quarta-feira, agosto 26, 2009

As eleições em cima das férias: quem beneficia?

As eleições para Reitor e para as Escolas serão já a seguir às férias, mais uma vez beneficiando a estrutura instalada. O "timing" pode não ser intencional, mas que dá muito jeito a quem já está no terreno há mais tempo, isso não há dúvida. Já quando foi para o Conselho Geral apanharam-se as férias de Natal pelo meio, fazendo com que novas listas de possíveis candidatos fizessem um esforço de mobilização hercúleo, coisa que as listas já existentes não necessitavam. Para tornar ainda mais difícil a concorrência estipulou-se a obrigatoriedade de cada lista apresentar 100 subscritores, além dos candidatos e suplentes. Alguém duvida que esta exigência não foi inocente? Veremos agora qual a estratégia para as próximas eleições para as listas das Escolas, se será a mesma ou outra ainda mais "inocente".
Se queremos uma nova estrutura, queremos também que se dê uma oportunidade a outros, porque os que lá estiveram, nas Escolas e nas Pro-reitorias e Vice-reitorias já tiveram a sua vez e não têm muito que se orgulhar, a julgar pelo relatório do Tribunal de Contas. Por outro lado, o que a UM conseguiu em termos científicos dificilmente se pode atribuir aos seus gestores. Houve até oportunidades que dificilmente se repetirão, como seja o financiamento ao projecto conjunto com o MIT, que foi administrado na UM por A.C, actual candidato a reitor e suponho que também pelo Vice Reitor M.M. Não quero fazer juízo sobre os resultados para a UM de tal projecto, mas desconfio que foram só membros da lista liderada por A.C. ao Conselho Geral e seus apoiantes/subscritores que beneficiaram do financiamento referido, não contando com os bolseiros que presumo foram seleccionados através de concurso. Muitas vezes isto acontece por ser uma gestão "empresarial" em que se quer avançar rápido e com gente que se conhece e portanto se pode mais facilmente "comandar" e acompanhar. Pode por isso não ter nada de político por detrás nem sequer qualquer intenção de beneficiar alguém. O que é um facto é que da parte de quem recebe, há sempre um reconhecimento que tende a sobrepor-se ao juízo do próprio quando se trata de decidir sobre quem apoiar futuramente em cargos de gestão, se quem ele já conhece e de quem obteve uma mostra de confiança, ou um candidato desconhecido. Formam-se assim as "clientelas" que em qualquer altura, tempo lectivo ou férias, são fáceis de mobilizar para fins eleitorais.
Há que mudar o estilo de governação e distribuir o financiamento da UM neste e noutros projectos, por via do concurso interno, para aqueles mais capazes e não para os que estão mais próximos do gestor financeiro do projecto.
Esperemos que os candidatos a Reitor e às Presidências das Escolas venham com uma nova postura, sejam eles os mesmos de sempre ou outros, porque convençam-se que é através da gestão democrática que os líderes se afirmam e merecem o respeito da comunidade académica e não através do incentivo ao clientelismo!

domingo, agosto 09, 2009

A ferrovia como meio de acessibilidade aos dois pólos da UM

Ora aqui está algo que o novo Conselho Geral e o novo reitor se deveriam empenhar na suas actividades de defesa da Universidade num contexto mais amplo: o conceito de acessibilidade mais fácil, ecológica e mais barata, para os dois pólos e entre os dois pólos: a ferrovia.
Recomendo uma leitura atenta deste post no blog Avenida Central aos futuros dirigentes da UM.

sábado, agosto 08, 2009

Férias antes de eleições-descansar para unir forças!

Uns já entraram de férias e outros, como é o meu caso, estão prestes a entrar. Claro que as férias são para descansar mas para muitos são a transição para outros voos. É o caso dos políticos, que têm as eleições à porta, e em muito menor escala, para a maioria das Universidades, que vão ter as eleições para os novos órgãos definidos pelo novo regulamento RJIES. No caso da UM, como o reitor demorou em se demitir, também vamos ter as eleições para reitor. No caso da maioria das outras Universidades o reitor já foi eleito e já está em funções. Com este atraso significa que já estamos numa situação de desvantagem em relação às outras instituições nas negociações que seguramente virão aí entre o Ministério e as Universidades. Podemos agradecer ao nosso reitor este atraso. Quando a lista de candidatura ao Conselho Geral a que pertenci sugeriu uma mudança de reitor para entrar no Novo Ciclo, era precisamente para evitar esta situação de indefinição que a UM viveu nos últimos meses. Mas mais vale tarde que nunca, e os novos responsáveis pelos diversos órgãos, incluindo o que estará no topo da hierarquia, o reitor, saberão começar de novo, com mais ânimo e motivação, uma vez que estão legitimados pelo voto. Por isso o voto é tão importante, seja qual for o sentido. Desde que legitime os ocupantes dos vários cargos, é o mais importante. Em primeiro lugar, a meu ver, deve haver mais que um candidato para o cargo de Reitor e mais tarde para Presidentes de Escola. Não havendo mais que um candidato, uma elevada abstenção ou número de votos em branco seria muito mau para essa legitimação, o que deveria levar os ocupantes desses cargos a reflectir, seja o futuro reitor ou sejam os futuros Presidentes de Escola.
E aqui é que está o problema. Na UM ao longo dos anos, fosse por desinteresse ou por clientelismo, só um grupo de docentes se movimentou para se candidatar ou eleger colegas, no caso da massa amorfa desinteressada ou da clientela, para esses lugares. O Universo fora desse grupo, que embora fosse sofrendo algumas alterações pontuais manteve-se muito uniforme, era um universo sem ligação entre os seus vários membros, talvez por não haver muito em comum entre eles, a não ser uma vaga noção de injustiça, o que embora possa ser uma boa base para se construir um movimento, não seria suficiente. Entretanto surgiu o RJIES que trouxe uma oportunidade para a “oposição” se mobilizar para tentar por essa via ter uma voz nos vários órgãos da Universidade e no curto espaço de tempo desde que foi anunciado, formaram-se na UM dois movimentos claramente da oposição e um que teve a sua origem na anterior hierarquia, mas que acabou por se distanciar do reitor nos momentos finais da candidatura ao Conselho Geral, muito por mérito da força dos grupos da oposição junto do eleitorado, que prenunciavam um Novo Ciclo. Essa oposição, na qual me incluo, deve agora mostrar que não é simplesmente aquele conjunto inicial de insatisfeitos, mas que tem um projecto de mudança e que consegue unir forças para atingir essa mudança. Se o fizer, estou convencido que os eleitores corresponderão a esse anseio de mudança com uma votação expressiva.
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sábado, agosto 01, 2009

Falhas na Gestão da UM

José Abreu do semanário SOL neste seu artigo, parece saber mais do que muitos de nós sobre o passado da UM...pelo menos dos menos atentos. A ser verdade, seria mais matéria a investigar segundo a nova lei sobre o enriquecimento ilícito de gestores de altos cargos da Função Pública, neste caso duma Universidade, com base nos sinais exteriores de riqueza...

quinta-feira, julho 30, 2009

Candidatura a Reitor

Como se esperava, o cabeça da Lista C (candidatura ao Conselho Geral), António Cunha, que ganhou as eleições para o CG em termos de percentagem mas com o mesmo número de lugares que as outras duas lista juntas,anunciou a sua candidatura a Reitor da UM. O mesmo António Cunha que liderou a anterior lista, conotada com o actual reitor, agora demissionário, para a Assembleia Estatutária. Agora pergunta-se: é a candidatura da continuidade?
Só o próprio poderá responder e a Academia terá que acreditar ou não, porque uma coisa é certa, tudo se conjuga para a sua eleição. Senão vejamos: os membros externos que constituem um terço dos membros do Conselho Geral, foram cooptados por maioria pela lista C com a ajuda dos estudantes. Estes por sua vez estão conotados na sua maioria com a Associação de Estudantes que sempre manifestou a sua solidariedade com o actual reitor e que votou com a lista C, na altura sem dúvida a mais próxima do actual reitor. Isto é novidade para alguém da Academia minimamente informado sobre a política Universitária "top-down" dos últimos anos? Não penso que seja. Mas que é preocupante e não oferece garantias de uma verdadeira mudança, isso é, independentemente da vontade de mudar do próprio A.C., uma vez que a máquina já está há muito montada e quem vai em primeira classe neste comboio de interesses instalados, não passa facilmente para a segunda classe.

quinta-feira, julho 23, 2009

Auditoria á Universidade do Minho

Foi divulgada na um-net um e-mail contendo excertos da auditoria efectuada á Universidade do Minho em 2007, cujo texto completo pode ser consultado também aqui.
O texto é longo e muito crítico em relação a muitos aspectos da governação financeira da UM, concluindo com um parecer "desfavorável", com recomendações para o futuro. Não havendo qualquer orgão que fiscalizasse internamente nem o Conselho Administrativo, que curiosamente e malgrado a sua designação não tem um Administrador, nem o próprio Reitor,não se sabe se as recomendações do Tribunal de Contas foram seguidas em 2008 e 2009. Talvez agora com o Conselho Geral as coisas funcionem de maneira diferente. Isso não impede que se devam explicações à comunidade académica, a serem apresentadas pelo responsavel máximo da instiutição durante este período. Em vez de discursos de circunstância e apelos ao Governo para mais financiamento, precisávamos de relatórios sobre o que a Universidade andou a "fazer" nos últimos anos com o dinheiro do Estado, em última instância, dinheiro de todos nós. Salta á vista por exemplo participações da UM em entidades privadas e fundações da ordem dos 2 milhões de euros. Este número não me é estranho, penso que seria o valor necessário para o pagamento do subsídio de férias que o responsável máximo da institutição referiu ser necessário para pagar o subsídio de férias dos docentes e funcionários da UM em 2008. Corrijam-me se estou enganado!

quarta-feira, julho 08, 2009

As sub-unidades orgânicas de ontem e hoje

Na Escola de Engenharia perdeu-se uma boa oportunidade de fazer uma reestruturação das suas sub-unidades orgânicas. Não sei se houve reestruturação noutras Unidades Orgânicas ou não, mas duvido. Regem-se todas pelo mesmo diapasão: a lei do menor esforço!
Não querendo isto dizer que não são as sub-unidades "adequadas". Mas com o mundo que temos hoje, "adequado" não chega. As engenharias clássicas serão sempre necessárias. Mas o que é clássico? Não há dúvida que a engenharia civil é uma "clássica", embora há áreas, como a dos materiais, que mudaram muito nos últimos anos e possívelmente não deveriam fazer parte deste departamento. Há outros departamentos clássicos, como o de Engenharia Mecânica que possivelmente têm áreas que não têm muito a ver com o nome como a Termodinâmica e outras do género que estariam melhor num departamento de "Ciências de Engenharia" que nunca devia ter sido extinto, a meu ver. As outras engenharias que não são clássicas mas nasceram com as "novas" Universidades, tais como a do Minho, numa altura que fazia sentido apoiar a indústria local, caso da Engenharia Têxtil e a Engenharia de Polímeros. Só que a indústria têxtil de hoje já não tem muito a ver com a de então. Utiliza muita electrónica, informática, novos materiais, biotecnologia, já para não falar de "marca própria" o que implica design e distribuição. Esta e outras indústrias são portanto clientes de outro tipo de engenheiros, de outros departamentos, tais como Engenharias Electrónica, Informática, Biotecnológica e Produção e Sistemas. Aliás estas últimas duas engenharias quase não têm "indústria" própria. Aliás a indústria têxtil é tanto deles como do departamento de Engenharia Têxtil. Só que eles não o assumem, referindo-se à indústria muitas vezes em termos pouco elogiosos, como “tradicional”, de “baixa tecnologia”, etc. Mas se perguntarmos qual a indústria de “alta tecnologia” que corresponde aos seus departamentos, qual é a resposta? Infelizmente nem a electrónica na maior parte dos casos já é de alta tecnologia. As empresas são internacionais, os produtos são concebidos lá fora e nós cá quase só seguimos instruções, no fabrico dos circuitos integrados ou na montagem de rádios, só para falar de duas empresas muito conhecidas, uma em Vila do Conde e outra em Braga, e uma delas infelizmente na falência. A biotecnologia apoia que indústria própria? A farmacêutica? Puro engano. Talvez a alimentar e a cervejeira. E estas não são tradicionais? E a informática? Fazem programas informáticos? Em que empresas? As maiores empresas informáticas mais uma vez são internacionais e com honrosas excepções, a maior parte dos produtos já vêm concebidos de origem.Tenho ideia que os engenheiros electrónicos acabam por usar o seu know-how mais em empresas nacionais ditas tradicionais, como por exemplo a têxtil e o calçado. Não quero minimizar o que os Departamentos representam, mas é bom que se desmistifique algumas ilusões de “grandeur”.
A meu ver estaríamos todos melhor se fossemos mais flexíveis, sem estas amarras dos departamentos e estivéssemos divididos em três ou quatro grandes áreas. Por exemplo: 1) Engenharia Civil (sem os materiais), 2) Ciências de Engenharia, que incluiria grande parte da Produção e Sistemas e a Mecânica e a componente científica da engenharia têxtil (Química, por exemplo) e da engenharia de Polímeros, 3) uma Engenharia que podia ser de Projecto que incluiria a Mecânica, Polímeros e Têxtil e 4) a Engenharia Electrónica que incluísse a Electricidade e as energias renováveis e, “last but not least”, 4) a Engenharia de Materiais, aglomerando todos os grupos que desenvolvem diferentes materiais nos diversos departamentos.
Quanto á Informática, penso que é uma ciência/engenharia à parte, constituindo um departamento autónomo, como tem vindo a ser proposto pelo próprio
Mesmo que não fosse a divisão ideal, seria ao menos uma pedrada no charco, e motivaria muita gente para uma tarefa que valesse a pena. Agora, fazer novos estatutos para tudo ficar na mesma é que devia fazer pensar…que é tudo a brincar e não para levar a sério.

sábado, julho 04, 2009

O novo ECDU (5) e a Extensão Universitária-timidez na reforma

Quando se esperava que o novo ECDU viesse alterar substancialmente as várias formas que um professor pudesse contribuir para a Universidade e para o meio empresarial , vemos que as únicas referências a estes aspectos de ligação ao exterior são muito tímidas. No artigo 4, alínea c), aparece como uma das novas funções dos docentes a seguinte descrição:
- Participar em tarefas de extensão universitária, de divulgação científica e de valorização económica e social do conhecimento.
Mas que novidade! Há quanto tempo os docentes "participam" extensão universitária? Há 20 anos? Quando é que foram implementados os PSECS na UM?
Quando se esperava que as actividades de extensão universitária fossem uma das componentes obrigatórias de avaliação curricular, o que aparece no artigo 50, nº6´, são 3 componentes do currículo: a) científica, b) pedagógica e c):
-Outras actividades que hajam sido desenvolvidas pelo candidato no âmbito das atribuições dos docentes universitários.
Neste "saco" cabem lá tantas actividades, que a extensão universitária é completamente diluída. Senão vejamos o que diz o artigo 4 sobre as restantes atribuições.

d) Participar na gestão das respectivas instituições universitárias;
e) Participar em outras tarefas distribuídas pelos órgãos de gestão competentes e
que decorram da actividade de docente universitário.

No que respeita à gestão não há nada a dizer. Mas e a alínea e) que refere "outras" actividades?
Quer isto dizer que a extensão universitária está sujeita ao critério do júri que pode substituí-la por "outras" tarefas distribuídas pelos órgãos de gestão competentes...que não estão definidas, ou seja, podem ser a tarefas de elaboração de mapas de distribuição de serviço docente, organização de visitas, organização de eventos tais como recepção de convidados, elaboração de folhetos, etc.
Mais uma vez perdeu-se a oportunidade de incentivar a extensão universitária. E quando me refiro á extensão universitária, estou-me a referir a projectos de I&D em conjunto com empresas e formação de empresas "spin-off" de base tecnológica como prioritárias. É disto que o País precisa para se inovar. Não é de uma Universidade fechada intramuros que olha para o seu próprio umbigo como sendo o centro do Universo.