segunda-feira, março 02, 2015
A carreira docente estagnada
Quando o Estatuto da Carreira docente foi escrito, em 1979, na sua forma essencial, estava-se numa situação de crescimento, em que as universidades precisavam de professores de uma estrutura em pirâmide, com catedráticos, associados e auxiliares. Com o estabelecimentos da pirâmide veio a promoção dos professores ao longo dos anos, preenchendo os lugares vagos da pirâmide e culminando com o preenchimento dos lugares de catedrático. Nos últimos anos, com o congelamento das contratações de funcionários públicos, não houve entrada de doutorados, uma vez que com as alterações ao ECDU de 2009, tornou-se obrigatório o doutoramento para entrada nas universidades, para o lugar de professor auxiliar. Mas curiosamente houve entrada de novos professores diretamente para o lugar de Professor Associado, pela via do concurso público. Também têm diminuído os concursos para professores associados e catedráticos, devido aos cortes nos orçamentos das universidades. Na UM houve uma ligação da abertura de concursos ao número de alunos dos cursos e consequentemente dos departamentos responsáveis por esses cursos. Parece justa esta ligação mas também tem efeitos perversos, sendo o mais óbvio a desmotivação dos professores auxiliares nesses departamentos. A desmotivação leva a que os professores não façam I&D por não acharem que vão precisar de currículo para o resto da sua carreira académica, uma vez que a maior parte já ultrapassou os 45 anos, e por outro lado, não tendo a veia de investigador, também não fazem investigação porque não sentem prazer profissional nisso. O que acaba por acontecer é uma boa parte do pessoal docente, e são muitos os departamentos onde isto acontece, só dá aulas e gere o resto do tempo da melhor maneira que entender. Não sendo obrigatório picar o ponto, podem até fazer outras atividades ou pura e simplesmente não fazer nada, ou seja, nada relacionado com a I&D. Se ao menos tivessem atividades relacionadas com a sua especialidade, no caso das engenharias formassem empresas spin-off, ou fizessem consultoria para empresas do seu setor, através de projetos de prestação de serviços ao exterior, PSECS (que quase desapareceram), seria algo de que a Universidade beneficiaria, até seria aquilo que muitos pretendem como sendo uma relação entre o tecido empresarial e as empresas. Mas o que acontece é que mais parecem professores do ensino secundário ou mesmo ensino primário, que vão para casa quando não estão a dar aulas, mas com a agravante de terem menos de 1/3 de horas que estes profissionais.
Como é possível uma universidade crescer na sua produção científica e consequentemente no seu valor, com uma estagnação desta ordem?
Penso que o que deve ser feito e com urgência será de alterar totalmente o regulamento universitário. Uma hipótese seria de considerar que só os professores associados seriam do quadro e abrir concursos para todos os lugares docentes existentes como lugares de professores associados. Assim, os atuais professores auxiliares teriam que concorrer para o lugar de Professor Associado, juntamente com doutorados externos. Dar-se-ia um prazo de 2 a 3 anos para prepararem as candidaturas. Haverá outra formas semelhantes de resolver esta estagnação, mas a meu ver todas devem ter como objetivo o preenchimento de um lugar acima do que ocupa, como incentivo. Como qualquer concurso alguém ficará de fora, e espera-se que serão os melhores e mais motivados os que preencheriam esses lugares. Assim a Universidade terá futuro.
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domingo, fevereiro 15, 2015
Pequenas coisas na UM que irritam
Há pequenas coisas nesta Universidade que não sendo graves, irritam. Por exemplo, uma questão irritante foi o blackboard ter deixado de funcionar de uma forma direta no que toca ao DUC, ficando os docentes sem acesso aos sumários. Depois de muito tentar consegui uma informação dos serviços GAE como contornar o problema. Se a desmaterialização continua a dar problemas deste género, estamos mal e espero que não aconteça na desmaterialização o que aconteceu com o programa informático Citius fruto da desmaterialização feita à pressa no Ministério da Justiça.
Outra questão que me irrita são os constantes e-mails de informação inútil sobre opiniões que professores da UM deram a jornais e canais de televisão sobre isto e aquilo da vida política nacional. Chamam a isto "O que os media dizem de nós" ou qualquer coisa do género. Não é altura de se fazer alguma coisa de substância em vez de opiniões? Anda muito por baixo o gabinete de comunicação e imagem... Se não tem mais nada a dizer, seria melhor acabar com este boletim ou pelo menos não o distribuir por e-mail na rede da UM.
Outras pequenas irritações do dia a dia, principalmente no campus de Gualtar, são a falta de acessos para os carros e a falta de estacionamento. Quem chega depois das 10:00 horas vindo por exemplo de uma aula de Guimarães, já não tem lugar e tem que pagar. No entanto há um parque vazio, o das "oliveiras" logo à entrada. É um dos parques que passaram a terem pagamento extra. Para quê? A UM é uma empresa de parques que quer ganhar dinheiro com os seus membros? Ou é uma instituição que devia ter lugar para todos os seus membros e sem pagar, como a maior parte das empresas e instituições do país? Pelos vistos os alunos estão no mesmo barco. Mas os alunos pagam para ter aulas e os Professores são pagos para dar aulas ! Há uma diferença. Outras infraestruturas que não são feitos para os Professores, são os bares. Para beber um café no CP1 antes de dar uma aula é necessário ir um quarto de hora antes e mesmo assim um Professor arrisca-se a não ter tempo de beber o café, especialmente perto do meio-dia quando as filas de alunos são intermináveis. A alternativa seria a sala dos Prodessores que é uma sala num 2º andar, sem bar, com umas poltronas confortáveis de mais, resumindo, sem serviço rápido e eficaz para quem está de passagem entre aulas. Em Azurém, menos mal. Mas como estava bem, tinham que estragar. Agora no bar à entrada são cadeiras fixas em grupos de 4. O que acontece se forem mais de 4? Não se conseguem mover e o grupo tem que se partir em dois (ou três). Talvez tenham que decidir como se parte, se por idades, por departamentos, por tópicos de conversação ou por sexo. No entanto somos bombardeados constantemente com um jornal dos SASUM, serviços sociais da UM para quem não sabe, com fotos e artigos sobre as maravilhas que a equipa faz nesta Universidade em prol dos seus utentes. Não há paciência para tanta vaidade. Mas voltando ao que irrita na UM, aposto que este meu "post" vai irritar muita gente...e se o fizer e tiver alguma consequência positiva, então já foi tempo bem empregue escrevê-lo.
domingo, fevereiro 01, 2015
Desmaterialização
A Universidade está a ficar desmaterializada, como gosta de afirmar o sr. reitor. A última medida nesse sentido foi a nomeação dum diretor de serviços informáticos para o cargo de administrador, alguém sem experiência na área da administração pública, mas que tem vindo a desmaterializar os procedimentos administrativos, algo que o sr. reitor considera uma competência suficiente para o cargo. Diria que faltam outras valências, como a capacidade para administrar pessoas, uma vez que esse é uma parte muito importante do cargo. O que já se percebeu é que as pessoas também estão a ser desmaterializadas, com as alterações introduzidas no pessoal adstrito à contabilidade e à administração. Esperamos que tanta desmaterialização não cause problemas na assistência aos projetos de candidatura da UM, agora que a FCT e o programa 2020 estão abertos. Esperamos para ver se a vaga que varreu os serviços de contabilidade e administrativos não se torne num Tsunami e nos afunde a todos!
Outras novidades virão com a passagem da Universidade a Fundação. É uma luta antiga do sr.reitor e agora parece que a conseguiu levar por diante. Não me recordo de mais nada que fosse referido pelo sr.reitor como uma vantagem, que não fosse relacionado com o aligeiramento dos procedimentos burocráticos e as autorizações para adquirir e vender imobiliário. Neste último caso, parece que a Universidade tem como objetivo fazer mais-valias e com essas mais-valias fazer mais obras. Para quê? Para despedir professores, o que também será mais agilizado com a passagem a Fundação, principalmente aqueles sem vínculo. Para quê mais espaços vazios? Só se for para encher o olho. Dinheiro que seria mais bem empregue a reforçar a componente pedagógica e científica da UM, que tem andado muito por baixo nestes últimos anos e que não se vislumbra que melhore com os cortes que ainda ainda aí vêm. Com pouco dinheiro, ainda é mais importante gastá-lo bem. Por muito importante que seja desmaterializar os processos burocráticos, de que não discordo, porque não aproveitar a passagem a Fundação e materializar aquilo que ainda falta materializar, o fundamental, ou seja, a formação de excelência, a ciência, de preferência com consequência, e a democracia académica, acabando com o sistema eleitoral vigente baseado em listas. Neste último caso, alterando os estatutos se necessário, para o conseguir. É o que eu desejo, sem no entanto esperar que isso aconteça com este reitor e com este administrador, ou outros que se lhes sigam saídos do mesmo lote, a julgar pelos últimos acontecimentos.
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sexta-feira, janeiro 23, 2015
Dia da Escola de Engenharia com ministro e autarcas mas sem Ambiente
Na sessão solene de inauguração dos 40 anos da Escola de Engenharia, houve lugar a um debate entre membros de um painel que incluía 4 presidentes de câmara, e o ministro do ambiente, além do presidente da Escola e do reitor. Nesse debate, os quatro presidentes do quadrilátero, como foi referida a rede que seria formada por estas camaras e a região que estas camaras cobrem, concelhos de Braga, Guimarães, Famalicão e Barcelos, falaram, após questões colocadas pelo moderador, Luís Amaral, teceram considerações vagas sobre o quadrilátero, sem nunca se referirem a objetivos concretos. No entanto, ao juntar as quatro câmaras sob o mesmo teto já foi um passo no sentido da colaboração entre si. O ministro de alguma forma referiu os PDM's como sendo demasiado limitados por serem de concelhos e não de associações intermunicipais. É um recado importante mas que cai em orelhas moucas. Os vários presidentes, nomeadamente o de Guimarães e o de Braga nunca se entenderam ao longo dos anos, e eram na maior parte das vezes do mesmo partido. Agora de partidos diferentes ainda terão menos em comum. Oxalá me engane. vejamos os projetos que ou nunca arrancaram ou nunca foram completados: ligação ferroviária entre Braga e Guimarães, fosse comboio ou metro de superfície. Nunca saiu do papel. Fala-se muito do desenvolvimento da região pro parte destes dois presidentes, mas sempre para a sua cidade e concelho, como se tivessem dimensão suficiente para fazer qualquer diferença a nível nacional. Fazia todo o sentido esta ligação ferroviária. Em vez disso, outro projeto, a ligação de uma via rápida entre as duas cidades, construiu-se uma autoestrada, com todos os custos que isso implica para os utentes. As portagens não estavam previstas, mas como não havia uma consonância de posições entre as cidades, a concessionária da autoestrada teve "via verde" para avançar, e com as portagens mais altas do país, por km. Outra consequência de se construir uma autoestrada em vez de via rápida, foi o facto de um projeto ambicioso e importante não só para a Universidade do Minho mas também para a região, o parque de ciência e tecnologia, Avepark, ficou sem acessos rápidos às vias principais que o ligariam às duas cidades e ao Porto e ao porto de Leixões. Muitas empresas e possivelmente até centros de I&D que poderiam ter ido para o Avepark não foram em grande parte, devido aos acessos. Disto não se falou, pelo menos enquanto o ministro esteve presente.
Outros projetos que até estavam a funcionar bem, como o SIDVA, sistema de interligação dos efluentes das tinturarias do Vale do Ave,um projeto da Associação dos Municípios do Vale do Ave, que surgiu numa altura em que a consciência ambiental estava a dar os seus primeiros passos e as empresas estavam a entrar no espírito do tratamento de efluentes, pelo menos no pré-tratamento dos efluentes uma vez que o SIDVA exigia que os efluentes estivessem minimamente tratados antes de serem encaminhados para o sistema, através de coletores que transferiam para ETARs estrategicamente situadas no rio Ave, eis senão que aparentemente tudo mudou, não sei bem quando, para uma situação de total "lavagem de mãos" em que as empresas enviam os seus efluentes tal e qual como são para os coletores do SIDVA. Não sei se coincidiu com a privatização do SIDVA para as Águas de Portugal ou não, mas o que é um facto é que houve uma total falta de consciência ao voltar atrás e desperdiçar anos de esforço daqueles que estavam a consciencializar as empresas para a componente ambiental. Não sei se as ETARSs conseguem tratar os efluentes tão carregados de produtos poluentes ou não, mas consta que não têm capacidade para tal, o que não espanta. De quem teria sido esta ideia peregrina? Será que o ministro sabe desta "colaboração" intermunicipal que transporta as empresas para os anos 70? A privatização é o forte deste governo sendo quase sagrado esse princípio de melhor gestão se for feita por privados. Ora aqui está um exemplo de mais um "sucesso" privado, e intermunicipal, tal como o ministro advoga.
O resto da sessão não trouxe surpresas, mais do menos de referências a falta de alunos e das desigualdades Lisboa/Porto e o resto do país. Não sei qual a novidade nem a surpresa sobre esta situação. É assim há décadas e será assim por muito tempo, ou não fosse o próprio reitor o presidente do CRUP...sediado em Lisboa.
domingo, janeiro 18, 2015
A revisão do RJIES
Em fim de mandato do governo o ministro Nuno Crato lembrou-se do RJIES. Bom, mais vale tarde que nunca, mas se for para a frente seria melhor rasgar e escrever de novo. O RJIES não tem nada que se tenha provado nos últimos anos da sua aplicação que é positivo para as Universidades. No caso das Universidades-Fundação, será necessário outro tipo de análise, uma vez que também não houve tempo para analisar os efeitos a médio prazo nas Universidades que foram contempladas. A Universidade do Minho poderá vir a ser também uma Fundação, a julgar pelas notícias mais recentes. Mas o RJIES que tanta discussão gerou, deixou de interessar a quase todos na UM. Porquê? Talvez porque tal como está a funcionar na UM é um anacronismo. Tem órgãos de poder, como o Conselho Geral, que acaba por não ter poder nenhum, a não ser 4 em 4 anos quando elege o reitor. No intervalo, não tem poder. Poderá aparentemente considerar-se que é um poder deliberativo em questões tão importantes como por exemplo a aprovação de novos centros de I&D ou das contas, mas como em todas as outras deliberações, a lista que vota no reitor é depois do ato da votação, um veículo das deliberações do reitor uma vez que o reitor pode estar por de trás da formação dessa lista quando da eleição para o Conselho Geral. Esta situação anómala foi instituída pelos estatutos da UM que determina faze-lo por listas. Embora aparentemente independentes de interesses setoriais, tal com estipula o nº 9 do artigo 81 do RJIES, na realidade não é assim. Os alunos eleitos estão normalmente ligados à Associação dos estudantes e os professores apresentam listas em que pelo menos uma será liderada pelo pretendente a reitor, para assim procurar assegurar a maioria quando da sua eleição. Aquela ideia simpática que até membros fora da Universidade podem ser eleitos, não tem desta forma viabilidade na UM, como se verificou nas primeiras eleições. Seria mais democrático que o reitor fosse eleito por eleição direta por todos os membros da UM, mesmo que divididos em corpos, com diferentes pesos, mantendo os professores com mais peso que os outros corpos, alunos e não-docentes. Pelo menos haveria menos manobras de angariação de votos, como acontece agora na formação das listas. O reitor teria o seus vice-reitores na mesma e o grande parte da gestão seria entregue ao administrador, que seria nomeado pelo reitor. Se fosse mantido o regime de eleição pelo Conselho Geral, pelo menos que se fizesse a eleição dos membros por eleição individual, sendo eleitos para cada um dos corpos aqueles que teriam mais votos, até esgotar o número máximo para cada corpo representado no Conselho, no caso dos professores quando o 12º elemento fosse eleito.
À semelhança do Conselho Geral, os Conselhos de Escola são também inúteis. Não é um órgão executivo funciona como uma réplica do Conselho geral, direcionado pelo Presidente de Escola através da lista que o indigitou. É um ciclo vicioso. Mas de vícios já o sistema tem uma longa história, por isso não admira que se tenha habituado e manipulado com naturalidade o RJIES através de eleições por intermédio de listas organizadas.
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quinta-feira, janeiro 15, 2015
Doutorados
O novo programa do governo de introdução de doutorados nas empresas vem na sequência de uma análise do número de doutorados que em Portugal subiu de há uns anos a esta parte mais do que nos outros países europeus, e a constatação de que este crescimento exponencial cingiu-se quase só às Universidades e institutos públicos, ou seja no Estado. Mas alguém fica admirado com isto? Só quem não anda atento à evolução, ou não, das empresas. O que é notório é que nem o tecido empresarial evoluiu, nem os doutorados se especializaram no que as (poucas) empresas querem no que se refere a novas tecnologias, novos processos, novos produtos. Faz pensar no ouro do Brasil do século 16. É outra oportunidade perdida. Não há planeamento, não há objetivos, gasta-se o dinheiro de Bruxelas como se gastou o dinheiro do Brasil que foi desperdiçado na corte e desviado para o estrangeiro, em vez de ser investido em infraestruturas e indústria (na altura indústria têxtil, uma vez que as sedas vinham da Flandres).
Mas ao reagir já tarde, embora seja elogiável, não vai resolver nada. As especialidades dos doutorados continuam a não se enquadrar nos desígnios das empresas, pela simples razão que são os mesmos doutorados que já não tinham lugar quando fizeram a sua investigação, por ser desadequada à assimilação pelas empresas, desde o início da sua formação. Só se passarem por uma adaptação à realidade, o que não será fácil de fazer nem há quem o faça, ou seja, desde que passem por um estágio, mas as empresas não querem estagiários, mas sim mão-de-obra. Estamos perante um ciclo vicioso, ou uma pescadinha de rabo na boca, e a pescada é o peixe que antes de ser já o era, o que também se aplica aos doutoramentos dissonantes das empresas. Ou por outras palavras, o que nasce torto não mais se endireita.
quinta-feira, janeiro 01, 2015
Um ano de I&D a começar com boas notícias para alguns
Inicia-se hoje mais um ano, o de 2015. Em 2014, ao cair do pano, houve um anúncio de verbas que centros de I&D classificados por excelentes ou excecionais irão receber. É pouco ainda, mas já é um bom começo para 2015. Os centros com Bom ou menos, não terão verbas relevantes ou mesmo nenhum investimento, sendo o sue futuro incerto. Se esses centros estão indignados, há outros que estão admirados, uma vez que nem todos os centros excelentes são de facto excelentes no que respeita a número de publicações e citações dessas publicações Só se entende essa classificação com a sua atividade mais relacionada com o mundo empresarial, nomeadamente em número de patentes e empresas spin-off que emanaram desses centros. Esta relação de facto transparece nos relatórios efetuados pelos avaliadores. Sejam quais foram as razões, não será no relatório do seu centro que encontrarão a explicação, uma vez que os relatórios tendem só a referir os aspetos bons, mesmo que não sejam suficientes para a sua aprovação. Ninguém gosta de pôr o dedo na ferida. Aconselha-se os centros que não foram bem classificados a lerem os relatórios dos que foram bem classificados, para poderem entender as razões pelas quais não foram também selecionados para uma segunda fase, o que garantiria a sua classificação pelo menos com Muito Bom.
Também abriu o concurso para I&D em todos os domínios. Também se lê nas entrelinhas que a aplicabilidade dos resultados obtidos. Parece que finalmente se percebeu que ao I&D fundamental cresceu demasiado sem qualquer efeito no tecido empresarial português.
Quem quer fazer I&D fundamental terá que o fazer com fundos comunitários, o que me parece razoável, uma vez que os resultados serão só absorvidos por grandes empresas europeias, uma vez que as nossas não têm capacidade, ou interesse, em o fazer.
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sexta-feira, dezembro 19, 2014
Natal Mau e Natal Bom
O que eu não gosto da quadra natalícia:
-boas festas de pessoas que não conheço
-boas festas por e-mail de pessoas que não conheço
-boas festas por e-mail de pessoas que não prezo
-boas festas por e-mail de pessoas que não prezo em lugares institucionais
-boas festas por e-mail de pessoas que não prezo em lugares institucionais de que nunca ouvi falar
-boas festa em várias línguas
-boas festas com a frase "um santo natal"
-boas festas com a frase "santa Klaus" ou coisa parecida
-boas festas em postais com música
-música de natal em supermercados
-música de natal em altifalantes da cidade
-música de natal que nos dão "música" (anúncios)
-música de natal cantada por pessoas que não sabem cantar
-música de natal para promoção dos músicos no "natal dos hospitais"
-músicos pimba a cantar no "Natal dos Hospitais"
-display dos doentes dos hospitais no "natal dos hospitais"
O que eu gosto do Natal:
- luzes de natal (simples)
- música White Xmas de Frank Sinatra
- Bacalhau com todos na véspera
- Perú no forno no dia, com recheio (stuffing) à maneira inglesa
- Um bom vinho português a acompanhar
- doces de natal (rabanadas, aletria, filhoses, azevias, formigos)
- bolo rei, pela nossa tradição
- Xmas cake, pela tradição inglesa
E por fim
-sentimento de família
- sentimento de paz
e.....desejos de..
BOM NATAL a todos de quem eu gosto e conheço ou pelo menos que não desgosto e para quem o sentimento é mútuo !
domingo, dezembro 07, 2014
Uma sociedade esfrangalhada por uma política hipócrita
O Governo humilhou muitos, fez perder a muitos aquilo que mais gostavam, a sua profissão, e ainda vai ficar mais um ano para terminar de enterrar definitivamente a esperança. O governo como é feito de anjinhos, ninguém vê que nos está a aniquilar com palavras mansas e jogando com as clivagens que a sociedade portuguesa tem, duma forma muito subtil sacia os preconceitos da sociedade: são os do setor privado contra os dos setor público, cortando nas "regalias" do público tal como a ADSE; são os empresários contra os desempregados, instituindo um plafond máximo de subsídio, são os "ricos" do setor público contra os mais pobres e vice-versa, procurando agradar à maioria do setor público, taxando mais os que ganham mais que são muito menos em número; os novos contra os velhos, permitindo despedimentos por "inadequação" às novas tecnologias e procurando desta forma agradar aos mais novos, são os que falam contra os do rendimento mínimo, apelidando-os para todos os efeitos de mandriões. Agora o primeiro ministro vem dizer que acabou com os que mandam nisto tudo e protegeu os "mexilhões". Quais? Os do rendimento mínimo que reduziu para mais de metade ou os velhos a quem lhes cortou o rendimento de solidariedade, os desempregados a quem vai introduzir um plafond para que não recebem mais que um subsídio (a que teriam direito), aos inquilinos que têm sido despejados a torto e a direito com a nova regulamentação da ministra, ou os jovens do ensino especial que não terão os professores que os acompanhem devidamente, já para não falar da escola pública em geral prejudicada pela política de incentivo ao ensino particular (cheque ensino e subsídios a colégios privados). É preciso muita lata ! E quais os donos disto tudo que foram destituídos por este governo? Ou o governo confunde-se com a justiça, o que é natural dado os recentes acontecimentos, ou é melhor estar calado uma vez que os poderosos e ricos são cada vez mais, e o governo com a baixa do IRC, por exemplo, só os beneficia ao beneficiar as grandes empresas, prejudicando os restantes cidadãos com um pesado IRS.
O governo obrigou-nos a uma austeridade que foi muito mais pesada para os funcionários públicos e todos os que dependem dele (desempregados, alunos, professores, enfermeiros, médicos..) e está a destruir a sociedade tal qual nós a conhecíamos até há bem pouco tempo, instigando a clivagens e aumentado o fosso entre os mais ricos e os mais pobres. Essa é que é essa. A Espanha não mandou vir a troika e com exceção do emprego que já era muito superior ao nosso, está muito melhor que nós. Os partidos do governo forçaram a vinda da troika e o governo até foi para além da troika, não olhando a quem espezinhava. Agora, com o argumento que o governo anterior levou o país à bancarrota (só o governo anterior esbanjou ou muitas autoestradas já estavam construídas ou em vias de construção e os submarinos que "tanta faltam fazem", quem foi que os encomendou?) corta a torto e a direito, e força de facto a bancarrota de muitas empresas portuguesas e muitos cidadãos portugueses. Assim se vê a hipocrisia desta frase, já muito gasta de tanto uso.
domingo, novembro 30, 2014
Assim vai o ensino superior na transição para 2015
Aproxima-se mais o fim de um ano em que as contas das Universidades chegam ao fim e mais um orçamento entra em vigor em 2015. Pelo que sabemos do que é divulgado que resta do orçamento deste ano, não chega para mais que uns consumíveis. Longe vai o tempo em que tínhamos o desafio de gastar mais do que tínhamos tempo para o fazer, a cumprir todas as regras, claro. Que o governo cortou no ensino superior já sabemos, mas que cortou ao ponto de cortar no futuro das universidades e do I&D é menos claro para os mais distraídos. Mas quando vemos que os cursos perdem professores, convidados e leitores, despedidos só por não terem vínculo, por muito bons professores que sejam, e quando bolseiros perdem a bolsa só porque a FCT decide cortar nas bolsas aliatoriamente e alterar a forma de avaliar os centros, atribuindo a uns que mal têm publicações a classificação de excelência a e a outros com mais que reconhecido nome internacional uma classificação menor, então perde-se o rumo, não se sabendo mais qual o objetivo da Universidade. O Governo humilhou muitos, fez perder a muitos aquilo que mais gostavam, a sua profissão, e ainda vai ficar mais um ano para terminar de enterrar definitivamente a esperança de muitos mais professores e investigadores.
Com os cortes vêm também os despedimentos, com consequências para a qualidade que tinha como base no mérito dos seus professores. A meritocracia sai muito prejudicada e o que prevalece é aquilo que durante muitos anos andou a sondar o ensino superior, o corporativismo por um lado, e o "salve-se quem puder" de outros, eliminando os mais fracos e procurando salvar a pele sem olhar a critérios de mérito. É a promoção dos mais baixos instintos profissionais, que vem de cima. Leitores e bolseiros, os elos mais fracos, são as vítimas nas Humanidades, e os professores convidados, nas Engenharias. Precisamente aqueles que poderiam construir o futuro do ensino superior mais ligado à I&D e à sociedade. Tudo feito por colegas em reuniões departamentais, sem qualquer critério de mérito. O corporativismo vem de jogadas auto-protetoras por parte daqueles que constituem a maioria, normalmente os menos competentes, normalmente instigados por um líder eleito por eles, o que é uma deturpação da democracia e um atentado à meritocracia. O salve-se quem puder é normalmente típico de outros espíritos fracos e muitas vezes incompetentes que se juntam ao grupo da matilha, para não serem eles próprios sacrificados.
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