sexta-feira, novembro 11, 2011

A UM em lume brando

Três assuntos dominaram a atenção dos membros da UM esta semana: orçamento com afirmações do reitor da Universidade de Coimbra e secundadas pelo reitor da UM que por este caminho as Universidades respectivas fecham em 2013, as barreiras "assassinas" dos parques de estacionamento, e as multas pagas pelo atraso na entrega dos livros. Podemos interpretar estes dois últimos desenvolvimentos como uma tendência para uma situação de desastre que o reitor preconiza? Dizem que antes dum tremor de terra que há indícios: os pássaros voam ou batem as asas por serem mais sensíveis. Não é normal um reitor ter uma visão tão catastrófica, mas considerando o que se anuncia em termos de cortes, até que não é descabida, embora ninguém acredite que a UM vai fechar com mais 10% de cortes, à semelhança da Universidade de Coimbra. Mas se esses cortes se confirmarem, porque não se faz um corte nas gorduras, como está em voga dizer-se, em vez de morrer o doente de morte lenta por obesidade? Por exemplo, porque não se começa por autonomizar os Serviços Técnicos tendo em vista uma futura "privatização"? Afinal já se sub-contrata aos privados muito do que é feito na manutenção das instalações. A Universidade não é uma Câmara que precise de serviços de manutenção das ruas e passeios e dos espaços utilizados pelos seus habitantes. Mesmo a maioria das Câmaras já "privatizaram" muitos dos serviços através da fundação de empresas municipais. Não faz sentido ter tanta gente em funções administrativas nos Serviços Técnicos, para depois sub-contratarem as empresas os serviços de manutenção. Não é esta a vocação da Universidade, como foi evidente neste caso que veio a público da manifesta incapacidade de gerir o mais simples dos mecanismos, as barreiras dos parques. Uma ou duas pessoas seriam suficientes para controlar essas empresas privadas sub-contratadas e nem precisariam de constituir um Serviço, mas antes fazerem parte de outros Serviços já existentes. Poupar-se-ia muito dinheiro que seria canalizado para aquilo que é a função da Universidade: formar cidadãos e fazer investigação de apoio a essa formação, ou de apoio à sociedade. Podem-se comparar os Serviços Técnicos aos Serviços de Segurança, e estes já não fazem há mujito tempo parte da estrutura da Universidade, por isso não chocaria que os Serviços Técnicos fossem pelo mesmo caminho,
Quanto à questão dos livros, já é uma situação diferente, pois sem livros e revistas não há Universidade. Mas por outro lado, é precisamente por essa razão que não se devem afastar os professores desses meios essenciais de aprendizagem e investigação, ou de apoio ao ensino, que (ainda) são os livros. E multas pesadas por incumprimento no retorno dos livros, é um passo nesse sentido de afastar os professores dos livros. Haja ponderação nos dois sentidos, é o que seria de esperar: os professores não devem exagerar e ficar com os livros anos seguidos e os serviços não devem passar a ser uma espécie de caça-níqueis a enriquecer com o descuido dos seus "clientes", como acontece com tantos serviços bancários e afins e com as finanças, com multas pesadas para quem é esquecido ou simplesmente humano e não um relógio com alarme automático.
Há uma sondagem a decorrer sobre a estratégia para o futuro da UM. As questões colocadas podem não ser suficientes e o facto de limitar a intervenção dos membros da Academia escolhidos para essa discussão é à partida uma limitação à criatividade dos inquiridos. Não deve haver nesta fase, a meu ver, qualquer orientação nas perguntas, que só incidem na estrutura de ensino e I&D da UM e deixam de fora os Serviços, e, tal como já escrevi no último post, também deixam de fora as razões da escolha dos alunos no que respeita aos cursos que frequentam.

domingo, novembro 06, 2011

Todos os nomes

Numa altura que é pedida à Academia para responder a uma série de questões sobre o caminho a seguir pela UM nos próximos anos, falta perguntar aos alunos que se candidatam ao ensino superior porque escolhem os cursos que escolhem quando se sabe que esses cursos não terão saídas profissionais no fim do curso. As razões serão múltiplas e algumas prendem-se com a venda de ilusões que responsáveis dos cursos exercem sobre esses candidatos. Começando pelos nomes que dão a entender profissões de topo: Gestão, Administração, Engenharia, Arquitectura... Há uns anos atrás isto fazia sentido porque havia lugares para estes alunos nas empresas, sendo os licenciados de então os gestores, administradores e os “engenheiros-diretores-de-produção” de hoje. Hoje já não é assim. Se todos os estudantes de gestão e administração fossem gerir empresas, teríamos que ter um número de empresas provavelmente igual a um país como a Alemanha. Assim , dada a dimensão do país sobram gestores e administradores. É risível as sugestão recorrente nos últimos tempos a que formem a sua própria empresa como alternativa, dado o pequeno número que se formariam em relação á necessidade de empregos. Não sei qual a melhor forma de resolver esta discrepância, mas ou se faz o “downgrade” do título e adapta-se o curso a essa função, ou se assume que um gestor ou administrador vai assumir outras funções que não as de gestão ou administração. O título de engenheiro talvez passasse a ser mais indicado que fosse o “engineer” em inglês que é uma designação para quem trabalha com máquinas. O problema é que um “engenheiro industrial” não aprende a trabalhar com máquinas e até existe a “engenharia económica” que se for financeira, de máquinas só tem os Ferraris que se compram com essas “engenharias”.

quarta-feira, novembro 02, 2011

A solução para a juventude segundo o Secretário de Estado

Qual o remédio para a juventude? Segundo o Secretário de Estado para a juventude, é emigrar. Não há pinta de orgulho nacional neste governo quando um seu secretário de estado demite-se das suas funções e as do seu País, que são de providenciar um futuro para os seus jovens, e os aconselha a emigrar.
No ensino superior, corta-se. Não há incentivos para empregos na indústria, nem estágios remunerados nas empresas para jovens. Também não há um regresso à agricultura por não haver incentivos credíveis aos jovens que desejem ser agricultores. Então que se apregoa? Quando não é emigrar é que cada um seja um empreendedor e crie o seu próprio emprego! Como se os tempos estivessem de feição e como se isso resolvesse o problema. As obras públicas tais como por exemplo as renovações das escolas, acabaram, não havendo esse incentivo de emprego para engenheiros civis nem arquitectos nem para outros jovens menos qualificados que são também essenciais à sociedade que são os pedreiros, electricistas, canalizadores. Estes foram os primeiros a emigrar. Um francês ou um suíço pega no telefone e tem um português para lhe resolver um problema lá em casa ou para umas obras. Em Portugal paga-se caro para os conseguir e não é fácil conseguir alguém qualificado. Os que têm cursos técnicos, soldadores, electricistas e outros, também emigram. Por isso não é necessário o secretário de estado o aconselhar que o façam. O que ele está a fazer é a reconhecer uma fatalidade. Sem planos a longo prazo para os jovens no ensino e no trabalho, não é necessário mostrar-lhes o caminho da porta de saída. Esse caminho que há muito só tem de facto esse sentido: o da saída. Faça o favor de não piorar mais o que já é patente, ou seja, o abandono do País pelos mais capazes deixando para trás um País cada vez mais envelhecido. Senhor secretário de Estado, já que desistiu de lutar pelos nossos jovens, tome o passo seguinte: demita-se!

quarta-feira, outubro 26, 2011

O País paralisado e adiado

Onde pára o Ministro da Educação? E da Investigação Científica? E do Ensino Superior? Parece que desde que houve eleições, nada foi planeado em relação ao Ensino Superior a não ser cortes financeiros. Aliás, é generalizada esta forma de governar nos vários Ministérios, dizem que fruto da crise. Por sua vez a crise é apontada como sendo causada pelo anterior governo. Mas por isso ele foi derrotado nas eleições para que este fizesse alguma coisa. Não para ficar tudo parado! Por quanto tempo vamos esperar para que saiamos deste período de nada fazer para o futuro a não ser cortes e impostos por causa do défice? Estamos paralisados e o pior é que isto é contagiante. Ninguém se mexe. Os bancos não emprestam às empresas, as empresas tentam sobreviver sem investir e o Ensino duma maneira geral está imutável a viver uma época de incertezas. No Ensino Superior os cursos não têm saídas profissionais para tantos alunos; em muitos cursos os alunos passam pelo sistema em mitos casos sem conhecimentos práticos. No Ensino Secundário, os alunos não têm rendimento, sendo notória a vantagem dos alunos do privado. Muitos dos professores foram eles próprios nos seu tempo alunos fracos não podendo portanto em teoria formar bons alunos. O que é que o governo faz? Incentiva o Ensino privado em vez de investir na qualificação e na avaliação dos professores, cedendo em grande parte às exigências corporativistas da classe no que respeita à avaliação.
Seria necessário um Estadista da craveira do Churchill para mobilizar o País! Os nossos estadistas também prometem sangue suor e lágrimas mas não para a vitória, como prometeu o Churchill, mas antes para …pagar um défice. Precisaríamos de um povo sem esquemas mas com vontade de vencer e com auto-estima, que parece ter desaparecido ao longo das décadas, mas que sabemos que já existiu quando os portugueses "deram novos mundos ao mundo". Nessa altura a periferia da Europa não era o sul mas sim o norte, sendo a Finlândia o extremo mais pobre da Europa. Agora dá-se ao luxo de vetar o acesso aos fundos por parte do País que não há muito tempo lhes enviou roupas e agasalhos após a grande guerra mundial e que muito antes disso era um país evoluído para a época enquanto que eles andavam a pastar as renas.
Temos que ter um orgulho colectivo que por exemplo os americanos têm e até os nossos vizinhos espanhóis têm. E nós não temos porquê? Não será pela nossa história. Será por sermos os mais pobres da Europa do euro? Mas então porque têm os indianos orgulho quando são muito mais pobres que nós? É algo que os analistas e historiadores terão que explicar às gerações vindouras. Nessa altura espero que a nossa geração não seja culpabilizada por não saber dar a volta à situação de estagnação em que vivemos. O Ensino tem uma responsabilidade acrescida para uma mudança, formando os futuros cientistas, engenheiros, gestores e administradores de forma a que possam eles próprios fazer essa mudança. Mas para isso nós no Ensino também temos que mudar de atitude, e isso não está á vista. Também não ajuda um Ministro ausente e ainda sem estratégia para o Ensino Superior.

segunda-feira, outubro 17, 2011

Praxes na UM limitadas ao mínimo

Foi difundido um comunicado do reitor limitando a prática das praxes dentro dos campi da UM. É de louvar esta iniciativa. O cenário a que nos habituámos nos últimos anos tem sido confrangedor. O que não sabemos é se este despacho vai eficiente nos seus desígnios. Como muitas leis em Portugal, há sempre forma de as contornar. Mas ao menos valha-nos a intenção. A UM está de parabéns por esta iniciativa.
Os estudantes têm que deixar de pensar que o facto de frequentarem um curso lhes dá o direito de aparecerem aos olhos dos outros que ainda não frequentaram ou que nunca frequentaram, caloiros inclusive, como uma espécie de raça superior. Além do mais é caricato, porque quando mais velho e mau aluno mais possibilidades tem de ser o "papa" da praxe, o que denota uma tendência de aceno à mediocridade. As obscenidades gritadas aos sete ventos são mais um sinal dessa mediocridade. Parece que quanto mais boçal melhor. Ora isto contradiz o espírito da Universidade. Se querem ser boçais ninguém os proíbe, mas deixem de obrigar os outros a serem-no também. Chamar ” bestas” a alunos mais jovens, já é um abuso. Agora obrigà-los a actos de submissão, alguns raiando o "bullying", é em si um acto de prepotência por parte de quem tem um ascendente sobre outros, para não dizer de cobardia, ao aproveitar-se da sua posição de praxante e portante intocável. A coacção psicológica pode ser um crime e deve ser punida severamente num Estado de Direito se for levado até às últimas consequências pela vítima, apoiada por um (bom) advogado. Infelizmente quase nunca chega a acontecer, muito por culpa da vontade legítima que o caloiro tem de ser aceite pelos seus pares e não ser considerado como alguém que estraga a "festa".
O convívio entre os alunos que já cá estão com os caloiros é saudável, sem dúvida, e é natural que se divirtam todos para aliviar um pouco o peso das responsabilidades que vão pesar sobre um aluno no seu percurso ao longo dos anos na UM. Mas já não é saudável quando uns se divertem à custa de outros especialmente quando se trata de jovens desenraizados e ainda sem amigos, como é o caso da maioria dos caloiros.

sexta-feira, outubro 07, 2011

Mega serviços na UM

Passados que são dois anos de governo do actual reitor, que balanço podemos fazer no que respeita à sua actuação em relação aos Serviços da UM? Aparentemente o que a maioria dos professores e funcionários considerava que eram as idiossincrisias, para não dizer anomalias, na estrutura da UM continuam a coexistir com o que é o normal funcionamento da instituição. Estou-me a lembrar dos Serviços de Acção Social, SASUM, que foram muito protegidos pelo anterior reitor, que nomeou o seu antigo secretário da Escola de Engenharia para a frente destes serviços como pontapé de saída. Ora acontece que nunca houve tantas promoções nesses serviços como no governo deste reitor.
Os Serviço Técnicos são outro exemplo que continua tudo na mesma. Em Gualtar as obras têm sido de fachada, e em Azurém continuam sem resolver os problemas com que debatem no dia a dia os utentes do campus: salas com péssima insonorização e péssima climatização; inundações todos os anos por falhas antigas que nunca foram tratadas e que pioraram devido a obras avulso que fizeram ao longo dos anos. Onde estão os Serviços Técnicos para resolverem estes e outros problemas? A julgar pelo que vi numa visita que fiz por causa de um cartão de acessos os parques, estão quase todos(as) sentados(as) em secretárias na sede em Gualtar. De técnicos estes serviços têm muito pouco. Contei na lista de contactos na página da UM pelo menos 63 funcionários. Em Azurém são 3 funcionários! Considerando que a maior parte da Escola de Engenharia está em Azurém, dir-se-ia que não há qualquer lógica neste desiquibrio, já para não falar no número total de funcionários. Não os vemos a arranjar nada, mas antes vemos empresas subcontratadas, a julgar pelas carrinhas que estão á vista de todos nas obras. Dir-se-ia que é um pouco como o Ministério da Agricultura há uns anos atrás onde havia mais funcionários nesse ministério do que agricultores!
O futuro antevê que hajam cortes. Já começaram nas Humanidades, com professores convidados a terem a exclusividade cortada e outros a serem dispensados. Corta-se nos professores que dão aulas mas não se corta nos serviços com gente a mais.Enfim, são os chamados cortes cirúrgicos naqueles com vínculos mais precários. Não há uma estratégia de emagrecimento. E tudo indica que assim vai continuar, sem estratégia.

segunda-feira, outubro 03, 2011

Acesso motorizado à UM: obras úteis ou de fachada?

Voltamos ao dia a dia de entrada na UM pelos nossos próprios meios, normalmente o automóvel. O que deveria ser um processo simples, torna-se muitas vezes um processo complicado. Ora são as barreiras que baixam a meio e podem danificar os carros, como se pode ler em UM para todos, ou são as filas intermináveis na entrada norte daqueles que esperam pacientemente que os seguranças expliquem a carros sem a vinheta de entrada, os mistérios do estacionamento nos parques da UM. Sim, porque o tempo que demora muitas vezes essa conversa, faz pensar que de um mistério se trata.
Fizeram agora duas auto-estradas para entrada e saída na UM (lado sul) mas continuam os problemas mencionados no lado norte. Porquê que não introduzem mais uma entrada, para aqueles que têm cartão de parques condicionado, do lado norte? Em Azurém existe essa possibilidade o que torna o trânsito mais célere, mas em Gualtar obrigam-se os funcionários, professores e outros demais a ficar na fila dos que não têm esse cartão, fazendo perder tempo precioso a esses utentes, exceptuando alunos membros da Associação e outros que não dão aulas nem picam o ponto que conseguem cartões não se sabe como (e já agora porque não dizê-lo: que enchem os lugares dos parques condicionados à discrição reduzindo o número de lugares disponíveis para aqueles que realmente precisam). Pode-se argumentar que os que têm cartão que se dirijam para a entrada sul. Mas quem diz isso não sabe ou não quer saber que essa "voltinha" pode demorar 15 minutos ou mais devido ao trânsito na rua por fora da UM em frente à Quinta dos peôes e que faz a ligação entre as duas entradas. Esse trânsito acrescido iria aliás entupir ainda mais a entrada sul, o que já causa enormes problemas na rotunda imediatamente junto à entrada, e onde passam autocarros e muitos carros que vêm de Gualtar para o centro (a propósito, de quem foi a brilhante ideia de meter uma passadeira mesmo á saída da rotunda para quem entra na nova "auto-estrada " de acesso às cancelas da UM do lado sul?). Enfim...quando se fez a obra os engenheiros estavam de férias? Afinal era Agosto!

sexta-feira, setembro 09, 2011

Estilos de poder

Vêm aí cortes que implicam despedimentos e/ou perda de poder de compra dos Professores da UM. Nesta fase crítica da Universidade do Minho o que sabemos é-nos transmitido na forma de números: tantos por cento de cortes de Professores convidados. Nem uma palavra aos visados, de conforto ou de justificação do porquê que foram eles os escolhidos. Nem um comunicado fosse escrito ou falado pelo sr. Reitor (pelo menos que viesse a público). Já tivemos como ocupante anterior do cargo um reitor mudo em relação a uma explicação aos visados de que iria cativar as suas verbas provenientes dos seus projectos; agora temos um reitor que corta a direito sem grandes explicações, e já não são verbas de projectos, são salários que ferem o nível de vida de muitos Professores e que inevitavelmente lhes vai causar sérios problemas pessoais. É um estilo de líder apolítico e tecnocrata, já para não falar da falta de sensibilidade social,um pouco como o Ministro das Finanças actual. Pode ser que as coisas mudem com o tempo e que o reitor fique mais temperado e mais maleável com o continuado malhar do Ministro no orçamento da UM (linguagem de engenharia talvez apropriada a quem se dirige)... e mude de estilo.
Ficar-lhe-ia bem.

domingo, setembro 04, 2011

Os cortes na UM são cegos?

Os cortes das Universidades vêm dar o seu contributo forçado à dívida. Que seja. Mas quem sairá prejudicado? Os professores convidados serão os primeiros a serem despedidos segundo instruções do reitor. À primeira vista parece bem uma vez que são "convidados". No entanto muitos destes Professores estão há anos nesta situação só porque as contratações estão congeladas. Não estão por opção! E muitos fazem mais serviço do que os contratados, uma vez que não podem dizer que não ao seu vínculo precário. Quem vai fazer o trabalho deles? Quem sofre? Os alunos, claro! Se os cortes não são cegos porque estão direccionados aos mais fracos, são cegos no que respeita às consequências, porque quem tem mais professores convidados é quem mais vai sofrer e possivelmente cursos vão fechar nestas Escolas por essa razão. Houve muitas promoções recentes entre os funcionários para Directores, talvez seja aqui que se deva também começar a cortar. Afinal o Governo não está a cortar chefias intermédias em várias instituições por não se justificar tantas chefias? Na UM aumentaram-se o número de Divisões para acomodaram mais chefes e desta forma promoverem funcionários que até não teriam nem os anos de serviço nem as qualificações que normalmente são exigidas para essas funções. Chegou-se ao ridículo de fazerem Divisões que aparentam não chegar sequer à meia dúzia de funcionários portanto sem qualquer massa crítica (é como se os romanos tivessem nas suas legiões centúrias com menos de cem romanos e os centuriões as comandassem)! Não seria também de reestruturar as Divisões e poupar também aqui? Fizeram-se ainda promoções à pressa em Serviços como que adivinhando o que vinha aí: o congelamento até 2003 nas promoções d a Função Pública anunciado esta semana. É assim que querem mobilizar as pessoas desta casa? Chama-se a isto em inglês um "pre-emptive attack", em linguagem militar. Antes dos cortes é preciso “atacar”, mas para o benefício de alguns. Quando isto acontece, normalmente não são os mais capazes que são promovidos como é evidente. São aqueles cujo "currículo" as chefias, leia-se Director, conhecem melhor. Agora os outros funcionários que estiveram anos à espera, que melhoraram o seu currículo, até que passaram a licenciados, podendo ser promovidos pelo seu esforço, ficam mais uma vez sem qualquer esperança de ver os seus justos desígnios alcançados.
No caso dos professores, fez-se um Regulamento de avaliação o RAD, “para inglês ver”. É mais uma auto-avaliação do que uma avaliação por terceiros. Só 15% da avaliação no RAD da Engenharia é que pesa a avaliação do avaliador! Ora por muito incompetentes que os professores sejam nunca vão ter a avaliação que pudesse distinguir o trigo do joio. E depois criticamos os professores do ensino secundário que não querem ser avaliados e torcem-se todos por uma auto-avaliaçãozinha. Nós vamos pelo mesmo caminho! Quando chegar a altura depois de 2013 para retomar as promoções e enviar alguns para a mobilidade, não haverá bases para o fazer. E os cortes serão realmente cegos, porque nessa altura vai haver despedimentos, com o rumo que as coisas levam.
Sejamos corajosos e arrume-se a casa, preparando-a para os maus tempos que se avizinham, e por uma vez façamo-lo duma forma objectiva, sem compadrios nem mediocridade.

sábado, setembro 03, 2011

Os cortes no Ensino Superior

Os cortes abrangem as Universidades. Até aqui nada demais, uma vez que a prioridade deste Governo nos cortes não é como se julgava na gordura do Estado, mas apesar de gestos simbólicos de cortes nas gravatas e nos motoristas, os cortes vão para aquilo que é o essencial para os portugueses menos privilegiados, ou seja, as urgências hospitalares na saúde, o subsidio de Natal que para muitos servia para cobrir despesas que o ordenado não cobria, nos transportes públicos, etc. Despesismo da Madeira não é atacado ao contrário do despesismo do anterior governo que serve de desculpa para o acréscimo dos impostos. Promoções nas Forças Armadas sancionadas, ao arrepio do que já tinha decidido o governo anterior, ao declarar ilegais essas promoções; enfim, o corte não é assim tão cego como se julga, porque se fosse também os muito ricos, á excepção do Américo Amorim que não é rico e pertence à classe trabalhadora segundo afirma, seriam taxados nas suas fortunas. O argumento de Passos Coelho que assim os outros ricos, nomeadamente estrangeiros, não investem se isso for para a frente, dá vontade de perguntar se o P.C quer Portugal equiparado às repúblicas das bananas, com salários baixos e sem impostos para quem investe. Esse dinheiro que entra também não fica lá como se pode ver no seu nível de vida e como se comprovou nos últimos anos com a saída das empresas estrangeiras para outros locais de mão de obra mais barata. A não ser que seja essa a estratégia do P.C., baixar o custo da mão de obra em simultâneo com as benesses para esses potenciais investidores milionários. O que é certo que esses senhores, Amorim, Belmiro e Soares (Pingo Doce) ganharam dinheiro muito à custa do trabalho dos outros e de mão de obra barata (quanto se paga para fazer rolhas?) e agora seria altura de compensar um pouco o Estado do qual beneficiaram (sem falar nos programas de auxílio do Estado, Pedip e QRENs de que beneficiaram largo).