à qualificação dos alunos na sua vertente prática, por exemplo, o problema já vem de trás. Há anos que o orçamento para verbas de capital, por exemplo, são tão exíguas que os laboratórios dos departamentos de base tecnológica, os da Engenharia e os das Ciências por exemplo, não têm renovação e muitos nem sequer têm manutenção. Há um outro aspeto que corre paralelo a este, que é o das aulas experimentais (práticas) terem diminuído muito por opção dos departamentos que não querem desperdiçar professores com esse tipo de aulas desde que o regulamento não autoriza o desdobramento de turmas e portanto a contabilização de horas. Há ainda a bolonhização do ensino nas engenharias que privilegia os trabalhos teóricos em grupo, através dos projetos integrados sem exigir a componente experimental desses trabalhos. Assim, temos os alunos a saírem dos cursos de Ciências e Tecnologia com cada vez menos capacidade (skills) de atuar na prática e muito mais de teoria. Será que é também analisado como se gastou o dinheiro nos anos anteriores quando se faz uma retrospetiva necessária a qualquer plano estratégico, no nosso caso, um plano estratégico para a UM? No passado foi um esbanjar de recursos que vão ainda por cima constituir custos fixos para sempre, como por exemplo ordenados de diretores promovidos através de dotações para os Serviços, como aconteceu por exemplo nos Serviços Sociais, cujos pesados orçamentos transitaram do anterior reitor para o atual, a formação de divisões com uma ou duas pessoas só com o intuito de promover alguém a chefe de Divisão, o recurso constante pelos Serviços Técnicos à subcontratação quando têm pessoal que então não se sabe para que serve. O dinheiro vem todo do mesmo bolo e penso que tendo a Universidade Autonomia tanto pode gastá-la desta forma como em verbas de capital ou de manutenção. Mas mesmo que não pudesse, e se estivessem só s a considerar salários, já houve a necessidade da Universidade despedir professores convidados ou reduzir-lhes o salário para 60 ou mesmo 30%. Alguns desses professores lecionavam precisamente as aulas práticas, fosse das Ciências ou Engenharias ou mesmo das humanidades, dado que são muitas vezes profissionais com experiência profissional que lhes permite transmitir essa componente melhor do que colegas seus que nunca tiveram essa experiência. Por todas estas razões, os alunos da UM saem com menos valências do que seria desejável para enfrentarem os desafios que se colocam quando integrarem o mundo real das empresas. A estratégia do reitor para a UM deveria contemplar um correção deste caminho se quiser melhor contribuir para o tecido industrial, quando afirma que o País e a Europa deveria contribuir para a economia apostando na industrialização.
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sábado, dezembro 22, 2012
Estratégia da UM: 1- aumento de alunos
Agora que estamos a chegar ao fim do ano, olhamos para trás e vemos que o ano até não foi tão mau como se esperava para o ensino superior. Os cortes foram minimizados à última hora, fruto da pressão que os reitores fizeram junto do ministro Crato, e o número de alunos e a nota de entrada manteve-se. A Universidade do Minho entretanto pela mão do reitor apresenta um plano estratégico otimista, em que um dos pontos fortes é o do que número de alunos que aumenta. Como? Principalmente com alunos estrangeiros do segundo e terceiro ciclo, referindo-se como prioridade os alunos dos países de língua portuguesa. Já é aliás uma realidade a presença de alunos provenientes dos países de países da CPLP, Brasil com o maior número. Os alunos que cá vêm, de várias origens académicas, têm como objetivo obter um diploma que lhes vai valer bastante no país de origem, sendo certo que têm a noção que isso é quase garantido. Quem lhes confere essa noção não sei. Talvez seja do que já ouviram de colegas que já obtiveram o diploma ou se são os professores que lhes transmitem esse facilitismo. Penso que será um risco para a imagem da Universidade transmitir essa mensagem de facilitismo, porque a mensagem a médio prazo para o exterior, seja no país de origem ou seja no estrangeiro em geral, vai mais tarde provocar danos no recrutamento demais aluno desses países, por os futuros alunos e as instituições que os subsidiam não considerarem o nosso ensino suficientemente exigente. Nós próprios que também não tinhamos condições na altura para fazer cá o doutoramento, quando procurávamos locais para doutoramento no estrangeiro, procurávamos as melhores instituições, conscientes que o seu nome iria ficar colado para sempre ao nosso currículo.
Concluindo, quando se fala em quantidade, neste caso de alunos estrangeiros mas que se aplica também aos alunos nacionais, fico sempre preocupado com a qualidade.
Concluindo, quando se fala em quantidade, neste caso de alunos estrangeiros mas que se aplica também aos alunos nacionais, fico sempre preocupado com a qualidade.
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domingo, dezembro 16, 2012
O RJIES para profissionais de eleições
Estamos no meio ou fim de eleições para os Conselhos das Escolas e a caminho das eleições para o Conselho Geral da UM. Por muito democráticas que sejam as eleições para estes órgãos, o que de facto está a acontecer são movimentações para a eleição dos futuros líderes, sejam os das Escolas ou, no caso do Conselho Geral, o próprio reitor. Assim, o RJIES, tira à Academia a possibilidade de votar diretamente para estes lugares de topo. O Universo dos eleitores da Universidade seria demasiado amplo para poder haver este tipo de jogo, sendo por isso muito menos permeável a pressões e angariações de apoiantes do que com o regime atual de eleição de colégio eleitoral. Na perpetuação dos lugares pelos mesmos de sempre, o RJIES serve-lhes às mil maravilhas. uma vez que têm ao longo dos tempos juntado grupos de apoiantes em lugares chave, que lhes são dedicados, e que trabalham nos bastidores para conservar os seus privilégios através da angariação de votos de subordinados, demasiado vulneráveis para não alinharem. Outros, que não estão no poder mas querem lá chegar, socorrem-se muitas vezes de argumentos populistas, muitas vezes conotados com um certo facilitismo para a carreira dos Professores, como seja o processo de avaliação. Nem num caso nem noutro a democracia fica bem servida. O que se passa com as listas é uma extrapolação do que se passa nos departamentos, em que por serem unidades mais pequenas a totalidade dos eleitores do departamento é também angariada por estes profissionais de política, para alcançarem o seu objetivo. E quem são estes profissionais? São normalmente professores como nós. Têm no entanto uma agenda diferente que a maioria dos professores. São ambiciosos e querem os lugares de topo para se vangloriarem perante os demais mortais com o seu ego e assim provarem a si próprios e aos outros que têm uma missão, que é demasiado importante para se entregar a outros, sendo os outros todos nós.
sábado, dezembro 08, 2012
O reitor da UP no seu melhor desmistifica funções e eleições para o Conselho Geral
Fez o reitor da Universidade do Porto mais uma demonstração
de não gostar das eventuais limitações do seu cargo, que quanto a ele devia-lhe
conceder poder absoluto. Primeiro foi uma tentativa de eliminar as eleições das
faculdades, para ser ele a mandar diretamente. Agora quer interferir com o
ECDU, o Estatuto da Carreira Docente Universitária, nomeadamente nos concursos
para os lugares de Professores Catedrático e Associado. Afirma que os
avaliadores que são escolhidos segundo o seu currículo, e com uma categoria
superior ao do candidato, nunca podem avaliar tão bem como o senhor reitor que
foi quem delineou a estratégia para a Universidade. Pode-se ser no blogue empreender de Vasco Eiriz o relato:Tal como está, vem um júri de sete pessoas, a maioria de fora, e a gente acredita que o júri vai escolher a pessoa mais adequada, mas o júri não conhece a estratégia da universidade. Apesar disso, o júri diz ‘Pá, é este’ E com base em que aspeto da
estratégia é que o sr. reitor escolhe o candidato? Só pode ser com base na
excelência científica e pedagógica ou não é assim? Nesse caso não serão os
Professores da mesma área científica como o ECDU impõe que estarão em melhor
posição deavaliar os candidatos que o sr reitor? Ou a avaliação tem outros
contornos como sendo uma sintonia com uma estratégia do reitor? Se isto não é deturpação
de todos os princípios de objetividade, então que se explique melhor o sr reitor
da U.P.! Agora que já não tem mais nenhum mandato a cumprir, as tentativas
desesperadas de controlo absoluto são umas atrás das outras! Como pode um
Conselho Geral pactuar com tais atitudes? Ou será que ele tem maioria no
Conselho Geral uma vez que foi eleito por esse órgão? Aí estão as contradições
do RJIES no que respeita ao Conselho Geral, nas suas supostas funções, que são
fiscalizar as ações do reitor, o que manifestamente não pode fazer uma vez que
o elegeu. Na Universidade do Porto ou noutra qualquer. Este é um exemplo do pior
do RJIES que se refletirá nas eleições para este órgão na U.M. uma vez que os
eleitores têm essa percepção, que a eleição para o Conselho Geral só serve para
eleger o reitor.
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sábado, dezembro 01, 2012
Os enigmas na avaliação de funcionários e professores
Na avaliação dos Professores não se sabe se os resultados vão ser
divulgados. Discutiu-se muito no passado de os então resultados das avaliações e
no caso da Escola de Engenharia a discussão incidia sobre um relatório bianual preenchido pelos Professores. No caso dos
funcionários li uma notícia de um caso no tribunal de um funcionário que contestou a
sua avaliação e que queria saber quem eram os felizes contemplados com
excelente no regime de quotas. O tribunal deu-lhe razão. Não entendo porque é
que as Universidades não divulgam quem teve excelente, por exemplo. Seria
natural que isso funcionasse como um estímulo para os próprios e para os
outros. Ou não. Pode até acontecer que alguns desses excelentes sejam
atribuições que não contemplam somente o mérito relativo aos outros
concorrentes, o que num regime de quotas prejudicaria os outros candidatos à
classificação de excelente, como supostamente teria acontecido no caso
relatado. Pela razão do estímulo ou pela da transparência, seria importante
revelar pelo menos quem teve excelente. Já os outros com muito bom, bom ou
inferior, não se ganha nada em revelar e poderia ser incómodo para quem teve
classificações baixas, em termos de imagem e auto-estima, podendo inclusive ser
usado contra o avaliado pelos seus superiores. Nestes casos seria mais correto divulgar
com autorização do avaliado. No caso dos Professores, a avaliação na Escola de
Engenharia por exemplo, teve a particularidade de permitir que os Professores optassem
por não ser avaliados no período de 2008-2012, o que no reglamento original
seria só aplicável aos anos anteriores a 2008. Isto por si só implica que neste
caso a avaliação por quotas, os excelentes, fique comprometida. Por isso
teremos que esperar até à próxima avaliação para sugerir que os excelentes
sejam divulgados. Depois ainda há a complicação do resultado ser anual e não
referente ao período completo. Parece que já se fazem os regulamentos da
avaliação para que não sejam completamente transparentes, tanto no caso dos
funcionários como dos Professores. No primeiro caso a avaliação é potencialmente subjetiva, por não haver, como há no caso dos Professores, parâmetros claros e
quantificáveis (publicações científicas, por exemplo). No caso dos Professores
avançam e recuam constantemente com o processo de avaliação, provocando uma
confusão tal que ninguém ao certo sabe se vale a pena ser avaliado ou não,
independentemente de não ser previsível a compensação remuneratória por via dos
escalões para queles que alcançam o excelente, devido aos cortes orçamentais na
função pública. Mas ao menos seria um reconhecimento do trabalho desenvolvido
por aqueles que ainda levam muito a sério as suas funções.
quarta-feira, novembro 14, 2012
Os cortes anunciados serão denunciados?
O reitor junto com outros reitores, pôs a nu aquilo que nos espera. Não tive oportunidade de estar presente mas na imprensa veio mencionado um rol de cortes que se têm que fazer na UM, desde cortes no aquecimento à possibilidade de despedir pessoal, uma vez que aparentemente por mais que se corte na energia e naquilo que diz respeito às instalações, nunca chega aos mais de 9% de cortes exigido pelo governo. Sendo este o propósito do governo, aliado ao facto de haver intenção de despedir funcionários públicos, não restam muitas dúvidas que serão esses os próximos cortes. Quando isso acontecer, através de rescisões amigáveis no início e coercivas depois, quero ver quais serão os critérios usados. Serão os serviços a indicar os que estão "a mais", mais provável, ou será um corte baseado em avaliações feitas nos últimos anos? Ou será um misto de ambos? Haverá com certeza injustiças, mas uma coisa e certa, só quem fica ficará para contar a história e mesmo assim cada história de cada injustiça será segredada e não denunciada. Oxalá me engane.
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quinta-feira, outubro 25, 2012
Trabalhar para aquecer
O Reitor veio dizer que é necessário cortar no aquecimento no inverno devido a cortes no orçamento da UM. O reitor do Instituto Superior Tècnico prefere fechar por períodos de tempo as instalações. E fechar de vez? Cortar no aquecimento ou fechar de vez as instalações? Talvez seja melhor fechar porque "trabalhar para aquecer" é o que já se vai fazer em muitos locais de trabalho das universidades, perdoem-me a provocação. Mas numa visão pessimista, se os cursos de humanidades não têm saída (por não haver lugares para os professores e psicólogos nas escolas), se a investigação não se aplica nas empresas e a ID fundamental de excelência (uma aposta no futuro)não vai sobreviver com os cortes anunciados da FCT, se o ensino de enfermagem e de engenharia civil é para benefício dos países para onde emigram os jovens licenciados, se os outros cursos de engenharia vão pelo mesmo caminho, se o direito gera advogados para o desemprego, a gestão idem aspas, então o ensino será mesmo só para "aquecer". Este governo que pense nisso e que veja bem o buraco em que nos está a meter.
domingo, outubro 21, 2012
Reitor da Universidade do Porto afronta faculdades
Nem tudo vai bem nas novas universidades-fundação. Na
Universidade do Porto o reitor Marques dos Santos tenta controlar as faculdades
através da introdução de alterações ao estatuto da universidade a que preside,
como noticia o jornal Público, com a introdução de uma nova regra que lhe permite nomear os diretores das
faculdades que até agora são eleitos pelos Conselhos de Escola. Para tal, tem o
Conselho Geral a apoiá-lo mas tem quase todos os diretores das faculdades,
contra. Argumentam que a medida é um retrocesso na democracia da instituição,
argumento que não haverá muita gente que conteste. O que deu no reitor para
seguir o caminho da confrontação? Os resultados das faculdades têm sido fracos?
Pelos vistos não. Então porquê? É óbvio: porque não quer autonomia das faculdades para
poder ser ele a mandar através de "yes-men" que nomearia para a direção das faculdades.
Mas um reitor tem que reger a sua Universidade pelo consenso não pela força e
isso ele não percebe. A democracia tem muitas vezes o condão de favorecer o
despotismo, por via da astúcia dos seus utilizadores, como ao longo da história
exemplos como os Bórgias o demonstraram. Neste caso é óbvio que o reitor
esperou pelo seu segundo mandato para implementar estas medidas não se
sujeitando a um novo escrutínio. Mas também tem a virtude de deixar alternativas
aos eleitores entre eleições, ou seja, a possibilidade de se manifestarem nem
que seja pela contestação geral e contínua a estas medidas.
quinta-feira, outubro 18, 2012
Os três macacos
A universidade é um objetivo de muitos jovens que ambicionam
ter um dia um diploma que lhes permita ter um futuro mais seguro. No entanto
já não é assim tão linear, como tem vindo a ser transmitido pelos órgãos de comunicação.
Mas se é não assim, então qual é a saída? Muitos já pensam que vão emigrar e
admitem que até é melhor do que ficar em Portugal sem qualificações e/ou sem emprego.
Outros vão ficando em Portugal na esperança das coisas mudarem. Não há no
entanto uma luz ao fundo do túnel conforme a maioria dos especialistas sustenta
ao serem interpelados quanto ao orçamento de estado proposto por este governo.
Vai haver austeridade em cima de austeridade, segundo se afirma. Os impostos
são elevados e o consumo vai baixar implicando maiores dificuldades das empresas
e dispensa de mais trabalhadores. É este o cenário. É um atentado para com as
novas gerações e portanto contra o país, uma vez que são elas o futuro do país.
Temos pois um país em queda livre. Perante o coro de protestos, que fazem os
nossos governantes? Fazem como a troika, ou seja, como o os três macacos: não
ouvem, não falam, não vêm.
sábado, outubro 13, 2012
Andar para trás no Ensino Superior
Tanto se discutiu o RJIES e tanta energia se gastou nas
universidades para a sua implementação, para agora na mudança de governo se
querer revogar o RJIES e alterar os princípios fundamentais que originaram este
regulamento, ou seja, uma maior agilização da governação do ensino superior e
uma maior autonomia tendo como objetivo final a passagem de fundações, para
aquelas universidades que tivessem condições para o poderem ser. Agora o
ministro já não se limita a querer acabar com o regime fundacional para as
universidades, matando à nascença algo que poderia dar novas perspetivas de
desenvolvimento às Universidades conforme já aqui referi, mas também quer
revogar o próprio RJIES. Os reitores contestam o facto de não terem sido
consultados. Timidamente, mas vêm-no dizendo nos últimos dias. Os reitores são
tratados pouco melhor que o resto de nós, Professores Universitários. E o que
justifica toda esta fúria destruidora? A austeridade? Neste governo nada se faz
com outros objetivos, como por exemplo, uma melhor performance, mas sempre com
o argumento da poupança. Tanto se poupa no ensino superior e no I&DT que se
põe em causa o desenvolvimento tecnológico de Portugal. Pois se também não
modernizarmos as nossas instituições do Estado, livrando estas instituições da
burocracia de décadas, como se estava a tentar fazer no ensino superior com a
agilização dos processos como o RJIES,e como já se fez noutras áreas
administrativas (a loja do cidadão é um exemplo), então ficamos definitivamente
para trás na corrida ao desenvolvimento. Numa sociedade moderna não têm lugar
as teias da burocracia que só servem para dar que fazer a alguns, dar
importância a outros e em última instância, promover a corrupção, instrumento
de que os individuais e as empresas recorrem para agilizar os processos.
Vejam-se os países com menos corrupção, os anglo-saxónicos, são aqueles em que
há menos corrupção porque há menos burocracia. Os EUA e até certo ponto o Reino
Unido, são também os mais inovadores em grande parte devido à agilização dos
processos no ensino superior e no I&DT. Nestas instituições, nomeadamente
nas áreas da saúde, ciências e engenharia, as empresas financiam as
instituições e nos EUA financiam os Professores. Com a anunciada perda de
autonomia das Universidades e retrocesso no regulamento de gestão, em vez de se
ir por este caminho que até servia para compensar o financiamento do Estado,
que já sofreu cortes e vai ainda sofrer mais, dá-se mais um tiro no pé,
coartando a função de captação de receitas que as Universidades tinham vindo a
fazer e a aumentar progressivamente nos últimos anos. Haja algum respeito pelas
Universidades, nem que seja pelo tempo que se gastou na introdução do RJIES e
no caso das Universidades que passaram a fundações, no imenso trabalho de ajuste
à nova realidade.
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sexta-feira, outubro 05, 2012
A semana das más notícias para o ensino superior
Foi anunciado esta semana pelo ministro Vitor Gaspar o aumento do IRS para a classe média. Se não fosse a crise nos empregos em Portugal, e o desespero da generalidade dos potenciais candidatos a um emprego, será que alguém quereria ser Professor Universitário no atual cenário? Vejamos: com o aumento do IRS que para um Professor Associado, com ou sem agregação, uma vez que este governo retirou o aumento salarial indexado ao grau de agregado, ou Professor catedrático, poderá passar dos atuais 25% para os 40%, que implicará um ordenado de pouco mais de 2000 euros. Que sentido fará entrar com doutoramento como Professor Auxiliar, fazer o percurso académico e sujeitar-se a concursos para subir na carreira, quando pode entrar no setor privado, sem necessidade de doutoramento, seja uma empresa comercial, industrial ou de serviços, onde os ordenados são mais elevados à partida, onde a progressão é real e é sempre mais bem recompensada, podendo no privado cmo se sabe, haver outras formas de recompensar que não são abrangidas pelo IRS.
Outra má notícia para o ensino, foi a declaração do ministro que vai cortar na Educação. Onde? Já cortou o que podia cortar no ensino secundário. Se cortasse mais teria o sindicato dos professores em pé de guerra o que o ministro da educação não admitiria do seu colega das finanças. Resta o ensino superior, a não ser que o ministro retire os subsídios aos colégios privados, o que iria contra a filosofia dos seus colegas de coligação, Mota Soares e ca. Como não é provável que o faça, será o elo mais fraco no que diz respeito à capacidade reivindicativa, ou seja o ensino superior, que será o alvo dos cortes. No passado, foi sendo retirado aos poucos o que o ensino superior tinha de motivador; agora vão definitivamente torná-lo numa repartição pública, onde se entra e se sai ao fim de uma vida de trabalho, basicamente com o mesmo ordenado.
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