segunda-feira, novembro 04, 2013

Qual estratégia?

As Universidades tiveram os maiores cortes de sempre. Estão em risco empregos de professores, começando mais uma vez pelos mais fracos, os convidados e os leitores. É muitas vezes dito pelos responsáveis da instituição que os salários cobrem 90% do orçamento. Sendo assim, como é possível continuarem com a abertura de concursos para os funcionários como tem vindo anunciado no DR nos últimos anos? O que é mais importante, abrir concursos para lugares de topo (técnicos superiores, chefes de divisão..) da função pública que se continuam a fazer que oneram a instituição para os próximos anos, numa altura de cortes orçamentais, caso se tenham esquecido, ou manter os professores convidados que trazem prestígio à instituição ou leitores que trazem conhecimento em línguas e culturas e enriquecem o ensino universitário? Sei que é difícil escolher, porque os funcionários também merecem um reconhecimento pelo seu trabalho. Mas precisamente porque não estamos em ano de vacas gordas, essa promoção deve ser feita criteriosamente e com parcimónia, sem portanto por em causa o bom funcionamento do ensino e a qualidade do ensino com despedimento de professores.
Outra consequência dos cortes é a degradação dos equipamentos da Universidade, que põem em causa o ensino experimental e a investigação, precisamente a pedra chave do programa de candidatura do reitor. Como conciliar tudo isto? Com a vinda de estudantes estrangeiros? Temos os de expressão portuguesa, a começar pelos brasileiros. Qual o resultado dos últimos anos no que respeita a estes alunos? Alguém fez uma avaliação séria? Só depois de uma avaliação do seu desempenho e da mais valia que trazem ara a Universidade é que se pode insistir nessa opção.
Não seria demais fazer também uma avaliação aos cursos e à sua empregabilidade senão a Universidade passa a ser um lugar para os jovens passarem uns anos entretidos, o que agrada aos pais, e depois logo se vê. E assim o desemprego jovem já ultrapassa os 40% para este jovens, e muitos empregados estão em profissões em muitos casos provisórias, e que não têm nada a ver com a sua área de formação.
Claro que o emprego também depende de medidas governamentais, e estas são no sentido de cortar nos consumo, ao cortar nos salários e pensões, e isto tem como todos sabem consequências nas empresas e consequentemente no trabalho. A Função Pública em vez de promover deveria empregar mais jovens, e a Universidade não seria uma exceção, não fosse o congelamento das novas contratações. Mesmo isto está mal contado, porque a Universidade tem-no feito a conta-gotas supostamente devido à autonomia universitária. Mas tem-no feito in extremis, enquanto que as promoções tem-no aparentemente feito sem complexos. Só que isto, como já referido, tem custos. É  a tal anedota de puxa ao lençol, destapa os pés.

sexta-feira, outubro 18, 2013

A repetição de mais um mandato

O reitor foi eleito pelo Conselho Geral por 13 votos a favor e 9 em branco. Foi uma votação em branco que vai para além das fações da "oposição" que compõem o Conselho Geral, o que pode significar um certo desgaste da sua imagem. Não deixa de ser uma vitória, mas que não cria grandes expetativas. O mandato anterior, passou sem grandes sobressaltos, não sem algumas pequenas ações derivado dos cortes orçamentais, como o despedimento dos professores convidados que ainda restavam e de leitores, nas humanidades.  A implementação de um curso de Design do produto surgiu no início do seu mandato, sendo algo de novo que pode vir a dar frutos e que potencia as relações entre a UM e a Câmara de Guimarães, o que é positivo. Mas para quem está fora dos órgãos que acompanham o que se passa nas Escolas, já que é aí que ocorrem estas e outras ações,  não se apercebe das mudanças que vão tendo lugar aos poucos nas estruturas e nas cúpulas nas Escolas e que influência isso tem tido no dia a dia dos Professores. Quanto à I&D, sem financiamento também não há milagres, mas espera-se sempre que quando há uma mudança que haja novidades. Na Escola de Engenharia, por exemplo, houve uma mudança de Presidente e espera-se para ver que novidades surgirão. Na reitoria, não tendo havido mudança de reitor, não se esperam grandes mudanças. Aliás a equipa reitoral quase se manteve inalterável, o que já indica alguma coisa. Talvez a maior novidade tenha sido a entrada de Rui Reis, que dará uma esperança aos que anseiam por um apoio à componente de I&D da UM. Mais uma vez, digo, não se fazem omeletes sem ovos, e sem recursos, é provável que não haja resultados. Não queria deixar de referir como positivo que no Conselho Geral estará (?) o António Murta, um homem formado na UM e que já demonstrou como é possível a alguém que, mostrou como se pode ter influencia para além das fronteiras restritas do Minho, com base no conhecimento, na força de vontade e sobretudo pragmatismo, algo que talvez precisemos para suportar o marketing de imagem da UM que tem sido um dos vértices da política do último mandato do reitor.

domingo, setembro 08, 2013

O desaparecimento forçado dos cursos têxteis e as responsabilidades do CG na sua remodelação

Mais um ano de muito poucos alunos nesta primeira fase de colocações no curso de Engenharia Têxtil. Nada de extraordinário nisto, a não ser o facto de ser agora um curso diurno, que se pensava seria a solução ou parte dela, para aumentar o número de alunos significativamente. Penso que é altura de definitivamente pensar no fim do curso, por muito que nos custe a todos que ensinaram durante anos neste curso. Não é só inviável do ponto de vista económico mas também não é eficiente. Outros alunos entrarão por outras vias, alguns na segunda fase, outros vindos dos cursos tecnológicos com entrada direta, como tem acontecido nos últimos anos, mas o facto é que mesmo assim não serão suficientes e muitos destes alunos trabalham e prefeririam o curso pós-laboral que em princípio não funcionará por ter tido zero alunos nesta primeira fase. Há outras alternativas para o ensino de engenharia têxtil e particularmente para o ensino de química têxtil, uma área de extrema importância para a indústria de acabamentos, a que tem mais valor acrescentado no sector. Já existe um Mestrado em Química Têxtil. Poderia haver também um Mestrado em Engenharia Têxtil, vocacionado mais para a engenharia mecânica e de gestão industrial, podendo ser uma especialização para os alunos saídos destes cursos e engenharia que se interessavam ou conseguissem emprego na indústria têxtil, que se encontra neste momento de boa saúde, muito devido ao aumento das exportações.
O problema da indústria têxtil foi precisamente o seu divórcio das outras indústrias a montante, a de metalomecânica e a de produtos químicos têxteis. Assim acontece no ensino da UM entre os cursos correspondentes, o de metalomecânica e o de química. Num passado recente havia um curso de química têxtil que o departamento de química fechou. Embora os números rondassem os 10 a 15 alunos. Todos os alunos do último ano em que este curso funcionou encontraram emprego. Nos anos anteriores, embora não tendo dados sobre o emprego, tenho a noção que também não tiveram grandes problemas em arranjar emprego uma vez que me cruzo com ex-alunos desse curso em visitas a empresas de acabamentos e em redes sociais .  A componente de química junto com a de têxtil assegura a sua competência para lugares chave nas empresas de acabamentos têxteis. Há atitudes de departamentos, que por razões de interesses próprios, prejudicam o serviço que a UM deveria ter para com a sociedade e neste caso em particular para com a indústria preponderante envolvendo o pólo de Azurém, Guimarães, e Barcelos, que é a indústria têxtil. Não se entende como a autonomia dos departamentos, como o de Química neste caso, e a autonomia da Escolas, a de Ciências, chegue a este ponto, sem que a Reitoria tenha atuado para defender o interesse da região e do País. Haverá outros casos em que cursos desaparecem, ou desaparecerão, com a crise de alunos a intensificar-se sem que a Universidade possa impedir. Segundo o RJIES, criar cursos depende agora do Conselho Geral e do reitor. E encerrar cursos ou alterá-los de forma a que para todos os efeitos desapareçam, como aconteceu com o curso de Química-opção materiais têxteis? Também ! Afinal com a extinção do Conselho Académico pelo RJIES não será o Conselho Geral senão que deve analisar a extinção ou alteração de cursos? E não deve criar comissões para sugerir alternativas como neste caso do curso de Engenharia Têxtil ou de Química Têxtil em que vários departamentos e Escolas terão que estar forçosamente envolvidas? Há ainda o curso de Design e Marketing Têxtil, o doutoramento, que funciona há anos sem a colaboração da Escola de Economia na componente de Marketing. Como foi isto possível? O resultado tem sido o de doutorados com teses que não têm a chancela de verdadeiros especialistas nessa área e talvez também por isso, já causaram dissabores à UM em casos mediáticos de plágio.
Alterações que descaracterizam os cursos devem ser cuidadosamente avaliadas e ramos ou opções devem ser escolhas logo de início para não haver descaracterização !Truncar o ramo têxtil e empurrando a sua escolha para o meio do curso, quando antes era obrigatório escolher o ramo têxtil,(ou polímeros) no ato de inscrição, deu aos professores de química a possibilidade de de desviar os alunos para um opção introduzida de química científica (?). O resultado foram zero alunos nos últimos anos nas opções têxteis. O que fizeram os responsáveis do departamento na altura? Aceitaram estas condições e concentraram-se no curso de Design têxtil, como se este curso compensasse esta perda em química têxtil. Parece que há agora uma tentativa tímida de recuperar algumas opções têxteis no remodelado curso de química, uma vez que o curso não teve o sucesso que o departamento esperava. Esperemos que esta tentativa não seja mais um "embuste", palavra que tem sido usada ultimamente para quem nos quer atirar poeira para os olhos, e que o Conselho Geral faça o seu trabalho na defesa dos interesses duma indústria tão importante para a região e para o País.