sábado, novembro 26, 2011

Estratégias para a UM num cenário de crise: fusão, reconversão ou extinção de departamentos

Num cenário de crise, é evidente que a optimização de recursos faz sentido, tais como a fusão, reconversão ou extinção de departamentos. Mas se muitos concordam com este princípio geral, já quando isso mexe com o seu departamento ou centro de investigação as coisas aí mudam de figura. Temos o exemplo do Departamento de Engenharia Têxtil que é um caso típico de um departamento que tem professores a mais por os seus cursos terem alunos a menos. As causas da diminuição do número de alunos são as que são conhecidas, nomeadamente a pouca atratividade dos cursos face às expectativas dos alunos. Sei que na Escola de Engenharia chegou a ser discutida esta questão da sustentabilidade do departamento, mas não se chegou a parte nenhuma porque os demais departamentos não quiseram fundir ou receber professores de uma eventual extinção do departamento. As razões não as conheço, mas suponho que não serão abonatórias para aqueles que actuaram desta forma. Desconfia-se que se prendem com receios de concorrência de novos elementos para lugares do quadro do seu departamento ou de outros receios que não são palpáveis mas que serão do foro pessoal.
Que eu saiba esta foi a primeira tentativa de mexer com departamentos e falhou. O Presidente da Escola também não impôs a sua vontade, mesmo sabendo que seria uma decisão óbvia fundir, restruturando a geometria departamental da Escola, ou mesmo extinguir um departamento que não é sustentável e distribuir os seus membros por outros departamentos. Poderia tê-lo feito mesmo contra a vontade dos outros departamentos uma vez que o RJIES estipula que os departamentos não têm voto no Conselho de Gestão. Teria que ter o acordo do Conselho de Escola mas não se sabe se foi sequer consultado.
Se este é o resultado da primeira tentativa na UM de fundir, restruturar ou extinguir um departamento e que deu em "nada", é caso para perguntar se vale a pena responder a esta questão do inquérito posto a circular pelo Conselho Geral, se este só serve para constatar o óbvio sem que isso tenha qualquer consequência. O problema é que como muitas vezes acontece nestas situações, qualquer decisão será sempre do desagrado de alguns, que contarão sempre com a manutenção do "status quo" por parte dos seus dirigentes, uma vez que, com honrosas excepções, qualquer dirigente desta casa pensa em primeiro lugar em si e só depois na instituição que deveria servir, e confrontando os seus membros com decisões pouco populares, pode pôr em risco a sua posição ou no mínimo ter "chatices" que tornam o lugar pouco apetecível.

sexta-feira, novembro 18, 2011

Estratégias para a UM num cenário de crise: I&D

A autonomia Universitária esteve em discussão esta semana, tendo hoje o Ministro da Educação vindo assegurar as Universidade que não vai haver alteração na possibilidade de contratação por parte da Universidades de pessoal. Seria desastroso para as Universidades se tivessem que obter autorização prévia na contratação de investigadores, por exemplo, que os reitores chegaram a temer e a expressar as suas preocupações nesse sentido.
No entanto, há ainda a questão dos cortes, que serão de tal ordem que muitos departamentos ficarão sem verbas para comprar um agrafo ou uma esferográfica, quanto mais renovarem o que quer que seja (equipamento pedagógico, por exemplo). Vem a propósito referir a opinião da Escola de Engenharia, expressa pelo seu Presidente e embora eu não me reveja nela, acredito que foi consensual entre os que se pronunciaram na resposta à consulta feita por e-mail aos membros da Escola, de que só os Centros de I&D com a classificação de Muito Bom para cima devem ser admitidos pela UM.
Não sei qual a verba que os Centros com Bom recebem, mas por muito pequena que seja não será de desperdiçar, dadas as circusntância de penúria que os departamentos serão votados a partir de agora. Se manter os Centros com Bom desincentiva a investigação não sei, mas normalmente os investigadores não investigam para que os seus centros tenham uma boa nota. O inverso é que talvez seja a tendência: os Centros captarem bons investigadores de outros centros para melhorarem a sua classificação. E põe-se a questão: e os professores dos Centros que não tiveram Bom para onde vão? Não podem ir para um de Muito Bom porque haveria o risco de este centro baixar de classificação. É necessário não se pensar que se está numa Universidade de Oxford ou Cambridge e baixar à nossa realidade e às necessidades do País. Veja-se o pragmatismo das Universidades americanas que não deixam de ser excelentes em I&D mas que o fazem tendo em vista as empresas do seu país ao ponto de serem estas a reconhecer tal facto e a subsidiarem as Universidades através de projectos que lhes interessam. A nossa indústria não é a americana, nem a sua capacidade tecnológica nem na sua atitude em relação à inovação, mas talvez nós nas Universidades os intimidamos com tanta ciência, por detrás de um discurso propositadamente fora do seu alcance.

sexta-feira, novembro 11, 2011

A UM em lume brando

Três assuntos dominaram a atenção dos membros da UM esta semana: orçamento com afirmações do reitor da Universidade de Coimbra e secundadas pelo reitor da UM que por este caminho as Universidades respectivas fecham em 2013, as barreiras "assassinas" dos parques de estacionamento, e as multas pagas pelo atraso na entrega dos livros. Podemos interpretar estes dois últimos desenvolvimentos como uma tendência para uma situação de desastre que o reitor preconiza? Dizem que antes dum tremor de terra que há indícios: os pássaros voam ou batem as asas por serem mais sensíveis. Não é normal um reitor ter uma visão tão catastrófica, mas considerando o que se anuncia em termos de cortes, até que não é descabida, embora ninguém acredite que a UM vai fechar com mais 10% de cortes, à semelhança da Universidade de Coimbra. Mas se esses cortes se confirmarem, porque não se faz um corte nas gorduras, como está em voga dizer-se, em vez de morrer o doente de morte lenta por obesidade? Por exemplo, porque não se começa por autonomizar os Serviços Técnicos tendo em vista uma futura "privatização"? Afinal já se sub-contrata aos privados muito do que é feito na manutenção das instalações. A Universidade não é uma Câmara que precise de serviços de manutenção das ruas e passeios e dos espaços utilizados pelos seus habitantes. Mesmo a maioria das Câmaras já "privatizaram" muitos dos serviços através da fundação de empresas municipais. Não faz sentido ter tanta gente em funções administrativas nos Serviços Técnicos, para depois sub-contratarem as empresas os serviços de manutenção. Não é esta a vocação da Universidade, como foi evidente neste caso que veio a público da manifesta incapacidade de gerir o mais simples dos mecanismos, as barreiras dos parques. Uma ou duas pessoas seriam suficientes para controlar essas empresas privadas sub-contratadas e nem precisariam de constituir um Serviço, mas antes fazerem parte de outros Serviços já existentes. Poupar-se-ia muito dinheiro que seria canalizado para aquilo que é a função da Universidade: formar cidadãos e fazer investigação de apoio a essa formação, ou de apoio à sociedade. Podem-se comparar os Serviços Técnicos aos Serviços de Segurança, e estes já não fazem há mujito tempo parte da estrutura da Universidade, por isso não chocaria que os Serviços Técnicos fossem pelo mesmo caminho,
Quanto à questão dos livros, já é uma situação diferente, pois sem livros e revistas não há Universidade. Mas por outro lado, é precisamente por essa razão que não se devem afastar os professores desses meios essenciais de aprendizagem e investigação, ou de apoio ao ensino, que (ainda) são os livros. E multas pesadas por incumprimento no retorno dos livros, é um passo nesse sentido de afastar os professores dos livros. Haja ponderação nos dois sentidos, é o que seria de esperar: os professores não devem exagerar e ficar com os livros anos seguidos e os serviços não devem passar a ser uma espécie de caça-níqueis a enriquecer com o descuido dos seus "clientes", como acontece com tantos serviços bancários e afins e com as finanças, com multas pesadas para quem é esquecido ou simplesmente humano e não um relógio com alarme automático.
Há uma sondagem a decorrer sobre a estratégia para o futuro da UM. As questões colocadas podem não ser suficientes e o facto de limitar a intervenção dos membros da Academia escolhidos para essa discussão é à partida uma limitação à criatividade dos inquiridos. Não deve haver nesta fase, a meu ver, qualquer orientação nas perguntas, que só incidem na estrutura de ensino e I&D da UM e deixam de fora os Serviços, e, tal como já escrevi no último post, também deixam de fora as razões da escolha dos alunos no que respeita aos cursos que frequentam.

domingo, novembro 06, 2011

Todos os nomes

Numa altura que é pedida à Academia para responder a uma série de questões sobre o caminho a seguir pela UM nos próximos anos, falta perguntar aos alunos que se candidatam ao ensino superior porque escolhem os cursos que escolhem quando se sabe que esses cursos não terão saídas profissionais no fim do curso. As razões serão múltiplas e algumas prendem-se com a venda de ilusões que responsáveis dos cursos exercem sobre esses candidatos. Começando pelos nomes que dão a entender profissões de topo: Gestão, Administração, Engenharia, Arquitectura... Há uns anos atrás isto fazia sentido porque havia lugares para estes alunos nas empresas, sendo os licenciados de então os gestores, administradores e os “engenheiros-diretores-de-produção” de hoje. Hoje já não é assim. Se todos os estudantes de gestão e administração fossem gerir empresas, teríamos que ter um número de empresas provavelmente igual a um país como a Alemanha. Assim , dada a dimensão do país sobram gestores e administradores. É risível as sugestão recorrente nos últimos tempos a que formem a sua própria empresa como alternativa, dado o pequeno número que se formariam em relação á necessidade de empregos. Não sei qual a melhor forma de resolver esta discrepância, mas ou se faz o “downgrade” do título e adapta-se o curso a essa função, ou se assume que um gestor ou administrador vai assumir outras funções que não as de gestão ou administração. O título de engenheiro talvez passasse a ser mais indicado que fosse o “engineer” em inglês que é uma designação para quem trabalha com máquinas. O problema é que um “engenheiro industrial” não aprende a trabalhar com máquinas e até existe a “engenharia económica” que se for financeira, de máquinas só tem os Ferraris que se compram com essas “engenharias”.

quarta-feira, novembro 02, 2011

A solução para a juventude segundo o Secretário de Estado

Qual o remédio para a juventude? Segundo o Secretário de Estado para a juventude, é emigrar. Não há pinta de orgulho nacional neste governo quando um seu secretário de estado demite-se das suas funções e as do seu País, que são de providenciar um futuro para os seus jovens, e os aconselha a emigrar.
No ensino superior, corta-se. Não há incentivos para empregos na indústria, nem estágios remunerados nas empresas para jovens. Também não há um regresso à agricultura por não haver incentivos credíveis aos jovens que desejem ser agricultores. Então que se apregoa? Quando não é emigrar é que cada um seja um empreendedor e crie o seu próprio emprego! Como se os tempos estivessem de feição e como se isso resolvesse o problema. As obras públicas tais como por exemplo as renovações das escolas, acabaram, não havendo esse incentivo de emprego para engenheiros civis nem arquitectos nem para outros jovens menos qualificados que são também essenciais à sociedade que são os pedreiros, electricistas, canalizadores. Estes foram os primeiros a emigrar. Um francês ou um suíço pega no telefone e tem um português para lhe resolver um problema lá em casa ou para umas obras. Em Portugal paga-se caro para os conseguir e não é fácil conseguir alguém qualificado. Os que têm cursos técnicos, soldadores, electricistas e outros, também emigram. Por isso não é necessário o secretário de estado o aconselhar que o façam. O que ele está a fazer é a reconhecer uma fatalidade. Sem planos a longo prazo para os jovens no ensino e no trabalho, não é necessário mostrar-lhes o caminho da porta de saída. Esse caminho que há muito só tem de facto esse sentido: o da saída. Faça o favor de não piorar mais o que já é patente, ou seja, o abandono do País pelos mais capazes deixando para trás um País cada vez mais envelhecido. Senhor secretário de Estado, já que desistiu de lutar pelos nossos jovens, tome o passo seguinte: demita-se!

quarta-feira, outubro 26, 2011

O País paralisado e adiado

Onde pára o Ministro da Educação? E da Investigação Científica? E do Ensino Superior? Parece que desde que houve eleições, nada foi planeado em relação ao Ensino Superior a não ser cortes financeiros. Aliás, é generalizada esta forma de governar nos vários Ministérios, dizem que fruto da crise. Por sua vez a crise é apontada como sendo causada pelo anterior governo. Mas por isso ele foi derrotado nas eleições para que este fizesse alguma coisa. Não para ficar tudo parado! Por quanto tempo vamos esperar para que saiamos deste período de nada fazer para o futuro a não ser cortes e impostos por causa do défice? Estamos paralisados e o pior é que isto é contagiante. Ninguém se mexe. Os bancos não emprestam às empresas, as empresas tentam sobreviver sem investir e o Ensino duma maneira geral está imutável a viver uma época de incertezas. No Ensino Superior os cursos não têm saídas profissionais para tantos alunos; em muitos cursos os alunos passam pelo sistema em mitos casos sem conhecimentos práticos. No Ensino Secundário, os alunos não têm rendimento, sendo notória a vantagem dos alunos do privado. Muitos dos professores foram eles próprios nos seu tempo alunos fracos não podendo portanto em teoria formar bons alunos. O que é que o governo faz? Incentiva o Ensino privado em vez de investir na qualificação e na avaliação dos professores, cedendo em grande parte às exigências corporativistas da classe no que respeita à avaliação.
Seria necessário um Estadista da craveira do Churchill para mobilizar o País! Os nossos estadistas também prometem sangue suor e lágrimas mas não para a vitória, como prometeu o Churchill, mas antes para …pagar um défice. Precisaríamos de um povo sem esquemas mas com vontade de vencer e com auto-estima, que parece ter desaparecido ao longo das décadas, mas que sabemos que já existiu quando os portugueses "deram novos mundos ao mundo". Nessa altura a periferia da Europa não era o sul mas sim o norte, sendo a Finlândia o extremo mais pobre da Europa. Agora dá-se ao luxo de vetar o acesso aos fundos por parte do País que não há muito tempo lhes enviou roupas e agasalhos após a grande guerra mundial e que muito antes disso era um país evoluído para a época enquanto que eles andavam a pastar as renas.
Temos que ter um orgulho colectivo que por exemplo os americanos têm e até os nossos vizinhos espanhóis têm. E nós não temos porquê? Não será pela nossa história. Será por sermos os mais pobres da Europa do euro? Mas então porque têm os indianos orgulho quando são muito mais pobres que nós? É algo que os analistas e historiadores terão que explicar às gerações vindouras. Nessa altura espero que a nossa geração não seja culpabilizada por não saber dar a volta à situação de estagnação em que vivemos. O Ensino tem uma responsabilidade acrescida para uma mudança, formando os futuros cientistas, engenheiros, gestores e administradores de forma a que possam eles próprios fazer essa mudança. Mas para isso nós no Ensino também temos que mudar de atitude, e isso não está á vista. Também não ajuda um Ministro ausente e ainda sem estratégia para o Ensino Superior.

segunda-feira, outubro 17, 2011

Praxes na UM limitadas ao mínimo

Foi difundido um comunicado do reitor limitando a prática das praxes dentro dos campi da UM. É de louvar esta iniciativa. O cenário a que nos habituámos nos últimos anos tem sido confrangedor. O que não sabemos é se este despacho vai eficiente nos seus desígnios. Como muitas leis em Portugal, há sempre forma de as contornar. Mas ao menos valha-nos a intenção. A UM está de parabéns por esta iniciativa.
Os estudantes têm que deixar de pensar que o facto de frequentarem um curso lhes dá o direito de aparecerem aos olhos dos outros que ainda não frequentaram ou que nunca frequentaram, caloiros inclusive, como uma espécie de raça superior. Além do mais é caricato, porque quando mais velho e mau aluno mais possibilidades tem de ser o "papa" da praxe, o que denota uma tendência de aceno à mediocridade. As obscenidades gritadas aos sete ventos são mais um sinal dessa mediocridade. Parece que quanto mais boçal melhor. Ora isto contradiz o espírito da Universidade. Se querem ser boçais ninguém os proíbe, mas deixem de obrigar os outros a serem-no também. Chamar ” bestas” a alunos mais jovens, já é um abuso. Agora obrigà-los a actos de submissão, alguns raiando o "bullying", é em si um acto de prepotência por parte de quem tem um ascendente sobre outros, para não dizer de cobardia, ao aproveitar-se da sua posição de praxante e portante intocável. A coacção psicológica pode ser um crime e deve ser punida severamente num Estado de Direito se for levado até às últimas consequências pela vítima, apoiada por um (bom) advogado. Infelizmente quase nunca chega a acontecer, muito por culpa da vontade legítima que o caloiro tem de ser aceite pelos seus pares e não ser considerado como alguém que estraga a "festa".
O convívio entre os alunos que já cá estão com os caloiros é saudável, sem dúvida, e é natural que se divirtam todos para aliviar um pouco o peso das responsabilidades que vão pesar sobre um aluno no seu percurso ao longo dos anos na UM. Mas já não é saudável quando uns se divertem à custa de outros especialmente quando se trata de jovens desenraizados e ainda sem amigos, como é o caso da maioria dos caloiros.

sexta-feira, outubro 07, 2011

Mega serviços na UM

Passados que são dois anos de governo do actual reitor, que balanço podemos fazer no que respeita à sua actuação em relação aos Serviços da UM? Aparentemente o que a maioria dos professores e funcionários considerava que eram as idiossincrisias, para não dizer anomalias, na estrutura da UM continuam a coexistir com o que é o normal funcionamento da instituição. Estou-me a lembrar dos Serviços de Acção Social, SASUM, que foram muito protegidos pelo anterior reitor, que nomeou o seu antigo secretário da Escola de Engenharia para a frente destes serviços como pontapé de saída. Ora acontece que nunca houve tantas promoções nesses serviços como no governo deste reitor.
Os Serviço Técnicos são outro exemplo que continua tudo na mesma. Em Gualtar as obras têm sido de fachada, e em Azurém continuam sem resolver os problemas com que debatem no dia a dia os utentes do campus: salas com péssima insonorização e péssima climatização; inundações todos os anos por falhas antigas que nunca foram tratadas e que pioraram devido a obras avulso que fizeram ao longo dos anos. Onde estão os Serviços Técnicos para resolverem estes e outros problemas? A julgar pelo que vi numa visita que fiz por causa de um cartão de acessos os parques, estão quase todos(as) sentados(as) em secretárias na sede em Gualtar. De técnicos estes serviços têm muito pouco. Contei na lista de contactos na página da UM pelo menos 63 funcionários. Em Azurém são 3 funcionários! Considerando que a maior parte da Escola de Engenharia está em Azurém, dir-se-ia que não há qualquer lógica neste desiquibrio, já para não falar no número total de funcionários. Não os vemos a arranjar nada, mas antes vemos empresas subcontratadas, a julgar pelas carrinhas que estão á vista de todos nas obras. Dir-se-ia que é um pouco como o Ministério da Agricultura há uns anos atrás onde havia mais funcionários nesse ministério do que agricultores!
O futuro antevê que hajam cortes. Já começaram nas Humanidades, com professores convidados a terem a exclusividade cortada e outros a serem dispensados. Corta-se nos professores que dão aulas mas não se corta nos serviços com gente a mais.Enfim, são os chamados cortes cirúrgicos naqueles com vínculos mais precários. Não há uma estratégia de emagrecimento. E tudo indica que assim vai continuar, sem estratégia.

segunda-feira, outubro 03, 2011

Acesso motorizado à UM: obras úteis ou de fachada?

Voltamos ao dia a dia de entrada na UM pelos nossos próprios meios, normalmente o automóvel. O que deveria ser um processo simples, torna-se muitas vezes um processo complicado. Ora são as barreiras que baixam a meio e podem danificar os carros, como se pode ler em UM para todos, ou são as filas intermináveis na entrada norte daqueles que esperam pacientemente que os seguranças expliquem a carros sem a vinheta de entrada, os mistérios do estacionamento nos parques da UM. Sim, porque o tempo que demora muitas vezes essa conversa, faz pensar que de um mistério se trata.
Fizeram agora duas auto-estradas para entrada e saída na UM (lado sul) mas continuam os problemas mencionados no lado norte. Porquê que não introduzem mais uma entrada, para aqueles que têm cartão de parques condicionado, do lado norte? Em Azurém existe essa possibilidade o que torna o trânsito mais célere, mas em Gualtar obrigam-se os funcionários, professores e outros demais a ficar na fila dos que não têm esse cartão, fazendo perder tempo precioso a esses utentes, exceptuando alunos membros da Associação e outros que não dão aulas nem picam o ponto que conseguem cartões não se sabe como (e já agora porque não dizê-lo: que enchem os lugares dos parques condicionados à discrição reduzindo o número de lugares disponíveis para aqueles que realmente precisam). Pode-se argumentar que os que têm cartão que se dirijam para a entrada sul. Mas quem diz isso não sabe ou não quer saber que essa "voltinha" pode demorar 15 minutos ou mais devido ao trânsito na rua por fora da UM em frente à Quinta dos peôes e que faz a ligação entre as duas entradas. Esse trânsito acrescido iria aliás entupir ainda mais a entrada sul, o que já causa enormes problemas na rotunda imediatamente junto à entrada, e onde passam autocarros e muitos carros que vêm de Gualtar para o centro (a propósito, de quem foi a brilhante ideia de meter uma passadeira mesmo á saída da rotunda para quem entra na nova "auto-estrada " de acesso às cancelas da UM do lado sul?). Enfim...quando se fez a obra os engenheiros estavam de férias? Afinal era Agosto!

sexta-feira, setembro 09, 2011

Estilos de poder

Vêm aí cortes que implicam despedimentos e/ou perda de poder de compra dos Professores da UM. Nesta fase crítica da Universidade do Minho o que sabemos é-nos transmitido na forma de números: tantos por cento de cortes de Professores convidados. Nem uma palavra aos visados, de conforto ou de justificação do porquê que foram eles os escolhidos. Nem um comunicado fosse escrito ou falado pelo sr. Reitor (pelo menos que viesse a público). Já tivemos como ocupante anterior do cargo um reitor mudo em relação a uma explicação aos visados de que iria cativar as suas verbas provenientes dos seus projectos; agora temos um reitor que corta a direito sem grandes explicações, e já não são verbas de projectos, são salários que ferem o nível de vida de muitos Professores e que inevitavelmente lhes vai causar sérios problemas pessoais. É um estilo de líder apolítico e tecnocrata, já para não falar da falta de sensibilidade social,um pouco como o Ministro das Finanças actual. Pode ser que as coisas mudem com o tempo e que o reitor fique mais temperado e mais maleável com o continuado malhar do Ministro no orçamento da UM (linguagem de engenharia talvez apropriada a quem se dirige)... e mude de estilo.
Ficar-lhe-ia bem.

domingo, setembro 04, 2011

Os cortes na UM são cegos?

Os cortes das Universidades vêm dar o seu contributo forçado à dívida. Que seja. Mas quem sairá prejudicado? Os professores convidados serão os primeiros a serem despedidos segundo instruções do reitor. À primeira vista parece bem uma vez que são "convidados". No entanto muitos destes Professores estão há anos nesta situação só porque as contratações estão congeladas. Não estão por opção! E muitos fazem mais serviço do que os contratados, uma vez que não podem dizer que não ao seu vínculo precário. Quem vai fazer o trabalho deles? Quem sofre? Os alunos, claro! Se os cortes não são cegos porque estão direccionados aos mais fracos, são cegos no que respeita às consequências, porque quem tem mais professores convidados é quem mais vai sofrer e possivelmente cursos vão fechar nestas Escolas por essa razão. Houve muitas promoções recentes entre os funcionários para Directores, talvez seja aqui que se deva também começar a cortar. Afinal o Governo não está a cortar chefias intermédias em várias instituições por não se justificar tantas chefias? Na UM aumentaram-se o número de Divisões para acomodaram mais chefes e desta forma promoverem funcionários que até não teriam nem os anos de serviço nem as qualificações que normalmente são exigidas para essas funções. Chegou-se ao ridículo de fazerem Divisões que aparentam não chegar sequer à meia dúzia de funcionários portanto sem qualquer massa crítica (é como se os romanos tivessem nas suas legiões centúrias com menos de cem romanos e os centuriões as comandassem)! Não seria também de reestruturar as Divisões e poupar também aqui? Fizeram-se ainda promoções à pressa em Serviços como que adivinhando o que vinha aí: o congelamento até 2003 nas promoções d a Função Pública anunciado esta semana. É assim que querem mobilizar as pessoas desta casa? Chama-se a isto em inglês um "pre-emptive attack", em linguagem militar. Antes dos cortes é preciso “atacar”, mas para o benefício de alguns. Quando isto acontece, normalmente não são os mais capazes que são promovidos como é evidente. São aqueles cujo "currículo" as chefias, leia-se Director, conhecem melhor. Agora os outros funcionários que estiveram anos à espera, que melhoraram o seu currículo, até que passaram a licenciados, podendo ser promovidos pelo seu esforço, ficam mais uma vez sem qualquer esperança de ver os seus justos desígnios alcançados.
No caso dos professores, fez-se um Regulamento de avaliação o RAD, “para inglês ver”. É mais uma auto-avaliação do que uma avaliação por terceiros. Só 15% da avaliação no RAD da Engenharia é que pesa a avaliação do avaliador! Ora por muito incompetentes que os professores sejam nunca vão ter a avaliação que pudesse distinguir o trigo do joio. E depois criticamos os professores do ensino secundário que não querem ser avaliados e torcem-se todos por uma auto-avaliaçãozinha. Nós vamos pelo mesmo caminho! Quando chegar a altura depois de 2013 para retomar as promoções e enviar alguns para a mobilidade, não haverá bases para o fazer. E os cortes serão realmente cegos, porque nessa altura vai haver despedimentos, com o rumo que as coisas levam.
Sejamos corajosos e arrume-se a casa, preparando-a para os maus tempos que se avizinham, e por uma vez façamo-lo duma forma objectiva, sem compadrios nem mediocridade.

sábado, setembro 03, 2011

Os cortes no Ensino Superior

Os cortes abrangem as Universidades. Até aqui nada demais, uma vez que a prioridade deste Governo nos cortes não é como se julgava na gordura do Estado, mas apesar de gestos simbólicos de cortes nas gravatas e nos motoristas, os cortes vão para aquilo que é o essencial para os portugueses menos privilegiados, ou seja, as urgências hospitalares na saúde, o subsidio de Natal que para muitos servia para cobrir despesas que o ordenado não cobria, nos transportes públicos, etc. Despesismo da Madeira não é atacado ao contrário do despesismo do anterior governo que serve de desculpa para o acréscimo dos impostos. Promoções nas Forças Armadas sancionadas, ao arrepio do que já tinha decidido o governo anterior, ao declarar ilegais essas promoções; enfim, o corte não é assim tão cego como se julga, porque se fosse também os muito ricos, á excepção do Américo Amorim que não é rico e pertence à classe trabalhadora segundo afirma, seriam taxados nas suas fortunas. O argumento de Passos Coelho que assim os outros ricos, nomeadamente estrangeiros, não investem se isso for para a frente, dá vontade de perguntar se o P.C quer Portugal equiparado às repúblicas das bananas, com salários baixos e sem impostos para quem investe. Esse dinheiro que entra também não fica lá como se pode ver no seu nível de vida e como se comprovou nos últimos anos com a saída das empresas estrangeiras para outros locais de mão de obra mais barata. A não ser que seja essa a estratégia do P.C., baixar o custo da mão de obra em simultâneo com as benesses para esses potenciais investidores milionários. O que é certo que esses senhores, Amorim, Belmiro e Soares (Pingo Doce) ganharam dinheiro muito à custa do trabalho dos outros e de mão de obra barata (quanto se paga para fazer rolhas?) e agora seria altura de compensar um pouco o Estado do qual beneficiaram (sem falar nos programas de auxílio do Estado, Pedip e QRENs de que beneficiaram largo).

terça-feira, agosto 30, 2011

Uma rentrée universitária atribulada

Ao aproximar o novo ano lectivo e o fim do ano financeiro, demite-se a Vice-Reitora que tem o pelouro das finanças da Universidade, Margarida Proença. A altura não podia ser pior, principalmente com o aproximar do fim do ano e do fechar de contas, que é sempre um quebra cabeças para a instituição. Daqui se podem tirar várias ilações: Uma é que o reitor foi apanhado de surpresa, precisamente porque não iria demitir a pessoa que instituiu e que controla todo um novo processo de contabilização das despesas, com a introdução de dimensões e outras designações que aparecem na página da intranet que dá acesso à contabilidade dos projectos e que são para muitos ainda um mistério.
Outra possível ilação é que foi o reitor que a demitiu, mesmo em má altura, aproveitou as férias tal como fazem as empresas, para arrumar a casa. Mas nesse caso, demitiu porquê? Tal como aparece noutro blogue, se a demitisse teria alguém já na manga, o que parece não ser o caso, senão teria anunciado a sua substituição e não a sua demissão.
Há aqui toda uma telenovela por desvendar se o reitor não vier explicar os porquês da demissão. Em jogo está a estabilidade e a celeridade dos processos na Divisão Financeira e Patrimonial e em última análise, a imagem da Universidade perante a tutela, em momentos de crise que exigem uma gestão muito profissional e criteriosa das contas deste ano que está próximo do fim.
Aguarda-se pois uma substituição célere e suave, com a ajuda activa de quem cessa funções na passagem do testemunho.

segunda-feira, agosto 22, 2011

O corporativismo alastra

Está visto. Quem manda são as corporações. São os sindicatos (corporações mais propriamente) dos professores que fizeram recuar sucessivos governos na avaliação até chegar ao ponto em que não vão ser avaliados (já não vão ser os mais antigos..), são os polícias que fazem greve disfarçada de baixa médica por razões psicológicas (único na Europa e talvez no mundo esta capacidade de improviso dos portugueses), são os militares que fazem promoções à revelia do estatuto geral da função pública que não permite aos restantes funcionários tal desrespeito pelo Estado (por não terem armas?), foram os juízes que mantiveram os seus dois meses de férias, são os maquinistas da CP que param um inteiro sistema de transporte, por também acharem que estão acima dos outros funcionários do Estado ou de empresas públicas e autarquias ao exigirem desbloqueamento das remunerações, e agora veja-se bem... são os árbitros!
Porque não hão-de os árbitros fazer birra também?
Afinal foi só o Sporting que os pôs em causa, nada de mais. Têm o F.C.Porto e o Benfica mudos e indiferente, e principalmente o FCPorto que tanto os apaparicou no passado com fruta e outras guloseimas (segundo escutas de telemóveis por todos ouvidas). Percebo pouco de futebol e não é só por ser adepto do Sporting. Poderia ter sido e pode ainda ser ao contrário: ter o Sporting e o Benfica a apaparicá-los e quem se trama é o FCPorto, se não se mudar radicalmente a mentalidade destas corporações.
As corporações (incluindo alguns sindicatos que actuam como tal) jogam com as divisões na nossa sociedade. As profissionais (professores, juízes, e outras) jogaram com a divisão política, apoiando-se nos partidos da oposição ao governo para alcançarem os seus objectivos. Os árbitros jogam com a rivalidade entre os três grandes clubes, posicionando-se com os que na altura estão na liderança. Tudo porque neste País ainda não se aprendeu que a Justiça, seja a justiça profissional em que todos devem ser tratados da mesma forma ao serem ou não avaliados, seja a dos tribunais, ou a do futebol, não deve estar ao serviço de quem berra mais (leia-se, quem tem mais acesso aos media)ou quem mais intimida a sociedade, seja com a sua força latente, no caso das forças armadas, seja com a falta de segurança das populações, no caso da Polícia, seja com a educação dos nossos filhos, no caso dos professores, ou seja com o nosso tempo livre e estado de espírito, no caso dos árbitros. Num Estado de Direito, deve, isso sim, estar ao serviço do País, que é algo que muitos se esquecem quando olham para os seus previlégios (actuais, futuros ou em risco). Já não bastava a crise.

sábado, agosto 20, 2011

Consequências de uma antecipada "silly season" de alguns políticos

De volta de umas férias, deparo com notícias que demonstram que nada mudou na política. O que o os partidos da oposição criticavam, aplicam com tanto ou mais afinco que o partido socialista. "Jobs for the boys", aparentemente quase 50% das nomeações para os ministérios foram para detentores do cartão partidário. Ingerência nos média através de uma acção de recompensa pelos bons serviços de Mário Crespo, amigo de Moniz e Moura Guedes, com a sua prometida nomeação para comentador em Washington. Impostos que não se iriam aplicar, afirmado mil vezes por Paulo Portas e reafirmada a vontade de cortar nas despesas, o que se verifica é que nunca tivemos nos últimos anos impostos tão gravosos: subsídio de Natal cortado daqueles que trabalham por conta de outrem e daqueles que estão a recibos verdes. Neste último caso nem a troika foi tão longe. Outro imposto que aumenta é o IVA para compensar as empresas com a queda do TSU (pelos vistos até os bancos beneficiam desta queda, o que é perverso). Enfim, já Miguel Sousa Tavares disse na sua crónica no Expresso que se fosse o Sócrates a tomar estas medidas caía o Carmo e a Trindade. Qual a razão de tão pouca contestação? Estado de graça do governo? Cá para mim é o tomar de consciência que algo correu terrivelmente mal quando se chegou ao ponto da antipatia pessoal pelo Sócrates, alimentada pelos média em grande medida, ter suplantado a razão, ou seja o discernimento dos partidos, ao ponto de haver uma aliança entre partidos como o parido comunista e o BE a aliarem-se a partidos no outro extremo do espectro político, o PSD e o CDS, para deitarem o governo PS abaixo. PCP e BE sucumbiram a pressões dos sindicatos dos professores na questão da avaliação que os impulsionou para outras fantasias, como a de que teriam o povo do seu lado se houvesse eleições, como se os professores representassem o eleitorado (a "silly season" começou muito antes do Verão para estes partidos!). O resultado foi o que se viu. O PCP manteve o seu eleitorado imutável, sem crescer, e o bloco quase desapareceu. Foi o maior favor que fizeram àqueles que sempre criticaram, os que eles designam como os representantes do grande capital e dos latifúndios. A privatização a que sempre se opuseram vai ser muito maior que o que estava previsto, a escola pública vai competir em pé de desigualdade com a privada, as Misericórdias serão subsidiadas com dinheiro tirado ao Serviço Nacional de Saúde numa promiscuidade entre a religião e o Estado, muito do agrado do CDS. Nada disto está no entendimento com a Troika. Quanto à Universidades, nada será como dantes. Já se anunciam cortes de 10%: quando os ordenados constituem 95% das despesas, significa isto cortes nos salários? O reitor já disse que vai cortar em horas extraordinárias dos funcionários (nem me tinha apercebido que as havia) e controlar a progressões (hoje notícia no DN)
A avaliação dos professores no superior não vai ter pois consequências pois não pode haver progressões nem nos escalões nem na carreira de cada professor com este cenário. Qual o incentivo para produzir trabalho científico?
Quanto à avaliação dos professores do secundário, fala-se que os mais velhos, os do escalão 8 e 9 (?) não serão avaliados, pois nas palavras do ministro, estes já são muito bons! Este era o ministro que era exigente! Professores que foram transitando de escalão em escalão só devido à sua idade são muito bons? Deve estar a confundir os professores com o vinho do Porto!
E assim vai o País. Se não estava bem com Sócrates também não é com estes governantes que se vai estar melhor, mesmo contando com o denominador comum da troika. Só se for para aqueles que têm dividendos a receber e não paguem os impostos com que nos brindaram para o Natal.

quinta-feira, julho 28, 2011

A Quinta dos Peões vai a aprovação na Câmara sem consulta pública

A construção"Quinta dos Peões" (quinta em frente ao campus de Gualtar) vai finalmente arrancar, com aprovação do projecto na Câmara, segundo informação de NDNR. A UM vai colaborar. Resta saber como. Talvez os actuais responsáveis não saibam mas o que se disse na altura para minimizar os efeitos de ter uma parede de edifícios a tapar a vista da UM, foi divulgado no tempo do reitor Chaínho Pereira um acordo entre o Rodrigues Névoa e a UM que os edifícios altos, de apartamentos ou escritórios, ficariam a ladear a quinta, perpendicularmente à frente da UM, e que qualquer edifício em frente seria baixo, supõe-se que térreo. Chegou-se a falar nas instalações para a Guarda Republicana.
A memória é curta, e a estratégia de deixar passar algum tempo antes de construir parece estar a resultar para o(s) empreiteiros. Se a UM der o seu aval a algo que prejudique a fachada e a vista de e para os edifícios da frente, CP1 e CP2, cometerá outro erro, em cima dos que já foram cometidos desde o princípio de toda esta história, ou seja, desde o ponto em que o edifício poderia ter sido cedido à UM pelo Ministério da Agricultura e não o foi, por via de jogadas da Câmara em sintonia com os empreiteiros e com o beneplácito reitor dessa época, Sérgio Machado dos Santos.
É curioso como é no período de férias na ausência dos Professores, alunos e funcionários que surge esta tomada de decisão. É um assunto demasiado sério para ser resolvido no aconchego dos gabinetes. Como qualquer obra que influencia a vida dos cidadãos, deve ser submetida a consulta pública antes de se avançar para a construção. Mas como no caso da Fundação não houve uma consulta séria á Academia, neste caso nada faz supor que haverá. A não ser que haja um movimento nesse sentido que consiga sensibilizar as entidades públicas e privadas envolvidas no processo.

domingo, julho 24, 2011

A praxe estupidifica?

Numa entrevista a Rodrigues dos Santos transmtida ontem na RTP, Philip Roth explica que no seu livro "Exit Ghost" que o que ele quis transmitir foi o perigo das novas gerações deixarem em grande parte de ler livros. E explica que nem tão pouco é a culpa da internet, mas da falta da capacidade de concentração dos potenciais leitores de tirarem uma ou duas horas diárias para lerem um livro. Será mesmo o que vai acontecer?
O mundo é demasiado rápido para se perder tempo a ler? Por aqui, na Universidade, vemos que muitos dos jovens mal sabem escrever bem português quanto mais lerem um livro do princípio até ao fim e se é assim num meio que se afirma ser de cultura e saber, como será noutros meios? No meio industrial, comercial, rural? Os nosso alunos entram na Universidade, passam pela iniciação da praxe, gritam em altos berros obscenidades, frequentam um curso numa área restrita, têm uma vida social intensa (aqueles que têm) e saem da Universidade a saber o quê em cultura geral? O ensino secundário obrigou-os a ler um ou dois escritores portugueses para que pudessem passar o exame, o que não despertou o interesse pela leitura uma vez que foi uma obrigação. Entram para a Universidade e ficam a saber logo de início que o que interessa para ser um membro de pleno direito da sociedade estudantil universitária é o à-vontade na interjeição de obscenidades em frases feitas, por isso as gritam para se habituarem logo de início. Qual o incentivo para uma escrita e conversação correctas ao integrarem a sociedade um dia que acabam o curso? Como se poderão concentrar na leitura de um livro? Estarão pois condicionados quanto muito à leitura das revistas e jornais desportivos (os do sexo masculino) como já aqui referi.
Será como Philip Roth também afirmou na entrevista que a leitura estará restrita a uma elite cultural, tornando-se quase um culto?
Só o saberemos já tarde de mais.

sexta-feira, julho 22, 2011

O ECDU e a exclusividade são levados a sério?

Parece que o ECDU serve para os concursos e para pouco mais. Quando lemos no ECDU que os docentes devem leccionar, fazer investigação e actividades de gestão, compreendemos que todas estas actividades, umas mais que outras, não causam qualquer controvérsia. No entanto o artigo 4 na alínea c também permite que os docentes podem:
"Participar em tarefas de extensão, de divulgação científica e valorização económica e social do conhecimento".
O artigo 67 tal como no anterior estatuto determina que o pessoal docente de carreira exerce em regra em regime de dedicação exclusiva. As excepções estão referidas no número 5 do artigo seguinte: ajudas de custo e despesas de deslocação. No artigo 70 acrescenta-se ainda os direitos de autor e as actividades que decorrem de contratos entre a Universidade e empresas ou instituições.
No entanto há bastantes professores universitários que exercem funções noutras instituições, e alguns funções executivas seja em empresas como directores científicos ou em instituições de cariz social. Segundo o artigo 68 nem estas funções em empresas nem as instituições de cariz social fazem parte das excepções. Como é possível? Para além destas situações do conhecimento dos governantes da UM haverá muitas outras não declaradas.
Parece que o ECDU não é fiscalizado uma vez que pelo menos na Escola de Engenharia da UM deixou de ser obrigatório apresentar cópia do IRS e/ou uma declaração no sentido que o docente não exerce outra profissão. Porquê? Foi dada alguma explicação por parte da reitoria sobre esta dispensa?
A colaboração com a indústria ou com as empresas ou as instituições é importante para a função da Universidade. Se essas funções seguirem as regras, não forem remuneradas ou sendo-o são declaradas como PSECs, então tudo normal. Mas não o sendo o que é que o ECDU estipula? Nada menos que um procedimento disciplinar e a reposição das quantias auferidas.
Claro que esta é uma daqueles artigos que não são para cumprir, mais como uma ameaça até onde pode ir a sanção. Tudo normal num país em que os que não cumprem não pagam por isso. É como os crimes fiscais. Nestes anos todos de democracia só houve um afigura grada que foi presa, agora já em domícilio e muito em breve, cidadão livre (O.Costa do BPN).
A questão é a seguinte: se ninguém liga, porquê que se insiste? Se houvesse total liberdade de acção, até poderia ser que os Professores trouxessem de fora informações relevantes para o ensino, mas por exemplo engenheiros a exercer funções em instituições de cariz social não será propriamente o caso. Mas enfim,a tutela que assuma ao menos o óbvio e faça uma resolução circular na Universidade que estipule aquilo que já acontece: Não queremos saber o que faz lá fora e não lhe pediremos explicações nem terá que apresentar qualquer comprovativo. Ponto.

domingo, julho 17, 2011

Fundação ou a teoria da conspiração

Já aqui me debrucei sobre o RJIES introduzido pelo anterior Ministro da tutela como sendo um processo em que se perdeu representatividade aos vários corpos que compõem as Universidades. Percebe-se agora que o objectivo final era a passagem a Fundação. Ninguém deu nada pelo artigo no RJIES que preconizava tal transformação, e talvez fosse esse o objectivo. Se o Ministro fizesse um regulamento directo de transformação das Universidades em Fundações, haveria uma reacção contrária por parte dos Professores, funcionários e alunos de tal forma que ele teria que recuar. Assim, primeiro introduz um passo intermédio, o RJIES, que já tira muita representatividade aos membros da Academia, para posteriormente, uma vez instalado o RJIES, poder contar com os reitores na forja, que seriam simpatizantes do modelo Fundação. O reitor só teria que ter a maioria no Conselho Geral e não teria problemas de maior na aprovação deste desígnio. Não sendo obrigatório a consulta à Academia, seja por via do Senado ou por referendo, não haveria qualquer percalço no caminho traçado.
Pois é isso que está a acontecer nas várias Universidades. A Universidade do Minho foi a primeira, a de Coimbra com o novo reitor, substituído que foi o Seabra que era contra, seguirá também por este caminho. Juntar-se-ão às demais, Porto, Aveiro e ISCTE. Não tarda muito e o Instituto Superior Técnico e a Universidade da Madeira serão também Fundações, a julgar pelas notícias recentes.
O governo anterior tinha ministros que de socialistas só tinham a filiação mas de facto eram mais liberais (em termos de política económica e não nas ideias) do que muitos ministros do actual governo. O que dá muito jeito ao actual ministro porque o caminho para a liberalização do Ensino Superior está aberto.
Assim vai o comboio do Ensino Superior, indefectível nos seus carris até a paragem final, a Fundação.
Não haverá muitas formas de o desviar deste caminho a não ser uma paragem forçada por falta de combustível (os 50% que são requisitados para complementar o financiamento do Estado) ou uma inversão de marcha por o "timoneiro" entretanto ter sido substituído e o novo se recusar a trilhar por esta via.

sábado, julho 16, 2011

Feira de vaidades

Temos na UM duas publicações periódicas que publicitam as notícias da UM duma maneira geral. Uma tem o nome caricato de UMdicas, outra mais séria é a Universidade em Notícia, esta última via e-mail. Duma maneira ou outra, seja por divulgação gratuita da UM dicas ou por e-mail, todos temos acesso e é difícil não nos entrar pelos olhos adentro pelo menos a capa da UM dicas ou a página de rosto do Notícias quando a recebemos por e-mail. A qualidade da UM dicas é paupérrima, para não falar da publicidade patente, nem sequer disfarçada, aos dirigentes dos serviços sociais. A pretexto de qualquer evento do calendário, como o arranque do ano lectivo, ou mesmo sem qualquer razão, aparecem os dirigentes dos SASUM como entrevistados, com direito a fotografias dos entrevistados de dimensões que se vêm ao longe. Tudo isto no meio de notícias que até terão interesse para os alunos, como o desporto na UM, o que consiste numa promiscuidade intencional, pois atrai esse público para a leitura e, principalmente, para a tomada de conhecimento dos directores dos SASUM, da sua cara e das suas opiniões. Para além desta auto-promoção, há ainda a promoção da equipa reitoral. A ânsia de agradar a quem manda na UM, nomeadamente à equipa reitoral , é de tal ordem, que são constantes as entrevistas a toda a equipa.
Criticou-se muito o anterior reitor de ter terminado com uma publicação da UM, salvo erro chamada Jornal da UM e publicado pelo Curso de Comunicação, por não ser realmente alinhada com a reitoria, tendo sido a gota de água uma entrevista dum seu vice-reitor criticando de alguma forma a reitoria. Pois bem, porque não se retoma a publicação do dito jornal, uma vez que o reitor é outro e o vice-reitor é o mesmo? Seria pelo menos coerente com os acontecimentos de então e mostraria que esta equipa reitoral é diferente da anterior e promove o debate interno para além da informação promocional.
Outra publicação de que me interrogo é a da Universidade em Notícia, que embora não sendo do mesmo cariz promocional e não gaste dinheiro em papel, gasta com certeza muito tempo a quem o escreve. Começou por ser uma publicação sobre prémios e outros galhardetes conseguidos por professores da UM, o que em si não tem mal, e até promoveria a imagem da UM....se fosse lido fora da UM. Mas não! É dirigido à UM-net e ao interior da UM, referindo isso mesmo no título: "o que os media dizem de nós". Para quê? Para melhorar a auto-estima dos professores? Não se entende esta catadupa de notícias da UM, sendo muitas vezes mais reproduções de entrevistas de responsáveis da UM do que propriamente opiniões dos media sobre a UM, defraudando até as expectativas em que o título induz.
É certo que não havia nada do género com a anterior equipa reitoral e que o que o Gabinete de Comunicação e imagem da UM tem feito até seria de louvar. Mas foi-se do oito para o oitenta, e com tanta notícia banal, retira-se a relevância daquelas que realmente dignificam a instituição.