terça-feira, agosto 14, 2012
Considerações de Pré-temporada
Com o aprofundamento da crise e o governo a tentar arranjar receitas e cortar nas despesas a todo o custo, surgem situações no mínimo desajustadas. Foi anunciado como uma vitória terem sido recuperados alguns 200 milhões de euros de dinheiro que tinha sido colocado em paraísos fiscais e contas na Suíça, por ter o governo taxado a 7,5 % esse dinheiro aos que tinham declarado voluntariamente terem fugido ao fisco desta forma. Pois é, quem trabalha e leva para case o que ganhou a trabalhar paga em média alguns 15 a 25% de IRS e aqueles que angariam dinheiro sabe-se lá como, até porque a origem deste dinheiro não foi investigado, paga 7,5%. Para além de não serem acusados, constituindo portanto este ato do governo uma amnistia, o governo ainda por cima concede uma taxa extremamente generosa. Para a classe média, professores incluídos, é o que se vè: além de lhe terem tirado os subsídios de férias e de natal, em cima dos cortes no salário que vinham do anterior governo e que não foi reposta, há ainda o que foi acrescentado à conta mensal: IMI mais alto, taxas moderadoras mais altas, IVA na alimentação mais elevado, propinas dos filhos na Universidade mais altas, etc. Querem acabar com a classe média? Passamos a ser a típica república das bananas, com os ricos cada vez mais ricos e em pequeno número, a classe média quase não existe e engrossa a classe dos pobres. Os pobres por sua vez são cada vez mais pobres e desamparados. Com a poupança no rendimente minimo, o encurtar do período do subsídio de desemprego, o corte nas pensões, as taxas moderadorea ainda para muitos que não têm isenção, como sobrevivem? Mas o que é mais grave é que o futuro que está nos jovens não nos dá esperança uma vez que os nossos jovens estão todos a emigrar e aqueles que serão os mais qualificados, mais de 60%, afirmam em sondagem recente que pretendem emigrar. Se continuarmos assim, senhor Passos, teremos um país de reformados e ninguém para produzir riqueza. Nessa altura já a Europa da sra. Merckle e do sr. Hollande, recebeu a mão de obra portuguesa que permitirá que continue a produzir riqueza que fica lá, e que se vier virá como esmola e não como pagamento. Há quem diga que a austeridade é fruto do sr. Passos Coelho ser um bom aluno da sr Merckle. Penso que será mais uma atitude de sobreserviência ou de falta de ideias para fazer algo de diferente do que aquela que aprendeu na cartilha da austeridade. Esta semana é a rentrée do PSD e curiosamente do futebol. Será que o PM e o Sá Pinto não podem combinar a estratégia para o País e para o futebol da mesma forma? Defender sim mas é preciso atacar também, para marcar golos. Eu gostaria que assim fosse, como português e como sportinguista.
sexta-feira, agosto 03, 2012
Fundações saem, fusões entram, no Ensino Superior
As notícias de abandono do regime fundacional por parte do ministro da Educação são mais em termos de nome de que de conteúdo, porque o que o ministro disse sobre a nova lei não é muito diferente do que se tem dito sobre as fundações: maior autonomia, maior independência de gerir os seus próprios orçamentos, património, etc. Resta esperar para ver quais as diferenças.
Entretanto a Fundação Lloyd Braga foi considerada como tendo pouca atividade, menos de 50%, um dos critérios para o sue futuro financiamento. Na verdade, ninguém estranhará, até porque muitos nem ouviram falar de tal fundação. Quanto à fundação da Associação de estudantes, foi considerada como tendo zero atividade!
entrevistados alguns reitores na reportagem a maioria exprimiu-se satisfeita com o acordo final, confiantes que podem gerar receitas alternativas. Gosto de ver reitores confiantes, mas sabemos que com a conjuntura atual não será nada fácil. O reitor do Técnico, Cruz Serra, em entrevista na televisão afirmou a dada altura que o investimento nas Universidades é estratégico para o futuro de qualquer país. Palavras sábias que não foram tidas em conta pelo governo ao cortar quase 3% do orçamento das universidades. Corte-se nas estradas, PPPs, forças armadas, e aumente-se os impostos aos rendimentos de capitais, heranças, e outras rendimentos que não são do trabalho. Mas não se corte no futuro! Isso era o que Cruz Serra queria dizer mas não disse por não ser um político. Aliás o reitor do IST, disse que as universidades não têm a força dos "lobbies" que normalmente as autarquias, por exemplo, têm. Não sei bem se será tanto assim...mas percebi a ideia.
No entanto Cruz Serra não se pode queixar. A sua universidade pelo fato de se estar a fundir com a de Lisboa, a Clássica, vai receber fundos que outras universidades não recebem o que só abona a seu favor, pois teve juntamente com o seu colega da Clássica a coragem de avançar para uma fusão que lhe vai tirar protagonismo ao deixar de ser reitor. Não deixa de ser de admirar num setor constituído por capelinhas, em que cada um é um reizinho no seu cantinho (leia-se departamento, centro, Escola, Universidade).
sábado, julho 28, 2012
Cortes no Ensino Superior e na Saúde
Vêm aí cortes de 2% no ensino superior que acabam por ser de 4%, segundo as contas do reitor. Este governo corta e corta, mas não se preocupa com o que pode acontecer com cortes cegos na educação e na saúde. O reitor diz que irá acomodar os cortes com restrições à manutenção de edifícios e nas contratações. A questão é que penso que já não se vai fazer nem uma coisa nem outra pois já se fez. Não será otimista pensar que se pode cortar onde já se tinha cortado até ao osso? Já não são gorduras que estamos a falar. O que penso que o reitor quis dizer é que se pudesse cortava no osso, isto é, vendia edifícios e dispensava pessoal, ou seja, um emagrecimento da instituição tanto física como intelectualmente. Na saúde, os cortes ainda são nas gorduras, especialmente quando se descobre que há médicos a acumular o seu salário com o que recebem de empresas de prestação de serviços, e na mesma instituição! Há médicos a receber salários de 40 000 euros por mês com este esquema. Mas uma vez que se põe fim a estes abusos, onde se corta sem danificar o Serviço Nacional de Saúde ou mesmo feri-lo de morte? Ou será que se incidirá nas receitas aumentando de novo as taxas moderadoras? Duma forma ou de outra, quem se lixa é o utilizador do serviço, ou seja os mais pobres ou a classe média uma vez que os muito pobres são dispensados. Por isso quem se lixa, dr. Passos Coelho, são os professores e outros funcionários públicos (outra vez) e os quadros médios das empresas. Estamos num só ano a assistir ao desaparecimento de uma classe média baixa que se transformou numa classe pobre e ao desaparecimento da classe média, que passou a média baixa. Os mais ricos, algumas profissões liberais e os que vivem de rendimentos, estão bem. Não pagam mais impostos, não lhes cortaram os subsídios de férias e de natal, nem aumentaram os preços dos bens de luxo, como carros de alta cilindrada, fatos Armani nem férias em lugares exóticos. As casas e apartamentos de luxo pelos vistos é que mantêm os preços e estão a vender bem, o que significa que há clientela para eles. Mas também há cada vez mais clientela para a sopa dos pobres e para as filas do desemprego. Portanto estamos a recuar mais de 40 anos. Quem viu a cerimónia de abertura dos jogos olímpicos, que representava uma evolução dos tempos difíceis da sociedade agrícola à revolução industrial, em que os assalariados tinham aspeto de escravos do trabalho, sem condições nem para a usa própria higiene, morrendo muitos de doenças, até à fundação do serviço nacional de saúde em que todos têm acesso aos cuidados de saúde. Pois agora imaginem o cenário ao contrário : é para aí que caminhamos ! E a “Passos” largos !
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domingo, julho 22, 2012
Cursos têxteis: premonição ou despedida?
Pelos vistos foi prematura o meu Requiem pelos cursos têxteis. O curso de Engenharia têxtil vai afinal abrir e em regime pós-laboral conforme consta na página web da Direcção Geral do Ensino Superior (DGES) e esta semana já publicitado no jornal Expresso. Será no entanto uma premonição? Vamos esperar para ver. O que é certo, é que tal como já referido, o curso não tem tido alunos suficientes e se não houver uma alteração na atitude dos responsáveis, leia-se departamento de Engenharia Têxtil e Reitoria, o curso vai mesmo acabar, mais ano menos ano. Quanto à Opção têxtil do curso de Química, também não vai ressuscitar, a não ser que também haja uma atitude diferente pro parte dos responsáveis, nomeadamente o Departamento de Química. Não é aceitável que se anuncie um curso de Química com uma Opção Têxtil e que depois os docentes do departamento de Química não salvaguardem o funcionamento dessa opção e os encaminhem para a sua opção, a de química-ramo científico. É mais uma premonição que se vai concretizar se não alterarem as regras de frequência das opções. Se a moda pega, acabam-se aos poucos as opções "profissionais" de todos os cursos da UM!
domingo, julho 15, 2012
Requiem pelo cursos têxteis
Ao ver a lista de cursos que vão funcionar na UM neste próximo ano lectivo, verifico que não aparece o curso de Engenharia Têxtil. A ser verdade, esta omissão será o epílogo do inevitável declínio de um curso que foi dos primeiros cursos da UM, e que na altura veio cobrir uma lacuna numa indústria que não tinha engenheiros formados em Portugal mas que ao longo dos anos se veio a revelar menos interessante para os candidatos ao ensino superior, porventura influenciados por notícias de uma indústria em crise. O curso passou a pós-laboral há uns quatro anos atrás com a intenção de captar novos públicos, como os alunos que trabalham na indústria e que querem mais qualificações, ou mesmo alunos que não trabalhando na indústria têm uma ocupação diurna e que podem desta forma tirar um curso superior, neste caso em engenharia têxtil. Infelizmente os alunos foram diminuindo em número e as notas de entrada também seriam das mais baixas dos cursos da UM, o que indiciava que nem esta alteração tinha motivado os candidatos ao ensino superior a candidatarem-se a engenharia têxtil.
É um fenómeno estranho, que ocorre precisamente quando a indústria está muito mais moderna, competitiva e com o aumento das exportações não tem tido mãos a medir. Têm necessidade de especialistas têxteis com o curso superior, sejam engenheiros ou químicos, sendo que não só não conseguem engenheiros, como também não conseguem químicos, uma vez que o curso de química-ramo materiais têxteis também acabou. O fim deste curso foi fruto de uma alteração do ramo têxtil para uma opção não obrigatória, o que implicou um desvio de alunos para as outras opções, fomentada pelos respectivos docentes. Assim, aos poucos, houve uma capitulação dos responsáveis pelo departamento de engenharia têxtil ao longo dos anos e dos directores dos respectivos cursos, demonstrando um fatalismo e uma incapacidade para novas opções que serviriam na mesma o departamento e a própria indústria. Há uns anos propus que o departamento se virasse para os materiais, o que não foi atendido. A mudança foi para o Design para o qual o departamento não tem todas as competências necessárias, muito longe disso. Sugeri também que não aceitassem a proposta do departamento de química no que respeitava à opção têxtil, sem garantia de um mínimo de alunos. Fui afastado da comissão de negociações. É com pena que vejo que o curso que justifica a existência do departamento, o de engenharia têxtil, desaparece, e nunca é demais insistir que não tinha que ser desta forma, sem glória.
Só nos restam as memórias de dois cursos, o de engenharia têxtil e o de química-ramo materiais têxteis, que forneceram durante anos quadros especializados que quero crer fizeram um bom serviço à indústria e ao país, que neste momento tanto precisa de indústrias exportadoras.
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domingo, julho 01, 2012
INL-Laboratório Ibérico de Nanotecnologia
Num evento que ocorreu no INL esta semana que passou, os empresários foram convidados a uma apresentação dos projectos do INL. O Diário do Minho comentou que as empresas que lá estavam não entenderam a utilidade dos projectos ou dos equipamentos do INL. Porquê que isto não me surpreende? Todos esperávamos algo de inovador e relevante para o País quando este instituto foi anunciado. Mas isso foi quando a nanotecnologia se vendia bem pois tudo era fantástico nesse mundo nano e todos gostamos de passear a nossa imaginação por esse mundo fantástico em que muitos pensavam que seria o futuro mas já próximo. Os empresários são mesmo assim, procuram soluções para os seus problemas e quando não encontram soluções que os seus fornecedores mais imediatos lhes sugerem, andam ás voltas pelos locais mais óbvios: universidades. O INL nesse aspecto também é como uma Universidade, tem I&D que baste mas não tem ligações à indústria, nem forma de as conseguir, pelas mesmas razões das Universidades, que são várias. Uma delas é o conceito de investigação fundamental que não se orienta por prazos curtos, que seriam do agrado das PME que constituem a maior parte das indústrias portuguesas.
Multinacionais ou mesmo grandes empresas nacionais, talvez tenham capacidade para absorver as tecnologias ainda em fase de desenvolvimento, ou mesmo ainda de investigação, porque podem prosseguir com o seu desenvolvimento e endogeneização com as suas próprias equipas de I&D. Agora as PMEs do nosso tecido industrial e especialmente do norte do País que muitas vezes nem laboratórios bem equipados têm nem equipa de I&D, que poderão fazer com essas tecnologias que na maior parte dos casos são ainda projectos de I&D? Não quero com isto dizer que foi mal pensado o INL. Foi mal concebido o que é diferente. Tal como está, concorre com as Universidades, com os mesmo tipos de projectos e os mesmos equipamentos, incluindo a UM. Estando à porta da UM até é aberrante, tamanho investimento em equipamento muito dele já existente na UM. Ao menos que ele seja utilizado pelos investigadores da UM, se forem mais recentes ou diferentes e porventura essenciais para a investigação dos investigadores da UM. Temos um INL numa zona nobre da cidade que poderia ter sido uma zona verde. Mas não, talvez a visibilidade fosse importante e por isso não foi para a periferia, como foi por exemplo o AvePark. Ma a visibilidade pode-se tornar embaraçosa, porque por ali passa muita gente de carro que poderá indagar-se o que estará a fazer ali aquele edifício branco? A cor pode até levar alguns a incluir um paquiderme na frase, ao não perceber para que serve.
Com muitos projectos de alto nível universitários, infelizmente quem vai usufruir do que por lá se investiga vão ser as multinacionais estrangeiras e pouco ficará no País. Talvez em Espanha, um pouco à frente de nós, usufruam da I&D que por lá se faz, mas também não serão muitas mais as empresas que o farão. A história repete-se em Braga. Tivemos o Idite-Minho que para a altura era também inovador e deveria sobreviver com base na sua transferência de tecnologia para a indústria. Não o conseguiu, reduzindo-se a uma infinitésima parte daquilo que era quando arrancou. Não sei qual é o esquema de financiamento do INL, mas se não estiver por debaixo de um chapéu como a FCT em Portugal e a sua congénere em Espanha, poderá ter o mesmo destino que o Idite-Minho.
A meu ver, a única forma seria a sua integração na Universidade como um Centro de Investigação, talvez partilhado pela Universidade de Santiago de Compostela, concorrendo com os outros centros a projectos nacionais e internacionais, mas beneficiando da massa cinzenta já existente na UM, e dos investigadores com bolsa da FCT que são muitos na UM em vez de suportarem salários de investigadores que se tronarão cada vez mais pesados para o orçamento do INL, especialmente no clima de crise que Portugal e Espanha atravessam
sexta-feira, junho 08, 2012
A circulação na cidade
A circulação em Braga está um caos, devido a obras. A mania dos espaços pedonais por tudo o que é centro da cidade, é o que dá. De onde vem o dinheiro para tudo isso, não se sabe. E os carros por onde vão passar para ir ao centro também é um mistério de momento, mas que em breve se saberá, e com toda a certeza que os vão obrigar a dar voltas enormes para lá chegar. Se tudo fosse em prol dos peões, ficaríamos satisfeitos, mas tendo Braga o maior índice de atropelamentos do País, e normalmente nas vias rápidas fora do centro, desconfiamos que não será essa a motivação maior por parte da Câmara. Nas variantes faltam passadeiras e semáforos, para os automobilistas poderem acelerar. Não há qualquer controlo de velocidade sendo um perigo não só para os peões mas para os próprios automobilistas que circulam a velocidades dentro da lei. Se pensassem nos peões, ou mais concretamente nos bracarenses, teriam feito mais zonas verdes, não tinham transformado zonas do leito do rio Este em zonas urbanas, e amontoado prédios de forma a que uns fazem sombra aos outros. São estas contradições que tornam Braga uma cidade provinciana, por muito que queira ser desenvolvida, sujeita aos interesses imobiliários que enriqueceram ao longo dos anos à custa do betão e similares. Mesmo as zonas pedonais não são de calçada, mas sim de sucedâneas de pedra, que sujam com facilidade, dando um aspecto escuro e sujo, quando em Lisboa por exemplo a calçada dá um ar leve e limpo, mesmo quando não o está. Porquê? Lá está, é a cedência aos fornecedores de tais materiais. Qual foi o arquitecto que os escolheu? Devia estar com os óculo escuros quando o fez ou então acha que por estarmos na cidade dos arcebispos devemos ser soturnos e a cidade deve transmitir esse sentimento, com tons adequados. Por outro lado, fazem-se experiências com rotundas, tendo-se inventado uma nova rotunda que devia-se se chamar “ovaltunda”, uma vez que não é circular mas oval. Porquê? Novamente deve ter sido distorção ocular ao desenhar a rotunda que causou tamanha aberração. Quem contorna uma destas rotundas deve ter cuidado para não sair disparado contra o carro que espera entrar à sua direita, uma vez que pode não conseguir virar totalmente para trás, sim porque já não é uma viragem suave, mas trata-se de uma viragem em U, quando chega à parte mais pontiaguda da rotunda! A zona de passeio da cidade, que vai do hotel de Lamaçães à zona dos novos edifícios pretos junto aos barracões estilo americano do Media Markt do Lidl, está cheia dessas rotundas ovais. Há ainda rotundas ovais que invadiram com a sua ponta a zona de entrada das vias que desembocam nessas mesmas rotundas, como é o caso da rotunda junto ao campus da UM em Gualtar. Quando se está a dar a volta para entrar na UM não é raro deparar com um carro que está à nossa frente à espera de entrar para a rotunda! Isto é que foi uma obra digna da instituição que serve, uma universidade. Há túneis e viadutos que antecederam estas rotundas, a mais conhecida aquela onde se cruzam a rodovia e a variante sul, perto do centro comercial Bragaparque. Mais parece uma obra inacabada, em que o viaduto dá a sensação de ser um prefabricado, tal é a fragilidade que transmite. Gostaria de ver ela aguentar com seis ou sete camiões TIR ao mesmo tempo. Depois de atravessar esse viaduto, que lá do topo dá a sensação de estarmos num parque de diversões, no topo duma montanha russa, sensação essa que é mais real quando logo a seguir baixamos para um túnel. Deve ser a sesação dos condutores, na maior parte jovens, que á noite aceleram por essa rodovia fora sem qualquer controlo. É caso para dizer, agora que a Bracalândia foi embora, ficámos com o essencial, a montanha russa, e esta é de borla!
sexta-feira, junho 01, 2012
Hints (Dicas) do reitor sobre o futuro da UM ditas em workshop
Numa workshop conjunta das Escolas de Engenharia e das Ciências que teve lugar em Azurém, em que membros das duas Escolas esforçaram-se por mostrar o melhor da investigação que têm vindo a fazer em áreas relevante para ambas as áreas, houve uma intervenção do reitor. Referiu nesta sua intervenção antes do início da sessão da tarde aquilo que já sabemos, que houve cortes e que temos que viver com menos. O corte no ensino superior foi de 30%, um valor que nos deve fazer pensar um pouquinho no lema da conferência: sustentabilidade. Mas infelizmente que não a sustentabilidade ambiental, que com essa ainda podemos divagar sem consequências, mas a sustentabilidade económica. Esta é real e o perigo do sistema não ser sustentável está aí à porta. Foram referidas consequências que nos transpões para o mundo animal: “survival of the fittest”. Foi dito por exemplo que há uns grupos que ficarão mais fortes e outros desaparecerão (de que forma eles desaparecem não disse, se é um desaparecimento do centro de ID mas que os seus membros se mantêm na instituição ou não, isso não esclareceu. Mas é um aviso. Tanto assim é que desafiou os Centros de I&D a delinearem uma estratégia. Com isto percebeu-se que teria que ser uma estratégia também ela sustentável. Referiu programas europeus que seriam uma oportunidade. Nunca uma oportunidade serviu de tábua de salvação, mas mais como um complemento. No entanto agora surge como uma alternativa ao orçamento do Estado...senão.. o quê? Desemprego? Ninguém se atreve a dizer a palavra, nem o reitor nem o ministro, mas com cortes de 30% e acenando com oportunidades como alternativa, do estilo daquela do empreendedorismo que o Passos Coelho acenou aos desempregados jovens,alterantivas inviáveis a curto prazo, a que caminho isso leva senão ao do desemprego no Ensino Superior? Onde o governo está errado é nos cortes cegos. Onde o reitor está certo é na sua análise (fortes ficam mais fortes, fracos mais fracos, e a estratégia seria útil para os mais fracos que não a têm) mas não na forma como o faz, disfarçado de uma introdução numa workshop restrita a alguns professores das Ciências e Engenharias. Deveria quanto a mim, convocar uma assembleia de toda a UM e transmitir esta análise, porque ela é suficientemente grave para uma sessão só para esse fim. Talvez o reitor estivesse a treinar para esse tipo de evento que vai ter que fazer mais cedo ou mais tarde...Mas não se pode esperar por esse dia. Os professores precisam de acordar já e delinearem estratégias de sobrevivência, porque senão alguns quando realmente acordarem já terão um pé fora e outro dentro, senão forem já os dois pés de fora!
sábado, maio 26, 2012
Estratégia e Avaliação da EEUM
Fala-se de estratégia, da UM e das Escolas. Na Escola de Engenharia ensaiam-se cenários de restruturação de departamentos. Duma situação imutável e rígida de divisão da Escola em departamentos estanques, depois de anos de aparente decadência de alguns departamentos, nomeadamente o departamento de Engenharia Têxtil, em contracorrente com o centro de I&D correspondente, o 2C2T com uma classificação da FCT de excelente, sugerem-se cenários como o da extinção de departamentos por parte do Presidente da Escola. Até que não está mal visto, porque desta forma nenhum departamento seria prejudicado, mas talvez tivesse sido demasiado arrojada, especialmente vindo de quem vem, um Presidente cauteloso e com imagem de conservador. Talvez tivesse sido a necessidade de quebrar o status quo e a inércia que domina as estruturas dos departamentos, com uma visão para dentro, preocupados com o seu próprio sustento. Seja como for, talvez tenha tido o efeito contrário, ou seja, serviu para adiar ainda mais a restruturação dos departamentos
Numa altura em que também se discute o RAD-EEUM, a Escola tem vindo a complicar, curiosamente na tentativa de simplificar através de um programa informático, o SIEEUM, que faz a classificação com base em pontuação pré-definida para a produção científica, já que este programa tem vindo a mostrar falhas na sua execução. Também não tem ajudado a indefinição sobre quando começa a avaliação a sério, ou seja aquela que é avaliada. Primeiro era para os anos de 2008-2011 já que para os anos 2004 a 2007 seriam atribuídos 1 ponto por ano. Agora parece que, por despacho da reitoria, também há a possibilidade de haver anos entre 2008 e 2009 que poderão não ser objecto de avaliação, sendo-lhes atribuída, tal como para 2004-2007 a pontuação de 1 ponto por ano. Mas que confusão! Para quê tantas cautelas? Será para aqueles que pensam que nem terão a classificação de 1 ponto puderem optar por eta via? Se lermos os comentários do sindicato sobre a avaliação, ela questiona se vale a pena, uma vez que não servirá para a progressão nos escalões tal como estava previsto inicialmente, devido ao congelamento dessa progressão. Assim, põe-se a questão, será que a avaliação seria mais útil para verificar quais aqueles docentes que não têm o mínimo de currículo e poderiam portanto ser dispensados num cenário de crise, e desta forma evita-se esse cenário atribuindo uma classificação mínima que evite a sua classificação de insuficiente? Se assim for, seria melhor não fazer a avaliação, pois estaremos todos a perder tempo. Pontuações artificiais de 1 ponto por ano como alternativa a uma avaliação segundo critérios que levaram tanto tempo e esforço a preparar, são no mínimo uma falta de respeito por quem trabalhou e trabalha para cumprir este objectivo do ECDU. A avaliação torna-se assim uma farsa: os bons não são promovidos, por falta de orçamento ou mesmo por decreto inviabilizando o descongelamento dos escalões, e os fracos não serão despromovidos e terão uma "passagem" administrativa com 1 ponto por ano, que será suficiente para terem os mínimos exigidos para se manterem em actividade. Dá vontade de dizer que é mesmo à portuguesa: faz que anda mas não anda.
sábado, maio 12, 2012
O campus e a cidade
Uma das raras ocasiões em que o campus vai à cidade em força é na semana do cortejo académico. Embora já não vá há muito tempo, admito que seja um momento divertido em que o cidadão comum vá ver o espectáculo promovido pelos estudantes, como se de um divertimento se tratasse. O bom humor impera e como é tradicional e natural num evento destes e também a irreverência.
A instituição costuma dar o se apoio e também conferir legitimidade académica ao cortejo, nomeadamente o reitor com a sua presença. Consta que este ano a presença do reitor foi curta e que rompeu com uma tradição que vem sendo habitual e que virou as costas aos alunos que o mimaram com umas sátiras à sua actuação em relação à prática da praxe. Falta de sentido de humor? Falta de "poder de encaixe"? Como costuma dizer o comentador Professor Marcelo Rebelo de Sousa: o reitor não esteve bem. Já há muito que tinha notado que estas falhas constituiriam o calcanhar de Aquiles do reitor, imperdoáveis numa posição como a sua, uma posição que deve representar o que de melhor os académicos demonstram ter, de uma maneira geral, ou seja o sentido de humor e o poder de encaixe. A sua tomada de posição em relação à praxe foi, quanto a mim, a mais positiva do seu mandato. Na verdade, temos assistido a um rol de obscenidades, e práticas de humilhação exercidas pelos mais velhos sobre os mais novos, os caloiros. Nada justifica esta actuação quase que militarista, muitas vezes reminiscente das práticas dos comandos, e de outras forças especiais como que a testar os futuros soldados em terreno de batalha, a sua resistência e "endurance". No entanto, alunos não têm necessariamente que ser lutadores no sentido estrito da palavra. Já basta o que os jovens têm que enfrentar quando se candidatam a um emprego e que segundo as estatísticas são sujeitos cada vez mais a tudo e mais alguma coisa, desde a pressão psicológica típica dos “call centres” até ao assédio a que são sujeitos por empregadores sem escrúpulos que agora mais que nunca, aproveitando-se da crise, os exploram até ao tutano. Eles não precisam que lhes iniciem nesse caminho da humilhação mas sim de um estímulo e de encorajamento para a vida que está à sua frente. Ora, dito isto, nem tudo é mau nas tradições estudantes e há também a componente saudável do convívio que a semana da queima/enterro da gata proporciona e que de alguma forma serve para desanuviar dos estudos e prepararem-se para os exames que vêm aí. O reitor pelos vistos não sabe distinguir entre estas duas formas de manifestação de irreverência. Uma raiando o insultuoso, como é o caso das praxes, a outra, divertida, caso do cortejo. Faltou aqui o sentido de humor. Faltou também o poder de “encaixe” à crítica. Quem quer ser reitor actuante e toma medidas populares junto dos professores, mas impopulares junto de muitos alunos, como em relação às praxes, tem que estar preparado para as críticas. Ninguém está acima da crítica. Nem o reitor, nem o Presidente da República. Tanto num caso como noutro, aos actuais detentores do cargo, falta-lhes aparentemente o sentido de humor e o poder de "encaixe". Terão outras qualidades para o cargo, senão não seriam eleitos. Talvez noutra ocasião eu tenha razões para as referir. E são bem precisas, com a crise que atravessamos.
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