quarta-feira, dezembro 16, 2015
Abaixo de Braga
Veio a lume no jornal público, uma notícia caricata de um episódio em Braga. Trata-se de um derrame de efluentes domésticos, diga-se de esgotos, que inundou o rio Este por a conduta de esgotos ter ficado entupida com um cabo de fibra ótica. Isto junto à Universidade e ao INL, Instituto de Nanotecnologias. O cabo de fibra ótica aparentemente estava esquecido dentro da conduta de esgotos, acumulando os dejetos e acabando por entupir, provocando o derrame desses dejetos par o rio. O cabo foi colocado pela Associação Braga Digital, aparentemente sem autorização por parte da empresa municipal AGERE, uma iniciativa muito badalada e que arrancou com o anterior executivo da câmara, tendo se extinguido há pouco, depois de se terem gasto 10 milhões de euros, segundo o artigo. É caso para dizer, mas onde está a porcaria, no rio Este ou na política? O que provocou tamanho desleixo das autoridades que primeiro diziam desconhecer a existência desse cabo nos esgotos, e depois admitiam que afinal sabiam qualquer coisa que lhes fez tentar retirar o dito cabo, mas sem sucesso, aparentemente por falta de equipamento. Procuram agora um responsável de tudo isto, mas como a Associação se extinguiu, o que é de estranhar depois de um investimento tão elevado, não há a quem pedir meças. Penso que os responsáveis técnicos/científicos eram da universidade do Minho, que não se retrata das responsabilidades que eventualmente tem neste projeto. Uma delas seria o projeto da instalação da fibra, que dificilmente não seria do conhecimento dos membros da UM envolvidos neste projeto, que foi num esgoto! Seria a ideia aproveitar o fluxo de excrementos para melhor fluírem os dados? Ou seria uma forma de contraste entre vias físicas que se usam desde a antiguidade, como as vias digitais dos tempos modernos. O que há é muito amadorismo e imediatismo nestas iniciativas mediáticas. Pode-se depreender que o raciocínio foi o de que, se está ali um esgoto, porque não aproveitá-lo para encaminhar a fibra ótica da UM em Gualtar para o parque de exposições, num percurso de 2,5 kms!? Afinal, o que está por baixo da terra ninguém vê, o que está acima é que interessa e essa parte, para aqueles que se lembram, teve muita visibilidade.
sábado, dezembro 05, 2015
A máquina científica a funcionar
Temos a ideia que no caso das universidades quem tem mais publicações é quem tem mais mérito. É, a meu ver, uma forma simplista de avaliar o mérito de um investigador. Publicações são na maior parte das vezes baseadas na continuidade de publicações em que só a primeira é original. E mesmo assim esta primeira pode ter sido baseada noutra de outro investigador. É assim que cresce a ciência, step-by-step e não por transformações radicais. Há quem colecione publicações. Há quem tenha equipas em que cada um faz a sua parte, qual cooperativa, para produzir publicações em massa. Nestes casos o número de autores é normalmente elevado, não se percebendo muitas vezes quem teve a maior fatia da investigação em causa. O diretor do centro em muitos casos também faz obrigatoriamente parte do rol de autores, embora não tenha participado ativamente no trabalho. Esta forma de fazer I&D é transversal a muitas áreas e em muitos países. É assim há pelo menos duas décadas e são muitos os que beneficiaram desta "entreajuda". É essa a perceção do investigador que não faz parte destas autênticas fábricas de "papers" e que depois olha com ironia para os resultados que essa investigação tem na sociedade e nomeadamente nas empresas, e verifica, baseando-se nas estatísticas que têm vindo a ser publicadas sobre esta discrepância, que não têm de facto uma correspondência. A questão também em termos científicos torna-se endémica, quando os doutoramentos são baseados em publicações. Como se pode avaliar um trabalho individual com base em publicações coletivas? Nunca entendi esta forma de submeter teses de doutoramento. E dá-se desta forma a compensação ao investigador que esteve numa equipa e ajudou também a outros obterem os seus doutoramentos. Agora com a classificação dos doutoramentos então ainda é mais surreal. Como se pode distinguir entre um 14 e um 19 se não há um só autor no trabalho que se apresenta, mas vários autores? Não será de estranhar que com esta falta de objetividade, a classificação que agora é norma na Universidade do Minho não signifique nada, tanto pode ser 14 como 19, dependendo de muitos fatores subjetivos, como uma boa apresentação, um júri mais tolerante ou mais exigente, a dimensão júri, ou pura e simplesmente a boa ou má disposição do júri. Assim se joga um intervalo de meia dúzia de valores.
O que a Universidade deve tentar alcançar, como têm insistido ultimamente muitos responsáveis políticos, além de comentadores vários, é uma maior influência do que se faz na Universidade, naquilo que as empresas necessitam para reformar e inovar. Se saíssem mais patentes das universidades talvez o panorama fosse diferente. Mas o número de patentes saídas das Universidades é confrangedor quando comparado com outros países de dimensão e economia semelhante. Hoje o Expresso de novo, num artigo sobre a COTEC, refere-se que Portugal tem 40% da média europeia de patentes e só 3% estão presentes nas exportações, em licenças concedidas, o que já tinha sido referido noutro artigo aqui também referenciado, e com um número de patentes ainda inferior à média europeia(18%). Seja como for, os números são evidentes e devem ser motivo de reflexão de todos os professores e investigadores das Universidades.
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domingo, novembro 22, 2015
Uma mesa-redonda sobre transferência de tecnologia universidade-empresas
No aniversário da Tecminho, foi tema do colóquio promovido para o efeito, a transferência de tecnologia das universidades para a indústria. Falou-se da discrepância entre o ranking de Portugal na Ciência e na Inovação, a primeira avaliada pelo número de publicações e a Inovação pelo número ode patentes, entre outros critérios, tais como a I&D no Estado, nomeadamente nas Universidades e nas empresas. Um comentário do moderador José Mendes, vice-reitor da UM, foi indicativo de como os números enganam, referindo.se que muita do I&D nas empresas são atividades consideradas de I&D e que não o são na realidade, tal como o trabalho de desenvolvimento de software efetuado em bancos. Não me espanta esta constatação, uma vez que num mundo em que os números e as estatísticas é que valem, tudo serve para empolar esses mesmos números.
Numa nota otimista, o representante da ADI, Agência de Inovação, apresentou dados de evolução já conhecidos, sobre o aumento do número de projetos de co-promoção desde o último programa quadro da CE ao presente programa 2020. Não especificou como esta evolução encaixa na Inovação, uma vez que muitos destes projetos são mais baseadas na evolução do que na inovação. Não se refletindo em patentes, não se pode distinguir se é novo o que que se faz nestes projetos ou se pelo contrário é de facto uma evolução. O que se depreende destas afirmações, com referências a empresas tradicionais, confirma a suspeita de que são inovações evolutivas e não de novos produtos inexistentes no mercado. Os outros intervenientes presentes na mesa redonda eram o representante do INL, Instituto de Nanotecnologia Ibérico , e um professor Universitário holandês. Este último, sendo psicólogo, referiu que para as start-ups seria positivo terem outras valências que não só engenheiros ou cientistas, mas também que incluam licenciados em humanidades que poderiam fazer uma ponte com a sociedade, uma vez que a linguagem dos engenheiros/cientistas não é muitas vezes entendidas pelos empresários. Não está mal pensado. O representante do INL, recém-chegado a este instituto, traz ideias novas ao INL tais como colocar os seus investigadores nas empresas para perceberem como podem integrar a sua tecnologia na tecnologia das empresas. É um passo no sentido certo, mas não serão dois mundos muito distantes? A nanotecnologia desenvolvida no INL será mais indicada para empresas intermédias, spin-offs, que após regurgitarem essa mesma tecnologia e a transformarem em algo que será minimamente próximo da nossa indústria, poderiam talvez ter mais êxito que este salto inter-galáctico entre estes dois mundos. No entanto, a atitude deste novo diretor do INL é muito positiva quando comparada com a anterior direção, na opinião de um atento observador.
O colóquio terminou com um curto vídeo sobre a Tecminho que fez 25 anos e que foi no seu tempo a primeira interface Universidade-indústria, numa altura em que a UM tinha mais colaboração com o tecido industrial das pequenas e médias empresas do que as outras universidades. Quando apagarem as velas, façam um pedido: peçam que esse espírito empresarial da UM volte, porque parece-me que se tem vindo a esvanecer. Um exemplo dessa tendência que deve ser revertida, foi a saída do único parque de Ciência e Tecnologia da região ao qual presidia, o Avepark. Faço votos que também esta saída seja revertida no futuro, ou por via da mudança de iniciativas governamentais do anterior governo, que provocaram em grande parte a tomada pela Câmara de Guimarães do Avepark, ou usando um pouco a imaginação e a motivação de apoio ao empreendedorismo, que andam muito por baixo na UM nos últimos anos, não tanto na discussão do tema, como foi o caso, mas mais na atuação.
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sábado, novembro 14, 2015
Atratividade do ensino superior em crise
Hoje uma notícia no jornal Público diz-nos que o ensino superior é menos atrativo para os jovens por o emprego estar a crescer mais, embora modestamente, para os jovens com o ensino secundário completo do que para os licenciados, citando um relatório da Comunidade Europeia(CE).
Por outro lado, muitos jovens licenciados exercem empregos abaixo das suas qualificações. A CE não foge à regra com 25% de jovens nessa situação. Adianta este relatório algumas causas, sendo a das oportunidades de emprego a primeira, mas que o abandono escolar também é elevado, pelo que se conclui que os alunos chumbam muito, talvez por os cursos não serem interessantes ou relevantes para um mundo em mudança. No caso de Portugal, com o que se perdeu nos último 4 anos, em que a indústria não evoluiu, em que não houve uma re-industrialização do país, mas que pelo contrário, houve um reforço das empresas dos setores tradicionais de mão de obra barata, os têxteis e o calçado por via das exportações, as saídas para os licenciados para postos de relevo nestas ou noutras engenharias são muito pequenas. Mesmo aqueles que exercem nestas indústrias, recebem ordenados pouco acima do ordenado mínimo. É o País que não acompanha o ensino ou é o ensino que não acompanha a indústria? É um ciclo vicioso porque uma coisa precisa da outra. Se a indústria não existe, os curso para essa indústria não fazem sentido e se os cursos não existem, embora não seja tão linear, também não há incentivo para a indústria se estabelecer no país, nomeadamente por via do investimento estrangeiro. Qual a saída então? Há quem defenda que as start-ups serão a solução. Mas estas são uma gota no oceano. Poderão no entanto, quando têm origem nas universidades como spin-offs, ter um efeito catalisador dos cursos donde emanaram, por servirem de exemplo para os candidatos aos cursos de ensino superior. Estes cursos com atratividade, por sua vez, terão um efeito de incentivo para a formação de outras spin-offs e assim sucessivamente. Será um ciclo vicioso mas desta forma, com efeito positivo tanto no tecido industrial como nos cursos de ensino superior.
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domingo, outubro 25, 2015
Praxes de novo
Será que alguma vez nos vamos livrar das praxes? Todos os anos as mesmas cenas. Jovens a serem humilhados em nome da integração da academia por outros jovens que já passaram por essa humilhação. Dir-se-ia que quem passou por isso, é pior que se não passasse, por ser uma espécie de vingançazinha ou uma catarse, para se livrarem da humilhação sofrida quando eram caloiros. Um psicólogo e em casos extremos de praxe um psiquiatra, conseguirá melhor que um simples observador, como é o meu caso, avaliar estas mentes que momentaneamente perdem o discernimento civilizacional, para se portarem como se fossem uns animaizinhos. Não se entende de outra forma. Já aqui de novo no ano passado discorri sobre este fenómeno tentando compreendê-lo mas sem grande sucesso. Já nem vou tentar mais entender este fenómeno. Por mim, fazia-se se uma semana ou duas de receção ao caloiro, com atividades, promovidas pelos clubes desportivos, por exemplo, e pelos alunos mais velhos, os finalistas em primeiro lugar, que promoviam atividades sobre os cursos que frequentam, com simpósios, convites a empresas e entidades que representassem a sociedade civil onde estes alunos se vão encaixar, quando acabarem o curso. Os alunos estariam assim ocupados, sem grande disponibilidade para as praxes. É o que se faz, ou pelo menos fazia-se, no Reino Unido. Porque não cá? Teremos menos imaginação que outros países para fazer singrar estas atividades de integração de estudantes caloiros? Talvez, ou talvez a praxe impeça isso, obrigando à participação de todos, por intimidação e por "tradição".
As praxes foram banidas dos campi da UM? Ou foram banidas só as praxes violentas? Não se sabe onde está a linha divisória. A humilhação é uma violência. A reitoria devia banir praxes do campus, "tout court". Sejam ou não aparentemente violentas. Sejam barulhentas ou não. Divertidas ou não. Integradoras ou não, por ser muito subjetivo o que é a "integração de pessoas". Quando se discriminam aqueles que não querem a praxe, a integração mais parece uma filiação numa seita que uma integração. Quando a participação de quem é praxado deriva de uma ordem de um superior e não de iniciativa própria, não é uma integração, mas uma sujeição. Quando se "lambem as botas" aos praxantes, isso torna os praxados em súbditos e não em colegas, como seria de esperar numa integração séria. A hierarquia está sempre presente, até ao fim do curso, e isso não é próprio de uma integração numa equipa, mas mais parece uma integração numas forças armadas onde se exige um hierarquia rígida. Enfim, haverá tantas mais observações a fazer, mas mais uma vez, mais um ano passa e tudo o que se diz sobre a praxe cai em saco roto. É frustrante.
sábado, outubro 17, 2015
Exposição a produtos tóxicos em Gualtar
Já lá vão dois anos desde que se deu uma explosão e incêndio nos laboratórios de Química da UM, na altura divulgado na imprensa. Foi de tal modo violenta que contam os primeiros a chegar ao local que pura e simplesmente tudo o que estava no laboratório esfumou-se: bancadas, produtos armazenados, equipamento. O que se relata é que os funcionários e professores, mas principalmente os funcionários, sofreram alergias graves, dificuldade respiratória, e até queda de cabelo, normalmente associada a produtos radioativos.
Segundo os relatos ao longo desses dois anos que passaram, tomaram-se medidas para restaurar o espaço envolvente ao laboratório onde ocorreu a explosão e incêndio, pensando-se que estaria o problema resolvido. Acontece que passados dois anos, houve novamente indícios nesta últimas semanas do mesmo problema ter ocorrido aos funcionários que trabalham nas imediações do laboratório, mas mais grave que isso, de outros cujo local de trabalho está mais afastado mas que por via das condutas, supõe-se que de ar condicionado, também têm vindo a ser afetados.
Pergunta-se: Porque não se substituíram as condutas? O que se fez além da limpeza? Evitou-se ou proibiu-se o uso de substâncias tóxicas e/ou radioativas nos laboratórios de química? Ou pelo contrário fez-se uma limpeza aos laboratórios, tipo lavar e pintar, e voltou tudo ao que era dantes? Este assunto é demasiado grave para ficar nas mãos de uns Serviços Técnicos que não estão habilitados a tratar com situações desta natureza, nem a responsabilidade deve cair sobre os ombros só dos responsáveis dos laboratórios de química sem um supervisão por parte de entidades externas.
Há pessoas do outro lado do edifício, que recentemente se sentiram mal, o que evidencia que há uma transmissão pelas condutas. Não é preciso ser um génio para se chegar a essa conclusão. As condutas foram substituídas? Pensa-se que não. O próprio sistema que força a circulação, as bombas e outros equipamentos, deve estar contaminado. Grandes males, grandes remédios. A meu ver deveria ser tudo substituído. A saúde dos utentes desses espaços deve estar acima de tudo. É sabido como o efeito de determinados produtos tóxico não se revelam logo de início, mas que podem mais tarde causar problemas graves que mesmo não tendo a certeza da sua origem, pode-se deduzir a origem, fazendo um acompanhamento das pessoas que foram expostas e assim saber se a causa veio dessa fonte de intoxicação. Nessa altura, nem as indemnizações que a UM vai pagar, compensam o mal feito.
Por favor, ponham especialistas a trabalhar numa solução definitiva, façam uma alteração profunda a todo aquele espaço, e deixem-se de remendos! Há edifícios em Gualtar que se têm erguido para isto e para aquilo, muitos deles parcialmente vazios. Seria uma solução que um desses espaços fosse para os Centros de I&D que circundam a zona do perigo, nomeadamente o de Química, e que no novo espaço não entrassem nem produtos tóxicos nem radioativos. Produtos inflamáveis deveriam ser armazenados fora do edifício num local ventilado, mesmo as pequena embalagens. Toda a parte elétrica e equipamentos de aquecimento elétrico deveriam ser novos, para evitar curtos circuitos. Investigadores não poderiam deixar experiências que envolvessem algum risco a funcionar depois de horas. Estes seriam logo os primeiros pontos a tratar, segundo a minha perspetiva. É simplesmente bom senso.
As verbas para esse efeito deveriam ser da UM, uma vez que se diz que a UM tem condições para ser transformada em Fundação por gerar em receita próprias pelo menos 50% do seu orçamento. Se a UM passar a Fundação, sendo mais flexível a utilização das verbas nomeadamente para gerir o património, talvez fosse por aí. Se fosse necessário construir um edifício novo fora do campus de Gualtar, por não haver espaço, há sempre a possibilidade de utilizar o Avepark na vila das Taipas, onde está localizado o Centro de I&D da UM, os 3B's, por exemplo. Há certamente verbas para esse fim no novo quadro comunitário 2020. O Avepark, afinal, foi construído a pensar na instalação de Centros de I&D da UM e de empresas spin-off da UM, e tem sido, a meu ver, subaproveitado. Uma estrutura a 15-20 minutos de carro de distância de Gualtar não pode ser considerada longe. Gasta-se mais tempo a atravessar a cidade de Braga em horas de ponta! O transporte de autocarro dos alunos entre Gualtar e Azurém poderia facilmente fazer um desvio a meio caminho, nas Taipas, onde está localizado o Avepark. São só algumas sugestões para resolver um problema de segurança, a meu ver, grave. A propósito, existe um comissão para a segurança na UM? Uma que exerça funções regulares? Seria um começo...
sábado, outubro 10, 2015
Então e a Fundação?
O Governo terminou funções, tendo terminado a sua legislatura, e ficaram por fazer algumas medidas anunciadas, nomeadamente a passagem a Fundação da Universidade do Minho. É caricato que por duas vezes isto acontece. Primeiro foi quando caiu o governo do partido socialista e o processo de passagem a Fundação estava em curso, com o então ministro da Educação entretanto falecido, Mariano Gago, ficou suspenso. Com a entrada em funções de novo governo, o ministro da Educação e Ciência Nuno Crato, abandonou essa ideia de novas Universidades-Fundação, sendo a sua nova política virada para outra forma de autonomia através de uma prometida reforma do ensino superior, que não se chegou a concretizar. Talvez por essa razão, à última hora o ministro decidiu dar o dito por não dito e voltar ao processo de transformação em Fundação dos processos em curso, nomeadamente o da Universidade do Minho. Só que, mesmo com a pressa e de se reiniciar o processo durante o período de férias, o que apanhou muita gente desprevenida, a Universidade do Minho não conseguiu que o ministério fosse a tempo de concretizar essa medida. É caso para dizer, que não há duas sem três, pois adivinha-se que o governo não vai ter a anuência do PS para esse fim, ou pior, o novo governo será outro, formado entre PS e partidos de esquerda, e então é que não vai mesmo para a frente a Fundação, a julgar pelas declarações desses partidos sobre este assunto mesmo antes das eleições. O reitor, atual ou futuro, bem pode esperar por mais uma legislatura, sem pressas, estudar e divulgar bem os prós e contras da passagem a Fundação, e nessa altura se a UM passar a Fundação que seja com a aprovação de uma larga maioria da academia.
domingo, setembro 27, 2015
Os Centros de Investigação coibidos pelos Estatutos
Os estatutos da Universidade do Minho mostram que provocam constrições ao sistema científico. A situação dos Centros de Investigação das Escolas, que antes era flexível no que respeita à independência e multidisciplinaridade, tornou-se após a introdução dos novos estatutos muito rígida, obrigando os Centros a pertencerem a uma Escola. Esta observação vem a propósito de um e-mail enviado por um centro de investigação, aprovado na última avaliação da FCT com Excelência, não ser aprovado pela Unidade orgânica da qual os seus docentes fazem parte, no caso, a Escola de Engenharia. Este Centro designado por MEMS, Microssistemas EletroMecânicos, é um exemplo típico de um centro que poderia abranger outros elementos de outras escolas, nomeadamente a de Ciências, com incidência na Física e eventualmente nas Ciências da Saúde. Desta forma, ao ser chumbado pela Escola de Engenharia, vê-se privado de funcionar. Para além do insólito da questão, ou seja um centro com classificação de excelente dada pela instituição que mais penalizações tem atribuído a centros e por isso seria também de esperar que os poucos centros com excelente fossem acarinhados por todos os responsáveis pela sua viabilidade, há ainda a questão se uma Escola tem o direito de impedir o funcionamento de um centro que para além do seu interesse a nível de Escola, tem obviamente interesse para a instituição como um todo, por abranger na área dos materiais outras especialidades, como s Física, e eventualmente as Ciências da Saúde, na área da aplicação destes sistemas e materiais.
É evidente que não sabendo as causas deste chumbo, não me posso pronunciar sobre o que estará por detrás dele, mas que deve haver um intervenção ao mais alto nível, nomeadamente do Conselho Geral para arbitrar esta situação e pôr algum bom senso nas partes em disputa para chegarem a bom porto, isso deve ser uma exigência de todos os que prezam a UM como uma instituição de excelência em investigação, sob pena de passarmos a ser um a instituição provinciana com guerras intestinas que em nada ajudam ao seu bom nome.
De futuro, esperamos todos que o que está mal nos estatutos da UM, nomeadamente este constrangimento que impuseram aos Centros, seja alterado.
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