sábado, abril 07, 2012

A avaliação feita à medida de alguns

A avaliação segundo o RAD-EEUM (RAD da Escola de Engenharia), pode-se entender como auto-avaliação em 85% e avaliação em 15%. Embora o processo informático balize a auto-avaliação de I&D maioritariamente em publicações referidas no ISI W.O.K. e no SCOPUS, o que é uma forma correcta de assegurar uma avaliação comparativa entre os vários departamentos, o que acabou por prevalecer devido à pressão dos vários departamentos e centros de I&D foi que também fossem consideradas conferências que os centros considerassem de qualidade, mesmo que os "proceedings" não estivessem na ISI w.o.k. ou Scopus. Pode-se argumentar que nem todas as conferências são registadas nestas bases de referência internacional, o que prejudicaria certas áreas do saber menos mediáticas ou que não tenham a agressividade de certos promotores de conferência na ânsia de angariação dos melhores conferencistas. No entanto, não deixa de ser uma tentação para os departamentos e Centros de indicarem conferências em que mais participaram nos últimos anos, nomeadamente os que estão a ser avaliados, tenham ou não mérito internacional essas conferências. Devia ser para evitar esses abusos que há uma avaliação por parte de outro avaliador, um Professor mais graduado(Catedrático), e não só de um sistema automático que aceita tudo o que lá se mete desde que esteja na lista. Mas o que se verifica? É que o avaliador não pode alterar essa avaliação automática, mas tão só participar com uns meros 15% numa avaliação global. No futuro, podemos ter casos em que os avaliados acumulam pontos nas várias comunicações nessas conferências pré-escolhidas sem referência internacional, que quando somados vão valer mais que uma comunicação numa conferência referenciada nas bases de dados aceites por toda a comunidade internacional. É preciso dar ao avaliador a possibilidade de evitar esses abusos, sob pena de termos uma avaliação em boa parte deturpada.

domingo, abril 01, 2012

Prálem do Campus

O campus não é uma cláusura. É necessário ir para além do campus. Visitar empresas, fazer colóquios, apresentar a Universidade tal como ela é e como será daqui a uns anos. O ECDU está desactualizado. Tem a componente de avaliação desactualizada. Não é só com papers que se faz um Professor Catedrático senão ele não serve para a sociedade. Servirá para orientar os outros Professores, mas com a estrutura departamental tal como está definida, nem para isso serve. A interacção com a sociedade de um professor devia ser importante para a sua avaliação, mas não o é. Mesmo a sua intervenção política, leia-se política apartidária, devia ser objecto de avaliação. Política educacional, política regional, política empresarial, por exemplo.
Tenho dito.

sábado, março 17, 2012

A garra que nos falta

Vimos o Sporting bater um dos grandes do futebol europeu, o Manchester City. Com um plantel que vale dez vezes menos que o do adversário, conseguiu ganhar. E de que forma? utilizando a sua tática de um bom futebol técnico mas sobretudo como dizem do seu treinador, muita garra. Resistência e contra-ataque. Não será uma forma também do país resistir perante os milionários europeus e os especuladores que deitam abaixo o nosso rating? Resistir sim como estamos a fazer, e a que custo, mas também contra-atacar. Parece-me que é aqui que o governo não está a fazer nada. A nossa economia afunda-se a olhos vistos, o governo aceita todas as imposições da troika do FMI e da sra.. Merkel, e como um aluno bem comportado vai fazendo o que lhe mandam. Dos jogadores do Sporting o Manchester não conhecia ninguém. Agora já conhecem. De Portugal quem é que lá fora conhece alguém do governo? Pois é preciso darem-se a conhecer e quanto mais cedo melhor. Insistam na restruturação da dívida para maiores prazos e a juros mais baixos, mas não pedinchando. Eles que tenham respeito porque se nós lhes fecharmos a porta temos para onde nos virarmos, para África e eventualmente o Brasil e a Ásia. Há lá muito boa gente que gosta dos nossos produtos, como o vinho do porto, e de alguma da nossa tecnologia. É melhor aguentarmos um período mau de uns anitos do que pôr em causa todo o futuro dum país durante anos a pagar a dívida e os juros...e a morrer lentamente à fome, como a história do burro do inglês que tanto lhe reduziu a ração para poupar que o burro morreu de fome. Vejam a Islândia, a crescer 2,5% ao ano! E estava na bancarrota há 3 anos atrás. Porque não nós? Se nos "chatearem" muito até fazemos como eles. Só a ameaça já nos traria dividendos.
Por hoje não se fala do Ensino Superior porque não há nada a falar: está também sem garra.

sábado, março 10, 2012

Não façam nada demais

Temos cada vez mais uma sociedade que castiga aqueles que fazem alguma coisa. Não há muito tempo o betão era o alvo de todas as críticas. Fizeram-se autoestradas a mais sem dúvida, mas algumas que se fizeram dão muito jeito. Quem se lembra de ir a Viseu pela estrada antiga? Ou ao Algarve? Era um castigo. Agora são as obras que se fizeram nas Escolas. Talvez se tenha exagerado em algumas escolas com os materiais e há um famoso candeeiro que tem andado nas bocas do mundo. Mas alguém parou para pensar nas condições que os alunos têm agora em contraste com as que tinham há pouco mais de um ano? Basta aos mais velhos pensarem na escola onde os filhos andaram e que conheceram, nas reuniões de pais, em salas sem o mínimo de condições para as reuniões, e aos mais jovens de recordar o frio que passaram quando eram alunos. Havia reportagens de escolas onde chovia lá dentro! É tudo política e tudo serve para bater, escolhendo sempre o aspeto negativo. E se não se fizesse nada? Se o programa de melhoramento do parque escolar não fosse avante? Estaríamos satisfeitos que tínhamos poupado esse dinheiro? Passaram despercebidos anos do formação do Fundo Social Europeu em que se ensinava de tudo, e desde que os alunos recebessem e os monitores tivessem emprego, estava tudo sempre bem. O que é que ficou desses milhões que se gastaram desde 1986? Muito pouco. Esfumou-se. E atravessou todos os governos de todas as cores políticas! Mas as críticas não existem. Mas se uma escola foi intervencionada e lá alguém se entusiasmou e comprou um candeeiro desnecessário ou um material mais nobre, cai o Carmo e a Trindade. As Escolas e as estradas estão aí para ser usadas por futuras gerações. Mas e as "sebentas" dos cursos do FSE? Onde estão e para que servem?
Na Universidade também se adquiriram materiais nobres para algumas das instalações mais recentes. Mas as obras que se fizeram vieram melhorar muito as condições de trabalho tanto dos alunos como dos professores. No Ensino Superior numa perspetiva mais etérea, o que se fez em I&D que muitas vezes não tem consequências para a sociedade, é elogiado ao máximo enquanto que aquele professor que atende os alunos fora de horas mas não tem um currículo brilhante é muitas vezes desprezado. O que fica para a Sociedade nestes dois casos? O aluno que foi ajudado terá um futuro eventualmente mais seguro, ou a investigação do Professor servirá muito provavelmente só para ele ter currículo e subir na carreira. Não façam nada que não dê pontos, é o que parece ser o lema das avaliações, tal como o RAD. Quem monta um laboratório será recompensado? Quem apoia os alunos fora das suas obrigações mínimas é recompensado? Quem ajuda os colegas por ser mais antigo na carreira é recompensado? O ECDU recomenda que assim seja, mas se o RAD não o premeia, qual o incentivo?
É um mundo de números. No tempo do Salazar, o país acabou por ter enormes reservas de ouro e as contas que hoje fariam inveja a uma Alemanha. Mas a que custo? Não havia estradas, nem escolas que se comparassem às dos outros países. Não havia hospitais dignos desse nome. Hoje temos uma dívida que nos preocupa mas temos um Serviço Nacional de Saúde que faz inveja a muitos países desenvolvidos. Se não o tivessemos feito, a nossa dívida seria mais pequena, mas viveríamos como em muitos países e como há 40 anos atrás, com medo de ter um acidente ou doença porque não sairíamos vivos do hospital.
E se forem políticos não façam infraestruturas mas em vez disso façam discursos e usem e abusem da caridade que essa retira o orgulho a quem a recebe mas ao menos mantem-nos vivos e principalmente gratos; distribuam algumas mordomias pelos vossos eleitores e serão recompensados.
Voltando ao Ensino e I&D: Não façam nada demais, porque ninguém os vai recompensar, e sobretudo não façam nada pelos outros.

sábado, março 03, 2012

O meio ministro

Quem tutela o Ensino Superior e da Investigação Científica? Um Secretário de Estado. Juntos, Ensino Superior e Ciência e Economia não valem sequer um ministro inteiro. Estamos pior que antes quando tínhamos um ministro para o ensino superior e a Ciência. Ao menos tivemos novos estatutos com o RJIES e bem ou mal iniciou-se um processo de renovação da orgânica das Universidades e abriram-se perspetivas para uma auto-responsabilização da Universidades através de uma maior autonomia. Algumas até passaram a Fundações com plena autonomia. O resultado está á vista: tudo parado. O processo de passagem a fundação da UM está parado. A fusão do Técnico e da Universidade de Lisboa já vinha de trás, não havendo qualquer indício de com este governo haver incentivos para outras fusões. Se a UM quisesse entrar num processo semelhante, fusão com outra Universidade ou com um politécnico, já aqui referido, que apoio teria por parte dum ministério ausente? Muito pouco. Já basta não responder aos apelos dos reitores que com os cortes sofridos as Universidades não vão poder continuar como até aqui. Já sofremos de há alguns anos a esta parte nos departamentos a cortes que vão até ao papel higiénico. Agora com mais cortes, onde vai chegar? Os alunos nas engenharias e ciências, estarão muito e breve a ter só aulas teóricas, uma vez que as aulas laboratoriais necessitam de matérias primas, manutenção de equipamentos, técnicos de apoio (não substituídos depois de reformados), etc. Qual a moral de cobrar propinas cada vez mais elevadas em cursos de engenharia e ciências, com os cursos a deteriorarem-se de dia para dia? Um país sem educação de qualidade nestas áreas está a hipotecar o futuro. A engenharia e as ciências são a base duma economia saudável, embora há ministros que pensem que mais saudável ainda é vender pastéis de nata.

sábado, fevereiro 25, 2012

A fé de alguns países e a reacção de outros: a via da Irlanda no ensino (2)

Temos tido algumas demonstrações de fé nos últimos dias por parte dos nossos governantes: é a ministra do ambiente que diz que tem fé que chova e é o primeiro ministro que tem fé que em 2013 o país volte aos mercados sem recessão e com a economia a crescer. Nada disto é realista mas tem que se admirar a fé dos nossos governantes. Para muitos de nós também não há na verdade muito mais que se possa fazer senão esperar, e ter fé é uma forma de esperar... e não fazer nada para inverter a situação. A fé mantem-nos quietinhos tal como acreditar no destino nos desincentiva de atuar. É o fado dos portugueses. Outros países quando confrontados com a adversidade têm seguido caminhos mais reactivos, reagindo com energia e confiança, lutando com as armas que têm. Na economia temos o caso da Islândia que usou a sua pequenez para não pagar a divida dos seus bancos. Temos a Grécia que usa a força dos seus sindicatos para na rua combater o inevitável rolo espremedor da troika duma forma que não deixa dúvidas. Temos a Irlanda cuja economia cresce mesmo com a troika, o que se deve a uma governação imaginativa, mesmo sendo um país católico como Portugal. Na Irlanda o pragmatismo fala mais alto que a fé. Já aqui exprimi o que é reconhecido à Irlanda como vantagem sobre Portugal: a educação. Teríamos muito a aprender sobre o pragmatismo da educação na Irlanda, voltado para a indústria IT e muito focado na formação profissional, mais do que na formação teórica. A nossa educação pelo contrário forma doutores nos politécnicos por exemplo, quando devia formar técnicos altamente especializados. Nós na UM tivemos uma oportunidade de termos uma associação com politécnico o do Cávado e Ave e perdemo-la. Eles sozinhos não têm "guidance" nós na UM perdemos uma hipótese de ter cursos técnicos altamente especializados, virados para as novas indústrias. Talvez se tivéssemos um futuro conjunto teríamos condições para fazer essa viragem, e não esperar e ter fé que os nossos cursos se tornem mais relevantes apenas mudando os nomes altamente motivadores (mas sem interesse para a indústria). Os consórcios defendido pelo anterior governo faria sentido neste caso, pois parece-me haver uma complementaridade entre Universidades e Politécnicos. Os politécnicos teriam contudo que deixar de ser Universidades de segunda e passarem a ser politécnicos de primeira, com uma componente técnica muito maior que a que têm neste momento. Há excepções, mas o IPCA não me parece ser uma e a UM poderia promover essa diferença e complementaridade simultânea entre as duas instituições, também para seu próprio bem. Poder-se-ia, partilhar recursos, nomeadamente humanos, e beneficiar também por essa via, através do intercâmbio de experiências diversas dos seus docentes e técnicos

sábado, fevereiro 18, 2012

O desemprego e a imagem do País

O desemprego atingiu os 14%. Entre a população jovem licenciada o desemprego aumentou 28% no último ano. A situação é em parte devido à falta de estímulo à economia e em parte devido ao consumo interno, fruto da recessão. Mas será só? Por exemplo a Irlanda que está na mesma situação que nós e têm o mesmo problema de desemprego? Penso que não será tão grave. Uma diferença é a do investimento estrangeiro que na Irlanda é muito mais alto que em Portugal. As razões podem ser várias, incluindo o facto de ser investimento americano sendo conhecidas as ligações entre estes dois países por via dos muitos irlandeses de várias gerações que há nos Estados Unidos. Mas também há o grande investimento que a Irlanda fez na formação dos seus jovens para atrair investimento nas áreas de tecnologia de ponta. E conseguiram-no. Nós o que conseguimos foi o investimento de empresas de mão-de-obra intensiva que foram atraídas pelos baixos salários. Acresce ainda que essas empresas receberam subsídios e isenções fiscais para se instalarem em Portugal para depois saírem quando o custo da mão-de-obra já não era aliciante. Foram para os países de Leste e para a Ásia. Só para abrir um parêntesis, nós temos uma relação com os EUA de subserviência, em que cedemos a base das Lages a troco de tostões, mas somos humilhados pela expulsão de emigrante açorianos que ou não têm os documentos em dia ou cometeram pequenas infracções nesse país. Sei que parece não ter nada a ver, mas a imagem fica e nestas coisas incluindo o investimento estrangeiro, a imagem dum país também é importante. Quanto à formação dos jovens para atrair investimento estrangeiro, bastante se fez nos últimos anos, não só no ensino superior mas também nas escolas tecnológicas. No entanto parece que tem sido em vão no que respeita ao investimento estrangeiro. O que se incentiva é o contrário, para os jovens irem para o estrangeiro! Não houve nem há uma campanha de divulgação no estrangeiro, nomeadamente junto desses grandes grupos económicos, sobre o progresso do ensino tecnológico que serviria para essas empresas se instalarem em Portugal. Pelo menos não de uma forma inteligente. O que tem havido tem sido a promoção do turismo, sol e praias e infelizmente o que tem sobressaído lá fora, nomeadamente nos países nórdicos, é que somos um país de sol e praia, e que consequentemente não trabalhamos por essa razão! Os EUA também têm sol e praias e é precisamente numa das zonas com mais sol e praias que se desenvolveram as indústrias mais avançadas, na Califórnia. Tem que se transmitir essa imagem também para Portugal, que uma coisa não impede a outra. Além do investimento estrangeiro há o nosso próprio investimento cá dentro. O que se tem verificado é que as indústrias exportadores têm estado bem. No entanto sem uma economia a funcionar normalmente, devido às medidas da troika e do governo, sem o acesso ao crédito por parte das empresas, mesmo essa componente positiva da nossa economia está em risco. As empresas que exportam debatem-se no entanto com margens muito baixas, sendo que será difícil se capitalizarem para aguentar a corrida, que é de longo curso. Um das razões é também da imagem. Aqui ao lado na Galiza, o grupo Inditex conseguiu através de marcas, nomeadamente a Zara, que se impuseram no mercado, ultrapassar todas as expectativas sendo o maior do mundo nessa área. E não foi pela qualidade. Foi pela forma como funcionavam, com as roupas nas lojas quando as pessoas as queriam através de uma logística muito bem organizada, mas foi também pela imagem. E que eu saiba, por muito respeito que os galegos me merecem, a Galiza não tem uma imagem melhor que a portuguesa. Mas o que transmitem é uma imagem de Espanha, um país moderno que conseguiu impor a sua imagem lá fora. E também têm sol e praias, mas conseguiram tornar essa luminosidade a favor deles. Só mais um à parte: ainda bem que assim é, porque grande parte das exportações devem-se às empresas têxteis que estão a "exportar"..para a Zara e companhia. E lá estamos nós, dependente de terceiros e com margens esmagadas. Se pensarmos no Minho como a Galiza de Portugal, talvez possamos fazer o mesmo. Não existem as praias do Algarve, nem temos essa luminosidade para transmitir, mas lá fora ninguém vai perceber se a utilizarmos como nossa!

sexta-feira, fevereiro 10, 2012

Porquê na quinta dos peões?

Num artigo de opinião no Diário do Minho foi sugerido que o futuro centro de congressos fosse para a zona de S. João da Ponte em vez da quinta dos peões. O argumento era de que seria uma forma de trazer vida para uma zona que a Câmara estará também a pensar revitalizar. Este processo em si tem tido a oposição da igreja, nomeadamente da arquidiocese de Braga, que reivindica para si a titularidade do terreno envolvendo a capela de S. João. Uma vez resolvido este diferendo, faz de facto todo o sentido ter lá um edifício deste tipo, leia-se, de elevada volumetria, uma vez que há bastante espaço e tem bons acessos. Este tipo de edifício na quinta dos peões também vai aumentar o movimento numa zona já de si com problemas de fluxo, devido à proximidade das entradas par o campus de Gualtar e ao Macdonalds e hotel Meliá. Estes dois edifícios já foram construídos na área original da quinta dos Peões embora a variante do Fojo os separe. Tanto quanto se sabe o Mcdonald’s não teve o parecer positivo da UM nem foi a discussão pública o que é grave dado o impacto que tem sobre os acessos, nomeadamente às horas das refeições. Uma vez que não houve qualquer objecção à sua instalação, quem propõe este prédio sabe que pode contar com a passividade da Academia mais uma vez, principalmente quando se trata de um edifício com objectivos "nobres", como um centro de congressos. Enganem-se aqueles que acham que o centro de congressos será um anfiteatro e pouco mais. Vão aproveitar e juntar andares com cafés, mais restaurantes, eventualmente lojas, e outros negócios. Será um mini-centro comercial. E será volumoso. Em vez de um espaço aberto que permite ao campus respirar, teremos a tapá-lo um edifício de betão e vidro com vários andares, que servirá de negócio para alguns mas não servirá para a UM. Nem dá para ir almoçar ao restaurante do campus.
Depois há a Associação Académica. Para lá dos argumentos sobre o edifício que será também algo de "encher o olho", servirá para os alunos fazerem as suas festas e praxes, pois terá com certeza um bar digno duma Associação que lucra com a cerveja mais do que com fotocópias. Basta imaginar quanta cerveja se vende no enterro da gata!
Oxalá me engane, mas o assunto é importante demais para que fique no segredo dos gabinetes ou num edital escondido num jornal local. Todos temos o direito de saber em pormenor o que se planeia de facto para este espaço.

sábado, fevereiro 04, 2012

Quinta dos Peões de novo em discussão

A quinta dos peões volta às notícias pela voz do candidato à Câmara pelo PS, Vitor de Sousa. Até ao Verão vai ser decidido o futuro daquele espaço. Nada sobre a consulta que se anunciou anteriormente. Tudo na mesma em relação às intenções. Disfarçado de intenções de ligação à UM, com o óbvio intuito de "dourar a pílula", anuncia-se a construção de um centro de congressos e a sede da Associação Académica. No entanto nada se diz sobre a dimensão de tais edifícios. O centro de congressos será necessariamente um edifício volumoso e a Associação também será com certeza algo digno da sua megalomania. Os actuais alunos estão a pôr em causa a qualidade de vida do seu período de estudo na UM e principalmente o dos futuros alunos. Em vez de um espaço verde, vão ter dois edifícios de betão e vidro, de dimensões que teme-se não permitem qualquer espaço verde envolvente digno desse nome. O Palácio de congressos será um grande negócio para alguém, que não será com certeza a Universidade. Tapará a vista que ainda de alguma forma ampla se vislumbra de e para a fachada do campus. Sabemos como a Associação desde o seu início se tornou num negócio para muitos alunos e outros que gravitam em seu redor. No entanto o seu cariz supostamente representativo dos alunos, e digo supostamente porque nas eleições para a Associação a abstenção ronda os mais de 75%, dá-lhes uma responsabilidade acrescida neste tipo de decisões. Se mais ninguém faz nada, e na altura da transferência dos terrenos do Estado para a Câmara e a sua alienação o reitor de então, Sérgio Machado dos Santos, teve uma atitude absolutamente lamentável, ao deixar que se alienasse os terrenos para um particular, nem mais nem menos que o sr Rodrigues Névoa, poderiam agora ser os estudantes a fazê-lo, uma vez que o suponho que o actual reitor se sentirá atado de mãos e pés para poder fazer algo. O terreno pertence a Rodrigues Névoa mas a autorização de construção deve pertencer à Câmara, portanto talvez o reitor e o Conselho Geral possam ainda ter uma palavra a dizer junto da Câmara. Anunciou-se uma consulta pública há uns meses atrás. Onde estão os resultados dessa consulta pública?
Mais uma vez, o dinheiro fala mais alto. O que a UM devia fazer era desincentivar a utilização pelos seus docentes desse Palácio de Congressos a erigir nesse local como forma de pressão para o construirem noutro qualquer e exigir pelo menos o que foi acordado mais tarde, que haveria uma zona ampla livre de edifícios em frente ao campus, e que qualquer edifício a construir seria de baixo volume, digamos um piso, e seria construído perpendicularmente à fachada do campus, minimizando a sua ocultação e impedindo a sua asfixia.

sábado, janeiro 28, 2012

A estratégia para a UM na captação de receitas de I&D

Quem se candidata a um projecto de I&D, por exemplo do QREN, tendo como objectivo financiar a investigação e em alguns casos transferir para a indústria a sua tecnologia, que se prepare para um calvário de burocracias no momento que precisa de solicitar ao QREN o pagamento da primeira tranche. Burocracias para as quais terá muito pouco apoio. De tal forma é essa burocracia que será provável que nunca mais se candidate. Como ajudam os Serviços a responder a essa burocracia? Na Divisão Financeira, o núcleo de projectos é constituída por duas ou três pessoas, e talvez por isso, limitam-se a enviar os documentos comprovantes das despesas para o investigador copiar os valores nesses documentos e inseri-los no formulário on-line. É um processo que demora muito tempo, principalmente porque um investigador não é um administrativo nem é o seu objectivo na Universidade. Um dos argumentos mais caricatos utilizados pelos serviços é de que não conseguem aceder ao formulário on-line da candidatura dentro da UM, por isso tem que ser o investigador a fazê-lo. O funcionário até sugere que pode aceder ao formulário e verificar o que já foi inserido pelo investigador...em casa. Tem até uma atitude de improviso na sua impossibilidade de o fazer no serviço. Até que preencher o dito formulário não causaria grande "stress" para quem tem uma estrutura montada com vários projectos a decorrer, e com uma pessoa contratada só para esse fim. Mas para aqueles que não têm? É para esses que me dirijo: não o façam sem primeiro terem condições por parte da UM para o fazer. Eu já não tenho intenção de o fazer a não ser que as coisas mudem muito. A UM além dos overheads que recebe diretamente do projecto, tem o seu próprio orçamento que vai quase todo para salários. Tanto as overheads como os salários devem ter uma parte reservada para auxiliar o investigador. Sem um investimento nesta área não há estratégia para a captação de receitas que mereça esse nome.
Outra questão é a da atitude dos serviços. A palavra "serviço" não é entendida como tal por estes serviços de apoio aos projectos. A hierarquia destes serviços tem uma função importantíssima e não deve ser recrutada sem ter um perfil de empatia e mútuo esforço para com os investigadores. Afinal devem ter todos os mesmos objectivos, captar receitas. Já lá vai o tempo em que os funcionários, dirigentes ou não, tinham uma função de fazer os mínimos, sem objectivos de sustentabilidade dos seus próprios serviços. Nos tempos que correm, se por acaso não mudarem, podem correr o risco de serem extintos e de a Universidade recrutar pessoal de fora para fazer o seu trabalho. Esses, que precisam de agradar senão perdem o contrato e porventura o emprego, terão certamente outra atitude..e ao menos podem acede a formulários on-line.

quarta-feira, janeiro 25, 2012

A estratégia para a universidade em duas palavras

A melhor estratégia costuma ser a mais simples. Normalmente se queremos mudar tudo não mudamos nada. Existe por exemplo a "elevator pitch presentation", que obriga um empreendedor a apresentar a sua estratégia no espaço de tempo que leva num elevador com investidor, e convencê-lo! Os académicos têm um problema: complicam tudo. Por isso se brinca com o "princípio de Peter": um bom investigador quando é promovido para um cargo de gestão, passa a ser um péssimo gestor. Por isso estamos como estamos. Cursos a mais, matéria a mais, horas a mais, trabalhos a mais, e o que realmente interessa, o sumo, esse fica de fora. Compram-se as laranjas, comem-se as cascas e deita-se o sumo fora. Veja-se o exemplo anglo-saxónico. Cursos com poucas disciplinas, todas elas viradas para a especialização e o resto que aprendam fora da Universidade no seu próprio tempo. Aliás, com o advento da net e sobretudo da wikepedia e das enciclopédias on-line, cada vez se justifica menos dar aulas sobre assuntos gerais, assuntos que qualquer estudande pode descobrir numa pesquisa rápida e se tiver interesse. Nas engenharias por exemplo, onde é tão importante "saber fazer", ainda havia os Mestrados e Doutoramentos para os alunos se especializarem. Agora temos os Mestrados Integrados que têm teses baseadas em pesquisa de um a dois semestres e programas doutorais em que se dão aulas de metodologias da investigação (?) e outras disciplinas de encher, que não servem para mais do que dar uma horas a alguns departamentos que precisam. Como se um aluno que viesse de um Mestrado já não soubesse fazer a pesquisa científica, que também está muito facilitada com a biblioteca on-line. São precisas 30 a 60 horas para ensinar a fazer esta pesquisa? Ora..ora. Enfim, temos déspotas á frente dos cursos que zelam pelo cumprimento do supéfluo, e esquecem-se do mais importante, que é o tema do curso. Muitas vezes até o nome do curso é confuso para o empresário que os vai empregar como engenheiros. Por exemplo, gestão industrial, engenharia biomédica. Outros são tão antiquados que até dá sono: engenharia têxtil, engenharia mecânica, por exemplo. São o quê estes engenheiros, tecelões e serralheiros? É o que parece pelo título.
Enfim, ou somos objectivos e claros, ou cada vez somos menos relevantes para a sociedade.

sábado, janeiro 07, 2012

O desemprego na população jovem licenciada

Vamos entrar num ano que todos prevêem complicado. No entanto é nas alturas de crise que a solidariedade entre os homens e mulheres é maior. E é necessário que a solidariedade esteja presente nas acções que se adivinham de rotura na sociedade: desemprego, despejos, falências, dificuldade de acesso aos cuidados primários, etc. A começar pelo desemprego, é dramático o que está a suceder aos jovens, por exemplo. Estima-se que o desemprego entre os jovens possa atingir os 50%. A maior falta de solidariedade para com eles é dizer-lhes que emigrem. Só quem nunca esteve "lá fora" é que pode sugerir com tanta leviandade essa solução. É dramático o desenraizamento que esses jovens sofrem quando emigram. Mesmo os casos de sucesso escondem muitas vezes situações de solidão e de problemas de integração nas sociedades para onde foram. Muito mais adequado seria de promover estágios profissionais para esses jovens, tal como o anterior governo fez; embora só mil jovens eram seleccionados o que era manifestamento pouco. Outras soluções que ainda estão a vigorar, por enquanto, serão os estágios profissionais remunerados. É uma forma de integração no meio empresarial que deve ser estimulada e por razões que me escapam este programa está parado (ou quase). A austeridade não pode parar o desenvolvimento do País e sem o envolvimento dos jovens o futuro está comprometido. O ensino público sofreu com este governo, supostamente por imposição da troika, cortes como nunca sofreu. No entanto continuam os subsídios para os colégios privados. Na Universidade os cortes também são severos, na ordem dos 10%. As exportações aumentam mas os emprego não. Chamam-lhe produtividade, mas é mais do mesmo, baixos salários, longas horas de trabalho. Com este cenário se não houver solidariedade para com os desempregados teremos em breve um grande problema social. Os Mestrados deviam ser uma escapatória para o desemprego dos licenciados devendo ser por isso subsidiados. Em vez disso subsidiam-se as Associações de estudantes, para as suas festas e outras actividades. O tempo de festas acabou, e o dinheiro não abunda por isso é tão importante aplicá-lo com parcimónia e onde ele é necessário. Dos Mestrados podem sair alunos mais bem preparados para o mercado de emprego e que sirvam de impulso à inovação e crescimento das nossas empresas.

sexta-feira, dezembro 30, 2011

2011- Um ano de transição

O ano de 2011 que muito prometeu em matéria de alterações, nomeadamente à passagem a Fundação, afinal não teve grandes alterações ao estatuto existente, em grande parte devido à mudança de governo. Para animação da Academia, houve episódios caricatos, como o dos e-mails dos gelados e outros mais incómodos como o das multas da biblioteca, assunto que encerrou o ano com um abaixo-assinado de utentes revoltados. Houve progressos no que respeita a consultas à UM e por proposta do CG e aceitação do reitor, foram formados grupos de reflexão para pensar na estratégia para o futuro da UM. Quem se deu ao incómodo de ler alguns desses trabalhos que foram divulgados, nomeadamente o da Escola de Engenharia, deu-se conta de que uma das propostas seria o de extinguir os centros com classificação de "apenas" BOM. Como de costume isto não causou qualquer apreensão, pelo menos por escrito, da Academia. Fica-se com a sensação que mesmo a formação de grupos não foi entusiástica, sendo até de difícil concretização. Este mal que afecta a Academia, a indiferença, continuou pelo ano fora, e só se prevê que se altere quando as medidas que se adivinham começarem a ter efeito. Serão medidas que irão no sentido de se economizar e isso pode significar em última instância em desemprego para alguns. Já se foram, sem grande publicidade, alguns leitores, por terem um vínculo mais fraco à entidade empregadora, neste caso a UM. A alternativa de se fazerem cortes horizontais nas percentagens dos professores convidados, sempre foi uma alternativa, por estes também terem um contrato sem garantias. Mas uma vez esgotadas estas vias de cortes na despesa, quem se seguirá? O RJIES aparentemente não permite que se despeça ninguém com nomeação definitiva, uma vez que os contratos são por tempo indeterminado, embora uns tenham "tenure" e outros não, não se percebendo muito bem a diferença.
Há por outro lado a hipótese de pessoas de fora ingressarem na UM via concursos para lugares do quadro (professores Associados e Catedráticos)o que faz com que seja ainda maior a despesa com salários. Onde vai a UM buscar dinheiro? Estima-se que o corte para o ensino superior tenha sido na ordem dos 10%. Já se veio acrescentar recentemente como imperativo da troika, que é necessário cortar no ensino superior mais 360 milhões. Onde se corta? Quando se consulta, uma das razões perversas, embora as intenções sejam boas, é a dos responsáveis não quererem tomar decisões impopulares sozinhos. E quando se pergunta como cortar nas despesas o que é que se responde? Para cortar é necessário obviamente cortar em pessoal, porque no resto já não há por onde cortar. Se esse é o caminho, esperamos que o reitor e CG vejam onde estão as gorduras em pessoal, incluindo os Serviços, e não só em pessoal docente, e façam-no duma maneira que não sejam sempre os mesmos a pagar, ou seja, aqueles que não têm padrinhos nos vários órgãos e unidades da UM.
Seria ótimo que não fosse necessário chegar a este ponto, mas para isso, seria necessário que mais alunos entrassem, o que não é provável, dada a escassez de jovens a distribuir por todas as Universidades. Além disso, os jovens na contextura actual pensam noutras opções, tais como emigrar ou arranjar emprego primeiro para só depois ingressar no ensino superior.
Outra hipótese é a de conseguir mais receitas com projectos e serviços para o exterior. No entanto, também se sabe que cada vez e mais difícil conseguir aprovação de projetos, porque a I&D também sofreu cortes. Os serviços para o exterior são difíceis de conseguir num contexto de crise, mesmo que os professores tivessem vocação para tal, o que não é o caso, salvo algumas excepções.
No antigo ECDU, quem não fizesse doutoramento tinha que sair. Havia sempre maneira de dar a volta, ou por passagem temporária a convidado, para depois ingressar novamente, ou por outra formas de aproveitamento de buracos na lei. A nomeação definitiva era algo que era praticamente automática. Com o RJIES procurou-se por alguma relevância na nomeação definitiva, mas em última instância cabe ainda aos professores catedráticos o ónus de dar um parecer positivo ou não o candidato. É uma responsabilidade muito grande para alguém que não tem necessariament funções diretivas, seja no departamento, seja no Centro de Investigação. Felizmente para a maioria dos professores, esta situação não se coloca porque já tinham passado antes da entrada em vigor do RJIES, uma vez que a UM já não é uma Universidade nova (ao contrário do que muitos ainda pensam).
Numa análise simplista, o RAD foi feito para permitir distinguir aqueles que merecem passar de escalão em primeiro lugar. Mas também prevê penalizar quem não atinge os mínimos, podendo até colocá-los na Mobilidade, ou seja no desemprego a médio prazo. No entanto, se as promoções nos escalões por mérito estão congeladas, também não é previsível que os "despedimentos" por "demérito" avancem. Não seria lógico.
Penso que sem possibilidade de despedir, o que vai acontecer é que vamos todos ganhar menos, duma forma ou doutra. Começou com os cortes nos subsídios de férias e de Natal, seguir-se-ão outros cortes no ordenado. É a maneira mais fácil dos governantes, sejam os nacionais ou os locais, de contornarem esta questão.

Um Bom 2012 para todos, dentro do possível, é o que eu desejo.

domingo, dezembro 25, 2011

O Natal dos hospitais

Todos os anos somos expostos ao programa Natal dos Hospitais, um programa em que artistas vários cantam para os doentes dos hospitais. Lembro-me quando era adolescente e a televisão estava a dar os primeiros passos, como este programa era seguido por muita gente porque tinha os melhores artistas portugueses. Passaram os anos e o que se nota é que os artista passaram a ser de segunda, com muita música pimba à mistura. Será que os doentes não merecem melhor? Já basta estarem doentes! Ocorre-me uma analogia que é a dos estadistas que em tempos zelavam pelos interesses dos povos. Nunca tivemos ninguém à altura de estadistas dos três maiores Países da Europa: um Churchill, e mais recentemente Margaret Thatcher, ou mesmo de um Miterrand ou de um Helmut Kholl. Mas tivemos, pelo menos no prestígio e na fama atingida a nível internacional, goste-se ou não do estadista, Mário Soares. Mesmo António Guterres e Jorge Sampaio foram reconhecidos internacionalmente ao ser-lhes atribuídos os mais altos cargos nas Nações Unidas uma instituição internacional de prestígio. Durão Barroso, à frente da Comissão Europeia, embora pouco tempo estivesse no Governo em Portugal, também é reconhecido internacionalmente pelo seu estatuto nesse lugar de elevado prestígio. Com eles seria mais difícil os poderosos “fazerem farinha” como diz o povo, algo que não se pode dizer de Passos Coelho em relação à sra. Merkle.
A analogia a que me referia é estando a economia "doente" quem temos de elevado nível para nos guiar por estes caminhos tortuosos e de futuro incerto? Artistas de segunda. Sem mencionar nomes, porque não os distingo no governo, são todos pobrezinhos de espírito, não havendo uma ideia, uma "tirada", uma diretiva que indique que alguém ficará para a história como os outros que mencionei ficaram, e ficarão (uns mais que outros). Só se for pelas piores razões, que sinceramente espero, e todos esperamos, que não aconteça.

Desejo a todos um Bom dia de Natal.

domingo, dezembro 18, 2011

Os estatutos da UM atrapalham a renovação de I&D?

Na sequência das opiniões manifestadas pelos grupos, e particularmente pelo grupo em que participei, ficaram por mencionar aqueles exemplos concretos que são específicos das áreas a que cada um dos membros pertence. No meu caso por exemplo, já disse aqui alguns exemplos que dizem respeito à Escola de Engenharia no que respeita a Departamentos. No que respeita a Centros de I&D penso que será mais no sentido de novas áreas que se devem orientar os nossos esforços. Áreas transversais como a Nanotecnologia são por demais evidentes como aquelas em que se devem congregar esforços e aproveitar a existência de diversos pequenos grupos em diversos departamentos e em diferentes Escolas, para se juntarem e desta forma conseguirem sinergias que doutra forma serão difíceis de atingir.
A Nanotecnologia é uma àrea emergente que tem sido descurada pela UM até há pouco tempo. Com a nomeação de um vice-reitor pro-activo neste sentido e de um pró-reitor com formação e especial apetência para esta área, o cenário mudou com particular relevo para cursos que arrancaram nesta área da nanotecnologia e com a participação da UM em projectos com outras entidades ligadas às Nanotecnologias, como o INL. Se não houver agora um movimento neste sentido, dificilmente haverá outro e perder-se-á o momento, que me parece propício.
Como os investigadores pertencem a Escolas diferentes, põe-se a questão dos estatutos da UM terem acomodado os centros dentro das Escolas, perdendo a flexibilidade que poderiam ter se não houvesse essa restrição. É altura talvez de rever esta e outras situações como esta, que deixam a UM amarrada de pés e mãos, muito por culpa de se ter entregue a elaboração dos estatutos da UM às Escolas, defendendo elas a incorporação dos Centros no seu seio.

sexta-feira, dezembro 09, 2011

A consulta em curso à comunidade académica da UM

Algumas notas ocorrem-me sobre a consulta à UM sobre a estratégia para o futuro da UM que está a decorrer até dia 14 deste mês.
A estratégia para a UM está a ser discutida por grupos escolhidos aleatoriamente. Estes grupos são constituídos por membros de diferentes departamentos e de diferentes Serviços. Este facto é positivo por ser uma garantia da abrangência do inquérito, mas pode também ser de difícil logística. No entanto, isto não é desculpa para os membros da Academia escolhidos não participarem naquilo que é uma oportunidade de transmitirem as suas ideias ao Conselho Geral para que este possa actuar de uma forma que pelo menos não vá contra o que a maoria defende. É a velha história dos referendos, com taxas de abstenção muito elevadas, por razões que não são evidentes. Os membros da UM têm que se mentalizar que se eles não se pronunciam outros o farão por eles, e que depois não poderão alegar que não foram consultados. Estão em causa grandes opções numa altura de crise e não se pode meter a cabeça na areia correndo-se o risco de se ser enterrado por ela.

sábado, dezembro 03, 2011

Meio mandato sem Fundação

O reitor fez um balanço positivo do seu mandato nos últimos dois anos, segundo entrevista à rádio universitária. Baseia-se na garantia da qualidade e na melhoria da gestão financeira. Quanto a aspectos ainda não conseguidos, refere obras não executadas nos campi por fala de verbas. Nem uma palavra sobre a passagem da UM a Fundação. Então não era esse o cavalo de batalha do reitor? Soubemos recentemente que o projecto Fundação foi adiado para as calendas gregas. Isto também não é uma obra que não arrancou? Que obras são estas tão importantes em Gualtar e Azurém que o reitor se está a referir que mancharam um pouco o sue mandato? Será a Fundação menos importante, quando na altura de se avançar foi objecto de uma defesa acérrima por parte do reitor? Certo é que não foi devido à falta de esforço por parte do reitor, mas sim pelas mesmas razões que as tais obras não avançaram: a crise. É curioso o que antes era fundamental para a Universidade agora nem sequer é mencionado quando se fala do mandato dos últimos dois anos... Ou será que ainda há esperança do processo de passagem a Fundação ainda arrancar mesmo depois do Governo ter decidido deferir para não se sabe quando esse projecto? Não creio. Já quando o reitor manifestou esse desejo no inicio do seu mandato, já se adivinhava que não era a melhor altura para embarcar em tal aventura, e muitos o avisaram. Não fez caso, mas agora também não o quer admitir. Claro que não por culpa dele, que bem se esforçou, mas de qualquer forma, é isso que distingue um bom líder/político dum que não o é, ou seja, ter ou não ter consciência do grau de sucesso de qualquer empreendimento em que se aposte. Talvez um reitor não tenha que ser nem líder nem político, mas que estas duas componentes são uma parte importante do perfil, disso ninguém tem dúvidas. E pelo menos um líder deve assumir as suas responsabilidades quando as coisas não correm como ele tinha previsto, nem que seja para admitir que "fez mal as contas" e que já foi extemporânea e tardia a sua entrada para "a corrida às Fundações".

sábado, novembro 26, 2011

Estratégias para a UM num cenário de crise: fusão, reconversão ou extinção de departamentos

Num cenário de crise, é evidente que a optimização de recursos faz sentido, tais como a fusão, reconversão ou extinção de departamentos. Mas se muitos concordam com este princípio geral, já quando isso mexe com o seu departamento ou centro de investigação as coisas aí mudam de figura. Temos o exemplo do Departamento de Engenharia Têxtil que é um caso típico de um departamento que tem professores a mais por os seus cursos terem alunos a menos. As causas da diminuição do número de alunos são as que são conhecidas, nomeadamente a pouca atratividade dos cursos face às expectativas dos alunos. Sei que na Escola de Engenharia chegou a ser discutida esta questão da sustentabilidade do departamento, mas não se chegou a parte nenhuma porque os demais departamentos não quiseram fundir ou receber professores de uma eventual extinção do departamento. As razões não as conheço, mas suponho que não serão abonatórias para aqueles que actuaram desta forma. Desconfia-se que se prendem com receios de concorrência de novos elementos para lugares do quadro do seu departamento ou de outros receios que não são palpáveis mas que serão do foro pessoal.
Que eu saiba esta foi a primeira tentativa de mexer com departamentos e falhou. O Presidente da Escola também não impôs a sua vontade, mesmo sabendo que seria uma decisão óbvia fundir, restruturando a geometria departamental da Escola, ou mesmo extinguir um departamento que não é sustentável e distribuir os seus membros por outros departamentos. Poderia tê-lo feito mesmo contra a vontade dos outros departamentos uma vez que o RJIES estipula que os departamentos não têm voto no Conselho de Gestão. Teria que ter o acordo do Conselho de Escola mas não se sabe se foi sequer consultado.
Se este é o resultado da primeira tentativa na UM de fundir, restruturar ou extinguir um departamento e que deu em "nada", é caso para perguntar se vale a pena responder a esta questão do inquérito posto a circular pelo Conselho Geral, se este só serve para constatar o óbvio sem que isso tenha qualquer consequência. O problema é que como muitas vezes acontece nestas situações, qualquer decisão será sempre do desagrado de alguns, que contarão sempre com a manutenção do "status quo" por parte dos seus dirigentes, uma vez que, com honrosas excepções, qualquer dirigente desta casa pensa em primeiro lugar em si e só depois na instituição que deveria servir, e confrontando os seus membros com decisões pouco populares, pode pôr em risco a sua posição ou no mínimo ter "chatices" que tornam o lugar pouco apetecível.

sexta-feira, novembro 18, 2011

Estratégias para a UM num cenário de crise: I&D

A autonomia Universitária esteve em discussão esta semana, tendo hoje o Ministro da Educação vindo assegurar as Universidade que não vai haver alteração na possibilidade de contratação por parte da Universidades de pessoal. Seria desastroso para as Universidades se tivessem que obter autorização prévia na contratação de investigadores, por exemplo, que os reitores chegaram a temer e a expressar as suas preocupações nesse sentido.
No entanto, há ainda a questão dos cortes, que serão de tal ordem que muitos departamentos ficarão sem verbas para comprar um agrafo ou uma esferográfica, quanto mais renovarem o que quer que seja (equipamento pedagógico, por exemplo). Vem a propósito referir a opinião da Escola de Engenharia, expressa pelo seu Presidente e embora eu não me reveja nela, acredito que foi consensual entre os que se pronunciaram na resposta à consulta feita por e-mail aos membros da Escola, de que só os Centros de I&D com a classificação de Muito Bom para cima devem ser admitidos pela UM.
Não sei qual a verba que os Centros com Bom recebem, mas por muito pequena que seja não será de desperdiçar, dadas as circusntância de penúria que os departamentos serão votados a partir de agora. Se manter os Centros com Bom desincentiva a investigação não sei, mas normalmente os investigadores não investigam para que os seus centros tenham uma boa nota. O inverso é que talvez seja a tendência: os Centros captarem bons investigadores de outros centros para melhorarem a sua classificação. E põe-se a questão: e os professores dos Centros que não tiveram Bom para onde vão? Não podem ir para um de Muito Bom porque haveria o risco de este centro baixar de classificação. É necessário não se pensar que se está numa Universidade de Oxford ou Cambridge e baixar à nossa realidade e às necessidades do País. Veja-se o pragmatismo das Universidades americanas que não deixam de ser excelentes em I&D mas que o fazem tendo em vista as empresas do seu país ao ponto de serem estas a reconhecer tal facto e a subsidiarem as Universidades através de projectos que lhes interessam. A nossa indústria não é a americana, nem a sua capacidade tecnológica nem na sua atitude em relação à inovação, mas talvez nós nas Universidades os intimidamos com tanta ciência, por detrás de um discurso propositadamente fora do seu alcance.

sexta-feira, novembro 11, 2011

A UM em lume brando

Três assuntos dominaram a atenção dos membros da UM esta semana: orçamento com afirmações do reitor da Universidade de Coimbra e secundadas pelo reitor da UM que por este caminho as Universidades respectivas fecham em 2013, as barreiras "assassinas" dos parques de estacionamento, e as multas pagas pelo atraso na entrega dos livros. Podemos interpretar estes dois últimos desenvolvimentos como uma tendência para uma situação de desastre que o reitor preconiza? Dizem que antes dum tremor de terra que há indícios: os pássaros voam ou batem as asas por serem mais sensíveis. Não é normal um reitor ter uma visão tão catastrófica, mas considerando o que se anuncia em termos de cortes, até que não é descabida, embora ninguém acredite que a UM vai fechar com mais 10% de cortes, à semelhança da Universidade de Coimbra. Mas se esses cortes se confirmarem, porque não se faz um corte nas gorduras, como está em voga dizer-se, em vez de morrer o doente de morte lenta por obesidade? Por exemplo, porque não se começa por autonomizar os Serviços Técnicos tendo em vista uma futura "privatização"? Afinal já se sub-contrata aos privados muito do que é feito na manutenção das instalações. A Universidade não é uma Câmara que precise de serviços de manutenção das ruas e passeios e dos espaços utilizados pelos seus habitantes. Mesmo a maioria das Câmaras já "privatizaram" muitos dos serviços através da fundação de empresas municipais. Não faz sentido ter tanta gente em funções administrativas nos Serviços Técnicos, para depois sub-contratarem as empresas os serviços de manutenção. Não é esta a vocação da Universidade, como foi evidente neste caso que veio a público da manifesta incapacidade de gerir o mais simples dos mecanismos, as barreiras dos parques. Uma ou duas pessoas seriam suficientes para controlar essas empresas privadas sub-contratadas e nem precisariam de constituir um Serviço, mas antes fazerem parte de outros Serviços já existentes. Poupar-se-ia muito dinheiro que seria canalizado para aquilo que é a função da Universidade: formar cidadãos e fazer investigação de apoio a essa formação, ou de apoio à sociedade. Podem-se comparar os Serviços Técnicos aos Serviços de Segurança, e estes já não fazem há mujito tempo parte da estrutura da Universidade, por isso não chocaria que os Serviços Técnicos fossem pelo mesmo caminho,
Quanto à questão dos livros, já é uma situação diferente, pois sem livros e revistas não há Universidade. Mas por outro lado, é precisamente por essa razão que não se devem afastar os professores desses meios essenciais de aprendizagem e investigação, ou de apoio ao ensino, que (ainda) são os livros. E multas pesadas por incumprimento no retorno dos livros, é um passo nesse sentido de afastar os professores dos livros. Haja ponderação nos dois sentidos, é o que seria de esperar: os professores não devem exagerar e ficar com os livros anos seguidos e os serviços não devem passar a ser uma espécie de caça-níqueis a enriquecer com o descuido dos seus "clientes", como acontece com tantos serviços bancários e afins e com as finanças, com multas pesadas para quem é esquecido ou simplesmente humano e não um relógio com alarme automático.
Há uma sondagem a decorrer sobre a estratégia para o futuro da UM. As questões colocadas podem não ser suficientes e o facto de limitar a intervenção dos membros da Academia escolhidos para essa discussão é à partida uma limitação à criatividade dos inquiridos. Não deve haver nesta fase, a meu ver, qualquer orientação nas perguntas, que só incidem na estrutura de ensino e I&D da UM e deixam de fora os Serviços, e, tal como já escrevi no último post, também deixam de fora as razões da escolha dos alunos no que respeita aos cursos que frequentam.