sábado, julho 09, 2016
A festa têxtil e os elefantes brancos
Decorreu esta semana no dia 7, no Instituto de Design em Guimarães, uma atividade que se designou por festa têxtil, organizada pelo departamento de Engenharia têxtil da UM e a Câmara de Guimarães. Neste certame o departamento de engenharia têxtil junto com algumas empresas, expuseram os seus produtos como forma de demonstrar o que de melhor se faz nestas entidades. Por parte do departamento, foram expostos protótipos de equipamentos e os visitantes, principalmente alunos de escolas profissionais locais que frequentam cursos têxteis, foram incentivados a aprender ciência com os protótipos. Como já é hábito em eventos organizados pelo departamento de engenharia têxtil ou o centro de investigação têxtil, 2C2T, não houve uma grande adesão por parte das indústrias têxteis ao evento. No entanto, houve uma mostra muito profissional das empresas que lá estavam com os seus produtos, e por parte do departamento, considerando os recursos limitados do departamento/Centro 2C2T. Houve ainda uma tertúlia que contou com a presença do presidente da câmara de Guimarães, do reitor da UM, do presidente da Escola de engenharia e de convidados. A plateia também participou. Um dos temas apresentados pelo moderador incidiu sobre o equipamento científico disponível para apoiar o desenvolvimento da indústria, argumentando que já se justifica um centro de investigação, apoiado pela indústria, que confira ao setor a importância que ele merece. Houve por parte do presidente da câmara um apoio a esta ideia, mas por parte do reitor e de Mário Araújo, ex-professor catedrático do departamento e convidado para o painel, houve uma recetividade um pouco fria. Mário Araújo considera que já existem alguns elefantes brancos, não especificando quais mas não foi difícil adivinhar quais os institutos que apoiam a indústria têxtil que poderia ser classificados desta forma por M.A. Argumentou que um centro com equipamentos, de topo, mas sem massa cinzenta seria um desperdício. Considera que se pode organizar consultas em rede aos institutos europeus existentes, sem necessidade de fundar mais um. Não explicou no entanto como, ficando no ar uma indefinição que sugere que esta forma de resolver o apoio ao setor também não seria procedente. O reitor também alinhou por uma opinião semelhante, embora defendendo o que já existe nessa área na região, e nomeadamente na Universidade. Também houve por parte da assistência, na pessoa do diretor do centro de investigação têxtil da UM, 2C2T, a defesa deste centro argumentando que serve este propósito. Não foi tida em conta esta intervenção, considerando-se que o centro está mal apetrechado, continuando o representante da indústria a insistir na fundação de um centro de alto nível apoiado pela indústria.
O problema é que não sendo esta indústria, têxtil, como outros setores que apostam em projetos de I&D, pelo menos o passado o tem demonstrado, não vejo como de repente pode desatar a comprar equipamentos sofisticados sem um plano bem definido de como e em quem investe, sem recursos humanos à altura de tão grandes ambições, sem capital, uma vez que se dia que a indústria está descapitalizada, e sem uma atitude de investimento na sua própria indústria em quadros altamente qualificados (numa escala já de si modesta), antes optando por técnicos intermédios ou querendo pagar aos engenheiros saídos da universidade o mesmo que a um técnico saído de uma escola profissional. É de facto sonhar alto e também já agora, falar alto. Houve no entanto algo que poderia ser aproveitado desta discussão pelo senhor reitor, que ele próprio aceita, que é aceitar o facto das instalações do centro de ciência e tecnologia têxtil e do departamento de engenharia têxtil, estarem degradadas, muitos equipamentos a precisarem de reforma. Também concordo que a indústria deve ser convidada a dar opiniões, já que investimento em I&D não é com a indústria, a não ser que seja comparticipada a 100% pelo Estado, seja diretamente ou indiretamente, como tem sido habitual com os programas de investimento PEDIP, QREN e agora Portugal 2020.
O reitor até concordou em não se fazerem mais elefantes brancos, como argumentou Mário Araújo. Esqueceu-se no entanto que noutras áreas continua a promovê-los, como recentemente o fez em parceria com um elefante branco já existente. Desde que seja Física podemos pelos vistos ter elefantes brancos, em áreas tecnológicas essenciais à região, já será um desperdício.
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sábado, julho 02, 2016
O Brexit e nós
O referendo no Reino Unido que resultou numa saída da Comunidade Europeia, o chamado BREXIT, devia dar que pensar a Portugal e aos restantes europeus, sobre o papel dos britânicos na história da Europa, no deve e haver. A Inglaterra jogou tudo neste referendo nas suas relações com a Europa, arriscando-se ainda a perder a sua ligação à Escócia e ao desmembramento do Reino Unido. Não o fez de ânimo leve, mas após anos de insatisfação com as políticas europeias de controlo da aspetos que considera dizerem só respeito aos ingleses. São inúmeras as ingerências da CE nos estados membros, algumas bem intencionadas, como a dos refugiados, outras menos bem intencionadas e mais focada nos interesses dos estados fundadores, como por exemplo a PAC, política agrícola comum. Se os países como Portugal ganharam muito com o investimento da CE, foi também graças à comparticipação nesse investimento por parte do Reino Unido. Não temos que alinhar com a Alemanha na condenação ao Reino Unido, uma vez que a Alemanha é quem mais nos controla e humilha. O reino Unido não fazendo parte do euro, manteve-se sempre à distância. Veja-se recentemente as declarações do ministro das finanças da Alemanha, o sr. Shauble! A provocar um efeito internacional de desconfiança ao afirmar que Portugal vai ter um novo resgate. Não sei se devemos alinhar com um país com um ministro que constantemente nos ataca ou se devemos alinhar com o nosso mais antigo aliado e que nunca pôs em causa a nossa soberania. A Alemanha esteve por detrás da troika que com a aliança do governo de Passos Coelho nos forçou a comer o pão que o diabo amassou durante 4 anos. E agora vem dizer, pela boca do seu ministro das finanças, que temos que ter um resgate! É caso para dizer, levaram-nos a esta situação para nos condenarem. A Inglaterra foi nossa aliada desde a batalha de Aljubarrota, assegurando a nossa independência de Castela, nossa aliada contra Napoleão, assegurando a nossa independência novamente, na primeira grande guerra, não nos atacando na segunda grande guerra mesmo quando Salazar fornecia volfrâmio aos alemães. Agora que precisa de alguma consideração por parte de Portugal e de países europeus, que beneficiaram muito da sua aliança na grande guerra, aliás dos próprios alemães que queriam se libertar do jugo dos nazis na sua própria terra, depara-se com um coro de ataques por parte do sr. Hollande primeiro ministro da França, país que a Inglaterra juntamente com os americanos libertou dos nazis na II grande guerra, e de países como a Polónia que tinha uma força de libertação aquartelada em Inglaterra também durante a querra. De Gaulle não queria a Inglaterra na CE, e boicotou a sua entrada nos anos 60, numa atitude que na altura foi considerada de quase traição pelos ingleses que o abrigaram , tal como aos polacos, durante a guerra. Agora François Hollande faz coro com a Alemanha para o Reino Unido fazer as malas e saír depressa, como quem diz, vai-te que nunca te quisemos cá. Menos mal a postura da senhora Merkel que tenta acalmar os mais intolerantes. A decisão de sair pode não agradar a muita gente, e não me agrada a mim tampouco. Mas a democracia é assim, e temos que respeitá-la. Estão no seu direito. E acima de tudo respeitar a história que temos em comum com o Reino Unido que foi em grande parte o leito do País independente que somos hoje.
quinta-feira, junho 23, 2016
O RJIES, a Fundação e o sistema (pouco) democrático de eleição dos orgãos de poder
Passado alguns anos de implementação do RJIES, e dos estatutos da UM, é de estranhar que não haja maior discussão das vantagens e desvantagens destes estatutos na vida e funcionamento da Universidade. O RJIES foi talvez dos regulamentos mais discutidos mas sem ter beliscado o fundamental do regulamento. Não se nota grande aclamação do RJIES pelos universitários ao longo destes anos. Pelo contrário. No caso dos funcionários, logo desde o princípio houve uma reclamação, que não foi atendida, de só terem um lugar no órgão máximo de governo da Universidade, o Conselho Geral, composta por 25 elementos. Sempre achei que tinham razão por me parecer um medida elitista. Por outro lado, a experiência mostrou que o Conselho Geral é dominado por uma maioria, oriunda de uma lista que ganhou as eleições, e que uma vez no poder, dificilmente outros que não fizeram parte dessa lista terão influência nas decisões. Este sistema funciona num quadro político, como num parlamento ou assembleia, mas não é benéfico para a instituição por não haver forma de controlar o que provém da reitoria. Curiosamente é definido pelo RJIES que é o Conselho Geral que define a estratégia da Universidade. Todos percebemos que não é assim. O reitor, apoiado pela lista que o elegeu, é que define a estratégia. O Conselho Geral poderá ter comissões para tratar dos detalhes, mas as linhas gerais, são definidas pelo reitor. Outro aspeto já muitas vezes focado aqui neste "expositor" pessoal, é de que o RJIES transformou uma democracia direta numa democracia indireta, uma vez que o reitor não é eleito por todos os membros da Academia, mas por uma espécie de colégio eleitoral, ou seja o Conselho Geral, que até já tem o candidato escolhido aquando da formação das listas. É por demais evidente, que o espírito do RJIES ao permitir qualquer candidato a reitor, desde que seja Professor Catedrático, e até encoraja a que seja de fora da Universidade em questão, é totalmente falseado ao ter candidatos já pré-definidos aquando da candidatura das listas, sendo que o reitor é um apoiante, declarado ou encapotado, de uma das listas. O mesmo sucede nas Escolas, que á imagem da Universidade tem um Presidente e um Conselho de Escola, que terão as mesmas funções que o Reitor e o Conselho Geral à escala de uma Faculdade.
Com a Fundação pouco muda no que se refere à eleição do reitor ou dos Presidentes de Escolas/Faculdades. No funcionamento da Universidade haverá algumas alterações, como seja a figura dos curadores, que segundo se percebe vão controlar a Universidade no que respeita à sua estratégia orçamental. Por estas razões, sendo Fundação ou não, ficamos nas Universidades na mesma no que respeita à eleição dos órgãos de poder, sujeitos a lobbying por parte de quem já governa, ou seus parceiros, durante o período de campanha eleitoral para a formação as listas, com a agravante deste lobbying ser efetuado por quem já tem o poder o que o torna opressivo para quem é abordado. Com uma democracia indireta, baseada num Conselho Geral que se comporta como um colégio eleitoral, é inevitável que assim seja.
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domingo, junho 05, 2016
Os cursos têxteis e os empregos na indústria
Vimos na imprensa recentemente ser anunciado que na UM, os 8 finalistas do curso de engenharia têxil tinham tido ofertas de 200 empregos. Será que é benéfico anunciar as vagas que existem na indústria para aliciar candidatos aos cursos das Universidades? Não seria melhor anunciar onde estão os melhores empregos? É que para um licenciado hoje arranjar emprego, tem que aceitar um ordenado que não tem nada a ver com o que um licenciado recebia há uns anos atrás. As habilitações académicas estão desvalorizadas, não porque estejam piores, o que também é difícil de avaliar, mas porque há muitos licenciados para a geografia empresarial existente em Portugal. No caso da têxtil os candidatos ao curso e os seus pais têm essa perceção. São na maioria pequenas e médias empresas que não comportam um licenciado, e muito menos dois ou três, na perspetiva dos patrões. Na verdade o que os patrões querem e sempre quiseram, com honrosas exceções, é mão de obra barata. Os engenheiros fizeram-lhes jeito para darem o salto de empresas rudimentares que eram em empresas modernas e bem equipadas, graças também ao esforço que o país fez com os programas comunitários de apoio financeiro nas últimas décadas. Agora que as empresas funcionam de uma forma rotineira e automática. sentem que não precisam dos engenheiros. Põe-se a questão se não deveria haver uma maior aproximação para o grosso das empresas e fornecer-lhes profissionais que teriam cursos técnicos, a nível do que o politécnico oferecia há uns anos atrás, os engenheiros técnicos, sem descurar os cursos com maior exigência para as grandes empresas, que não são assim tantas, e para a novas empresas dedicadas a setores mais exigentes tecnologicamente, como a dos têxteis técnicos. Para formar engenheiros técnicos, com a tentativa de fusão de que se falou em tempos, seria uma solução para o IPCA, por exemplo, em conjunto com a Universidade do Minho, fazer um tal curso desse género. Seria também útil que os alunos fizessem estágios frequentes na indústria ao longo dos 2 a 3 anos do curso. Para o caso do curso mais evoluído, seria uma ideia manter os Mestrados e doutoramentos, mas não prosseguir com o curso de Mestrado Integrado, uma solução que nasceu com Bolonha e que tantas críticas tem merecido por parte de todos, empregadores em primeiro lugar, mas também de professores e dos próprios alunos.
domingo, maio 22, 2016
O ensino privado e o público, comentados por liberais
A guerra entre colégios privados e o Estado, sobre o financiamento de turmas aos colégios privados, teve o condão de despertar em muita gente os sentimentos liberais em relação ao ensino de uma maneira geral. Os argumentos liberais são centrados na liberdade de escolha dos pais e alunos, um argumento que se aceita em democracia. Mas não refere que esse ensino é pago por todos nós para alimentar um negócio que são os colégios privados. Esconde a verdade dos factos e propagandeiam uma ideologia de "liberdade". Os meios de comunicação, na maioria simpatizantes de ideias liberais, ajudam na mistificação. Tudo isto seria de esperar, uma vez que sendo algo que lhes foi oferecido, por uma governo liberal , de Passos e Portas, agora vêm o seu presente lhes ser retirado. Já tinha tentado com o cheque-ensino, outra aberração. É normal que se sintam frustrados. O governo contrapõe que o dinheiro dos contribuintes é para a escola pública e que só quando a escola pública não pode responder, ou porque não tem oferta de ensino nas proximidades dos alunos ou porque é um ensino especial, é que abre uma exceção. Este problema também teve o condão de revelar uma faceta de certos comentadores que normalmente não é divulgada pelos próprios. Veja-se por exemplo Miguel Sousa Tavares do Expresso, na sua coluna de opinião dessa semana. Conclui a sua crónica. dizendo que o Estado é gastador porque vai utilizar o dinheiro retirado aos colégios privados para distribuir manuais escolares a todos! Para já não é sério dizer que é para todos, porque será só para o ensino primário, segundo li em artigos sobre este assunto. Depois os manuais escolares gratuitos vão beneficiar aquelas famílias que não têm dinheiro para os comprar. Não serão as famílias de classe média ou alta que terão problemas em pagar 200 ou 300 euros.Dizer que dinheiro retirado colégios de meninos que têm a sorte de pertencer a estas famílias, ou que não têm outros problemas que os travam de entrar no colégio, deficiência ou outros problemas de educação, e que é utilizado para manuais de suporte aos pais de meninos e meninas que não tem sequer dinheiro para comer decentemente quanto mais pagar manuais de que precisam para "terem a tal liberdade de escolha" no seu futuro profissional, dizer que é um desperdício de dinheiro e que o "Estado" está rico, é de facto extraordinário quando vem de alguém que nos habituou a ter um sentido crítico sem cor política e normalmente consensual.
domingo, maio 01, 2016
A Festa dos Finalistas
Todos os anos assistimos ao mesmo, a feira de vaidades das diversas cerimónias de entrega de diplomas: o desfile de alunos em traje e insígnias; a bênção dos finalistas, uma cerimónia que nunca assisti mas que presumo seja uma cerimónia religiosa a certificar ou proteger pela mão de Deus um grau académico, o chamado "canudo"; a imposição das insígnias. Não entendo muito bem estas cerimónias nem a sua relevância no que respeita ao sucesso do aluno em obter um grau académico. Toda estas atividades se imiscuem no que devia ser um ato puramente académico de entrega de diploma e todos desviam a atenção do que suposto ser o objetivo da Universidade: ensinar e produzir graduados, não atores ou atrizes, soldados ou polícias fardados, com disciplina de praxe, fiéis católicos, modelos de passerelle....
Tudo o resto é folclore e o ensino dispensaria tal folclore se não fossem os pais dos alunos, os amantes das praxes, os responsáveis de protocolo, que não o dispensam. Compreende-se que os pais que investiram tanto no futuro dos filhos, queiram ver o resultado, e não os satisfaz só o canudo, querem ver e mostrar o sucesso dos filhos ou filhas que trouxeram a este mundo, como se de troféus se tratassem.
Embora discorde, compreende-se. Agora os responsáveis de uma instituição de saber e ciência, a Universidade, alinhar com este folclore, subjugar-se ao capricho de associações de estudantes como na imposição das insígnias, não separar a religião do ensino na bênção dos finalistas, como manda a lei, é que é já mais difícil de aceitar no século XXI. Mas enfim, desde que se divirtam sem haver mal maior, quem pode criticá-los? O problema é que pode deixar sequelas no caráter das personagens que participam demasiado em tais atividades, nomeadamente os Professores que ano após ano assumem funções de protocolo, ficando eles próprios imbuídos de um espírito artificial e desligado da realidade científica e do saber e do verdadeiro objetivo do ensino universitário, que se devia pautar por uma entrega humilde dos professores à tarefa de ensinar o melhor que podem. Quanto aos alunos, isso, a vaidade de um ato único passa-lhes com o tempo, espero. Os pais talvez sejam os mais gratificados, ao verem os seus filhos chegarem ao pódio. Mas será que o pódio é uma prova que alcançaram a ciência e saber? Fica a pergunta.
domingo, abril 03, 2016
Que estatuto para os bolseiros?
Com o novo governo, há um novo impulso para a I&D por via de maior apoio à estabilidade dos contratos dos bolseiros. Não é claro se estes contratos são só para os pós-doutoramentos tal como foi ventilado pelo ministro da tutela e também não é claro que tipo de contrato se está a pensar instituir. Como muitas das regras e leis introduzidas pelo Ministério da Educação e Ciência ao longo dos anos foram introduzidas sem grandes estudos prévios e muitas tinham a autoria quase exclusiva do Ministro, tal como o RJIES tinha do Ministro Mariano Gago, é natural que seja este o esboço dos novos regulamentos ou estatutos: transformar pós-doutores em investigadores contratados. Mais uma vez se for assim, sem estudos e consultas às Universidades, é natural que sejam os Institutos que beneficiem desta estratégia, assegurando quadros permanentes para as suas atividades, aliás já expectável pelo constante lobbying de institutos independentes, e dos laboratórios Associados na esfera das Universidades que no passado conseguiram contratos de 10 anos para os seus bolseiros, o que não era possível para outro Centros de I&D que não eram Associados.
Nas Universidades, a investigação é feita e supervisionada por Professores que desta forma para além de cumprirem uma das suas obrigações, sendo a principal a de lecionarem, também fazem por alcançar um currículo que lhes permita progredir na carreira. Muito se perdeu com os cortes percentuais feitos nos salários iniciados há 6 anos atrás, que diminuiu a diferença entre salários de Professores Catedráticos e Professores Associados, e entre Professores Associados e Professores Auxiliares, no que respeita ao incentivo para Professores na categoria mais baixa subissem de categoria. Não obstante, não deixa de ser um incentivo esta possibilidade de subir na carreira. Se os investigadores não tiverem incentivo para progredir na carreira, e tiverem ordenado fixo sem qualquer outro prémio de mérito, pode-se imaginar que a I&D perderá em qualidade e produtividade. Muitos se recordam que o antigo INETI funcionava assim, com muito pouca produção científica, muito por causa de se reger por estas regras. Esperamos que não se repita o erro, ao tornar investigadores em funcionários públicos.
É necessário recuar aos tempos do ECDU em que os Professores Auxiliares tinham que alcançar a nomeação definitiva para permanecerem na Universidade. A lei foi depois alterada para rodear esta questão, tornando o processo burocrático e muito pouco baseado no mérito, significando que muito poucos eram excluídos, mesmo aqueles sem qualquer currículo que permaneceram e continuaram sem outro controlo previsível para o resto da sua carreira, com uma atitude de comodismo e inatividade científica. Acomodaram-se dando aulas e pouco mais. Não se pode cair no mesmo erro com o novo estatuto para os bolseiros. É necessário incutir incentivos aos investigadores, não com contratações a prazo, como parece adivinhar-se para todos, mas contratos sem termo para aqueles, mesmo que sejam uma minoria dos atuais, que realmente mereçam, e introduzir um mecanismo não só de incentivos mas também de risco, baseado no currículo. Esse seria a meu ver um esboço correto para um estatuto que asseguraria uma evolução positiva para aqueles que justamente têm expetativas de estabilidade de emprego, e para o Estado que tem necessidade da Ciência e Tecnologia de topo.
Sem outras atividades, nomeadamente a de transmitirem os seus conhecimentos a outros, através de aulas ou de tutoria, também não será tão proveitoso para o Estado a sua atividade e será previsivelmente um foco de conflito entre professores e investigadores, especialmente se a recompensa, monetária ou outra, for equivalente, uma vez que os professores vão considerar que é uma situação injusta para eles, que também dão aulas.
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sexta-feira, fevereiro 26, 2016
Desenvolvimento na UM passa ao lado de muitos utentes? Ou não?
Alguns argumentarão que a vida na universidade tornou-se mais fácil e mais agradável. Com os novos processos informáticos ( 0 novo site, os pedidos de equiparação a bolseiro, os pedidos de pagamentos de deslocações) com as novas instalações, com os novos regulamentos como o processo de Bolonha, o blackboard, os inquéritos qualidade on-line, entre outros, tudo parece que melhorou. Tal como eu, suponho que para muitos não é assim. Em relação a Bolonha já muito se falou e eu também já desabafei com a falta de qualidade do ensino nos novos moldes e na desvalorização dos graus de ensino. Nos procedimentos, talvez por termos menos tempo ou menos paciência, admito, tudo se complicou. O novo site da UM não foi explicado, (onde está a intranet por exemplo? Hei-de encontrá-la ainda hoje?), o blackboard muitas vezes avaria, não se podendo aceder ao DUC, os inquéritos da qualidade são uma mera fantasia, muito pior que os presenciais em sala de aula, as novas instalações estão vazias e as antigas, as mais antigas pelo menos como as de Azurém, estão numa lástima (casas de banho com equipamentos avariados, portas de acesso nos corredores que só abrem com muito esforço, aquecimento dos corredores e muitos das salas que não estão ligados, laboratórios à espera há anos para que se arranje uma simples pia entupida, esgotos permeáveis nesses laboratórios, etc). O próprio reitor afirmou numa reunião de empresários recentemente após uma visita aos laboratórios do departamento de engenharia têxtil que as instalações estavam antiquadas. Esperemos que a chegada da Fundação com a propalada flexibilidade de utilização de verbas, se resolvam ao menos estes problemas de instalações. Os outros, os informáticos, teremos que esperar por sessões de esclarecimento a mostrar, e mais importante, a provar que houve uma melhoria, porque para muitos houve sim um exercício de experimentação em que todos nós fomos, e muitos ainda somos, as cobaias.
quarta-feira, fevereiro 10, 2016
Bolsas de investigação para politécnicos
O novo ministro da educação veio hoje anunciar um novo aumento de verbas para a Ciência, o que já era anunciado pelo programa do partido socialista. Mas o mais interessante é que veio anunciar algo de novo que é o acesso a verbas de I&D aos politécnicos, ou seja, supõe-se que bolsas de doutoramento, e o seu acesso por pessoas não integradas no sistema do ensino superior. Quanto ao maior acesso às bolsas, estou de acordo, embora não o ministro não especificasse muito bem quem poderia concorrer. Mas só o princípio já é de aplaudir. Quanto mais abrangente na sociedade o acesso à investigação, melhor. Agora, o acesso a doutoramentos nos politécnicos, vai no sentido da desvalorização que os doutoramentos têm vindo a sofrer na última década nas universidades. Com a entrada em vigor dos programas doutorais, e baseio-me no que conheço nas engenharias, há um primeiro ano académico e só dois de investigação. Alguém consegue perceber como em dois anos se faz um doutoramento equivalente aos doutoramentos que se efetuavam, por exemplo, pelos assistentes que necessitavam do doutoramento para passarem a Professores Auxiliares' Podiam demorar oficialmente 4 anos de investigação e normalmente duravam mais. Não admira portanto, chegados aqui, a uma transformação de doutoramentos em cursos, desde Bolonha, que os politécnicos também tenham essa hipótese. De outra forma, considerando como antes que os politécnicos seriam para formar técnicos para as empresas, e não para fazer investigação, não se compreenderia. Muitos politécnicos não são mais do que escolas de formação superior em que os cursos não são práticos, como o eram antes, nem são teoricamente ricos em substância, como supostamente o serão os das universidades. Chegou-se a um estado de coisas em que os politécnicos, salvo honrosas exceções, são como antes se designavam muita universidades privadas, "de papel e lápis", agora talvez melhor designados de cursos de "wikipedia". Por outro lado, os seus professores , não fazendo investigação, não se vislumbra como a podem incutir nos alunos ou como podem orientá-los. Muitos desses professores só lá vão para dar aulas, não tendo atividades de I&D. Seria pedir de mais que fizessem aquilo que o país pediria deles? Ou seja, transferir novas tecnologias e produtos para o tecido industrial, diretamente ou por via dos alunos colocados no tecido empresarial, e principalmente no industrial? Não se incentiva essa função do politécnico atribuindo bolsas de investigação. O que se vai fazer agora é aproximá-los artificialmente ainda mais das universidades, com bolsas. Já temos universidades de primeira e outras de segunda (os politécnicos) devido a políticas que os sindicatos pedem e que os ministérios aceitaram ao longo dos anos. Esta, das bolsas, é mais uma.
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domingo, janeiro 03, 2016
Uma Fundação para servir a região
No final do ano entrou em funções o novo governo, e quase de imediato confirmou a passagem da UM a Fundação. Foi uma prenda de Natal para o reitor António Cunha que sempre defendeu a Fundação como forma de governo da universidade. Não só pela maior flexibilidade na gestão, por ser uma gestão mista privado-pública, com a possibilidade de contratar professores escapando ao controlo do Estado que congelou as contratações na Função Pública há anos, e não parece alterar essa sua posição, mas também por poder adquirir e vender imobiliário sem ter que passar pelo controlo da tutela e talvez nem do Tribunal de Contas. Essa parte nós compreendemos e até podemos beneficiar tanto com as contratações como com a aquisição de edifícios, desde que ambas sejam necessárias. Não precisamos nem de contratações desnecessárias nem de edifícios de fachada, sem uma função nobre, digna de uma Universidade que ombreia com as maiores universidades portuguesas. Desde que não enveredamos por novo-riquismos no imobiliário, nem em contratações sem objetividade. Seria uma oportunidade perdida. Se por outro lado se apostar em novas valências, sejam cursos virados para as necessidades da região, sejam infraestruturas para Centros de I&D de Excelência que tenham um percurso de apoio à indústria da região, e para, por exemplo, alojar empresas spin-off que emanaram da UM, aproveitando os espaços disponíveis no Avepark por exemplo, então já é, na minha perspetiva, uma evolução no sentido positivo. A UM deve mostrar a diferença em relação a outras Universidades, por estar no meio de uma região de pequenas e médias empresas, PMEs, na sua maioria indústrias transformadoras de setores tradicionais mas também nichos de excelência em eletrónica e software. Menos conhecido é a evolução em empresas de produtos bioativos, que quando desenvolvidos em têxteis, potenciam as indústrias tradicionais como a indústria têxtil. Outra área de interesse serão as indústrias a montante da indústria têxtil, tais como a indústria de corantes e de produtos auxiliares têxteis, quase na totalidade importados. O que fica no País, depois dos gastos nestes produtos, é muito pequeno para o que poderia ser se houvesse uma maior integração de produtos portugueses no artigo final têxtil. É preciso portanto que a Universidade aposte em novas indústrias de apoio às indústrias existentes, nomeadamente empresas a montante. Mas também é preciso que a Universidade invista em apoio à Gestão dessas empresas, que carece de uma lufada de ar fresco, muitas ainda nas mãos de famílias conservadoras eoutras nas mão de gestores de fundos de capital de risco, que não entendem nada de gestão de empresas transformadoras, tais como empresas têxteis. As humanidade são também importantes nas áreas que são muitas vezes menosprezadas na indústria mas que tanta falta fazem. Por isso noutros países os gestores têm muitas vezes outra sensibilidade por serem formados em áreas "soft" como línguas, psicologia, filosofia entre outras.
O que não precisamos é mais do mesmo, com investimento nas mega-áreas existentes na UM, que já deram mostras de viverem à custa de projetos que mais não são que o suporte a bolseiros e investigadores que não estão inseridos nas áreas existentes no tecido empresarial do norte de Portugal, nem sequer do país, mas que estarão numa ilha sem pontes para esse mesmo tecido empresarial. É preciso criar estas pontes, e se a Fundação o fizer, que seja bem vinda.
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quarta-feira, dezembro 16, 2015
Abaixo de Braga
Veio a lume no jornal público, uma notícia caricata de um episódio em Braga. Trata-se de um derrame de efluentes domésticos, diga-se de esgotos, que inundou o rio Este por a conduta de esgotos ter ficado entupida com um cabo de fibra ótica. Isto junto à Universidade e ao INL, Instituto de Nanotecnologias. O cabo de fibra ótica aparentemente estava esquecido dentro da conduta de esgotos, acumulando os dejetos e acabando por entupir, provocando o derrame desses dejetos par o rio. O cabo foi colocado pela Associação Braga Digital, aparentemente sem autorização por parte da empresa municipal AGERE, uma iniciativa muito badalada e que arrancou com o anterior executivo da câmara, tendo se extinguido há pouco, depois de se terem gasto 10 milhões de euros, segundo o artigo. É caso para dizer, mas onde está a porcaria, no rio Este ou na política? O que provocou tamanho desleixo das autoridades que primeiro diziam desconhecer a existência desse cabo nos esgotos, e depois admitiam que afinal sabiam qualquer coisa que lhes fez tentar retirar o dito cabo, mas sem sucesso, aparentemente por falta de equipamento. Procuram agora um responsável de tudo isto, mas como a Associação se extinguiu, o que é de estranhar depois de um investimento tão elevado, não há a quem pedir meças. Penso que os responsáveis técnicos/científicos eram da universidade do Minho, que não se retrata das responsabilidades que eventualmente tem neste projeto. Uma delas seria o projeto da instalação da fibra, que dificilmente não seria do conhecimento dos membros da UM envolvidos neste projeto, que foi num esgoto! Seria a ideia aproveitar o fluxo de excrementos para melhor fluírem os dados? Ou seria uma forma de contraste entre vias físicas que se usam desde a antiguidade, como as vias digitais dos tempos modernos. O que há é muito amadorismo e imediatismo nestas iniciativas mediáticas. Pode-se depreender que o raciocínio foi o de que, se está ali um esgoto, porque não aproveitá-lo para encaminhar a fibra ótica da UM em Gualtar para o parque de exposições, num percurso de 2,5 kms!? Afinal, o que está por baixo da terra ninguém vê, o que está acima é que interessa e essa parte, para aqueles que se lembram, teve muita visibilidade.
sábado, dezembro 05, 2015
A máquina científica a funcionar
Temos a ideia que no caso das universidades quem tem mais publicações é quem tem mais mérito. É, a meu ver, uma forma simplista de avaliar o mérito de um investigador. Publicações são na maior parte das vezes baseadas na continuidade de publicações em que só a primeira é original. E mesmo assim esta primeira pode ter sido baseada noutra de outro investigador. É assim que cresce a ciência, step-by-step e não por transformações radicais. Há quem colecione publicações. Há quem tenha equipas em que cada um faz a sua parte, qual cooperativa, para produzir publicações em massa. Nestes casos o número de autores é normalmente elevado, não se percebendo muitas vezes quem teve a maior fatia da investigação em causa. O diretor do centro em muitos casos também faz obrigatoriamente parte do rol de autores, embora não tenha participado ativamente no trabalho. Esta forma de fazer I&D é transversal a muitas áreas e em muitos países. É assim há pelo menos duas décadas e são muitos os que beneficiaram desta "entreajuda". É essa a perceção do investigador que não faz parte destas autênticas fábricas de "papers" e que depois olha com ironia para os resultados que essa investigação tem na sociedade e nomeadamente nas empresas, e verifica, baseando-se nas estatísticas que têm vindo a ser publicadas sobre esta discrepância, que não têm de facto uma correspondência. A questão também em termos científicos torna-se endémica, quando os doutoramentos são baseados em publicações. Como se pode avaliar um trabalho individual com base em publicações coletivas? Nunca entendi esta forma de submeter teses de doutoramento. E dá-se desta forma a compensação ao investigador que esteve numa equipa e ajudou também a outros obterem os seus doutoramentos. Agora com a classificação dos doutoramentos então ainda é mais surreal. Como se pode distinguir entre um 14 e um 19 se não há um só autor no trabalho que se apresenta, mas vários autores? Não será de estranhar que com esta falta de objetividade, a classificação que agora é norma na Universidade do Minho não signifique nada, tanto pode ser 14 como 19, dependendo de muitos fatores subjetivos, como uma boa apresentação, um júri mais tolerante ou mais exigente, a dimensão júri, ou pura e simplesmente a boa ou má disposição do júri. Assim se joga um intervalo de meia dúzia de valores.
O que a Universidade deve tentar alcançar, como têm insistido ultimamente muitos responsáveis políticos, além de comentadores vários, é uma maior influência do que se faz na Universidade, naquilo que as empresas necessitam para reformar e inovar. Se saíssem mais patentes das universidades talvez o panorama fosse diferente. Mas o número de patentes saídas das Universidades é confrangedor quando comparado com outros países de dimensão e economia semelhante. Hoje o Expresso de novo, num artigo sobre a COTEC, refere-se que Portugal tem 40% da média europeia de patentes e só 3% estão presentes nas exportações, em licenças concedidas, o que já tinha sido referido noutro artigo aqui também referenciado, e com um número de patentes ainda inferior à média europeia(18%). Seja como for, os números são evidentes e devem ser motivo de reflexão de todos os professores e investigadores das Universidades.
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domingo, novembro 22, 2015
Uma mesa-redonda sobre transferência de tecnologia universidade-empresas
No aniversário da Tecminho, foi tema do colóquio promovido para o efeito, a transferência de tecnologia das universidades para a indústria. Falou-se da discrepância entre o ranking de Portugal na Ciência e na Inovação, a primeira avaliada pelo número de publicações e a Inovação pelo número ode patentes, entre outros critérios, tais como a I&D no Estado, nomeadamente nas Universidades e nas empresas. Um comentário do moderador José Mendes, vice-reitor da UM, foi indicativo de como os números enganam, referindo.se que muita do I&D nas empresas são atividades consideradas de I&D e que não o são na realidade, tal como o trabalho de desenvolvimento de software efetuado em bancos. Não me espanta esta constatação, uma vez que num mundo em que os números e as estatísticas é que valem, tudo serve para empolar esses mesmos números.
Numa nota otimista, o representante da ADI, Agência de Inovação, apresentou dados de evolução já conhecidos, sobre o aumento do número de projetos de co-promoção desde o último programa quadro da CE ao presente programa 2020. Não especificou como esta evolução encaixa na Inovação, uma vez que muitos destes projetos são mais baseadas na evolução do que na inovação. Não se refletindo em patentes, não se pode distinguir se é novo o que que se faz nestes projetos ou se pelo contrário é de facto uma evolução. O que se depreende destas afirmações, com referências a empresas tradicionais, confirma a suspeita de que são inovações evolutivas e não de novos produtos inexistentes no mercado. Os outros intervenientes presentes na mesa redonda eram o representante do INL, Instituto de Nanotecnologia Ibérico , e um professor Universitário holandês. Este último, sendo psicólogo, referiu que para as start-ups seria positivo terem outras valências que não só engenheiros ou cientistas, mas também que incluam licenciados em humanidades que poderiam fazer uma ponte com a sociedade, uma vez que a linguagem dos engenheiros/cientistas não é muitas vezes entendidas pelos empresários. Não está mal pensado. O representante do INL, recém-chegado a este instituto, traz ideias novas ao INL tais como colocar os seus investigadores nas empresas para perceberem como podem integrar a sua tecnologia na tecnologia das empresas. É um passo no sentido certo, mas não serão dois mundos muito distantes? A nanotecnologia desenvolvida no INL será mais indicada para empresas intermédias, spin-offs, que após regurgitarem essa mesma tecnologia e a transformarem em algo que será minimamente próximo da nossa indústria, poderiam talvez ter mais êxito que este salto inter-galáctico entre estes dois mundos. No entanto, a atitude deste novo diretor do INL é muito positiva quando comparada com a anterior direção, na opinião de um atento observador.
O colóquio terminou com um curto vídeo sobre a Tecminho que fez 25 anos e que foi no seu tempo a primeira interface Universidade-indústria, numa altura em que a UM tinha mais colaboração com o tecido industrial das pequenas e médias empresas do que as outras universidades. Quando apagarem as velas, façam um pedido: peçam que esse espírito empresarial da UM volte, porque parece-me que se tem vindo a esvanecer. Um exemplo dessa tendência que deve ser revertida, foi a saída do único parque de Ciência e Tecnologia da região ao qual presidia, o Avepark. Faço votos que também esta saída seja revertida no futuro, ou por via da mudança de iniciativas governamentais do anterior governo, que provocaram em grande parte a tomada pela Câmara de Guimarães do Avepark, ou usando um pouco a imaginação e a motivação de apoio ao empreendedorismo, que andam muito por baixo na UM nos últimos anos, não tanto na discussão do tema, como foi o caso, mas mais na atuação.
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sábado, novembro 14, 2015
Atratividade do ensino superior em crise
Hoje uma notícia no jornal Público diz-nos que o ensino superior é menos atrativo para os jovens por o emprego estar a crescer mais, embora modestamente, para os jovens com o ensino secundário completo do que para os licenciados, citando um relatório da Comunidade Europeia(CE).
Por outro lado, muitos jovens licenciados exercem empregos abaixo das suas qualificações. A CE não foge à regra com 25% de jovens nessa situação. Adianta este relatório algumas causas, sendo a das oportunidades de emprego a primeira, mas que o abandono escolar também é elevado, pelo que se conclui que os alunos chumbam muito, talvez por os cursos não serem interessantes ou relevantes para um mundo em mudança. No caso de Portugal, com o que se perdeu nos último 4 anos, em que a indústria não evoluiu, em que não houve uma re-industrialização do país, mas que pelo contrário, houve um reforço das empresas dos setores tradicionais de mão de obra barata, os têxteis e o calçado por via das exportações, as saídas para os licenciados para postos de relevo nestas ou noutras engenharias são muito pequenas. Mesmo aqueles que exercem nestas indústrias, recebem ordenados pouco acima do ordenado mínimo. É o País que não acompanha o ensino ou é o ensino que não acompanha a indústria? É um ciclo vicioso porque uma coisa precisa da outra. Se a indústria não existe, os curso para essa indústria não fazem sentido e se os cursos não existem, embora não seja tão linear, também não há incentivo para a indústria se estabelecer no país, nomeadamente por via do investimento estrangeiro. Qual a saída então? Há quem defenda que as start-ups serão a solução. Mas estas são uma gota no oceano. Poderão no entanto, quando têm origem nas universidades como spin-offs, ter um efeito catalisador dos cursos donde emanaram, por servirem de exemplo para os candidatos aos cursos de ensino superior. Estes cursos com atratividade, por sua vez, terão um efeito de incentivo para a formação de outras spin-offs e assim sucessivamente. Será um ciclo vicioso mas desta forma, com efeito positivo tanto no tecido industrial como nos cursos de ensino superior.
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domingo, outubro 25, 2015
Praxes de novo
Será que alguma vez nos vamos livrar das praxes? Todos os anos as mesmas cenas. Jovens a serem humilhados em nome da integração da academia por outros jovens que já passaram por essa humilhação. Dir-se-ia que quem passou por isso, é pior que se não passasse, por ser uma espécie de vingançazinha ou uma catarse, para se livrarem da humilhação sofrida quando eram caloiros. Um psicólogo e em casos extremos de praxe um psiquiatra, conseguirá melhor que um simples observador, como é o meu caso, avaliar estas mentes que momentaneamente perdem o discernimento civilizacional, para se portarem como se fossem uns animaizinhos. Não se entende de outra forma. Já aqui de novo no ano passado discorri sobre este fenómeno tentando compreendê-lo mas sem grande sucesso. Já nem vou tentar mais entender este fenómeno. Por mim, fazia-se se uma semana ou duas de receção ao caloiro, com atividades, promovidas pelos clubes desportivos, por exemplo, e pelos alunos mais velhos, os finalistas em primeiro lugar, que promoviam atividades sobre os cursos que frequentam, com simpósios, convites a empresas e entidades que representassem a sociedade civil onde estes alunos se vão encaixar, quando acabarem o curso. Os alunos estariam assim ocupados, sem grande disponibilidade para as praxes. É o que se faz, ou pelo menos fazia-se, no Reino Unido. Porque não cá? Teremos menos imaginação que outros países para fazer singrar estas atividades de integração de estudantes caloiros? Talvez, ou talvez a praxe impeça isso, obrigando à participação de todos, por intimidação e por "tradição".
As praxes foram banidas dos campi da UM? Ou foram banidas só as praxes violentas? Não se sabe onde está a linha divisória. A humilhação é uma violência. A reitoria devia banir praxes do campus, "tout court". Sejam ou não aparentemente violentas. Sejam barulhentas ou não. Divertidas ou não. Integradoras ou não, por ser muito subjetivo o que é a "integração de pessoas". Quando se discriminam aqueles que não querem a praxe, a integração mais parece uma filiação numa seita que uma integração. Quando a participação de quem é praxado deriva de uma ordem de um superior e não de iniciativa própria, não é uma integração, mas uma sujeição. Quando se "lambem as botas" aos praxantes, isso torna os praxados em súbditos e não em colegas, como seria de esperar numa integração séria. A hierarquia está sempre presente, até ao fim do curso, e isso não é próprio de uma integração numa equipa, mas mais parece uma integração numas forças armadas onde se exige um hierarquia rígida. Enfim, haverá tantas mais observações a fazer, mas mais uma vez, mais um ano passa e tudo o que se diz sobre a praxe cai em saco roto. É frustrante.
sábado, outubro 17, 2015
Exposição a produtos tóxicos em Gualtar
Já lá vão dois anos desde que se deu uma explosão e incêndio nos laboratórios de Química da UM, na altura divulgado na imprensa. Foi de tal modo violenta que contam os primeiros a chegar ao local que pura e simplesmente tudo o que estava no laboratório esfumou-se: bancadas, produtos armazenados, equipamento. O que se relata é que os funcionários e professores, mas principalmente os funcionários, sofreram alergias graves, dificuldade respiratória, e até queda de cabelo, normalmente associada a produtos radioativos.
Segundo os relatos ao longo desses dois anos que passaram, tomaram-se medidas para restaurar o espaço envolvente ao laboratório onde ocorreu a explosão e incêndio, pensando-se que estaria o problema resolvido. Acontece que passados dois anos, houve novamente indícios nesta últimas semanas do mesmo problema ter ocorrido aos funcionários que trabalham nas imediações do laboratório, mas mais grave que isso, de outros cujo local de trabalho está mais afastado mas que por via das condutas, supõe-se que de ar condicionado, também têm vindo a ser afetados.
Pergunta-se: Porque não se substituíram as condutas? O que se fez além da limpeza? Evitou-se ou proibiu-se o uso de substâncias tóxicas e/ou radioativas nos laboratórios de química? Ou pelo contrário fez-se uma limpeza aos laboratórios, tipo lavar e pintar, e voltou tudo ao que era dantes? Este assunto é demasiado grave para ficar nas mãos de uns Serviços Técnicos que não estão habilitados a tratar com situações desta natureza, nem a responsabilidade deve cair sobre os ombros só dos responsáveis dos laboratórios de química sem um supervisão por parte de entidades externas.
Há pessoas do outro lado do edifício, que recentemente se sentiram mal, o que evidencia que há uma transmissão pelas condutas. Não é preciso ser um génio para se chegar a essa conclusão. As condutas foram substituídas? Pensa-se que não. O próprio sistema que força a circulação, as bombas e outros equipamentos, deve estar contaminado. Grandes males, grandes remédios. A meu ver deveria ser tudo substituído. A saúde dos utentes desses espaços deve estar acima de tudo. É sabido como o efeito de determinados produtos tóxico não se revelam logo de início, mas que podem mais tarde causar problemas graves que mesmo não tendo a certeza da sua origem, pode-se deduzir a origem, fazendo um acompanhamento das pessoas que foram expostas e assim saber se a causa veio dessa fonte de intoxicação. Nessa altura, nem as indemnizações que a UM vai pagar, compensam o mal feito.
Por favor, ponham especialistas a trabalhar numa solução definitiva, façam uma alteração profunda a todo aquele espaço, e deixem-se de remendos! Há edifícios em Gualtar que se têm erguido para isto e para aquilo, muitos deles parcialmente vazios. Seria uma solução que um desses espaços fosse para os Centros de I&D que circundam a zona do perigo, nomeadamente o de Química, e que no novo espaço não entrassem nem produtos tóxicos nem radioativos. Produtos inflamáveis deveriam ser armazenados fora do edifício num local ventilado, mesmo as pequena embalagens. Toda a parte elétrica e equipamentos de aquecimento elétrico deveriam ser novos, para evitar curtos circuitos. Investigadores não poderiam deixar experiências que envolvessem algum risco a funcionar depois de horas. Estes seriam logo os primeiros pontos a tratar, segundo a minha perspetiva. É simplesmente bom senso.
As verbas para esse efeito deveriam ser da UM, uma vez que se diz que a UM tem condições para ser transformada em Fundação por gerar em receita próprias pelo menos 50% do seu orçamento. Se a UM passar a Fundação, sendo mais flexível a utilização das verbas nomeadamente para gerir o património, talvez fosse por aí. Se fosse necessário construir um edifício novo fora do campus de Gualtar, por não haver espaço, há sempre a possibilidade de utilizar o Avepark na vila das Taipas, onde está localizado o Centro de I&D da UM, os 3B's, por exemplo. Há certamente verbas para esse fim no novo quadro comunitário 2020. O Avepark, afinal, foi construído a pensar na instalação de Centros de I&D da UM e de empresas spin-off da UM, e tem sido, a meu ver, subaproveitado. Uma estrutura a 15-20 minutos de carro de distância de Gualtar não pode ser considerada longe. Gasta-se mais tempo a atravessar a cidade de Braga em horas de ponta! O transporte de autocarro dos alunos entre Gualtar e Azurém poderia facilmente fazer um desvio a meio caminho, nas Taipas, onde está localizado o Avepark. São só algumas sugestões para resolver um problema de segurança, a meu ver, grave. A propósito, existe um comissão para a segurança na UM? Uma que exerça funções regulares? Seria um começo...
sábado, outubro 10, 2015
Então e a Fundação?
O Governo terminou funções, tendo terminado a sua legislatura, e ficaram por fazer algumas medidas anunciadas, nomeadamente a passagem a Fundação da Universidade do Minho. É caricato que por duas vezes isto acontece. Primeiro foi quando caiu o governo do partido socialista e o processo de passagem a Fundação estava em curso, com o então ministro da Educação entretanto falecido, Mariano Gago, ficou suspenso. Com a entrada em funções de novo governo, o ministro da Educação e Ciência Nuno Crato, abandonou essa ideia de novas Universidades-Fundação, sendo a sua nova política virada para outra forma de autonomia através de uma prometida reforma do ensino superior, que não se chegou a concretizar. Talvez por essa razão, à última hora o ministro decidiu dar o dito por não dito e voltar ao processo de transformação em Fundação dos processos em curso, nomeadamente o da Universidade do Minho. Só que, mesmo com a pressa e de se reiniciar o processo durante o período de férias, o que apanhou muita gente desprevenida, a Universidade do Minho não conseguiu que o ministério fosse a tempo de concretizar essa medida. É caso para dizer, que não há duas sem três, pois adivinha-se que o governo não vai ter a anuência do PS para esse fim, ou pior, o novo governo será outro, formado entre PS e partidos de esquerda, e então é que não vai mesmo para a frente a Fundação, a julgar pelas declarações desses partidos sobre este assunto mesmo antes das eleições. O reitor, atual ou futuro, bem pode esperar por mais uma legislatura, sem pressas, estudar e divulgar bem os prós e contras da passagem a Fundação, e nessa altura se a UM passar a Fundação que seja com a aprovação de uma larga maioria da academia.
domingo, setembro 27, 2015
Os Centros de Investigação coibidos pelos Estatutos
Os estatutos da Universidade do Minho mostram que provocam constrições ao sistema científico. A situação dos Centros de Investigação das Escolas, que antes era flexível no que respeita à independência e multidisciplinaridade, tornou-se após a introdução dos novos estatutos muito rígida, obrigando os Centros a pertencerem a uma Escola. Esta observação vem a propósito de um e-mail enviado por um centro de investigação, aprovado na última avaliação da FCT com Excelência, não ser aprovado pela Unidade orgânica da qual os seus docentes fazem parte, no caso, a Escola de Engenharia. Este Centro designado por MEMS, Microssistemas EletroMecânicos, é um exemplo típico de um centro que poderia abranger outros elementos de outras escolas, nomeadamente a de Ciências, com incidência na Física e eventualmente nas Ciências da Saúde. Desta forma, ao ser chumbado pela Escola de Engenharia, vê-se privado de funcionar. Para além do insólito da questão, ou seja um centro com classificação de excelente dada pela instituição que mais penalizações tem atribuído a centros e por isso seria também de esperar que os poucos centros com excelente fossem acarinhados por todos os responsáveis pela sua viabilidade, há ainda a questão se uma Escola tem o direito de impedir o funcionamento de um centro que para além do seu interesse a nível de Escola, tem obviamente interesse para a instituição como um todo, por abranger na área dos materiais outras especialidades, como s Física, e eventualmente as Ciências da Saúde, na área da aplicação destes sistemas e materiais.
É evidente que não sabendo as causas deste chumbo, não me posso pronunciar sobre o que estará por detrás dele, mas que deve haver um intervenção ao mais alto nível, nomeadamente do Conselho Geral para arbitrar esta situação e pôr algum bom senso nas partes em disputa para chegarem a bom porto, isso deve ser uma exigência de todos os que prezam a UM como uma instituição de excelência em investigação, sob pena de passarmos a ser um a instituição provinciana com guerras intestinas que em nada ajudam ao seu bom nome.
De futuro, esperamos todos que o que está mal nos estatutos da UM, nomeadamente este constrangimento que impuseram aos Centros, seja alterado.
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sábado, setembro 12, 2015
A caravana passa
Foi aprovado na última reunião do Conselho Geral da Universidade do Minho a passagem a Fundação. Tal como previ neste sítio há duas semanas atrás era isso que iria acontecer. Por acaso surpreendeu-me a margem mínima de vantagem, 12 votos a favor e 8 contra, o que já pode ser um sinal de que, feitas as contas do número de fiéis da lista de professores que apoiou António Cunha para reitor presentes no CG, poucos mais votaram a favor: nem o membros cooptados, nem os alunos nem a representante dos funcionários. É um sinal muito significativo do descontentamento de muitos membros da Academia, principalmente representados pela outras duas listas que estão representadas no CG, com destaque para o movimento NDNR, Novos Desafios Novos Rumos,que se insurgiu na UM-net contra a forma como todo o processo foi conduzido, à última hora e à pressa sem consulta prévia à Academia mas também contra a passagem da UM a Fundação, uma forma de governo da universidade que também eventualmente não agrada à maioria dos membros da Academia. Talvez seja esta posição da Academia que fez com que o reitor não tivesse hà mais tempo colocado à Academia esta questão, tão importante para o futuro da UM, com receio que viesse reprovada. Pode o reitor refugiar-se nos estatutos da UM que não prevêem "referendos", mas haveria outras formas de consultar a Academia. Por exemplo através de votação mo Senado, nos Conselhos de Escola, nas próprias sub-unidades (Conselhos de departamento, Centros de Investigação). Haveria muito por onde escolher.
O que é certo é que após tantas mensagens de rejeição da passagem a Fundação e da forma como o foi feito, da parte de movimentos representativos dos docentes e funcionários, do sindicato do ensino superior, entre outros, o reitor enviou uma mensagem curta e factual: que já tinha sido discutido no Conselho Geral há muito e que por isso não havia mais nada a dizer. Quero, posso e mando ou seja, como quem diz: "os cães ladram, mas a caravana passa".
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sábado, setembro 05, 2015
Catch 22 situation
A Universidade do Minho passará a Fundação muito em breve, de acordo com as últimas informações, uma das quais do reitor. Não seria tão mau assim, se não fosse o facto da instituição estar há muitos anos nas mãos de uma "dinastia" que atua como se a UM fosse a sua quinta. Começando pelo topo, o reitor atual foi sancionado e apoiado pelo seu antecessor. O anterior já o tinha sido pelo seu antecessor e assim sucessivamente. Pode-se dizer que é o que a distingue das outras Universidade mais antigas e maiores, que se regem pelas regras da alternativa. Com a Fundação, a mesma "gente", desde os órgãos dominados pelos professores, começando pela reitoria e Conselho Geral e acabando nas Escolas e sub-unidades orgânicas, e os órgãos dominados pelos funcionários do "regime", nomeadamente os SASUM e os diretores dos serviços, muitos nomeados pelo reitor, atuarão da mesma forma, promovendo os do seu grupo restrito, e deixando para trás os outros.
Como se chegou a este ponto? Principalmente devido à inércia dos membros da Academia ao longo dos anos. Deixam para um grupo muito ativo de pessoas, conhecidas aliás por todos, a "política", porque estão ou apáticos ou demasiado envolvidos nas suas atividades letivas e de investigação. Também durante muito tempo não havendo o risco de casos mais graves para os professores, tais como despedimento, ninguém se incomodou com essa situação. Agora que se desenha no horizonte um maior risco para os próprios, como o despedimento ou a possibilidade de ficarem para trás irreversivelmente, não sendo promovidos, já soam as campaínhas de alarme. O reitor já iniciou o "emagrecimento" da instituição, forçando o despedimento ou a diminuição de horas até ao insignificante, a professores sem vínculo, em unidades orgânicas onde os há em maior número, como sejam os leitores nas humanidades. O RJIES permite extinguir serviços deixando em aberto o que acontecerá aos professores. No caso dos funcionários, é certo que os funcionários públicos não podem ser despedidos, e continuarão a manter esse estatuto mesmo com a Fundação. Mas há a possibilidade da mobilidade para aqueles que não tiveram excelente ou muito bom, e como muitos funcionários tiveram excelente na avaliação do SIADAP não devido às suas qualidades mas devido à fragilidade do sistema que permite que um júri, controlado por membros nomeados pelos do "regime", premeie os funcionários que entender e arranjam as justificações de acordo com os objetivos que eles próprios delinearam, os mais expostos à mobilidade serão os outros mesmo que sejam competentes. Assim é e sempre será no funcionalismo publico quando minado por uma hierarquia instalada demasiado tempo nos lugares de topo. Em democracia parlamentar, pelo menos há um votação direta para acabar com esta situação. No Ensino superior houve quase sempre um filtro, e agora há mesmo um colégio eleitoral, o Conselho geral. Voltando ao princípio, se quem participa nas eleições para o Conselho geral estivesse atento e fosse mais empenhado, poderia votar numa maioria que seria uma verdadeira alternativa. Aqui também se deparam com a falta de candidatos em que se revêem, ou que consideram capazes, porque muitas vezes os melhores, como já referido atrás, por que estão muito envolvidos noutras atividades não se envolvem ou não se querem envolver. E assim repete-se o ciclo dos mais interessado em manter o poder conseguirem alcançar a maioria no CG e eleger o reitor, que estará de qualquer forma já predeterminado. Não será este reitor especificamente, porque ele é também a consequência de toda uma máquina montada por uma pequena minoria muito ativa, que o quis lá, para poder manter os seus privilégios. Assim, sem uma mudança de atitude dos professores quando for da próxima eleição para o Conselho Geral, será com o próximo. Assim, não há volta a dar, sendo o que Joseph Heller designou por "catch 22" situation, ou como em bom português, pescadinha-de-rabo-na-boca.
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