sábado, outubro 02, 2010

A crise é para todos?

Numa altura que se pode dizer que todos os funcionários públicos sofreram com esta crise mais que os do sector privado, não se ouve por parte dos dirigentes do sector privado qualquer simpatia para com esta situação. Mas quando se repôs a diferença do que os funcionários públicos tinham perdido durante anos nos seus salários há uns dois anos atrás com um aumento de 2,9%, quase que caía o Carmo e a Trindade. O aumento dos impostos que estão anunciados, o IVA, afecta todos mas principalmente os mais pobres e mais uma vez os que ganham mais em empresas privadas ou participadas pelo Estado, não serão afectados, porque para eles uns 5 cêntimos a mais numa carcaça de pão não lhes faz diferença. Nos bancos, salvos da crise com o dinheiro de todos nós, terão uns pequenos impostos, ainda não se sabe quanto, mas já veio dizer a Caixa que quem vai pagar são quem tem empréstimos, ou seja, as prestações da casa, por exemplo, que vai fazer mais falta a quem tem menores rendimentos. Por isso quando ouvimos os economistas clamarem por mais cortes na despesa e menos nos impostos, em quem é que eles estão a pensar? Nos utilizadores do Serviço Nacional de Saúde que serão prejudicados? Na Educação? O salário mínimo a 500 euros, que eles rejeitam, seria uma forma de evitar a rotura em muitas família que vão sofrer com os cortes já feitos, e aqueles por fazer, mas isso não lhes interessa. O que interessa são números. Não falam em quebrar o sigilo bancário e evitar desta forma a fuga ao fisco de muitos daqueles que têm uma dívida para com o País que os fez progredir. Quem mais critica não haver cortes na despesa pública não fala em fazer um levantamento dos bens visíveis de alguns que não têm aparentemente um salário para os possuir. Não falam dos subsídios que as suas empresas receberam e continuam a receber do Estado, em percentagens que rondam os 50% em medidas como o QREN, e que não se sabe onde gastam esse dinheiro. Não falam que a verdadeira razão que dizem para se cortar na Educação é porque os seus filhos estão em colégios particulares sem qualquer sacrifício (sim porque ainda há pais que mesmo sem recursos insistem em colocar lá os seus filhos) e que não usam o Sistema Nacional de Saúde mas clínicas privadas (muitas subsidiadas pelo Estado e com médicos formados pelo Estado). Meus senhores, cortar no TGV é uma coisa que podemos ou não concordar sem qualquer hipocrisia. Mas exigir cortar no Estado Social porque não o usam é de uma hipocrisia atroz.

domingo, setembro 26, 2010

Fundação Lloyd Braga- que papel deve ter?

Muito se tem dito do que o empreendedorismo é ou deve ser nas instituições de ensino superior. Tal como as patentes e os prémios recebidos pelos professores nesta ou naquela conferência, serve como marketing da instituição. Quando mais tarde outros se referem à Universidade do Minho, dizem que tem um dinamismo muito grande pois tem inúmeras patentes, empresas spin-off, prémios em várias áreas. Mas quando se pensa no professor que está por detrás de tais feitos, com algumas excepções daqueles que se põem em bicos de pés, não se sabe quem são e se foram posteriormente apoiados nas ideias que tiveram que deram origem a estes "notáveis"feitos. Nesse aspecto a Universidade assemelha-se muito às multinacionais, onde todos são anónimos, mas ao menos as multinacionais têm resultados práticos porque apostam forte nas novas ideias e têm financiamento para as levar por diante. As Universidades bem se podem queixar de não o terem. Mas se o tivessem, investiriam por exemplo nas spin-off como o fazem Universidades estrangeiras, como no Reino Unido a de Cambridge e a de Leeds, para mencionar duas que conheço? Não sei se o fariam ou se alguma o faz. Temos o exemplo da UM que investe em vários organismos que supostamente deviam ser activas no empreendedorismo, como a Fundação Lloyd Braga, participada a 100% pela Universidade e não o fazem. Para que serve esta Fundação? A Tecminho faz o seu papel de interface, mas como a designação "interface" indica, o seu objectivo não é o de participar em empresas, sendo ela própria "uma espécie" de spin-off de serviços da UM. Resta portanto a Fundação, entidade que noutras Universidades serve precisamente para isso, participar em empresas spin-off da UM. Fica aqui a sugestão.

quarta-feira, setembro 15, 2010

Fundação

Circulou um e-mail do sr.Reitor, convidando os docentes a se pronunciarem sobre a possibilidade da Universidade do Minho passar a Fundação, matéria que estará a ser objecto de estudo por parte do Conselho Geral. Ora embora esta seja uma atitude saudável e de saúdar, é de questionar porquê que na altura das eleições para o Conselho Geral a lista que apoiava o actual reitor não colocou esta questão fundamental para a UM no seu programa eleitoral. Dessa forma teria muito mais legitimidade para avançar com esse projecto. Doutra forma, conhecendo a apatia geral dos docentes em alturas fora dos actos eleitorais, será pouco provável que haja uma participação activa suficiente para legitimar esta decisão tão importante para o futuro da UM.

domingo, setembro 05, 2010

Os cursos e os diplomas pós-Bolonha:a análise que se impõe

Consta que com o processo Bolonha as licenciaturas passaram a Mestrados Integrados nas Engenharias por um golpe de mágica. Por outro lado as licenciaturas de menos de 5 anos não são aceites como tal, sendo o mais recente caso o do Bastonário da Ordem dos Advogados recusar a estágio diplomados com o curso de Direito (menos de cinco anos). Os cursos são curtos, os alunos não têm mais classificações ao entrarem para o ensino superior do que tinham antes de Bolonha, por isso é normal que os empregadores desconfiem que os alunos não saiam com o mesmo grau de conhecimento. Mas e os Professores? Estão conscientes da diferença? As razões da implementação do processo de Bolonha foi para fornecer o mercado de trabalho com profissionais rapidamente e para que os cursos fossem todos equivalentes na Europa. São razões lógicas. Mas o resultado é esse? Os Professores fizeram essa transformação nos cursos? Consta que não. O que aconteceu, ao que parece, foi a adaptação dos cursos de 5 para 3 anos, fazendo um corte-e-cose e uma compactação. O ensino teórico foi ainda mais compactado (ou truncado), pelo facto de grande parte das disciplinas (UCs) serem de projectos interdisciplinares que exige dos alunos um trabalho prático em grupo com uma apresentação de um relatório. Aliás o ensino com avaliação em trabalhos de grupos tem vindo a substituir a avaliação com base em testes escritos individuais o que implica uma avaliação niveladora, isto porque se verifica que as classificações são para o grupo, e mesmo entre grupos é difícil distinguir na avaliação obtida uma distinção real. Raros são os alunos que reprovam neste tipo de avaliação o que torna o ensino superior mais permeável a alunos "espertos" ou "penduras". Não se julgue que isto só se aplica ao ensino do 1º ciclo ou licenciatura. Os programas do 2º ciclo, Mestrado, e os novos programas doutorais vão também no mesmo sentido. Estes últimos encurtaram por um ano o tempo para a investigação, preenchendo o primeiro ano com UCs daquilo que se costuma designar por "encher chouriços", tais como Metodologias de Investigação e outras que o aluno dispensa, pois é o seu supervisor que teria obrigação de lhe transmitir essas "metodologias", ou então também não serve como supervisor/orientador.
O outro lado da moeda, que é positivo, é a prática que os alunos adquirem do trabalho em grupo e alguns também desenvolvem aptidões tais como a de” tomar a iniciativa”.
O que precisamos de futuro é de olharmos menos para dentro e olharmos mais para fora, procurando junto do meio empresarial saber o que se espera dos licenciados. Quais os conhecimentos, quais os "skills" e o perfil do licenciado que se pretende. Devia-se fazer uma auto-análise a todos os cursos e melhorar os aspectos negativos, nomeadamente a avaliação.
Seria ainda preciso a meu ver não só auscultar mas também transmitir aos empregadores e às Ordens o essencial sobre cursos que a Universidade fornece, para assim se evitarem mal-entendidos e para que os nossos alunos não enfrentem a desconfiança que paira na sociedade em geral sobre os cursos pós-Bolonha.

terça-feira, agosto 31, 2010

Regras de Concurso para Professores na UM: 2- Parametros de avaliação com limites pré-definidos

Ainda sobre o Regulamento para o concurso para Professores Catedráticos, Associados e Auxiliares (ver última mensagem) verifica-se que a reitoria da UM estabelece limites aos parâmetros de avaliação que por exemplo o Instituto Superior Técnico não estabelece mas antes deixa ao critério das Unidades Orgânicas (ver DR de 12 de Agosto passado). No despacho do reitor que precede a proposta de regulamento sobre a avaliação dos Professores alega-se que esta proposta é efectuada de acordo com o artigo 37, alínea r) dos Estatutos da UM. Mas esta alínea não é clara no que respeita a esta matéria como se pode ver no seu enunciado: artº 37: Compete ao reitor..r) aprovar os regulamentos previstos na lei e nos estatutos, designadamente os regulamentos gerais em matéria pedagógica, sem prejuízo do poder regulamentar das unidades orgânicas no âmbito das suas competências próprias;
Pergunta-se: os concursos para o quadro são regulamentos gerais em matéria pedagógica? Penso que seria esticar muito o conceito de matéria pedagógica. …
Já me pronunciei sobre o risco de subjectividade na avaliação pedagógica na mensagem anterior. Sendo assim agora pergunto porquê esta preocupação da reitoria (ou Pró-reitoria) em estabelecer limites que as Escolas poderão considerar excessivamente amplos para a componente pedagógica? Será porque a matéria que a alínea r) do regulamento explicita é pedagógica? Não haverá uma alínea para a matéria científica? Penso que este regulamento foi posto à discussão pública para nos pronunciarmos sobre ele. Assim, fica aqui o meu "pronunciamento" de que há uma grande confusão de quem legisla sobre o quê na UM e sobre o grau de autonomia das Unidades Orgânicas e sub-orgânicas. A meu ver, é por aí que se deve começar antes de legislar!
.

quarta-feira, agosto 25, 2010

Regras de Concursos para Professores 1- Avaliação pedagógica vs científica

Recebemos por e-mail a proposta proveniente da reitoria sobre regras dos concurso para os Professores da UM. Sem fazer uma análisa em tempo de férias (ainda) há uma ou duas questões que me preocupam. Uma é a quase equivalência nos pesos da investigação científica e da componente pedagógica na avaliação a que são sujeitos os candidatos (entre 35 e 50% para o desempenho científico e 30 a 45% para a capacidade pedagógica). Se por um lado no passado os concursos davam um peso muito maior ao desempemnho científico, talvez até de mais, agora estão equiparados, como se a compensar a preponderância da componente científica do passado. Pior a emenda que o soneto, como se costuma dizer. Mesmo sem entrar pela discussão sobre o que é mais importante para a Universidade (e para o País), se uma Universidade de Investigação ("research University") ou uma Universidade de Ensino ("teaching University"), há outras razões relacionadas com o resultado do concurso em si; a mais evidente é aquela que diz respeito à avaliação em si, muito mais subjectiva no caso da avaliação pedagógica do que na componente científica, podendo levar a injustiças na ordenação dos candidatos. Afinal quem avalia um texto pedagógico? Um artigo numa revista internacional passa pelo crivo duma avaliação dum painel de revisores, uma Acta de conferência internacional, embora não tenha o mesmo grau de avaliação, também passa por uma comissão científica da conferência. Mas um texto pedagógico, qual a avaliação a que é sujeito? Qual o critério? número de páginas? A apresentação? A originalidade? Quem o avalia, o próprio júri do concurso? São perguntas que penso que ninguém tem ainda uma resposta que satisfaça cabalmente aqueles que defendem que a avaliação científica deveria predominar.

terça-feira, agosto 17, 2010

Verão Quente e as causas dos incêndios: esqueceram-se dos eucaliptos?

Como vem acontecendo quase todos os anos, os incêndios devoram as florestas. O Verão mais quente 5ºC que o habitual não ajuda mas o que realmente não ajuda são as políticas para a floresta que prevaleceram neste País nas últimas décadas, com o predomínio do eucalipto e do pinheiro nas nossas florestas. Pergunta-se porquê que esta situação se perpetua? A meu ver será a indústria de pasta de celulose (papel) uma das grandes culpadas. São indústrias que dizem ser exportadores e contribuirem significativamente para o produto interno bruto e para as exportações portuguesas. Pois pode ser que sim, mas a que custo? Alguém pesou os prós e contras da existência, apoio e incentivos que se dá a esta indústria? Não e penso que a razão será política. Os nossos governantes acham que não há indústria que possa substituir esta que obtenha os mesmos índices de exportação. A indústria de celulose tem outros malefícios a começar pela poluição, visível na Ria de Aveiro, por exemplo, e o cheiro, que quem passa na autoestrada A1 perto de Cacia bem conhece. Quem lá vive parece que já nem cheira, por tal cheiro estar de tal maneira entranhado que nem o sentem. Além do mais as indústrias de celulose têm acesso aos subsídios do Estado como qualquer outra indústria. Esta despesa, de todos nós, também devia ser contabilizada e adicionada aos outros custos já mencionados. Sem falar nos efeitos que os eucaliptos têm nos solos e na fauna. No caso dos solos, todos conhecem a expressão que "é como o eucalipto, seca tudo á volta" quando alguém se quer referir a um indivíduo que é prejudicial ao bom ambiente social. No que respeita à fauna, dizem que nem os mosquitos lá param o que é natural pois o óleo de eucalipto é utilizado como repelente. E então, porque se fala em limpar matas e não se fala em "limpar" eucaliptos? Mesmo o "povo" que combate os incêndios não fala nos eucaliptos. Porquê? Talvez porque para muitos deles é o seu sustento pelo que não seria de esperar que se queixassem. Preferem queixar-se da estratégia de combate aos incêndios e dos próprios bombeiros do que dos eucaliptos. As suas casas estão muitas vezes rodeadas de eucaliptos mas as culpas são dos bombeiros que não chegaram a tempo! Se fosse por mim, quem devia atacar o fogo seriam as empresas de celulose! Era mais lógico.
Os eucaliptos também servem de rastilho para que outras espécies autóctones também ardam, como se pôde ver no Soajo. Em vez de estabelecer um perímetro á volta do Parque da Peneda Gerês em que nemhuma espécie que arda, seja eucalipto, pinheiro ou outras espécies exóticas como as acácias e as mimosas, seja plantada, não! O que fazem? Deixam essas espécies e até madeira já cortada e pronta para ir para os madeireiros e as empresas de celuloses rodear o Parque e como muitos testemunharam, dentro do próprio Parque. Depois choram lágrimas de crocodilo que o único Parque Nacional já ardeu em 40%. Neste País, há gente com vontade de mudar este estado de coisas, mas essa gente desiste após deparar-se com a inércia e mesmo a oposição das autarquias, dos governos e dos próprios moradores. Para o Verão há mais do mesmo, podem ter a certeza, a não ser que alguém de cima implemente um verdadeiro ordenamento das florestas, incentivando a sério a plantação de espécies autóctones e limitando a zonas isoladas os eucaliptos, de forma que não possa haver propagação provocada pelo fogo dos eucaliptos a outras espécies e a zonas povoadas. Podia-se fazer o mesmo para os pinheiros, mas estes sempre existiram e não havia incêndios no tempo do rei D. Dinis, que se saiba, por isso desconfio que é a sua mistura com eucaliptos que provoca a sua ignição. Ou então...cimentem o País todo no local onde estão eucaliptos, pintem de verde, porque a diferença em termos da influência noutra flora e em relação à fauna seria o mesmo, o aspecto não seria pior e pelo menos não ardia de certeza!

domingo, agosto 15, 2010

Crónica de viagem de férias-15 minutos que marcam

Todos os anos vou ao Algarve mas ao contrário de muitos portugueses só vou por 3 ou 4 dias, para dar uns mergulhos na água mais quente de Portugal e para rever amigos e familiares que por lá também andam. Já lá vão os tempos em que passava duas semanas de praia intensa, normalmente em Cabanas de Tavira. Gosto mais daquele lado do Algarve por ter a Ria Formosa pelo meio, o que nos obriga a atravessá-la de barco para chegar à costa, em si uma experiência agradável. Nos últimos anos alternei com a Manta Rota, para não perder tempo a atravessar a Ria e para não ter que esperar pelo barco. Embora esta praia seja também muito agradável com água a temperaturas muito confortáveis, a muita gente que lá vai, faz desta praia uma espécie de aglomerados de corpos dispostas entre as zonas concessionadas como se fossem sardinhas em lata. Claro está que eu ia para a periferia destas zonas mas mesmo assim tinha que colar-me aos guardas-sol num dos lados. Não sei como celebridades como o Passos Coelho escolhe esta praia para passar férias mas suponho que não terá que ir para a periferia das zonas não concessionadas para espetar a sua sombrinha ou guarda-sol.
Este ano decidi voltar a atravessar a Ria, desta vez na Fuseta (ou Fuzeta) uma vez que a travessia é muito rápida e os barcos partem todos os 15 minutos e demoram também 15 minutos a atravessar a Ria. A praia, que eu não conhecia, é excelente e melhorou muito desde que as casas e barracos forma deitados a baixo pelo temporal e agora pelos bulldozers. Recomendo vivamente esta praia a quem não procure celebridades, porque não as há. Ora os 15 minutos fazem-me ainda lembrar o bocado das férias que se seguiu que era um viagem à Escócia, aproveitando umas milhas e fazendo as reservas em hotéis pela internet, portanto umas "self-catering holidays" duma semana.
Acontece que os bilhetes foram marcados para Londres com mudança em aeroportos diferentes, Heathrow e Gatwick, para seguir para Edinburgo. O vôo chegou atrasado a Heathrow e o tranfer seria por nossa conta, tendo eu que adquirir os bilhetes num guiché da National Express, perdendo algum tempo para tal e correr para o autocarro que partia todos os 15 minutos. Claro que quando chegámos a Heathrow o check-in já tinha fechado há 15 minutos. Felizmente "deram-nos" bilhetes para o vôo seguinte.
Sobre as férias não vou dizer muito somente referir que gostei bastante o suficiente para querer voltar. Além de Edinburgo ser um cidade espantosa, toda em pedra sem edifícios como as Amoreiras em Lisboa a estragar a fotografia, havia o "Fringe Festival de Edinburgo" que dá para todos os gostos (fomos só ver uma peça de teatro mas há quem vá todos os dias a mais que um espectáculo).O único senão é a multidão, muito como na Manta Rota, só que vestida e entalada numa Avenida conhecida pro Royal Mile, em vez de entalada entre zonas concessionadas de "Royal Sand" (único sítio onde se vê areia). Á volta partimos para Londres-Heathrow e chegámos atrasados 15 minutos. Foi o suficiente para perder o autocarro que nos levara a Gatwick porque mesmo com o bilhete pré-comprado obrigaram-me a ir para a fila comfirmar o lugar, quando não havia lugares marcados! O autocarro que apanhámos ia vazio o que significa que o exercício de marcar o lugar foi dispensável. Quando chegámos a Gatwick a mesma história: perdemos o avião, por 15 minutos (a funcionária disse que o check-in tinha fechado há 20 minutos, mas eu quero crer que sendo sexta feira 13, tinha sido mesmo há 15 minutos). Depois de muito argumentar, emitiram novos bilhetes para o dia seguinte, mas não deram voucher para o hotel argumentando que 3 horas é tempo suficiente para mudar de aeroporto. Gostaria que alguém da TAP fizesse o exercício de mudar de aeroporto nas circunstâncias que enfrentámos para provar que é possível. A propósito a TAP não permite fazer o check-in directo de Edinburgo para o Porto, porque não se responsabilizam da bagagem chegar a tempo na mudança de aeroporto! Mas para os passageiros já admitem que é perfeitamente possível. Façamos as contas: a viagem leva 1 hora e meia de autocarro; o check-in tem que ser pelo menos meia hora antes. Esperar pela mala, ir para a fila confirmar o bilhete, outra meia hora. Resta-nos meia hora de corrida entre terminais, isto se não houver atrasos nos aviões, o que no nosso caso aconteceu, tanto na ida como na vinda.
Mas resta-nos a consolação que nos puseram sempre no voo seguinte, o que não me aconteceu quando viajei com a Easy-jet, pelo simples motivo que as low-cost estão sempre cheias. Dessa vez, em Junho, fiquei em terra.

domingo, julho 25, 2010

Avaliação de docentes na Escola de Engenharia: recuo nos avaliadores e "ponderação" ao estilo de Bolonha

Após discussão em plenário e análise de propostas de alteração, a Escola de Engenharia propôs outro documento em que se nota que houve um recuo na divergência que havia com o documento geral de avaliação, o RAD-UM, que serviu de base à elaboração do RAD-EEUM, nomeadamente no que respeitava aos avaliadores. O bom senso prevaleceu e já não são os Directores de departamento que avaliam os docentes. Tal como já foi aqui escrito, seria também uma aberração em termos de ECDU, uma vez que os Directores de Departamentos, poderiam não ser da mesma área específica do avaliado e poderiam ter um grau inferior ao avaliado. Os avaliadores são agora, tal como estipula o documento de base, o RAD-UM, Professores catedráticos nomeados pela Comissão avaliadora. Espera-se que agora o documento seja rapidamente homologado, uma vez que não há discrepâncias de maior com o documento base, o que será positivo para os docentes que já estão há muito à espera da subida de escalão, congelada que foi durante anos pelo senhor Ministro da tutela. A nova condição para a mudança de escalão é que tenham excelente durante duas avaliações consecutivas ou quando somarem 9 pontos, que será na maior parte dos casos obtida em três avaliações consecutivas (antes a subida era automática).
A ponderação também foi alterada em alguns critérios, sendo aqueles que provocaram mais discussão no plenário os que mais se alteraram. Assim, no que respeita ás publicações científicas, o número de autores tem mais peso na alteração da pontuação que antes, chegando aos 50% de ponderação para 4 autores o que estará mais de acordo com o que de facto acontece, uma vez que com mais de dois autores, um sendo o autor e o outro o "supervisor", o trabalho de todos dificilmente terá o mesmo grau de empenho e execução, para não falar de iniciativa e grau de dificuldade, que o trabalho de um só autor. Haverá sempre um grau de injustiça quando um autor trabalha mais que os outros e todos são contemplados da mesma forma, mas cabe ao autor principal evitar que isso aconteça, não recorrendo a terceiros que exijam que o seu nome faça parte da publicação. Cabe também ao supervisor não fazer esse exercício de trocar nomes entre equipas, só com o intuito de multiplicar o número de publicações. Essa prática tem vindo a ser mais comum nos últimos anos em grandes equipas, com a consequente inflação de publicações para alguns, que aparecem com centenas de publicações sem muitas vezes terem tido qualquer interferência no trabalho. Seria até mais justo que a ordenação dos autores pesasse na classificação final. Por exemplo, seguindo a norma instalada que o primeiro da lista de autores foi quem fez grande parte do trabalho e o último é o supervisor ou o "chefe" da equipa, o primeiro autor teria o uma ponderação de 50%, o último (supervisor que supostamente teve a ideia do trabalho e orientou) 25%, e os restantes 25% seriam divididos pelos restantes autores. Mas enfim, a proposta já é bastante mais justa do que anteriormente, e quanto mais "entropia" se mete no sistema mais complicado se torna, e isso também não ajuda nada à distinção entre quem realmente vale uma classificação de "excelente" e quem através de uma infinidade de critérios conseguiu lá chegar, sem realmente o merecer. Isto é o que acontece, após Bolonha, cada vez mais na avaliação dos alunos com a proliferação de trabalhos em detrimento de testes e exames. Há uma maior subjectividade na análise de trabalhos (dissertações) do que em testes e exames, disso não há dúvida, e com todas as componentes que constituem a avaliação, incluindo a autoavaliação dos alunos, a dissertação em si, a apresentação, "a presença em palco" e outras componentes que os docentes se lembrem de introduzir, acabam quase todos por ter a mesma nota. Na Avaliação dos docentes com tantas componentes pode acontecer o mesmo, com quase todos os docente nivelados (por cima ou por baixo, mas desconfio que será por cima). Por exemplo na componente de investigação há 15 possibilidades de pontuação, havendo mesmo equivalências estranhas, como a equiparação dum artigo numa publicação internacional a um "artigo" numa publicação dum livro de Actas duma conferência internacional, desde que estejam ambas no ISI web of knowledge, como se um artigo que é examinado por vários "referees" ao pormenor se comparasse com uma apresentação numa conferência, transcrita para um livro da Actas, em que na maioria dos casos a Comissão Científica da conferência limita-se a verificar a relevãncia do "abstract" para o tema da conferência e a confirmar idoniedade dos autores. No caso dos docentes ainda há a possibilidade de alternativa de escolha na ponderação (ensino/investigação é a mais óbvia, sendo que o docente escolhe aquela que mais lhe convém), o que "corrige" desvios para classificações inferiores.
Mas enfim, podemos dizer que o Ministro teve aquilo que merecia, ao retirar a subida de escalão automática de escalão por razões economicistas, pois quem faz a avaliação não está a pensar nesses termos, mas tão só em passar por mais esta burocracia sem fazer "muitas ondas".

terça-feira, julho 20, 2010

Plenário da Escola de Engenharia sobre Regulamento de Avaliação dos Docentes

Ontem, segunda-feira, houve um plenário para apresentação e colocação de questões sobre o RAD-EEUM, o regulamento da Escola de Engenharia para a Avaliação dos docentes. O documento é extenso e bastante completo no que respeita a fórmulas de cálculo e o tipo de produção científica, pedagógica e de extensão universitária, que poderá ser apresentada como currículo (curiosamente o único tipo de produção científica que não é considerado é a publicação em livros e revistas nacionais, o que diz muito sobre a nossa auto-estima). Pode-se dizer que quem fez o documento teve a preocupação da objectividade e o resultado poderia ser realmente uma avaliação objectiva, uma vez que tudo tem uma classificação, desde o artigo numa revista internacional de grande prestígio à apresentação em conferências internacionais, desde que faça parte das Actas de conferência ( proceedings). O problema é que, segundo o que percebi quando coloquei uma questão sobre ponderação e um comentário sobre actas (proceedings), toda esta objectividade cai por terra quando se abre a malha e se permite que a ponderação seja à medida do freguês (em linguagem de merceeiro, já que as fórmulas também são de "papel e lápis"). Salvaguardando a minha possível má interpretação, percebi que o mais importante em todo este processo, não era avaliar rigorosamente o docente, mas antes avaliar a auto-avaliação do docente, que não é exactamente a mesma coisa. Assim, foi exemplificado que se um docente é mais forte numa determinada componente da avaliação, ele próprio confere a ponderação máxima a essa componente para assim obter a pontuação máxima. Por exemplo, a ponderação da componente científica vai de 20% a 60% e a componente pedagógica também vai de 20% a 60%. Um docente que tenha muitas aulas, tenha feito uns textos pedagógicos (ou copiado os antigos pois não há um controle em relação a isso) e tenha uma avaliação dos alunos muito positiva (poderá até ser por ter distribuído notas altas a todos antes de ser avaliado), mas não tem qualquer publicação científica em três anos e terá um ou dois proceedings e umas presenças em júris do 2º e 3º ciclo (até poderá ser por nomeação..), escolherá a ponderação 20% para a componente científica e 60% para a componente pedagógica. Outro docente que seguindo as regras actuais (e não as que são propostas pela Informática de equiparar alguns proceedings a publicações em revista internacionais) e tem vários artigos em revistas internacionais, deu as suas aulas que tem que tal como o colega do exemplo anterior, fez os apontamento tal como o colega, mas não relevou esta componente porque acredita que a excelência está na componente científica e não no que é pago para fazer (ensinar), porá a ênfase nesta componente atribuindo à componente científica 60% e à pedagógica 20%. Considerando que a outra componente de gestão e extensão universitária será equivalente para ambos os casos, e que seja relevante, podemos ter a mesma classificação de excelente para os dois casos.
Mesmo considerando que a componente pedagógica é tão importante como a científica, só o facto de ela não poder ser objectivamente avaliada, pelas razões já apontadas (entre parêntesis), seria razão suficiente para não considerá-las da mesma forma. Outra razão seria a de que um docente é pago para dar aulas e pode passar uma carreira inteira, desde que tenha conseguido a nomeação definitiva, sem fazer qualquer investigação podendo mesmo não pôr os pés na Universidade indo para casa ou para outras actividades, logo após as aulas. No entanto pode por este processo de avaliação ter uma boa classificação, eventualmente excelente, e ultrapassar na promoção de escalões outros que fazendo investigação e dando aulas, não foram tão inventivos em relação à apresentação da componente pedagógica nem tiveram tantos lugares em júri atribuído pelo director de curso, por exemplo.
Se a Escola de Engenharia pretende como foi apresentado no programa eleitoral ser uma das melhores do País, não pode seguir por esta via da Avaliação dos docentes, pela simples razão que está a retirar o incentivo à investigação científica e a pactuar com os que se refugiam em inúmeras tarefas ditas pedagógicas por não terem iniciativa nem capacidade para fazer investigação. Alguns destes estarão já em lugares que influenciam a decisão sobre o regulamento, deturpando todo o processo à nascença e conforme a sua medida. O facto da avaliação dos docentes da Escola ser proposta para ser efectuado pelos Directores dos Departamentos, fazendo tábua rasa do ECDU e do próprio regulamento geral da UM, o RAD-UM, que estipula que se siga a hierarquia e que sejam os mais graduados (neste caso os Professores Catedráticos), a avaliar os outros, vai no mesmo sentido, e desconfio que foi proposto pelas mesmas pessoas que sugeriram que a componente pedagógica fosse tão relevante como a componente científica, porque quem fez as duas propostas, será sempre alguém que não segue o ECDU, e muito provavelmente será alguém, que não sendo Professor Catedrático, ocupa um lugar relevante da orgânica da Escola. Os Professores Catedráticos devem ser avaliados tal como todos os outros, isso não está em causa. O que está em causa é que para todos os docentes, a avaliação deve ser feita por um especialista na matéria que tenha dado provas que o é, seja Catedrático ou não, e não por alguém que se limita a fazer as contas e a atribuir uma classificação segundo as fórmulas, mas alguém que entenda se uma revista científica é relevante, se uma acta (proceedings) é duma conferência de prestígio e se o assunto que o docente foca é relevante e está enquadrado na linha de investigação do Centro e na componente pedagógica saber avaliar se os textos pedagógicos são novos e de boa qualidade. Claro que as revistas e as conferências que aparecem no ISIS com um factor de impacto razoável, podem ser também “somadas” por quem se limita a fazer as contas. Mas mesmo assim há um factor de correcção, que deve ser atribuído pelo docente mais graduado nessa área. No caso da proposta da Escola de Engenharia, existe esse factor, que pode ser uma multiplicação por 1,15, mas também é atribuído pelo Director de Departamento!
È compreensível que a classificação dos docentes não deve ser utilizada para penalizar os docentes na sua progressão pelos escalões remuneratórios e por isso compreende-se que se dê muita atenção à auto-avaliação feita pelo próprio. No entanto, o avaliador deve fazer o seu papel, tendo em conta não só a avaliação do candidato mas os seus próprios critérios. Senão a avaliação em vez de permitir que os docentes progridem, terá o efeito de quase todos serem excelentes e o resto muito-bons, como o era na classificação de funcionários antes do SIADAP. Se não há quotas como há para os funcionários, em que 5% podem ser excelentes, por exemplo, essas quotas aparecerão como consequência da contenção orçamental que perdurará por muitos anos, e então não sei como se vai distinguir entre tantos excelentes, para saber quais serão os x% de excelentes que são super-excelentes!

segunda-feira, julho 19, 2010

As SCUTS e o interior

As SCUTS foram inicialmente propostas, entre outras razões, como um incentivo para as empresas e populações se fixarem no interior do País. Mais tarde, ou em simultâneo, fizeram-se SCUTS que davam muito jeito às populações da costa. Agora quem mais se queixa são as populações da costa! Está-se a ver que não se pode neste País planear seja o que for com alguma lógica. E quando se planeia e executa já é tarde. Da população dos aldeias do interior pouco resta, estando a maioria da população mais jovem emigrada. As SCUTS que não vão em direcção a Espanha, por onde passa o tráfego internacional de mercadorias, têm um movimento muito reduzido precisamente porque passa por zonas escassamente povoadas. As suas populações viajam agora de companhia aéreas de "low-cost", para a Suiça, França, Luxemburgo e outros países onde estão emigrados, a preços que podem ficar abaixo de muitas portagens que estão planeadas para essas SCUTS. Que já vieram tarde e não vão cumprir o objectivo de povoar o interior é mais que certo. Mas enfim, pode-se aceitar que outras actividades como o turismo aumentará com estas vias de comunicação mais rápidas e que as SCUTS do interior já beneficiaram o desenvolvimento das cidades intermédias do interior, como se pode ver numa visita a Viseu, Vila Real ou mesmo Bragança que embora não esteja ainda completada, o que já está construído facilita muito o acesso.
Mas pode-se por exemplo dizer que as cidades que beneficiaram de SCUTS no litoral beneficiaram da mesma forma? Penso que não, ao contrário, tornaram-se satélites das cidades donde originam as SCUTS, e algumas mais próximas mesmo dormitórios, como Vila do Conde em relação ao Porto. Por isso diria que a intenção original estava correcta: as SCUTS só faziam sentido para o desenvolvimento do interior, dando-se um prazo para esse desenvolvimento, que neste momento dado o período de crise, já não será suportável prolongar.

segunda-feira, julho 12, 2010

Avaliação dos Professores da Escola de Engenharia 1- Professores Catedráticos avaliados por Professores Associados e Auxiliares?

Numa primeira leitura do regulamento de Avaliação de Professores da Escola de Engenharia (EEUM), deparamos com uma filosofia que até parece revolucionária, de tão caricata que é. Diz o novo regulamento que considera o ECDU, mas adapta-o à orgânica da Escola de Engenharia, como se esta fosse diferente das outras Escolas, e entrega a avaliação ao Directores de Departamento, referindo , e cito "a centralidade que atribuiu aos Departamentos na gestão dos recursos materiais e humanos da EEUM" ! (artº32, nº1, do RAD-EEUM).
Pergunta-se: que tem a gestão dos recursos a ver com a qualidade e principalmente com a avaliação da qualidade, seja dos materiais, seja dos Professores? Para que servem as orientações do ECDU, a hierarquização dos Professores em Catedráticos, Associados e Auxiliares? Numa estrutura em que os Directores de Departamento fossem todos Catedráticos, poderia eventualmente ser aceitável que fosse esse Professor o avaliador, embora em departamentos heterogéneos a tarefa devesse ser distribuída pelos Professores mais graduados de cada uma das áreas do departamento. No entanto, a maioria dos Departamentos está entregue a Professores Associados e alguns poderão ser entregues a Professores Auxiliares, pelo menos o regulamento da EEUM assim o permite (artº 37, nº2, do regulamento da EEUM).
Qual a razão de entregar a avaliação dos Professores a um gestor (podemos considerar que um Director de Departamento é essencialmente isso)? Será porque o regulamento está feito de uma forma tão "métrica" que qualquer gestor pode fazer a grelha de avaliação, baseando-se nos índices e fórmulas para as várias componentes (científica, pedagógica, de gestão) que não precisa de ser um especialista? Bom, nesse caso, nos concursos para lugares do quadro , também poderemos ter um júri constituído por gestores! Não serão necessárias as regras do ECDU que estabelece que devem ser Professores de categoria superior à do candidato a fazerem parte do júri!
E quem vai avaliar a avaliação que o Director de Departamento fez? Ficará tudo nas mãos deste gestor? Não será demasiado poder para alguém que não tem currículo que justifique tal encargo (supondo que não é um Professor que já passou pelas categoria daqueles que está a avaliar)?
Enfim, ficam estas perguntas ao novo Presidente de Escola, que de novo não tem nada em relação aos do passado...é sempre o receio que lhes fuja algum controlo sobre a sua Unidade, ou sub-unidade, para outros que são imprevisíveis, os Professores Catedráticos. Afinal estes podem não obedecer à mesma lógica de seguidismo que os Directores de Departamento em relação ao Presidente da Escola.

sábado, julho 10, 2010

A Avaliação "objectiva" dos Professores Universitários

Com a entrada em vigor do novo ECDU, surge a avaliação dos docentes como processo de promoção na carreira, um pouco à semelhança do SIADAP para os funcionários públicos. Para os docentes este é um processo necessariamente mais complicado. Como propostas à avaliação dos docentes temos desde o texto clássico apresentados pelas Universidades, como a UM, e já divulgado, em que se privilegiam as publicações (artigos científicos/papers) em revistas internacionais, até ao texto de um catedrático da Universidade do Porto em que não considera as publicações e citações como sendo relevantes, sugerindo que são fruto do conhecimento pessoal ou profissional do autor por parte dos avaliadores. Entre estes dois extremos haverá uma posição de consenso que tomará em linha de conta as especificidades de cada Escola, como aliás é a intenção da reitoria ao circular o projecto de avaliação pelas várias Unidades e sub-unidades orgânicas. Mas se há aspectos que diferenciam as unidades orgânicas, havendo uma componente tecnológica nas Escolas de Engenharia e Ciências que se podem traduzir em patentes e protótipos, por exemplo, já nas Escolas das Ciências Humanas não será natural exigir esse tipo de produção científica aos seus docentes. Por outro lado, nas Humanidades será mais relevante a publicação de livros do que artigos científicos, poe exemplo.
Já há uma experiência de décadas na avaliação de docentes em concursos para lugares do quadro. No entanto a nova realidade traz com ela novos desafios. Por exemplo, qual o peso de patentes em relação a artigos científicos no que respeita às áreas de Ciência e de Engenharia? Com a falta de experiência desta nova realidade, há quem meta no mesmo saco, patentes ainda não concedidas, só com o pedido registado, patentes nacionais e patentes internacionais, quando o grau de exigência e de impacto é muito diferente, tal como o é para os artigos científicos à espera de publicação, em revista nacionais, ou internacionais. E em áreas que estão muito em voga e que serão uma das apostas da reitoria da UM, que são as áreas criativas, como o Design, quais os critérios de avaliação? A componente numérica é fácil de contabilizar, como o número de teses orientadas, número de júris em que participou o candidato, número de comunicações em conferências internacionais e por último, número de artigos em revistas internacionais. Mas a componente do valor intrínseco das teses, comunicações e artigos em revistas internacionais? Como se avalia? E por quem? Não pode com certeza ser avaliado por alguém que não é da área, como por exemplo um engenheiro, como acontece actualmente na maior parte dos casos aos alunos dos cursos de licenciatura e Mestrado nestas áreas, por não quase não haver doutorados em Design (por Escolas de Design). Resumindo, a Avaliação serve para permitir que alguns sejam promovidos ao escalão superior e em determinados caso impedir a sua progressão ou mesmo excluir do ensino Universitário aqueles que ao entrar como Professor Auxiliar não cumprem os mínimos, mas deve servir também para tornar a Universidade melhor, com um melhor currículo e com melhor ensino. Se não for esse o resultado final, a avaliação não cumpriu os objectivos. Por isso sejamos objectivos com a avaliação, porque estará o "ranking" da universidade em jogo, e em última análise o grau de interesse que a Universidade exerce sobre alunos do ensino secundário candidatos ao ensino superior.

A Avaliação dos professores

Com a entrada em vigor do novo ECDU, sure a avaliação dos docentes como processo de promoção na carreira, um pouco à semelhança do SIADAP para os funcionários públicos. Para os docentes este é um processo necessariamente masi complicado. Como proposta à avaliação dos docentes já resposta ou em vias de.., temos desde o texto clássico apresentado pela UM, e já divulgado, em que se previligiam as publicações (artigos científicos/papers) em revistas internacionais, até ao texto de um catedrático da Universidade do Porto em que não considera as publicações e citações como sendo relevantes, sugerindo que são fruto do conhecimento pessoal ou profissional do autor por parte dos avaliadores. Entre estes dois extremos haverá uma posição de consenso que tomará em linha de conta as especificidades de cada Escola, como aliás é a intenção da reitoria ao circular o projecto de avaliação pelas várias Unidades e sub-unidades orgânicas. Mas se há aspectos que diferenciam as unidades orgânicas, havendo uma componente tecnológica nas Escolas de Engenharia e Ciências que se podem traduzir em patentes e protótipos, por exemplo, já nas Escolas das Ciências Humanas que não será natural exigir aos docentes das Escolas das Ciências Humanas. Nas Humanidades será mais relevante a publicação de livros em relaçaõ ao dos artigos científicos. Já há uma experiência de décadas na avaliação de docentes em concursos para lugares do quadro. No entanto a nova realidade traz com ela novos desafiis. Por exemplo, qual o peso de patentes em relação a artigos científicos no que respeita às áreas de Ciência e de Engenharia? Com a falta de experiência desta nova realidade, há quem meta no mesmo saco, patentes ainda não concedidas, so com o pedido registado, patentes nacionais epatentes internacionais, quando o grau de exig^ncia e de impacto é muito diferente, tal como o é para os artigos científicos à espera de publicação, em revista nacionais e internacionais. E em áreas que estão muito em voga e que serão uma das apostas da reitoria da UM, que sã as áreas criativas, como o Design, quais os critérios de avaliação? A componenete numérica é fácil de contabilizar (número de teses orientadas, numero de júris emq ue participou o candidato, número de comunicações em conferências internacionais e por último, número de artigos em revistas internacionais. Mas a componente do valor intrínseco das teses, comunicações e artigos ém revistas internacionais? Como se avalia? E por quem? Não pode com certeza ser avaliado por alguém que não é da área, como por exemplo um engenheiro, como acontece actualmentena maior parte dos casos aos alunos dos cursos de licenciatura e Mestrado nestas áreas, por não quase não haver doutorados em Design (por Escolas de Design). Resumindo, a Avalação para permitir que alguns sejam promovidos ao escalão superioe e em determinados caso impedir a sua progressão ou mesmo excluir do ensino Univbersitário quelles que ao entrar como Professor Auxiliar não cumprem os mínimos, mas deve servir também para tornar a Universidade melhor, com um melhor currículo e com melhor ensino. Se não for esse o objectivo final, a avaliação não cumpre os objectivos. Por isso sejamos objectivos com a avaliação porque estará o "ranking" da universidade em jogo, e em última análise a attracção que a Universidade exerce sobre alunos do ensino secundário candidatos ao ensino superior.

sexta-feira, julho 02, 2010

As SCUTS e a ferrovia no Minho

Na continuação das mensagens anteriores sobre os SCUTS, e uma vez que o Governo e o PSD já estão a chegar a um compromisso, parece-me de inteira justiça o acordo que se adivinha:que todos paguem; haverá sempre alguém que arranjará uma razão para não pagar: ou porque são do interior, ou porque não há alternativas por estrada normal, ou porque os residentes são pobres, etc. Pegando neste último ponto: os residentes têm um rendimento médio abaixo da média nacional; Mas uma média implica que há uns que têm um rendimento acima e outro abaixo da média. Então destes quais são os que usam as SCUTS. Os mais pobres? Esses viajam para onde? E a gasolina, o desgaste do carro, e outras despesas de viagem, já podem pagar? Tenho a convicção que quem viaja distâncias longas em SCUTS, pode pagar tudo isto, não é pobre e pode também pagar as portagens. Aqueles que na realidade utilizam as auto-estradas ou SCUTS são as empresas e os viajantes que atravessam esses distritos. Quanto às empresas, serão principalmente empresas de tranportes com camiões TIR. Estas empresas que já tiveram tantas facilidades no passado (veja-se como cresceram como cogumelos…) é altura de pagarem os estragos que fizeram com os seus camiões no asfalto das SCUTS portuguesas. E muitas empresas são estrangeiras. Há sempre o argumento que se forem desviadas para as estradas normais estragarão estas estradas, mas não acredito que a maioria o faça pois com o tempo que perdem, não compensa. As empresas de transporte já foram beneficiadas pela política deste e dos anteriores governos de preferirem a autovia à ferrovia. É altura de inverter a situação.
Porque não se fazem ferrovias? Suponho porque não são tão rentáveis. Mas então qual é o critério, a rentabilidade ou o serviço das populações?
No distrito de Braga não há ligação entre várias cidades por ferrovia mas há por auto-estrada. Como por exemplo entre Braga e Guimarães e entre Braga e Esposende/Viana. Isto não é um contrasenso? Seria importante que o Governo ao cobrar nas SCUTS e nas auto-estradas, introduzisse a alternativa da ferrovia. Afinal Braga é a terceira ou quarta cidade do País, e merece o mesmo que outras cidades da mesma dimensão, como Coimbra por exemplo, que é uma cidade muito mais bem servida de ferrovia. Braga é uma cidade onde acaba a linha que vem do Porto, sem continuidade nem alternativa. É a dependencia total do Porto, como se o Norte fosse só o Porto.
O mesmo se pode dizer de Guimarães.

sábado, junho 26, 2010

A UM, as SCUTS e O princípio dos residentes não pagadores

A proposta que agora está em cima da mesa para negociação entre partidos, propõe que os residentes nas áreas das SCUTS, ou que provem que façam o percurso regularmente, não paguem as portagens. Na sequência do meu comentário anterior, eu pergunto: e os utilizadores regulares e residentes na área das auto-estradas como a de Braga-Guimarães? Os alunos que estão a frequentar a UM e que precisam de se deslocar regularmente entre os dois pólos da UM situados nas duas cidades, os professores e funcionários, e os residentes de uma e outra cidade? Qual é a diferença em relação à auto-estrada Porto Viana? Afinal quem viajou nas estradas alternativas sabe que a estrada Braga-Guimarães não é melhor que a estrada Porto-Viana, e o trânsito também não é inferior.
Não entendo como é que as forças vivas de ambas as cidades não se demonstraram com mais visibilidade na altura da construção da auto-estrada e como a Universidade e os seus utentes, estudantes e professores nomeadamente, não formaram uma destas comissões de utilizadores que já na altura eram notícia noutras SCUTS, como a do Oeste, por exemplo. Se formos a ver, o que se gasta nas viagens entre Braga e Guimarães pelos utilizadores regulares, utentes da UM e residentes numa das duas cidades, tal como para os utilizadores da SCUT Porto-Viana, no fim do mês também vai fazer mossa na bolsa dos estudantes, e/ou no salário dos pais deles, e no salários dos professores e outros utilizadores regulares.
Talvez não seja tarde de mais e que a UM aproveite esta discussão em torno das SCUTS e se movimente, começando por uma intervenção pública dos órgãos de poder, o reitor ou o Presidente do Conselho Geral, para repor a justiça nesta questão das SCUTS e auto-estradas no que refere aos utilizadores da UM.

segunda-feira, junho 14, 2010

As SCUTS, professores e vuvuzelas

Debate-se neste momento o pagamento de portagens nas SCUTS. Tenho assistido aos movimentos que se opõem às portagens com a mesma atitude que assisti ao movimento dos professores do ensino secundário quando reclamavam o fim das avaliações. Com um sentimento de que neste País há a ideia generalizada que quem mais berra e quantos mais forem a berrar, maior possibilidade têm de sucesso. E não é que funciona? Pois se a avaliação é uma brincadeira comparado com o que estava previsto implementar pela ministra e as portagens no norte já não abrangem Viana do Castelo a Caminha e Viana do Castelo a Ponte de Lima!
Mas mesmo assim, os professores querem mais, que não conte a avaliação feita o ano passado (que foi a mínima) para a nota deste ano e os movimentos das SCUTs ainda querem que Porto Viana do Castelo seja de graça...Quanto aos professores não digo nada porque nós no Superior estamos habituados a apanhar com tudo e mais alguma coisa e não nos pronunciamos com a mesma berraria, mas quanto aos senhores do Porto e de Viana, só lhes sugeria que olhassem um pouco para o lado e pensassem naqueles que fazem o percurso em auto-estrada Braga-Porto-Braga quase todos os dias, e Braga-Guimarães-Braga, neste caso para viajar entre os dois pólos da UM, que não duvido sejam a maioria dos utentes (é só ver na altura das férias académicas como diminui o
tráfego nesta autoestrada).
Já estou como aqueles que querem acabar com as vuvuzelas: acabem com esse ruído todo ou então distribuam as vossas vuvuzelas democraticamente, por todos os distritos e no caso do sindicato dos professores, distribuam por todas as carreiras, não se fiquem só pelo ensino secundário, abranjam também o ensino superior.

sábado, junho 05, 2010

O apoio ao empreendedorismo e o capital de risco: As Universidades são ouvidas?

Numa altura que muito se fala do empreendedorismo universitário, tem a UM uma novamente uma oportunidade histórica de se evidenciar nesta área. A UM foi das primeiras a fazê-lo nos anos 80 com empresas de informática e através da Tecminho nos anos 90, impulsionados por programas na altura pioneiros na UM, como o "Smart Tulip" da responsabilidade de Avelino Pinto com o apoio vice-reitor do pelouro na altura, Manuel Mota. Entretanto criou-se o Spin-Park, também muito pelo empenho dos mesmos, empresa capital semente com capitais de várias empresas Públicas entre elas a UM, inserida no AvePark, um parque de C&T especialmente concebido para a instalação deste tipo de empresa. Mas para além desta fase inicial (semente), tardam a aparecer as empresas spin-off da UM na fase já de lançamento comercial. Qual a razão ou razões? A meu ver há uma responsabilidade das empresas de capital de risco em todo este processo "pós-semente" de lançamento de empresas spin-off, que não está a ser cumprido, nomeadamente por aquelas que têm como investidores o Estado, directamente ou por intermédio das empresas públicas e organismos públicos, que é o caso da Inov-capital, com sede no Porto. Se formos ver, o capital investido por esta entidade nos últimos anos em empresas spin-off é mínimo e então em empresas oriundas da UM é ínsignificante, considerando o seu capital social. Este tipo de organismos investem muitas vezes em empresas já maduras que supostamente terão menos risco. Mas para isso existem os bancos. Mesmo assim o investimente em grandes empresas não tem sido muito profícuo nos últimos tempos (veja-se o caso da Aerosoles). Porquê então este comportamento? Lançam-se planos de incentivo às empresas spin-off, do tipo do Finicia, e vai-se ver e nem uma empresa spin-off da UM consta da lista de apoio deste programa no que refere ao capital de risco.
Os empreendedores desesperam pois investem do seu tempo e dinheiro e as empresas de capital de risco, fundadas pelos sucessivos governos, só mudam nos administradores que mudam consoante a sua cor política, o que também não deve ajudar muito ao bom funcionamento da instituição. A meu ver quem devia mudar regularmente seriam os técnicos que trabalham nestas instituições, porque são eles muitas vezes que decidem sobre o futuro das empresas participadas, e o poder de decisão está muitas vezes nas suas mãos e não com os administradores. É demasiado poder para técnicos assalariados por demasiado tempo! Este tipo de capital de risco, não sendo capital dos próprios, como no caso de "business angels", não tem consequência de maior para quem decide, ao invés dos casos em que são investidores particulares, sejam "business angels" ou familiares ou amigos dos empreendedores, a investir no negócio.
Uma forma de de incentivar o empreendedorismo das Universidades (e Politécnicos)seria através da participação das Universidades na administração das empresas de capitais de risco com capitais públicos. Dessa forma ao menos haveria, em teoria, mais sensibilidade para o investimento em empresas spin-off oriundas de Universidades do que há de momento.
A Universidade do Minho, pioneira no empreendedorismo, se conseguiu pela mão do actual reitor, através de "lobbying", cativar o Ministro da Ciência para inserir a UM no roteiro do programa MIT, também conseguirá influenciar o Ministro para esta problemática das capitais de risco. Mesmo não fazendo parte da sua tutela, se realmente o quisesse, o Ministro puxaria pelos galões e exigiria que de futuro as empresas de capital de risco com capitais públicos servissem mais o empreendedorismo proveniente do ensino superior e menos as grandes empresas já lançadas no mercado.

domingo, maio 30, 2010

A propósito do Fórum UMinho:algumas medidas relacionadas com alunos

A propósito da primeira reunião do reitor com os alunos, designada por Fórum UMinho, para uma discussão sobre propinas, Bolonha, cursos pós-laborais e outros assuntos relacionados com os alunos, uma notícia no CM critica a pouca afluência de alunos. Não analisa no entanto as causas. O Fórum a meu ver é uma boa ideia, mas os alunos devem ter percebido que seria mais uma informação por parte do reitor do que propriamente uma discussão donde sairiam resultados práticos. Ou dito doutra forma pelo blogue Universidade Alternativa, uma campanha de propaganda por parte do reitor. O jornalista do CM também expressou uma opinião que parece tirada da frustração do reitor, o que indicaria que de facto haveria uma intenção de atingir o máximo número de alunos possível. Mas eu pergunto? Porque se sentiria o reitor tão incomodado pela pouca participação de alunos, quando não se sente incomodado de ter o apoio no Conselho Geral da maior parte dos alunos que são nomeados pela Associação Académica, quando a sua eleição resultou de uma percentagem de votantes de aproximadamente 3% do universo eleitoral? Os alunos têm sido determinantes na passagem de algumas das suas mais importantes medidas, tais como a aprovação dos estatutos dos Serviços Sociais (SASUM), que implicou um aumento orçamental muito por culpa da promoção dos directores a categorias superiores. Claro que se percebe a conivência entre a Associação Académica e os SASUM, sendo que grande parte do orçamento dos SASUM reverte para os alunos, nomeadamente as bolsas.
Só se conquistarão os alunos para debates quando eles sentirem que estão representados nos vários órgãos da UM duma forma representativa e transparente, não por nomeação por parte da Associação Académica. Se em parte a culpa é deles por serem tão pouco militantes, isso é, mas que dá muito jeito á reitoria, isso dá, por isso vamos nos deixar de hipocrisias. Para acreditarmos na bondade destas iniciativas e para que muitos mais alunos se sintam motivados para participarem nelas, sugiro as seguinte medidas, que sendo dez, alguns podem chamar mandamentos (que não o são):
1)Exija-se que os alunos representados nos vários órgãos não estejam ligados à Associação Académica,
2)Faça-se uma divulgação junto dos alunos para as eleições dos vários órgãos, o que não foi feito da última vez
3)Retire-se aos SASUM a atribuição de bolsas, remetendo este serviço para os serviços centrais (Ministério)
4)Não se atribua verbas para as festas dos alunos (eles que angariem essas verbas, como fazem noutros países)
5) Não tratem os alunos como crianças ou adolescentes, que é o que parece estar a acontecer com Bolonha, mas tratem-nos como adultos que o são (ou devem ser).
4) Não incentivem a utilização de fardas, porque elas são caras e só servem para enaltecer a incompetência
5) Deixem de misturar religião e ensino com a bênção das pastas (respeite-se quem é religioso mas não o façam ostensivamente, esquecendo aqueles que não o são).
6) Reduzam as praxes a clubes, como fazem lá fora. Isto é: o clube dos montanhistas, por exemplo, terá a sua praxe, mas não obriguem toda a Academia a ter essa praxes.
7) Retirem os carros dos alunos do campus e usem esse espaço para pôr relva e árvores para os alunos conviverem e terem um espaço agradável
8)Criem um gabinete de desporto associado ao Senado, para que os SASUM não tenham esse monopólio sobre os alunos.
9)Façam mais zonas de convívio entre estudantes, nomeadamente pós-graduados, e professores.
e finalmente:
10) Divulguem as notícias do Conselho Geral e do Senado que dizem respeito aos alunos em Fóruns do género do que deu origem a esta discussão, mas façam Fóruns que envolvam representantes das várias sensibilidades dentro da UM, para não cheirar a propaganda.

domingo, maio 23, 2010

O que mudou na UM com o RJIES?

O que mudou com o RJIES? Muito pouco. Só a forma como se chega ao topo é que mudou. Como diz o povo: Mudam as moscas...Senão vejamos. Independentemente do mérito das pessoas que ocupam os diversos cargos do topo, não se pode dizer que vieram da oposição ao anterior "regime". Poderiam ter ideias um pouco diferentes e personalidades diferentes dos que ocupavam os cargos anteriormente, mas na realidade a estrutura que impuseram, continua intacta. E tudo por um processo democrático recentemente instituído que é o RJIES. A democracia tem destas coisas , mas como refiro no fim deste texto, no Universo restrito duma universidade, a democracia não é assim tão livre de pressões como o é num Universo maior como o próprio País. Foi assim na reitoria e foi assim na maioria das Escolas. Houve na realidade casos em que o Presidente de Escola, como a de Engenharia, ocupou o cargo pela primeira vez mas escolheu para Presidente do Conselho Pedagógico alguém que já o ocupa há décadas. Sem dúvida por acordos pré-eleitorais com o "aparelho". Os Serviços que fazem a ponte entre os órgãos de governo da UM e o bem-estar dos docentes, funcionários e alunos, os SASUM, tiveram o seu administrador os seus directores reconduzidos e muitos foram promovidos a chefes de Divisão, sem haver sequer serviço que justificasse essa promoção, segundo o blogue "UM para todos". O orçamento para estes gastos extra foi submetido pelo reitor, segundo as novas regras do RJIES tinha que ser, ao Conselho Geral e aprovado pela maioria que lhe está afecta. Outras promoções que seriam justas noutros serviços, ficarão à espera de "melhores dias". A crise não é para todos, bem se podem queixar os outros funcionários. Sim, mas queixar a quem? Ao seu representante no Conselho Geral? Um voto em 25? Ao seu sindicato? Sabemos como é inútil e entretanto, sem possibilidade de verem as suas justas aspirações contempladas, viram-se para o SIADAP. Mas como funcionou este processo no passado recente? Consta que em algumas Escolas a classificação de excelente que permite a promoção, foi quase todos para os dirigentes, técnicos superiores e chefes de serviços, quase todos eles afectos ao "aparelho" por via de anos e anos de promoções e concursos que se não foram manipulados foram pelo menos influenciados pelas ligações familiares ou de amizade do concorrente com o topo da hierarquia do passado. Sabemos que até alguns técnicos superiores são familiares de pessoas que estiveram no passado no topo da hierarquia.
Posto isto, que podem os funcionários esperar? Diria que é melhor não terem muitas expectativas nos próximos anos. Só quando o "aparelho", dominado por docentes e por força do RJIES por alunos, for substituído por outros docentes e alunos que nunca estiveram ligados ao "aparelho", uma vez que o número de funcionários nos vários órgãos é diminuto. Isso é possível? Só o tempo o dirá.
Os alunos também não mudaram. A Associação de estudantes, que penso se mantém inalterada desde a anterior reitoria, ocupou os lugares no Conselho Geral, por força da já endémica falta de participação nas eleições, por parte da maioria dos estudantes
E os docentes? Felizmente os docentes têm um estatuto paralelo ao RJIES, o estatuto da carreira docente (ECDU) que exige nos concursos de promoção na carreira membros exteriores à Universidade onde se lecciona. Mas no que respeita aos órgãos de governo da UM os docentes e investigadores estão sujeitos á lógica do voto. E essa lógica adapta-se bem a um Universo amplo, como é o caso do País quando vai a votos, mas num meio mais pequeno, com um universo de votos pequeno, os votantes estão demasiado próximos dos seus governantes e são por eles influenciados quando pensam no seu próprio futuro, ao ponderarem em quem mais os pode ajudar ou prejudicar. É inevitável numa carreira tão vulnerável como a do Ensino Superior. Há factores que aparentemente não são relevantes ao futuro dos docentes, como a distribuição de serviço docente, mas com a instabilidade actual que o RJIES introduziu, cheio de definições ambíguas como o contrato por tempo indeterminado, que terminaria se for "extinto um serviço", os Professores Auxiliares, que são a maioria dos docentes, pressentem que este aspecto é fundamental para o seu futuro. Tanto neste como noutros aspectos o director do Departamento tem a palavra final, e segundo o RJIES, sendo um subalterno do Presidente de Escola, o Professor Auxiliar pressente que estará dependente indirectamente do Presidente de Escola também. São estas as perversões do RJIES, que foi pensado sem dúvida ccomo uma forma de renovar as Universidades mas que veio ironicamente aprofundar ainda mais as "ligações perigosas" entre governantes e governados.