segunda-feira, abril 23, 2012

A curva descendente do Ensino Superior

É normal que quando tudo parece ruir em redor do Ensino Superior, tal como no resto do País, não haja qualquer reacção a essa curva descendente? É o orçamento para as Universidades e Politécnicos que cada vez está mais baixo, são os alunos a sair por não terem bolsa, é a progressão na carreira congelada, é o facto de não se poder contratar mais ninguém, são os cortes nos salários e nos subsídios de férias e de Natal, é a ADSE a custar mais e a valer menos, em cima de todos os outros custos comuns a toda a população (IVA, transportes, reembolsos do IRS para a saúde e educação parados, etc.). Não reajam que o ministro do ensino superior e prinipalmente o das Finanças, agradecem.
Será que não há outra forma de resolver esta questão do défice a não ser cortar,cortar e cortar mais? Os partidos da oposição dizem que sim, mas os eleitores nas sondagens ainda dão maioria aos do governo. Porquê? Por muito menos, pelo menos em termos de cortes, foi ao ar o governo Sócrates. Será que estamos todos em negação por causa do Sócrates e por isso não reagimos, uma vez que achamos que estávamos todos do mesmo lado e se estávamos do mesmo lado não iriamos agora protestar contra aqueles que nos "salvaram" do Sócrates? Pelo menos a imprensa, começando pelo Correio da Manhã e acabando no Público, dão a entender precisamente isso. Mas ao olharmos só para o Ensino Superior, alguém duvida que estamos muito pior que no tempo do Mariano Gago, embora o criticássemos na altura? Podem dizer que foi com dinheiro que não tinhamos. Mas não nos podemos esquecer que só do BPN que não teve nada a ver com membros do anterior governo mas sim do governo do Cavaco, já lá vão 5,5 milhões de euros e esses não tinham como missão educar o País mas tão só encher os bolsos de uns quantos....Enfim, se não vamos reagir vamos ao menos seguir o conselho do Secretário de Estado da Juventude e do ministro Relvas e vamos recomendar que os nossos alunos emigrem, neste caso para outras paragens com o Ensino Superior intacto, porque a este ritmo não vamos ter condições para lhes dar uma formação superior condigna.

sábado, abril 07, 2012

A avaliação feita à medida de alguns

A avaliação segundo o RAD-EEUM (RAD da Escola de Engenharia), pode-se entender como auto-avaliação em 85% e avaliação em 15%. Embora o processo informático balize a auto-avaliação de I&D maioritariamente em publicações referidas no ISI W.O.K. e no SCOPUS, o que é uma forma correcta de assegurar uma avaliação comparativa entre os vários departamentos, o que acabou por prevalecer devido à pressão dos vários departamentos e centros de I&D foi que também fossem consideradas conferências que os centros considerassem de qualidade, mesmo que os "proceedings" não estivessem na ISI w.o.k. ou Scopus. Pode-se argumentar que nem todas as conferências são registadas nestas bases de referência internacional, o que prejudicaria certas áreas do saber menos mediáticas ou que não tenham a agressividade de certos promotores de conferência na ânsia de angariação dos melhores conferencistas. No entanto, não deixa de ser uma tentação para os departamentos e Centros de indicarem conferências em que mais participaram nos últimos anos, nomeadamente os que estão a ser avaliados, tenham ou não mérito internacional essas conferências. Devia ser para evitar esses abusos que há uma avaliação por parte de outro avaliador, um Professor mais graduado(Catedrático), e não só de um sistema automático que aceita tudo o que lá se mete desde que esteja na lista. Mas o que se verifica? É que o avaliador não pode alterar essa avaliação automática, mas tão só participar com uns meros 15% numa avaliação global. No futuro, podemos ter casos em que os avaliados acumulam pontos nas várias comunicações nessas conferências pré-escolhidas sem referência internacional, que quando somados vão valer mais que uma comunicação numa conferência referenciada nas bases de dados aceites por toda a comunidade internacional. É preciso dar ao avaliador a possibilidade de evitar esses abusos, sob pena de termos uma avaliação em boa parte deturpada.

domingo, abril 01, 2012

Prálem do Campus

O campus não é uma cláusura. É necessário ir para além do campus. Visitar empresas, fazer colóquios, apresentar a Universidade tal como ela é e como será daqui a uns anos. O ECDU está desactualizado. Tem a componente de avaliação desactualizada. Não é só com papers que se faz um Professor Catedrático senão ele não serve para a sociedade. Servirá para orientar os outros Professores, mas com a estrutura departamental tal como está definida, nem para isso serve. A interacção com a sociedade de um professor devia ser importante para a sua avaliação, mas não o é. Mesmo a sua intervenção política, leia-se política apartidária, devia ser objecto de avaliação. Política educacional, política regional, política empresarial, por exemplo.
Tenho dito.

sábado, março 17, 2012

A garra que nos falta

Vimos o Sporting bater um dos grandes do futebol europeu, o Manchester City. Com um plantel que vale dez vezes menos que o do adversário, conseguiu ganhar. E de que forma? utilizando a sua tática de um bom futebol técnico mas sobretudo como dizem do seu treinador, muita garra. Resistência e contra-ataque. Não será uma forma também do país resistir perante os milionários europeus e os especuladores que deitam abaixo o nosso rating? Resistir sim como estamos a fazer, e a que custo, mas também contra-atacar. Parece-me que é aqui que o governo não está a fazer nada. A nossa economia afunda-se a olhos vistos, o governo aceita todas as imposições da troika do FMI e da sra.. Merkel, e como um aluno bem comportado vai fazendo o que lhe mandam. Dos jogadores do Sporting o Manchester não conhecia ninguém. Agora já conhecem. De Portugal quem é que lá fora conhece alguém do governo? Pois é preciso darem-se a conhecer e quanto mais cedo melhor. Insistam na restruturação da dívida para maiores prazos e a juros mais baixos, mas não pedinchando. Eles que tenham respeito porque se nós lhes fecharmos a porta temos para onde nos virarmos, para África e eventualmente o Brasil e a Ásia. Há lá muito boa gente que gosta dos nossos produtos, como o vinho do porto, e de alguma da nossa tecnologia. É melhor aguentarmos um período mau de uns anitos do que pôr em causa todo o futuro dum país durante anos a pagar a dívida e os juros...e a morrer lentamente à fome, como a história do burro do inglês que tanto lhe reduziu a ração para poupar que o burro morreu de fome. Vejam a Islândia, a crescer 2,5% ao ano! E estava na bancarrota há 3 anos atrás. Porque não nós? Se nos "chatearem" muito até fazemos como eles. Só a ameaça já nos traria dividendos.
Por hoje não se fala do Ensino Superior porque não há nada a falar: está também sem garra.

sábado, março 10, 2012

Não façam nada demais

Temos cada vez mais uma sociedade que castiga aqueles que fazem alguma coisa. Não há muito tempo o betão era o alvo de todas as críticas. Fizeram-se autoestradas a mais sem dúvida, mas algumas que se fizeram dão muito jeito. Quem se lembra de ir a Viseu pela estrada antiga? Ou ao Algarve? Era um castigo. Agora são as obras que se fizeram nas Escolas. Talvez se tenha exagerado em algumas escolas com os materiais e há um famoso candeeiro que tem andado nas bocas do mundo. Mas alguém parou para pensar nas condições que os alunos têm agora em contraste com as que tinham há pouco mais de um ano? Basta aos mais velhos pensarem na escola onde os filhos andaram e que conheceram, nas reuniões de pais, em salas sem o mínimo de condições para as reuniões, e aos mais jovens de recordar o frio que passaram quando eram alunos. Havia reportagens de escolas onde chovia lá dentro! É tudo política e tudo serve para bater, escolhendo sempre o aspeto negativo. E se não se fizesse nada? Se o programa de melhoramento do parque escolar não fosse avante? Estaríamos satisfeitos que tínhamos poupado esse dinheiro? Passaram despercebidos anos do formação do Fundo Social Europeu em que se ensinava de tudo, e desde que os alunos recebessem e os monitores tivessem emprego, estava tudo sempre bem. O que é que ficou desses milhões que se gastaram desde 1986? Muito pouco. Esfumou-se. E atravessou todos os governos de todas as cores políticas! Mas as críticas não existem. Mas se uma escola foi intervencionada e lá alguém se entusiasmou e comprou um candeeiro desnecessário ou um material mais nobre, cai o Carmo e a Trindade. As Escolas e as estradas estão aí para ser usadas por futuras gerações. Mas e as "sebentas" dos cursos do FSE? Onde estão e para que servem?
Na Universidade também se adquiriram materiais nobres para algumas das instalações mais recentes. Mas as obras que se fizeram vieram melhorar muito as condições de trabalho tanto dos alunos como dos professores. No Ensino Superior numa perspetiva mais etérea, o que se fez em I&D que muitas vezes não tem consequências para a sociedade, é elogiado ao máximo enquanto que aquele professor que atende os alunos fora de horas mas não tem um currículo brilhante é muitas vezes desprezado. O que fica para a Sociedade nestes dois casos? O aluno que foi ajudado terá um futuro eventualmente mais seguro, ou a investigação do Professor servirá muito provavelmente só para ele ter currículo e subir na carreira. Não façam nada que não dê pontos, é o que parece ser o lema das avaliações, tal como o RAD. Quem monta um laboratório será recompensado? Quem apoia os alunos fora das suas obrigações mínimas é recompensado? Quem ajuda os colegas por ser mais antigo na carreira é recompensado? O ECDU recomenda que assim seja, mas se o RAD não o premeia, qual o incentivo?
É um mundo de números. No tempo do Salazar, o país acabou por ter enormes reservas de ouro e as contas que hoje fariam inveja a uma Alemanha. Mas a que custo? Não havia estradas, nem escolas que se comparassem às dos outros países. Não havia hospitais dignos desse nome. Hoje temos uma dívida que nos preocupa mas temos um Serviço Nacional de Saúde que faz inveja a muitos países desenvolvidos. Se não o tivessemos feito, a nossa dívida seria mais pequena, mas viveríamos como em muitos países e como há 40 anos atrás, com medo de ter um acidente ou doença porque não sairíamos vivos do hospital.
E se forem políticos não façam infraestruturas mas em vez disso façam discursos e usem e abusem da caridade que essa retira o orgulho a quem a recebe mas ao menos mantem-nos vivos e principalmente gratos; distribuam algumas mordomias pelos vossos eleitores e serão recompensados.
Voltando ao Ensino e I&D: Não façam nada demais, porque ninguém os vai recompensar, e sobretudo não façam nada pelos outros.

sábado, março 03, 2012

O meio ministro

Quem tutela o Ensino Superior e da Investigação Científica? Um Secretário de Estado. Juntos, Ensino Superior e Ciência e Economia não valem sequer um ministro inteiro. Estamos pior que antes quando tínhamos um ministro para o ensino superior e a Ciência. Ao menos tivemos novos estatutos com o RJIES e bem ou mal iniciou-se um processo de renovação da orgânica das Universidades e abriram-se perspetivas para uma auto-responsabilização da Universidades através de uma maior autonomia. Algumas até passaram a Fundações com plena autonomia. O resultado está á vista: tudo parado. O processo de passagem a fundação da UM está parado. A fusão do Técnico e da Universidade de Lisboa já vinha de trás, não havendo qualquer indício de com este governo haver incentivos para outras fusões. Se a UM quisesse entrar num processo semelhante, fusão com outra Universidade ou com um politécnico, já aqui referido, que apoio teria por parte dum ministério ausente? Muito pouco. Já basta não responder aos apelos dos reitores que com os cortes sofridos as Universidades não vão poder continuar como até aqui. Já sofremos de há alguns anos a esta parte nos departamentos a cortes que vão até ao papel higiénico. Agora com mais cortes, onde vai chegar? Os alunos nas engenharias e ciências, estarão muito e breve a ter só aulas teóricas, uma vez que as aulas laboratoriais necessitam de matérias primas, manutenção de equipamentos, técnicos de apoio (não substituídos depois de reformados), etc. Qual a moral de cobrar propinas cada vez mais elevadas em cursos de engenharia e ciências, com os cursos a deteriorarem-se de dia para dia? Um país sem educação de qualidade nestas áreas está a hipotecar o futuro. A engenharia e as ciências são a base duma economia saudável, embora há ministros que pensem que mais saudável ainda é vender pastéis de nata.

sábado, fevereiro 25, 2012

A fé de alguns países e a reacção de outros: a via da Irlanda no ensino (2)

Temos tido algumas demonstrações de fé nos últimos dias por parte dos nossos governantes: é a ministra do ambiente que diz que tem fé que chova e é o primeiro ministro que tem fé que em 2013 o país volte aos mercados sem recessão e com a economia a crescer. Nada disto é realista mas tem que se admirar a fé dos nossos governantes. Para muitos de nós também não há na verdade muito mais que se possa fazer senão esperar, e ter fé é uma forma de esperar... e não fazer nada para inverter a situação. A fé mantem-nos quietinhos tal como acreditar no destino nos desincentiva de atuar. É o fado dos portugueses. Outros países quando confrontados com a adversidade têm seguido caminhos mais reactivos, reagindo com energia e confiança, lutando com as armas que têm. Na economia temos o caso da Islândia que usou a sua pequenez para não pagar a divida dos seus bancos. Temos a Grécia que usa a força dos seus sindicatos para na rua combater o inevitável rolo espremedor da troika duma forma que não deixa dúvidas. Temos a Irlanda cuja economia cresce mesmo com a troika, o que se deve a uma governação imaginativa, mesmo sendo um país católico como Portugal. Na Irlanda o pragmatismo fala mais alto que a fé. Já aqui exprimi o que é reconhecido à Irlanda como vantagem sobre Portugal: a educação. Teríamos muito a aprender sobre o pragmatismo da educação na Irlanda, voltado para a indústria IT e muito focado na formação profissional, mais do que na formação teórica. A nossa educação pelo contrário forma doutores nos politécnicos por exemplo, quando devia formar técnicos altamente especializados. Nós na UM tivemos uma oportunidade de termos uma associação com politécnico o do Cávado e Ave e perdemo-la. Eles sozinhos não têm "guidance" nós na UM perdemos uma hipótese de ter cursos técnicos altamente especializados, virados para as novas indústrias. Talvez se tivéssemos um futuro conjunto teríamos condições para fazer essa viragem, e não esperar e ter fé que os nossos cursos se tornem mais relevantes apenas mudando os nomes altamente motivadores (mas sem interesse para a indústria). Os consórcios defendido pelo anterior governo faria sentido neste caso, pois parece-me haver uma complementaridade entre Universidades e Politécnicos. Os politécnicos teriam contudo que deixar de ser Universidades de segunda e passarem a ser politécnicos de primeira, com uma componente técnica muito maior que a que têm neste momento. Há excepções, mas o IPCA não me parece ser uma e a UM poderia promover essa diferença e complementaridade simultânea entre as duas instituições, também para seu próprio bem. Poder-se-ia, partilhar recursos, nomeadamente humanos, e beneficiar também por essa via, através do intercâmbio de experiências diversas dos seus docentes e técnicos

sábado, fevereiro 18, 2012

O desemprego e a imagem do País

O desemprego atingiu os 14%. Entre a população jovem licenciada o desemprego aumentou 28% no último ano. A situação é em parte devido à falta de estímulo à economia e em parte devido ao consumo interno, fruto da recessão. Mas será só? Por exemplo a Irlanda que está na mesma situação que nós e têm o mesmo problema de desemprego? Penso que não será tão grave. Uma diferença é a do investimento estrangeiro que na Irlanda é muito mais alto que em Portugal. As razões podem ser várias, incluindo o facto de ser investimento americano sendo conhecidas as ligações entre estes dois países por via dos muitos irlandeses de várias gerações que há nos Estados Unidos. Mas também há o grande investimento que a Irlanda fez na formação dos seus jovens para atrair investimento nas áreas de tecnologia de ponta. E conseguiram-no. Nós o que conseguimos foi o investimento de empresas de mão-de-obra intensiva que foram atraídas pelos baixos salários. Acresce ainda que essas empresas receberam subsídios e isenções fiscais para se instalarem em Portugal para depois saírem quando o custo da mão-de-obra já não era aliciante. Foram para os países de Leste e para a Ásia. Só para abrir um parêntesis, nós temos uma relação com os EUA de subserviência, em que cedemos a base das Lages a troco de tostões, mas somos humilhados pela expulsão de emigrante açorianos que ou não têm os documentos em dia ou cometeram pequenas infracções nesse país. Sei que parece não ter nada a ver, mas a imagem fica e nestas coisas incluindo o investimento estrangeiro, a imagem dum país também é importante. Quanto à formação dos jovens para atrair investimento estrangeiro, bastante se fez nos últimos anos, não só no ensino superior mas também nas escolas tecnológicas. No entanto parece que tem sido em vão no que respeita ao investimento estrangeiro. O que se incentiva é o contrário, para os jovens irem para o estrangeiro! Não houve nem há uma campanha de divulgação no estrangeiro, nomeadamente junto desses grandes grupos económicos, sobre o progresso do ensino tecnológico que serviria para essas empresas se instalarem em Portugal. Pelo menos não de uma forma inteligente. O que tem havido tem sido a promoção do turismo, sol e praias e infelizmente o que tem sobressaído lá fora, nomeadamente nos países nórdicos, é que somos um país de sol e praia, e que consequentemente não trabalhamos por essa razão! Os EUA também têm sol e praias e é precisamente numa das zonas com mais sol e praias que se desenvolveram as indústrias mais avançadas, na Califórnia. Tem que se transmitir essa imagem também para Portugal, que uma coisa não impede a outra. Além do investimento estrangeiro há o nosso próprio investimento cá dentro. O que se tem verificado é que as indústrias exportadores têm estado bem. No entanto sem uma economia a funcionar normalmente, devido às medidas da troika e do governo, sem o acesso ao crédito por parte das empresas, mesmo essa componente positiva da nossa economia está em risco. As empresas que exportam debatem-se no entanto com margens muito baixas, sendo que será difícil se capitalizarem para aguentar a corrida, que é de longo curso. Um das razões é também da imagem. Aqui ao lado na Galiza, o grupo Inditex conseguiu através de marcas, nomeadamente a Zara, que se impuseram no mercado, ultrapassar todas as expectativas sendo o maior do mundo nessa área. E não foi pela qualidade. Foi pela forma como funcionavam, com as roupas nas lojas quando as pessoas as queriam através de uma logística muito bem organizada, mas foi também pela imagem. E que eu saiba, por muito respeito que os galegos me merecem, a Galiza não tem uma imagem melhor que a portuguesa. Mas o que transmitem é uma imagem de Espanha, um país moderno que conseguiu impor a sua imagem lá fora. E também têm sol e praias, mas conseguiram tornar essa luminosidade a favor deles. Só mais um à parte: ainda bem que assim é, porque grande parte das exportações devem-se às empresas têxteis que estão a "exportar"..para a Zara e companhia. E lá estamos nós, dependente de terceiros e com margens esmagadas. Se pensarmos no Minho como a Galiza de Portugal, talvez possamos fazer o mesmo. Não existem as praias do Algarve, nem temos essa luminosidade para transmitir, mas lá fora ninguém vai perceber se a utilizarmos como nossa!

sexta-feira, fevereiro 10, 2012

Porquê na quinta dos peões?

Num artigo de opinião no Diário do Minho foi sugerido que o futuro centro de congressos fosse para a zona de S. João da Ponte em vez da quinta dos peões. O argumento era de que seria uma forma de trazer vida para uma zona que a Câmara estará também a pensar revitalizar. Este processo em si tem tido a oposição da igreja, nomeadamente da arquidiocese de Braga, que reivindica para si a titularidade do terreno envolvendo a capela de S. João. Uma vez resolvido este diferendo, faz de facto todo o sentido ter lá um edifício deste tipo, leia-se, de elevada volumetria, uma vez que há bastante espaço e tem bons acessos. Este tipo de edifício na quinta dos peões também vai aumentar o movimento numa zona já de si com problemas de fluxo, devido à proximidade das entradas par o campus de Gualtar e ao Macdonalds e hotel Meliá. Estes dois edifícios já foram construídos na área original da quinta dos Peões embora a variante do Fojo os separe. Tanto quanto se sabe o Mcdonald’s não teve o parecer positivo da UM nem foi a discussão pública o que é grave dado o impacto que tem sobre os acessos, nomeadamente às horas das refeições. Uma vez que não houve qualquer objecção à sua instalação, quem propõe este prédio sabe que pode contar com a passividade da Academia mais uma vez, principalmente quando se trata de um edifício com objectivos "nobres", como um centro de congressos. Enganem-se aqueles que acham que o centro de congressos será um anfiteatro e pouco mais. Vão aproveitar e juntar andares com cafés, mais restaurantes, eventualmente lojas, e outros negócios. Será um mini-centro comercial. E será volumoso. Em vez de um espaço aberto que permite ao campus respirar, teremos a tapá-lo um edifício de betão e vidro com vários andares, que servirá de negócio para alguns mas não servirá para a UM. Nem dá para ir almoçar ao restaurante do campus.
Depois há a Associação Académica. Para lá dos argumentos sobre o edifício que será também algo de "encher o olho", servirá para os alunos fazerem as suas festas e praxes, pois terá com certeza um bar digno duma Associação que lucra com a cerveja mais do que com fotocópias. Basta imaginar quanta cerveja se vende no enterro da gata!
Oxalá me engane, mas o assunto é importante demais para que fique no segredo dos gabinetes ou num edital escondido num jornal local. Todos temos o direito de saber em pormenor o que se planeia de facto para este espaço.

sábado, fevereiro 04, 2012

Quinta dos Peões de novo em discussão

A quinta dos peões volta às notícias pela voz do candidato à Câmara pelo PS, Vitor de Sousa. Até ao Verão vai ser decidido o futuro daquele espaço. Nada sobre a consulta que se anunciou anteriormente. Tudo na mesma em relação às intenções. Disfarçado de intenções de ligação à UM, com o óbvio intuito de "dourar a pílula", anuncia-se a construção de um centro de congressos e a sede da Associação Académica. No entanto nada se diz sobre a dimensão de tais edifícios. O centro de congressos será necessariamente um edifício volumoso e a Associação também será com certeza algo digno da sua megalomania. Os actuais alunos estão a pôr em causa a qualidade de vida do seu período de estudo na UM e principalmente o dos futuros alunos. Em vez de um espaço verde, vão ter dois edifícios de betão e vidro, de dimensões que teme-se não permitem qualquer espaço verde envolvente digno desse nome. O Palácio de congressos será um grande negócio para alguém, que não será com certeza a Universidade. Tapará a vista que ainda de alguma forma ampla se vislumbra de e para a fachada do campus. Sabemos como a Associação desde o seu início se tornou num negócio para muitos alunos e outros que gravitam em seu redor. No entanto o seu cariz supostamente representativo dos alunos, e digo supostamente porque nas eleições para a Associação a abstenção ronda os mais de 75%, dá-lhes uma responsabilidade acrescida neste tipo de decisões. Se mais ninguém faz nada, e na altura da transferência dos terrenos do Estado para a Câmara e a sua alienação o reitor de então, Sérgio Machado dos Santos, teve uma atitude absolutamente lamentável, ao deixar que se alienasse os terrenos para um particular, nem mais nem menos que o sr Rodrigues Névoa, poderiam agora ser os estudantes a fazê-lo, uma vez que o suponho que o actual reitor se sentirá atado de mãos e pés para poder fazer algo. O terreno pertence a Rodrigues Névoa mas a autorização de construção deve pertencer à Câmara, portanto talvez o reitor e o Conselho Geral possam ainda ter uma palavra a dizer junto da Câmara. Anunciou-se uma consulta pública há uns meses atrás. Onde estão os resultados dessa consulta pública?
Mais uma vez, o dinheiro fala mais alto. O que a UM devia fazer era desincentivar a utilização pelos seus docentes desse Palácio de Congressos a erigir nesse local como forma de pressão para o construirem noutro qualquer e exigir pelo menos o que foi acordado mais tarde, que haveria uma zona ampla livre de edifícios em frente ao campus, e que qualquer edifício a construir seria de baixo volume, digamos um piso, e seria construído perpendicularmente à fachada do campus, minimizando a sua ocultação e impedindo a sua asfixia.