Já aqui me debrucei sobre o RJIES introduzido pelo anterior Ministro da tutela como sendo um processo em que se perdeu representatividade aos vários corpos que compõem as Universidades. Percebe-se agora que o objectivo final era a passagem a Fundação. Ninguém deu nada pelo artigo no RJIES que preconizava tal transformação, e talvez fosse esse o objectivo. Se o Ministro fizesse um regulamento directo de transformação das Universidades em Fundações, haveria uma reacção contrária por parte dos Professores, funcionários e alunos de tal forma que ele teria que recuar. Assim, primeiro introduz um passo intermédio, o RJIES, que já tira muita representatividade aos membros da Academia, para posteriormente, uma vez instalado o RJIES, poder contar com os reitores na forja, que seriam simpatizantes do modelo Fundação. O reitor só teria que ter a maioria no Conselho Geral e não teria problemas de maior na aprovação deste desígnio. Não sendo obrigatório a consulta à Academia, seja por via do Senado ou por referendo, não haveria qualquer percalço no caminho traçado.
Pois é isso que está a acontecer nas várias Universidades. A Universidade do Minho foi a primeira, a de Coimbra com o novo reitor, substituído que foi o Seabra que era contra, seguirá também por este caminho. Juntar-se-ão às demais, Porto, Aveiro e ISCTE. Não tarda muito e o Instituto Superior Técnico e a Universidade da Madeira serão também Fundações, a julgar pelas notícias recentes.
O governo anterior tinha ministros que de socialistas só tinham a filiação mas de facto eram mais liberais (em termos de política económica e não nas ideias) do que muitos ministros do actual governo. O que dá muito jeito ao actual ministro porque o caminho para a liberalização do Ensino Superior está aberto.
Assim vai o comboio do Ensino Superior, indefectível nos seus carris até a paragem final, a Fundação.
Não haverá muitas formas de o desviar deste caminho a não ser uma paragem forçada por falta de combustível (os 50% que são requisitados para complementar o financiamento do Estado) ou uma inversão de marcha por o "timoneiro" entretanto ter sido substituído e o novo se recusar a trilhar por esta via.
domingo, julho 17, 2011
sábado, julho 16, 2011
Feira de vaidades
Temos na UM duas publicações periódicas que publicitam as notícias da UM duma maneira geral. Uma tem o nome caricato de UMdicas, outra mais séria é a Universidade em Notícia, esta última via e-mail. Duma maneira ou outra, seja por divulgação gratuita da UM dicas ou por e-mail, todos temos acesso e é difícil não nos entrar pelos olhos adentro pelo menos a capa da UM dicas ou a página de rosto do Notícias quando a recebemos por e-mail. A qualidade da UM dicas é paupérrima, para não falar da publicidade patente, nem sequer disfarçada, aos dirigentes dos serviços sociais. A pretexto de qualquer evento do calendário, como o arranque do ano lectivo, ou mesmo sem qualquer razão, aparecem os dirigentes dos SASUM como entrevistados, com direito a fotografias dos entrevistados de dimensões que se vêm ao longe. Tudo isto no meio de notícias que até terão interesse para os alunos, como o desporto na UM, o que consiste numa promiscuidade intencional, pois atrai esse público para a leitura e, principalmente, para a tomada de conhecimento dos directores dos SASUM, da sua cara e das suas opiniões. Para além desta auto-promoção, há ainda a promoção da equipa reitoral. A ânsia de agradar a quem manda na UM, nomeadamente à equipa reitoral , é de tal ordem, que são constantes as entrevistas a toda a equipa.
Criticou-se muito o anterior reitor de ter terminado com uma publicação da UM, salvo erro chamada Jornal da UM e publicado pelo Curso de Comunicação, por não ser realmente alinhada com a reitoria, tendo sido a gota de água uma entrevista dum seu vice-reitor criticando de alguma forma a reitoria. Pois bem, porque não se retoma a publicação do dito jornal, uma vez que o reitor é outro e o vice-reitor é o mesmo? Seria pelo menos coerente com os acontecimentos de então e mostraria que esta equipa reitoral é diferente da anterior e promove o debate interno para além da informação promocional.
Outra publicação de que me interrogo é a da Universidade em Notícia, que embora não sendo do mesmo cariz promocional e não gaste dinheiro em papel, gasta com certeza muito tempo a quem o escreve. Começou por ser uma publicação sobre prémios e outros galhardetes conseguidos por professores da UM, o que em si não tem mal, e até promoveria a imagem da UM....se fosse lido fora da UM. Mas não! É dirigido à UM-net e ao interior da UM, referindo isso mesmo no título: "o que os media dizem de nós". Para quê? Para melhorar a auto-estima dos professores? Não se entende esta catadupa de notícias da UM, sendo muitas vezes mais reproduções de entrevistas de responsáveis da UM do que propriamente opiniões dos media sobre a UM, defraudando até as expectativas em que o título induz.
É certo que não havia nada do género com a anterior equipa reitoral e que o que o Gabinete de Comunicação e imagem da UM tem feito até seria de louvar. Mas foi-se do oito para o oitenta, e com tanta notícia banal, retira-se a relevância daquelas que realmente dignificam a instituição.
Criticou-se muito o anterior reitor de ter terminado com uma publicação da UM, salvo erro chamada Jornal da UM e publicado pelo Curso de Comunicação, por não ser realmente alinhada com a reitoria, tendo sido a gota de água uma entrevista dum seu vice-reitor criticando de alguma forma a reitoria. Pois bem, porque não se retoma a publicação do dito jornal, uma vez que o reitor é outro e o vice-reitor é o mesmo? Seria pelo menos coerente com os acontecimentos de então e mostraria que esta equipa reitoral é diferente da anterior e promove o debate interno para além da informação promocional.
Outra publicação de que me interrogo é a da Universidade em Notícia, que embora não sendo do mesmo cariz promocional e não gaste dinheiro em papel, gasta com certeza muito tempo a quem o escreve. Começou por ser uma publicação sobre prémios e outros galhardetes conseguidos por professores da UM, o que em si não tem mal, e até promoveria a imagem da UM....se fosse lido fora da UM. Mas não! É dirigido à UM-net e ao interior da UM, referindo isso mesmo no título: "o que os media dizem de nós". Para quê? Para melhorar a auto-estima dos professores? Não se entende esta catadupa de notícias da UM, sendo muitas vezes mais reproduções de entrevistas de responsáveis da UM do que propriamente opiniões dos media sobre a UM, defraudando até as expectativas em que o título induz.
É certo que não havia nada do género com a anterior equipa reitoral e que o que o Gabinete de Comunicação e imagem da UM tem feito até seria de louvar. Mas foi-se do oito para o oitenta, e com tanta notícia banal, retira-se a relevância daquelas que realmente dignificam a instituição.
segunda-feira, julho 11, 2011
Carta aos e-mailers dos gelados
Estamos no fim do período lectivo e aproximamo-nos da “silly season”.
Só isso explica a quantidade de mensagens de e-mail a propósito de uma prova de gelados. Uma grande parte das críticas foram dirigidas tanto à aluna que enviou o e-mail com erros para toda a comunidade académica como para o professor que a criticou também enviando a crítica para toda a comunidade académica. É caso para dizer como alguns disseram: não têm mais nada que fazer? Já não falo de trabalhar, estudar ou investigar. Mas tão-só, se não têm outros assuntos em que possam gastar as vossas energias? Podiam por exemplo ler os estatutos da UM e fazer uma avaliação crítica, ou ler o ECDU no caso dos professores e verificarem quais são as actividades que fazem parte da profissão. Ou podem por exemplo ler um livro que aumente a sua cultura. É minha opinião que grande parte dos erros que os alunos (e alguns professores) cometem é porque não pegam num livro. Talvez leiam os jornais (desportivos na maioria no caso do sexo masculino) e lêem as legendas da televisão ou dos filmes da internet, mas ler um livro bem escrito em português não acredito que o façam. Dá muito trabalho - Muitas vezes ficam-se pelo título só para o meter numa conversa de amigos, mas isso era antes, agora nem o título. A internet substituiu a leitura. José Saramago, Lobo Antunes e outros autores conceituados não são lidos por esta nova geração. Lêem o Miguel Sousa Tavares, o Rodrigues dos Santos (o nosso Dan Brown), e outros que por aí que se servem do jornalismo para vender livros (embora o Miguel Sousa Tavares ao menos fez algum trabalho de casa sobre o livro de São Tomé , que serve de leitura para quem não é muito exigente). E o sexo feminino quase só lê romances da Clara Pinto Correia ou da Isabel Allende, as que lêem, porque maioria lê revistas côr de rosa com informação inútil sobre príncipes e princesas, ou artistas de telenovela.
Depois admiram-se da dislexia dos nossos alunos (sem ofensa para quem padece da doença) e de alguns professores?
Quanto ao mundo que nos rodeia e a outras culturas, nomeadamente a anglo saxónica, teriam muito a aprender se lessem Phillip Roth ou John Updike, ou John Coetzee. É uma lição de vida como tratar os seus semelhantes. Se alguns colegas os lessem saberiam como lidar com certas questões que minam as universidades, nomeadamente preconceitos entre alunos e professores.
Porque essa é que é a questão fundamental por detrás destes e-mails.
Só isso explica a quantidade de mensagens de e-mail a propósito de uma prova de gelados. Uma grande parte das críticas foram dirigidas tanto à aluna que enviou o e-mail com erros para toda a comunidade académica como para o professor que a criticou também enviando a crítica para toda a comunidade académica. É caso para dizer como alguns disseram: não têm mais nada que fazer? Já não falo de trabalhar, estudar ou investigar. Mas tão-só, se não têm outros assuntos em que possam gastar as vossas energias? Podiam por exemplo ler os estatutos da UM e fazer uma avaliação crítica, ou ler o ECDU no caso dos professores e verificarem quais são as actividades que fazem parte da profissão. Ou podem por exemplo ler um livro que aumente a sua cultura. É minha opinião que grande parte dos erros que os alunos (e alguns professores) cometem é porque não pegam num livro. Talvez leiam os jornais (desportivos na maioria no caso do sexo masculino) e lêem as legendas da televisão ou dos filmes da internet, mas ler um livro bem escrito em português não acredito que o façam. Dá muito trabalho - Muitas vezes ficam-se pelo título só para o meter numa conversa de amigos, mas isso era antes, agora nem o título. A internet substituiu a leitura. José Saramago, Lobo Antunes e outros autores conceituados não são lidos por esta nova geração. Lêem o Miguel Sousa Tavares, o Rodrigues dos Santos (o nosso Dan Brown), e outros que por aí que se servem do jornalismo para vender livros (embora o Miguel Sousa Tavares ao menos fez algum trabalho de casa sobre o livro de São Tomé , que serve de leitura para quem não é muito exigente). E o sexo feminino quase só lê romances da Clara Pinto Correia ou da Isabel Allende, as que lêem, porque maioria lê revistas côr de rosa com informação inútil sobre príncipes e princesas, ou artistas de telenovela.
Depois admiram-se da dislexia dos nossos alunos (sem ofensa para quem padece da doença) e de alguns professores?
Quanto ao mundo que nos rodeia e a outras culturas, nomeadamente a anglo saxónica, teriam muito a aprender se lessem Phillip Roth ou John Updike, ou John Coetzee. É uma lição de vida como tratar os seus semelhantes. Se alguns colegas os lessem saberiam como lidar com certas questões que minam as universidades, nomeadamente preconceitos entre alunos e professores.
Porque essa é que é a questão fundamental por detrás destes e-mails.
sábado, julho 02, 2011
Cursos pós-laborais
Em Azurém, cursos pós-laborais podem resolver um problema imediato de falta de alunos, mas a médio prazo a qualidade dos diplomados que saem destes cursos vai implicar uma desvalorização dos cursos e um decréscimo no número de alunos resultante da fraca credibilidade dos mesmos. O problema é que os alunos que trabalham não têm tempo para cumprir as suas obrigações e os professores não têm condições para leccionar. A componente prática é prejudicada funcionando os laboratórios a meio gás, sendo sempre difícil "negociar" os horários com os técnicos. Grande parte do complexo pedagógico apresenta aspecto desolador, com poucos utentes, muitas luzes apagadas e bares fechados. O facto de ser obrigatório fazer um intervalo para os alunos jantarem, atrasa o fim da aula, terminando às 22:00 horas, o que para alguns, professores e alunos, já é difícil de suportar, com a desatenção e o cansaço a contribuir para aulas mais ligeiras e com menos substância. São comuns os trabalhos teóricos como prova de avaliação, sendo a informação da internet a base de todos os trabalhos. Raramente há referências científicas, sendo o "brasileiro" a língua dominante, o que demonstra o quanto é copiado sem qualquer tratamento. Embora este problema da internet e da aprendizagem "Wikiquicky" não seja exclusivo dos cursos nocturnos, receio que os cursos pós-laborais só venham agravar esta tendência.
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