Tem-se falado ultimamente muito na situação dos Professores Auxiliares à luz do novo RJIES, no que respeita àqueles que não têm Nomeação Definitiva. O RJIES determina que só com dois terços de votos no Conselho Científico terão passagem assegurada. Se a esta exigência acrescentarmos a nova constituição do Conselho Científico que terá só 25 membros, poderá haver uma maior exigência científica que anteriormente, e passo a explicar porquê.
Os Directores de Departamento, que normalmente têm um conhecimento mais amplo das actividades do docente, não se limitando à componente científica, não fazem parte do C.C. Quem faz parte são os Directores dos Centros de Investigação em número de dez, que têm uma visão mais científica, pelo menos na teoria. Segundo os novos Estatutos da Escola, uma parte significativa do Conselho Científico poderá ser constituída por investigadores, que nem sequer são Professores Auxiliares e não serão sensíveis ao problema. Foi uma das cláusulas dos Estatutos que critiquei, precisamente por esta razão. Os Directores dos Centros e os investigadores juntos, os últimos não se oporão aos primeiros como é óbvio, exigirão que os candidatos tenham um bom currículo científico, independentemente das restantes actividades, pedagógicas/de gestão/ extensão universitária.
A única maneira de introduzir alguma razoabilidade no C.C. a meu ver, é a de constituir listas candidatas aos restantes 12 lugares destinados a professores e investigadores de carreira, que sejam equilibradas e de que façam parte maioritariamente professores com perfis diferenciados e investigadores independentes e com uma mente aberta. Precisamos de membros do C.C.com uma atitude construtiva e não de membros que se vangloriem utilizando o seu orgulho ou o seu currículo como uma espada, esquecendo tudo o que há mérito para além do currículo científico, nomeadamente no que essa pessoa já contribuiu para a formação de futuros profissionais deste país e para o prestígio da Universidade junto da sociedade. Tenho ouvido falar de casos, noutras Escolas é certo, mas que demonstram o que pode vir a acontecer: aqueles que mais se esforçaram na formação dos alunos, nas actividades junto da sociedade envolvente, e que apresentam um currículo global muito interessante para o futuro da instituição, só por terem o vínculo mais precário, foram os primeiros a serem dispensados. Ficaram os de vínculo mais sólido, que só por terem lá chegado um pouco mais cedo, permanecem no seu lugar, e muitos só o ocupam não fazendo dele mais do que uma ocupação, uma "residência", enquanto que outros que o merecem nem chegam a aquecê-lo.
sábado, outubro 17, 2009
quinta-feira, outubro 08, 2009
A sucessão de António Cunha na Escola de Engenharia
Agora que António Cunha foi eleito Reitor e deixou definitivamente a Presidência da Escola de Engenharia, põe-se a questão: quem o vai suceder? Será que preparou a sua sucessão na Escola? Claro que mesmo sendo preparado pelo António Cunha, quem o suceder não vai ser uma réplica do que foi A.C. Mas, não terá já uma equipa sucedânea da anterior? E se ganhar, não ficará demasiado dependente do Reitor A.C., uma vez que a sua candidatura à Escola foi orientada ("coached") por A.C.?
Talvez se levante a ponta do véu quando soubermos mais sobre as candidaturas ao Conselho de Escola e quem se apresenta como cabeça de lista.
Como se pode verificar no Twitter ao lado, iniciei hoje um desafio aos membros da Escola para se juntarem num Movimento que eventualmente se canditará ao Conselho de Escola, tenha esse Movimento condições para tal. Com isso pretendo demarcar-me precisamente de outras listas que eventualmente venham a aparecer e que possam estar ligadas à anterior hierarquia. Também pretendo demarcar-me de candidaturas anteriores para outros ógãos,com lógicas totalmente diferentes daquilo que deve ser uma lista para uma Escola.
Talvez se levante a ponta do véu quando soubermos mais sobre as candidaturas ao Conselho de Escola e quem se apresenta como cabeça de lista.
Como se pode verificar no Twitter ao lado, iniciei hoje um desafio aos membros da Escola para se juntarem num Movimento que eventualmente se canditará ao Conselho de Escola, tenha esse Movimento condições para tal. Com isso pretendo demarcar-me precisamente de outras listas que eventualmente venham a aparecer e que possam estar ligadas à anterior hierarquia. Também pretendo demarcar-me de candidaturas anteriores para outros ógãos,com lógicas totalmente diferentes daquilo que deve ser uma lista para uma Escola.
Novo Reitor
Foi eleito para Reitor por maioria de votos o Professor António Cunha.
Parabéns e felicidades no seu novo cargo são os votos expressos pelo Movimento NDNR e que também subscrevo. Embora eu tenho tido uma atitude crítica em relação à sua postura que por vezes teve como Presidente da Escola de Engenharia, reconheço que no fim do seu mandato através de workshops que organizou, procurou trazer alguma mudança para a Escola, o que nos dá a esperança de o fazer também para a UM.
Parabéns e felicidades no seu novo cargo são os votos expressos pelo Movimento NDNR e que também subscrevo. Embora eu tenho tido uma atitude crítica em relação à sua postura que por vezes teve como Presidente da Escola de Engenharia, reconheço que no fim do seu mandato através de workshops que organizou, procurou trazer alguma mudança para a Escola, o que nos dá a esperança de o fazer também para a UM.
terça-feira, outubro 06, 2009
Uma agradável surpresa nas candidaturas a Reitor
Só assisti à apresentação do candidato Artur Águas. Embora não tendo podido assistir à apresentação de António Cunha por impedimento profissional, penso que não teria sido surpreendido, por conhecer as suas ideias e o seu percurso na Escola de Engenharia ao longo dos anos. Agora, Artur Águas realmente surpreendeu-me. Porquê? Porque estava à espera de um A. Cunha nº2 e eis que surge uma personagem aparentemente liberta de clichés e do “politicamente correcto”. Sem complexos de Professor, transmitiu a ideia de que a avaliação dos alunos é para ser pública, atirando por terra a defesa de um membro do CG de que a UM é pioneira neste tipo de avaliação e que ela é avaliada pelos Directores de Departamento e de Curso! Defendeu as "Artes" como nenhum engenheiro o consegue fazer, sugerindo que tal como nos EUA a Universidade fosse o Centro Cultural da cidade onde se insere. Ideias originais, que lhe saíram da manga, como um Instituto Galego no seio da UM ou um pequeno estúdio de cinema experimental num departamento de "Artes". Talvez o único problema fosse a falta de tempo para abranger as Letras, quando confrontado com uma pergunta sobre a sua importância para uma Universidade que segue a óptica do mercado e do lucro, referindo-se só ao lado das Artes criativas, publicidade e cinema. No entanto não deixou de responder a uma pergunta rasteira de um membro do CG, que muito cheio da sua excelência em língua portuguesa, e esquecendo que o que estava em causa não era pavonear o seu ego mas ouvir o candidato a reitor, o lembrou que o mérito que o candidato referiu como sendo condição para um Reitor, também se reflecte na escrita que por sinal, na sua apresentação, teria erros ortográficos! Respondeu humildemente, o que é raro em Professores Catedráticos, que o português que escrevia podia não ser Queiroziano mas era aquele que era adequado para transmitir uma mensagem, directo e objectivo, coisa que este seu interlocutor não é! Aliás, o seu estilo revelou aquilo que viemos a descobrir mais tarde, a sua vivência nos EUA durante o doutoramento. O seu estilo irreverente, “atrevendo-se” a desafiar uma situação já há muito estabelecida na UM, mesmo não atingindo um objectivo que nem o próprio acredita, referindo-se a uma muito remota hipótese de ser eleito, foi sem dúvida uma lufada de ar fresco na teia de interesses em que se tornou a UM nos últimos anos.
Um muito obrigado a Artur Águas por nos ter permitido sonhar com uma UM nova, mesmo que fosse só por uma ou duas horas de intervalo na rotina do dia-a- dia de um professor da UM.
Um muito obrigado a Artur Águas por nos ter permitido sonhar com uma UM nova, mesmo que fosse só por uma ou duas horas de intervalo na rotina do dia-a- dia de um professor da UM.
sábado, outubro 03, 2009
Triste saída de cena
O reitor em exercício teve que submeter a proposta de aprovação dos novos estatutos dos Serviços de Acção Social da UM ao Conselho Geral porque assim o RJIES o exige. É esta uma vantagem do RJIES em relação ao que era anteriormente, em que o Reitor não tinha que submeter as suas propostas a nenhum órgão da UM e fazia como bem queria. O que sucede é que o C.G. aprovou o documento, embora tudo indicasse que não o deveria ter feito uma vez que o Senado não foi ouvido por não terem ainda sido indigitados os membros do Senado. Mas sendo assim, porque não se esperou para que o Senado entrasse em funções? Ou ainda, porque não esperou o reitor em exercício para que o novo reitor tomasse posse? Penso que sabemos qual a resposta: não haveria a certeza de o novo reitor propor o novo Estatuto tal cmo está, especialmente se o Senado desse um voto desfavorável. Sendo assim, pergunta-se: o que forçou o reitor a propôr no limite do seu mandato este Estatuto, ainda por cima, polémico (ver em post do dia 13)? Ou se não foi forçado, que é que o move? O dever de retribuir favores? A vontade de mostrar que ainda manda? Querer um último "show-down" com o C.G.? Sabe-se que de facto teve uma atitude de "birra", ou mesmo de chantagem segundo opinião de membros do C.G., na reunião com o C.G. para conseguir a aprovação, o que significa que esta última hipótese concretizou-se, não se sabendo no entanto se foi uma consequência da sua ânsia de aprovar o Estatuto ou se foi de facto uma intenção de confrontar o C.G, mostrando desta forma quem ainda manda na UM.
E continuamos nós na UM ao sabor dos humores do reitor até ao último dia do seu mandato.
Que triste saída de cena!
E continuamos nós na UM ao sabor dos humores do reitor até ao último dia do seu mandato.
Que triste saída de cena!
terça-feira, setembro 29, 2009
Um Ministro do Ensino Superior diferente por favor
Este Ministro tentou de facto inovar, com a introdução do RJIES e o novo ECDU.
Alguns aspectos destes dois documentos são positivos, a meu ver. Mas na realidade o que mudou verdadeiramente em relação aos anteriores documentos? Muito pouco, a não ser a possibilidade das Universidades passarem a Fundações, que talvez fosse o único verdadeiro objectivo do Ministro ao introduzir o RJIES. Senão vejamos: Introduziu o Conselho Geral, que seria uma grande novidade. Antes havia a Assembleia da Universidade. Qual a diferença já que o CG elege o Reitor e a Assembleia também elegia? Só se for que o CG pode fiscalizar o Reitor enquanto que a Assembleia não tinha esses poderes. Mas a fiscalização é relativa, e necessita de uma maioria absoluta para ter verdadeiras consequências (demmissão do reitor, por exemplo). O Senado já existia. O Conselho Administrativo também, etc, etc. Portanto que novidades há? No caso da UM, se houve novidades essas foram introduzidas pelos Estatutos da própria Universidade, que aproveitou os novos Estatutos para juntar duas Unidades Orgânicas numa só, e para conferir o estatuto de Escola ao Departamento Autónomo da Arquitectura (anunciado na última reunião do CG e a meu ver prematuramente). Nas Unidades Orgânicas também não há grandes alterações ao que acontecia anteriormente, a não ser a figura do Conselho de Escola, que por analogia com o Conselho Geral elege o Presidente de Escola e fiscaliza a sua actividade.
Fica pois a sensação que foi quase tudo cosmética, menos para aquelas Universidades escolhidas para se transformarem em Fundações. As verdadeiras intenções do Ministro não serão de separar estas Universidades de outras possibilitando que de futuro tenham orçamentos superiores às restantes e que se distanciem, qual Oxford e Cambridge? Tal como na Ciência (ver post anterior), as manias de ter uns escolhidos entre os demais para alcançarem a excelência voltam a ser visíveis. Na Ciênca foram aqueles que foram escolhidos para "colaborarem" com o MIT. Nas Universidades são as Fundações que também são só para alguns (tanto num como noutro caso sem concurso).
No caso do ECDU, foi tudo feito para ficar tudo na mesma, pelo menos na Universidade, com a agravante de haver uma intenção de se desfazer dos docentes que poderiam estar a mais (leitores e Professores sem Nomeação Definitiva). Até alguns, os Professores Auxiliares mesmo com Nomeação Definitiva não se livram de daqui a uns anos com dois pareceres negativos serem dispensados, por não terem tenure.
No Politécnico têm que todos ir a concurso, mesmo os que estão lá há anos, para assim se poderem eliminar mais alguns docentes.
Não vamos ter saudades deste Ministro que ainda por cima acumulou o Ensino Superior com o da Ciência. Esperemos que o futuro Governo não caia na mesma asneira. Havendo dois Ministros diferentes, as probalidades de um ser bom serão melhores, ou não?
Alguns aspectos destes dois documentos são positivos, a meu ver. Mas na realidade o que mudou verdadeiramente em relação aos anteriores documentos? Muito pouco, a não ser a possibilidade das Universidades passarem a Fundações, que talvez fosse o único verdadeiro objectivo do Ministro ao introduzir o RJIES. Senão vejamos: Introduziu o Conselho Geral, que seria uma grande novidade. Antes havia a Assembleia da Universidade. Qual a diferença já que o CG elege o Reitor e a Assembleia também elegia? Só se for que o CG pode fiscalizar o Reitor enquanto que a Assembleia não tinha esses poderes. Mas a fiscalização é relativa, e necessita de uma maioria absoluta para ter verdadeiras consequências (demmissão do reitor, por exemplo). O Senado já existia. O Conselho Administrativo também, etc, etc. Portanto que novidades há? No caso da UM, se houve novidades essas foram introduzidas pelos Estatutos da própria Universidade, que aproveitou os novos Estatutos para juntar duas Unidades Orgânicas numa só, e para conferir o estatuto de Escola ao Departamento Autónomo da Arquitectura (anunciado na última reunião do CG e a meu ver prematuramente). Nas Unidades Orgânicas também não há grandes alterações ao que acontecia anteriormente, a não ser a figura do Conselho de Escola, que por analogia com o Conselho Geral elege o Presidente de Escola e fiscaliza a sua actividade.
Fica pois a sensação que foi quase tudo cosmética, menos para aquelas Universidades escolhidas para se transformarem em Fundações. As verdadeiras intenções do Ministro não serão de separar estas Universidades de outras possibilitando que de futuro tenham orçamentos superiores às restantes e que se distanciem, qual Oxford e Cambridge? Tal como na Ciência (ver post anterior), as manias de ter uns escolhidos entre os demais para alcançarem a excelência voltam a ser visíveis. Na Ciênca foram aqueles que foram escolhidos para "colaborarem" com o MIT. Nas Universidades são as Fundações que também são só para alguns (tanto num como noutro caso sem concurso).
No caso do ECDU, foi tudo feito para ficar tudo na mesma, pelo menos na Universidade, com a agravante de haver uma intenção de se desfazer dos docentes que poderiam estar a mais (leitores e Professores sem Nomeação Definitiva). Até alguns, os Professores Auxiliares mesmo com Nomeação Definitiva não se livram de daqui a uns anos com dois pareceres negativos serem dispensados, por não terem tenure.
No Politécnico têm que todos ir a concurso, mesmo os que estão lá há anos, para assim se poderem eliminar mais alguns docentes.
Não vamos ter saudades deste Ministro que ainda por cima acumulou o Ensino Superior com o da Ciência. Esperemos que o futuro Governo não caia na mesma asneira. Havendo dois Ministros diferentes, as probalidades de um ser bom serão melhores, ou não?
domingo, setembro 27, 2009
Um Ministro da Ciência diferente por favor
Hoje no jornal Público há um artigo que refere um acordo entre a Universidade do Porto e a de Sheffield no Reino Unido, por iniciativa de uma spin-off. Sheffield (incluindo arredores) será uma cidade da mesma dimensão que o grande Porto. Era uma cidade industrial que sofreu uma depressão a partir do declínio da sua principal indústria (do aço). Eu próprio constatei esse declínio ao passar na auto-estrada nos anos 80 que atravessava a parte industrial da cidade. Era de facto desolador o cenário de fábricas abandonadas. Aparentemente criou-se na cidade um dinamismo impulsionado por uma instituição denominada "Creative Sheffield", através da formação de licenciados nas áreas das novas tecnologias, com a cumplicidade da Universidade de Sheffield, e o arranque de um Parque Tecnológico. Não houve por parte da Universidade uma associação a uma Universidade como o MIT, mas só com recursos próprios e o apoio do Governo. Nós por cá o que fizemos? Dizem-nos que nos associámos ao MIT, o melhor laboratório do Mundo (eu diria que não foi uma associação mas uma contratação dum serviço de formação). Mas o que é que isso custou? Poder-se-ia investir em associações mais próximas e sem subserviência como parece estar a acontecer entre a Universidade do Porto e a de Sheffield? Podia-se. Mas era preciso uma humildade que o nosso Ministro não tem. O que se pretendia era um resultado rápido, tipo "penso-rápido" e não um trabalho que só desse resultados daqui a uns anos. Talvez para o Ministro ainda ir a tempo de beneficiar de hipotéticos resultados surpreendentes que provocariam o tal salto tecnológico que seria o objectivo do governo. Outra "mania" do Ministro foi o investimento que fez no CERN, o laboratório Europeu onde está o "acelerador de partículas", um sistema de que provocaria a fusão nuclear, como alternativa à actual cisão nuclear. Tudo à grande e à Francesa. Também participamos no ESA, o programa europeu de exploração do espaço. Para quê? Em primeiro lugar porquê? Mais uma vez o Ministro de bicos de pés perante as grandes potência Europeias e perante os EUA (no caso do MIT).
Esperemos que o novo governo, que tudo indica seja do PS outra vez, não coloque lá este Ministro de novo.
Esperemos que o novo governo, que tudo indica seja do PS outra vez, não coloque lá este Ministro de novo.
sábado, setembro 19, 2009
As eleições para a Escola de Engenharia podem trazer mudança?
Em breve haverá eleições para o Conselho de Escola da Escola de Engenharia. Quais os aspectos que se assemelham e aquele que diferenciam esta eleição da eleição para o Conselho Geral da Universidade? A estrutura e as funções são semelhantes, sendo que ambos os órgãos elegem o responsável que preside à instituição (Reitor num caso e Presidente da Escola noutro), se é que se pode chamar instituição à Escola. Ambos têm funções fiscalizadoras do governo da instituição. Mas as semelhanças acabam aqui. O Reitor está muito afastado do dia-a-dia dos docentes, enquanto o Presidente da Escola estará muito mais perto dos docentes e das suas actividades, ao Presidir ao Conselho de Gestão e ao Conselho Científico. O Presidente também tem poderes em relação à estrutura da Escola, nomeadamente no que respeita à formação de novas sub-unidades orgânicas, ouvido o Conselho de Escola, o que não acontece com o Reitor no que se refere a novas Unidades Orgânicas. Quer isto dizer que o Presidente de Escola, pode iniciar um processo de auscultação aos departamentos, que já tinha sido iniciado durante as "workshops" promovidas pelo anterior Presidente. É um processo que requer mais tempo do que aquele que foi atribuído durante a workshop, e o Presidente tem tempo (3 anos) para o fazer.
A meu ver esta será a verdadeira mudança que a Escola precisa. Tudo o resto será cosmética. Mesmo havendo mais que uma lista concorrente, atrevo-me a sugerir que os programas das listas concorrentes serão muito semelhantes, referindo aspectos consensuais como a excelência da Investigação e dos cursos da Escola, a ligação ao exterior, o empreendedorismo, e outros aspectos que embora tenham a sua evolução natural, também concordo que nunca é demais trazer ao debate nestas alturas em que há discussão de ideias. No entanto, os aspectos mais delicados, que mexem com o futuro dos docentes, como a reorganização departamental por exemplo, ficam por discutir. É altura de os docentes saírem da sua letargia e da sua posição confortável, e de discutirem a actual estrutura da Escola, herdada dos anos 70!
Os tempos são outros, já não se justificando por exemplo departamentos divididos só segundo sectores industriais e coincidentes com cursos para formação de engenheiros para esses sectores (Têxtil, Mecânica, Polímeros, e até Civil). Sendo evidente que estes cursos devem existir, até pela elevada procura para os sectores mais populares (Civil e Mecânica), é também verdade que esta situação não se manterá por muito mais tempo, dependendo da evolução do emprego nos próprios sectores de actividade. Até que houve evolução nos cursos, como por exemplo o advento de cursos horizontais como o de Engenharia de Materiais, então porque não houve evolução nos departamentos com a formação de um Departamento de Engenharia de Materiais? Talvez porque na altura da formação do curso, os materiais estavam divididos pelos vários departamentos, não havendo qualquer ligação entre eles. Agora, porém, tudo é diferente, sendo os materiais utilizados em varias formas e abrangendo várias áreas, especialmente com o advento dos compósitos e dos nanomateriais. Onde se situam por exemplo os compósitos de polímeros e fibras? Nos polímeros ou na têxtil? E os nanomateriais aplicados em revestimentos de têxteis ou de polímeros ou de metais? E as tintas com polímeros e pigmentos aplicadas em metais, ou na construção civil ou Naval?
Por outro lado a Engenharia assimilou a Escola de Arquitectura por uns tempos e agora deixou fugir a sua tutela. Onde pertence a Arquitectura? às Artes ou à Engenharia Civil? Esta discussão também ainda não terminou, até talvez tenha morrido à nascença ao incluir nos Estatutos da UM a decisão da autonomização da Escola de Arquitectura ao Conselho Geral da UM. Pois se o Design está na Escola de Engenharia, porque não a Arquitectura? Ou então o Design vai para a Escola de Arquitectura!
Esta discussão é importante para o futuro da Escola e deve ser assumida pelo Conselho Geral, mas principalmente pelo futuro Presidente da Escola.
Por isso, para mim, as eleições para o Conselho de Escola devem ter em vista a eleição de docentes e investigadores que possam influenciar esta discussão e também a própria eleição dum Presidente que a promova.
A meu ver esta será a verdadeira mudança que a Escola precisa. Tudo o resto será cosmética. Mesmo havendo mais que uma lista concorrente, atrevo-me a sugerir que os programas das listas concorrentes serão muito semelhantes, referindo aspectos consensuais como a excelência da Investigação e dos cursos da Escola, a ligação ao exterior, o empreendedorismo, e outros aspectos que embora tenham a sua evolução natural, também concordo que nunca é demais trazer ao debate nestas alturas em que há discussão de ideias. No entanto, os aspectos mais delicados, que mexem com o futuro dos docentes, como a reorganização departamental por exemplo, ficam por discutir. É altura de os docentes saírem da sua letargia e da sua posição confortável, e de discutirem a actual estrutura da Escola, herdada dos anos 70!
Os tempos são outros, já não se justificando por exemplo departamentos divididos só segundo sectores industriais e coincidentes com cursos para formação de engenheiros para esses sectores (Têxtil, Mecânica, Polímeros, e até Civil). Sendo evidente que estes cursos devem existir, até pela elevada procura para os sectores mais populares (Civil e Mecânica), é também verdade que esta situação não se manterá por muito mais tempo, dependendo da evolução do emprego nos próprios sectores de actividade. Até que houve evolução nos cursos, como por exemplo o advento de cursos horizontais como o de Engenharia de Materiais, então porque não houve evolução nos departamentos com a formação de um Departamento de Engenharia de Materiais? Talvez porque na altura da formação do curso, os materiais estavam divididos pelos vários departamentos, não havendo qualquer ligação entre eles. Agora, porém, tudo é diferente, sendo os materiais utilizados em varias formas e abrangendo várias áreas, especialmente com o advento dos compósitos e dos nanomateriais. Onde se situam por exemplo os compósitos de polímeros e fibras? Nos polímeros ou na têxtil? E os nanomateriais aplicados em revestimentos de têxteis ou de polímeros ou de metais? E as tintas com polímeros e pigmentos aplicadas em metais, ou na construção civil ou Naval?
Por outro lado a Engenharia assimilou a Escola de Arquitectura por uns tempos e agora deixou fugir a sua tutela. Onde pertence a Arquitectura? às Artes ou à Engenharia Civil? Esta discussão também ainda não terminou, até talvez tenha morrido à nascença ao incluir nos Estatutos da UM a decisão da autonomização da Escola de Arquitectura ao Conselho Geral da UM. Pois se o Design está na Escola de Engenharia, porque não a Arquitectura? Ou então o Design vai para a Escola de Arquitectura!
Esta discussão é importante para o futuro da Escola e deve ser assumida pelo Conselho Geral, mas principalmente pelo futuro Presidente da Escola.
Por isso, para mim, as eleições para o Conselho de Escola devem ter em vista a eleição de docentes e investigadores que possam influenciar esta discussão e também a própria eleição dum Presidente que a promova.
domingo, setembro 13, 2009
Mais do mesmo por parte do reitor
Foi divulgada (ver em "Liberdade na UM") a promoção dos Directores de Secção dos Serviços de Acção Social à posição de Director de Serviço com um acréscimo de salário relevante, como consequência das alterações efectuadas à orgânica dos SAS, por despacho RT-46/2009 de 31 de Julho. Há alguns aspectos deste despacho que são contestados pelo autor do texto, sendo um deles o facto o Senado não ter sido consultado. Mas o mais grave quanto a mim é o de, mais uma vez, serem aqueles que mais fielmente serviram o reitor, que são escolhidos para estes lugares, criando uma situação de injuistiça perante os restantes funcionários da UM. Segundo o mesmo texto, haverá mais lugares de Director de Serviços dos SAS do que em toda a Universidade! Depois de haver suspeitas que os concursos para estes lugares foram desde o início menos que transparentes, agora, no momento da partida do reitor, surgem as promoções como que a desafiar tudo e todos: críticos, tribunais e a imprensa. Como se a UM já não tivesse suficiente publicidade negativa na imprensa! (ver post anterior sobre este tema).
domingo, setembro 06, 2009
O empreendedorismo da UM e a publicidade dada pelo Diário do Minho
A julgar pelos investimentos que a UM tem feito nos últimos anos (ver post anterior) deviamos ser uma das Universidades com mais empreendedores, empresas spin-offs, ou empresários por conta própria bem sucedidos. Sem contar com as empresas de Serviços, que não são bem empresas independentes da UM mas mais propriamente empresas que utilizam as estruturas universitárias muito para além do período de incubação, as empresas registadas como spin-offs contam-se pelos dedos de uma mão.
Quais as razões? Muitas vezes se justifica esta falta de empreendedores como sendo culpa da mentalidade conservadora dos licenciados, o que não deixa de ter algum fundamento. Senão, vejamos: quem vai para a Universidade vai porque quer tirar um curso, como é óbvio. Mas a pergunta seguinte será: para quê? e a resposta não será a politicamente correcta de querer aprender, mas antes que com um "canudo" terá mais hipóteses de ter um emprego e não será qualquer emprego, na mente da maioria, mas antes um emprego com um ordenado razoável e principalmente com estabilidade. Ora aqui está o busílis da questão: um empreendedor nunca deve pensar na estabilidade! É contrária á própria ideia de empreendedorismo. Não é por acaso que as empresas mais bem sucedidas nas Novas Tecnologias foram fundadas por estudantes que deixaram a Universidade a meio do curso: Microsoft e Google para mencionar apenas duas.
Haverá muitos outros casos que não terão sido assim, mas foram formadas por licenciados (seria interessante saber se estes licenciados eram alunos exemplares ou simplesmente acabaram o curso...)ou mesmo por professores, mas a excepção parece confirmar a regra. Em qualquer entrevista a estes empreendedores, normalmente o que eles dizem é que já não tinham muito mais a prender e a Universidade não lhes ia ensinar nada de novo. Claro que por esta altura eles já tinham uma ideias do que poderiam desenvolver no mundo empresarial. No entanto não deixa de reflectir no tipo de ensino que se faz nas Universidades.
Claro que não tendo a performance das Universidades Americanas, o cenário será pior nas Universidades na Europa e em particular em Portugal. A cultura na Universidade Portuguesa também não incentiva em nada o ensino para o empreendedorismo. Em primeiro lugar os Professores estão eles próprios preocupados com a sua estabilidade e não têm uma postura de empreendedorismo na sua própria carreira. Dão aulas, fazem alguma investigação e alguns fazem alguma gestão nos vários órgãos e sub-orgão da Universidade.
Podemos portanto até aceitar que a UM faça um esforço de investimento em empresas ou Associações viradas para o empreendedorismo, tais como o 2B Partner e o SpinPark. Não será essa o maior “pecado” do reitor AGR, mas antes o de não ter envolvido outros colegas de participarem neste esforço, talvez como já foi referido, por ter uma política de concentrar em apenas numa ou duas pessoas da sua confiança a tarefa de representar a UM nos órgão de Administração dessas empresas e Associações. A culpa também não pode ser atribuída quase exclusivamente a quem aceitou essa incumbência, como quis fazer querer o jornalista do DM. Numa empresa ou Instituição, quem é nomeado não pode facilmente recusar, especialmente se é o Vice-Reitor com esse pelouro, que é o caso de Manuel Mota. É estranho o artigo em que aparece como grande culpado M.M. É caso para perguntar a quem interessa. O incentivo que M.M. tem dado ao empreendedorismo só tem que ser elogiado, mas já a fobia do reitor de não abrir o leque a outros, isso sim, já tem que ser condenado.
Esta forma de governar pela Reitoria, não é nova. Vem detrás, de outras Reitorias e o resultado está á vista. O empreendedorismo dos próprios docentes está moribundo, dando lugar a um seguidismo que torna o ambiente escolástico e amorfo, com o contágio inevitável aos alunos, que eles próprios ficam sem entusiasmo e sem “rasgo”.
Assim, só com um nova política em que muitos mais colegas estão envolvidos se pode espalhar a cultura do empreendedorismo. Esperemos que o futuro reitor tenha percebido que este não é o caminho e que delegue e distribua por muitos mais colegas essa tarefa nobre do empreendedorismo!
Quais as razões? Muitas vezes se justifica esta falta de empreendedores como sendo culpa da mentalidade conservadora dos licenciados, o que não deixa de ter algum fundamento. Senão, vejamos: quem vai para a Universidade vai porque quer tirar um curso, como é óbvio. Mas a pergunta seguinte será: para quê? e a resposta não será a politicamente correcta de querer aprender, mas antes que com um "canudo" terá mais hipóteses de ter um emprego e não será qualquer emprego, na mente da maioria, mas antes um emprego com um ordenado razoável e principalmente com estabilidade. Ora aqui está o busílis da questão: um empreendedor nunca deve pensar na estabilidade! É contrária á própria ideia de empreendedorismo. Não é por acaso que as empresas mais bem sucedidas nas Novas Tecnologias foram fundadas por estudantes que deixaram a Universidade a meio do curso: Microsoft e Google para mencionar apenas duas.
Haverá muitos outros casos que não terão sido assim, mas foram formadas por licenciados (seria interessante saber se estes licenciados eram alunos exemplares ou simplesmente acabaram o curso...)ou mesmo por professores, mas a excepção parece confirmar a regra. Em qualquer entrevista a estes empreendedores, normalmente o que eles dizem é que já não tinham muito mais a prender e a Universidade não lhes ia ensinar nada de novo. Claro que por esta altura eles já tinham uma ideias do que poderiam desenvolver no mundo empresarial. No entanto não deixa de reflectir no tipo de ensino que se faz nas Universidades.
Claro que não tendo a performance das Universidades Americanas, o cenário será pior nas Universidades na Europa e em particular em Portugal. A cultura na Universidade Portuguesa também não incentiva em nada o ensino para o empreendedorismo. Em primeiro lugar os Professores estão eles próprios preocupados com a sua estabilidade e não têm uma postura de empreendedorismo na sua própria carreira. Dão aulas, fazem alguma investigação e alguns fazem alguma gestão nos vários órgãos e sub-orgão da Universidade.
Podemos portanto até aceitar que a UM faça um esforço de investimento em empresas ou Associações viradas para o empreendedorismo, tais como o 2B Partner e o SpinPark. Não será essa o maior “pecado” do reitor AGR, mas antes o de não ter envolvido outros colegas de participarem neste esforço, talvez como já foi referido, por ter uma política de concentrar em apenas numa ou duas pessoas da sua confiança a tarefa de representar a UM nos órgão de Administração dessas empresas e Associações. A culpa também não pode ser atribuída quase exclusivamente a quem aceitou essa incumbência, como quis fazer querer o jornalista do DM. Numa empresa ou Instituição, quem é nomeado não pode facilmente recusar, especialmente se é o Vice-Reitor com esse pelouro, que é o caso de Manuel Mota. É estranho o artigo em que aparece como grande culpado M.M. É caso para perguntar a quem interessa. O incentivo que M.M. tem dado ao empreendedorismo só tem que ser elogiado, mas já a fobia do reitor de não abrir o leque a outros, isso sim, já tem que ser condenado.
Esta forma de governar pela Reitoria, não é nova. Vem detrás, de outras Reitorias e o resultado está á vista. O empreendedorismo dos próprios docentes está moribundo, dando lugar a um seguidismo que torna o ambiente escolástico e amorfo, com o contágio inevitável aos alunos, que eles próprios ficam sem entusiasmo e sem “rasgo”.
Assim, só com um nova política em que muitos mais colegas estão envolvidos se pode espalhar a cultura do empreendedorismo. Esperemos que o futuro reitor tenha percebido que este não é o caminho e que delegue e distribua por muitos mais colegas essa tarefa nobre do empreendedorismo!
segunda-feira, agosto 31, 2009
Mais Publicidade negativa na imprensa do Minho
UNIVERSIDADE COLOCA DINHEIRO EM "CLUBE DE RICOS" DE BRAGA
Este foi o título com que mimosearam a UM no Diário do Minho hoje, um artigo de uma página sobre o investimento da UM na empresa capital de risco 2B Partner-Sociedade Capital de Risco, SA. Outros sócios desta sociedade são empresas conhecidas de Braga, tais como a DST (a título de exemplo) e uma Associação, a AIM.
O artigo refere a posição do Tribunal de Contas que considerou a participação da UM nesta empresa ilegal, mesmo depois da argumentação do reitor A. Guimarães Rodrigues que não havendo legislação específica no que respeita à participação de Universidades em empresas deste tipo, significaria que nada haveria em contrário. Segundo o supremo de juízes do TC é precisamente a ausência de regulamentação específica que torna ilegal o envolvimento da UM na 2B Partner! Parece haver aqui alguma ingenuidade(ou impunidade?) na argumentação de AGR...
Embora a empresa tenha como Presidente do Assembleia a UM, na pessoa do seu Vice-Reitor Professor Manuel Mota desde 2007, E tenha um capital social de 750 000 euros, não há qualquer divulgação no site da UM sobre esta empresa o que se estranha quando outras empresas do mesmo género, tais como a SpinValor, uma empresa do mesmo tipo, capital de risco, mas muito mais modesta, está mencionada. Resta acrescentar que fazendo uma pesquisa num motor de busca da net com o nome da empresa, não aparece qualquer actividade desde a sua fundação.
Além deste artigo, logo na página seguinte aparece outro com o título “PARTICIPAÇÃO DA UM EM PRIVADOS ACUMULAM PREJUÍZOS”, referindo o jornalista que o Tribunal de contas também estranhou o facto de em quase todas as sociedades em que a UM participa ser o Professor Manuel Mota que representa a UM. Neste artigo é referido mais uma vez a verba que a UM transferiu em 2007 para as sociedades em que participa: 2 milhões de euros, já divulgado no relatório oficial do TC e referido aqui neste blog. O artigo refere que são 17 as entidades em que a UM participa! Só não vi nas várias sociedades a referência à Fundação Lloyd Braga, que sabemos que existe mas não sabemos o que faz! Por outro lado, descobrimos coisas interessantes no relatório do Tribunal de Contas, tais como a participação da UM desde 2005 duma entidade chamada CENTITVC-Centro de Nanotecnologias e Materiais Técnicos Funcionais e Inteligentes, e que teve com este Centro em 2007 perdas de 230 00 euros, dos quais 65000 com pessoal (qual pessoal? Note-se que este Centro está sediado em Famalicão, nas instalações do CITEVE-Centro Tecnológico Têxtil) e 155 000 outros custos aproximadamente. Note-se que a variação entre 2006 e 2007 foi de 500%! Mais um investimento desastroso por explicar entre muitos outros. Ou será que o reitor ao demitir-se lava dali as suas mãos? Pelo menos uma nota de imprensa com explicações sobre as actividades das participadas nos último dois anos (pós-relatório do TC) seria o mínimo. Afinal estão quantidades avultadas em questão e o próprio reitor expôs-se ao anunciar medidas extremas para poupar, dada a aparente penúria da UM, tais como o corte de energia, quando aparentemente desperdiçava dinheiro nestas entidades em que participava!
Este foi o título com que mimosearam a UM no Diário do Minho hoje, um artigo de uma página sobre o investimento da UM na empresa capital de risco 2B Partner-Sociedade Capital de Risco, SA. Outros sócios desta sociedade são empresas conhecidas de Braga, tais como a DST (a título de exemplo) e uma Associação, a AIM.
O artigo refere a posição do Tribunal de Contas que considerou a participação da UM nesta empresa ilegal, mesmo depois da argumentação do reitor A. Guimarães Rodrigues que não havendo legislação específica no que respeita à participação de Universidades em empresas deste tipo, significaria que nada haveria em contrário. Segundo o supremo de juízes do TC é precisamente a ausência de regulamentação específica que torna ilegal o envolvimento da UM na 2B Partner! Parece haver aqui alguma ingenuidade(ou impunidade?) na argumentação de AGR...
Embora a empresa tenha como Presidente do Assembleia a UM, na pessoa do seu Vice-Reitor Professor Manuel Mota desde 2007, E tenha um capital social de 750 000 euros, não há qualquer divulgação no site da UM sobre esta empresa o que se estranha quando outras empresas do mesmo género, tais como a SpinValor, uma empresa do mesmo tipo, capital de risco, mas muito mais modesta, está mencionada. Resta acrescentar que fazendo uma pesquisa num motor de busca da net com o nome da empresa, não aparece qualquer actividade desde a sua fundação.
Além deste artigo, logo na página seguinte aparece outro com o título “PARTICIPAÇÃO DA UM EM PRIVADOS ACUMULAM PREJUÍZOS”, referindo o jornalista que o Tribunal de contas também estranhou o facto de em quase todas as sociedades em que a UM participa ser o Professor Manuel Mota que representa a UM. Neste artigo é referido mais uma vez a verba que a UM transferiu em 2007 para as sociedades em que participa: 2 milhões de euros, já divulgado no relatório oficial do TC e referido aqui neste blog. O artigo refere que são 17 as entidades em que a UM participa! Só não vi nas várias sociedades a referência à Fundação Lloyd Braga, que sabemos que existe mas não sabemos o que faz! Por outro lado, descobrimos coisas interessantes no relatório do Tribunal de Contas, tais como a participação da UM desde 2005 duma entidade chamada CENTITVC-Centro de Nanotecnologias e Materiais Técnicos Funcionais e Inteligentes, e que teve com este Centro em 2007 perdas de 230 00 euros, dos quais 65000 com pessoal (qual pessoal? Note-se que este Centro está sediado em Famalicão, nas instalações do CITEVE-Centro Tecnológico Têxtil) e 155 000 outros custos aproximadamente. Note-se que a variação entre 2006 e 2007 foi de 500%! Mais um investimento desastroso por explicar entre muitos outros. Ou será que o reitor ao demitir-se lava dali as suas mãos? Pelo menos uma nota de imprensa com explicações sobre as actividades das participadas nos último dois anos (pós-relatório do TC) seria o mínimo. Afinal estão quantidades avultadas em questão e o próprio reitor expôs-se ao anunciar medidas extremas para poupar, dada a aparente penúria da UM, tais como o corte de energia, quando aparentemente desperdiçava dinheiro nestas entidades em que participava!
quarta-feira, agosto 26, 2009
As eleições em cima das férias: quem beneficia?
As eleições para Reitor e para as Escolas serão já a seguir às férias, mais uma vez beneficiando a estrutura instalada. O "timing" pode não ser intencional, mas que dá muito jeito a quem já está no terreno há mais tempo, isso não há dúvida. Já quando foi para o Conselho Geral apanharam-se as férias de Natal pelo meio, fazendo com que novas listas de possíveis candidatos fizessem um esforço de mobilização hercúleo, coisa que as listas já existentes não necessitavam. Para tornar ainda mais difícil a concorrência estipulou-se a obrigatoriedade de cada lista apresentar 100 subscritores, além dos candidatos e suplentes. Alguém duvida que esta exigência não foi inocente? Veremos agora qual a estratégia para as próximas eleições para as listas das Escolas, se será a mesma ou outra ainda mais "inocente".
Se queremos uma nova estrutura, queremos também que se dê uma oportunidade a outros, porque os que lá estiveram, nas Escolas e nas Pro-reitorias e Vice-reitorias já tiveram a sua vez e não têm muito que se orgulhar, a julgar pelo relatório do Tribunal de Contas. Por outro lado, o que a UM conseguiu em termos científicos dificilmente se pode atribuir aos seus gestores. Houve até oportunidades que dificilmente se repetirão, como seja o financiamento ao projecto conjunto com o MIT, que foi administrado na UM por A.C, actual candidato a reitor e suponho que também pelo Vice Reitor M.M. Não quero fazer juízo sobre os resultados para a UM de tal projecto, mas desconfio que foram só membros da lista liderada por A.C. ao Conselho Geral e seus apoiantes/subscritores que beneficiaram do financiamento referido, não contando com os bolseiros que presumo foram seleccionados através de concurso. Muitas vezes isto acontece por ser uma gestão "empresarial" em que se quer avançar rápido e com gente que se conhece e portanto se pode mais facilmente "comandar" e acompanhar. Pode por isso não ter nada de político por detrás nem sequer qualquer intenção de beneficiar alguém. O que é um facto é que da parte de quem recebe, há sempre um reconhecimento que tende a sobrepor-se ao juízo do próprio quando se trata de decidir sobre quem apoiar futuramente em cargos de gestão, se quem ele já conhece e de quem obteve uma mostra de confiança, ou um candidato desconhecido. Formam-se assim as "clientelas" que em qualquer altura, tempo lectivo ou férias, são fáceis de mobilizar para fins eleitorais.
Há que mudar o estilo de governação e distribuir o financiamento da UM neste e noutros projectos, por via do concurso interno, para aqueles mais capazes e não para os que estão mais próximos do gestor financeiro do projecto.
Esperemos que os candidatos a Reitor e às Presidências das Escolas venham com uma nova postura, sejam eles os mesmos de sempre ou outros, porque convençam-se que é através da gestão democrática que os líderes se afirmam e merecem o respeito da comunidade académica e não através do incentivo ao clientelismo!
Se queremos uma nova estrutura, queremos também que se dê uma oportunidade a outros, porque os que lá estiveram, nas Escolas e nas Pro-reitorias e Vice-reitorias já tiveram a sua vez e não têm muito que se orgulhar, a julgar pelo relatório do Tribunal de Contas. Por outro lado, o que a UM conseguiu em termos científicos dificilmente se pode atribuir aos seus gestores. Houve até oportunidades que dificilmente se repetirão, como seja o financiamento ao projecto conjunto com o MIT, que foi administrado na UM por A.C, actual candidato a reitor e suponho que também pelo Vice Reitor M.M. Não quero fazer juízo sobre os resultados para a UM de tal projecto, mas desconfio que foram só membros da lista liderada por A.C. ao Conselho Geral e seus apoiantes/subscritores que beneficiaram do financiamento referido, não contando com os bolseiros que presumo foram seleccionados através de concurso. Muitas vezes isto acontece por ser uma gestão "empresarial" em que se quer avançar rápido e com gente que se conhece e portanto se pode mais facilmente "comandar" e acompanhar. Pode por isso não ter nada de político por detrás nem sequer qualquer intenção de beneficiar alguém. O que é um facto é que da parte de quem recebe, há sempre um reconhecimento que tende a sobrepor-se ao juízo do próprio quando se trata de decidir sobre quem apoiar futuramente em cargos de gestão, se quem ele já conhece e de quem obteve uma mostra de confiança, ou um candidato desconhecido. Formam-se assim as "clientelas" que em qualquer altura, tempo lectivo ou férias, são fáceis de mobilizar para fins eleitorais.
Há que mudar o estilo de governação e distribuir o financiamento da UM neste e noutros projectos, por via do concurso interno, para aqueles mais capazes e não para os que estão mais próximos do gestor financeiro do projecto.
Esperemos que os candidatos a Reitor e às Presidências das Escolas venham com uma nova postura, sejam eles os mesmos de sempre ou outros, porque convençam-se que é através da gestão democrática que os líderes se afirmam e merecem o respeito da comunidade académica e não através do incentivo ao clientelismo!
domingo, agosto 09, 2009
A ferrovia como meio de acessibilidade aos dois pólos da UM
Ora aqui está algo que o novo Conselho Geral e o novo reitor se deveriam empenhar na suas actividades de defesa da Universidade num contexto mais amplo: o conceito de acessibilidade mais fácil, ecológica e mais barata, para os dois pólos e entre os dois pólos: a ferrovia.
Recomendo uma leitura atenta deste post no blog Avenida Central aos futuros dirigentes da UM.
Recomendo uma leitura atenta deste post no blog Avenida Central aos futuros dirigentes da UM.
sábado, agosto 08, 2009
Férias antes de eleições-descansar para unir forças!
Uns já entraram de férias e outros, como é o meu caso, estão prestes a entrar. Claro que as férias são para descansar mas para muitos são a transição para outros voos. É o caso dos políticos, que têm as eleições à porta, e em muito menor escala, para a maioria das Universidades, que vão ter as eleições para os novos órgãos definidos pelo novo regulamento RJIES. No caso da UM, como o reitor demorou em se demitir, também vamos ter as eleições para reitor. No caso da maioria das outras Universidades o reitor já foi eleito e já está em funções. Com este atraso significa que já estamos numa situação de desvantagem em relação às outras instituições nas negociações que seguramente virão aí entre o Ministério e as Universidades. Podemos agradecer ao nosso reitor este atraso. Quando a lista de candidatura ao Conselho Geral a que pertenci sugeriu uma mudança de reitor para entrar no Novo Ciclo, era precisamente para evitar esta situação de indefinição que a UM viveu nos últimos meses. Mas mais vale tarde que nunca, e os novos responsáveis pelos diversos órgãos, incluindo o que estará no topo da hierarquia, o reitor, saberão começar de novo, com mais ânimo e motivação, uma vez que estão legitimados pelo voto. Por isso o voto é tão importante, seja qual for o sentido. Desde que legitime os ocupantes dos vários cargos, é o mais importante. Em primeiro lugar, a meu ver, deve haver mais que um candidato para o cargo de Reitor e mais tarde para Presidentes de Escola. Não havendo mais que um candidato, uma elevada abstenção ou número de votos em branco seria muito mau para essa legitimação, o que deveria levar os ocupantes desses cargos a reflectir, seja o futuro reitor ou sejam os futuros Presidentes de Escola.
E aqui é que está o problema. Na UM ao longo dos anos, fosse por desinteresse ou por clientelismo, só um grupo de docentes se movimentou para se candidatar ou eleger colegas, no caso da massa amorfa desinteressada ou da clientela, para esses lugares. O Universo fora desse grupo, que embora fosse sofrendo algumas alterações pontuais manteve-se muito uniforme, era um universo sem ligação entre os seus vários membros, talvez por não haver muito em comum entre eles, a não ser uma vaga noção de injustiça, o que embora possa ser uma boa base para se construir um movimento, não seria suficiente. Entretanto surgiu o RJIES que trouxe uma oportunidade para a “oposição” se mobilizar para tentar por essa via ter uma voz nos vários órgãos da Universidade e no curto espaço de tempo desde que foi anunciado, formaram-se na UM dois movimentos claramente da oposição e um que teve a sua origem na anterior hierarquia, mas que acabou por se distanciar do reitor nos momentos finais da candidatura ao Conselho Geral, muito por mérito da força dos grupos da oposição junto do eleitorado, que prenunciavam um Novo Ciclo. Essa oposição, na qual me incluo, deve agora mostrar que não é simplesmente aquele conjunto inicial de insatisfeitos, mas que tem um projecto de mudança e que consegue unir forças para atingir essa mudança. Se o fizer, estou convencido que os eleitores corresponderão a esse anseio de mudança com uma votação expressiva.
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E aqui é que está o problema. Na UM ao longo dos anos, fosse por desinteresse ou por clientelismo, só um grupo de docentes se movimentou para se candidatar ou eleger colegas, no caso da massa amorfa desinteressada ou da clientela, para esses lugares. O Universo fora desse grupo, que embora fosse sofrendo algumas alterações pontuais manteve-se muito uniforme, era um universo sem ligação entre os seus vários membros, talvez por não haver muito em comum entre eles, a não ser uma vaga noção de injustiça, o que embora possa ser uma boa base para se construir um movimento, não seria suficiente. Entretanto surgiu o RJIES que trouxe uma oportunidade para a “oposição” se mobilizar para tentar por essa via ter uma voz nos vários órgãos da Universidade e no curto espaço de tempo desde que foi anunciado, formaram-se na UM dois movimentos claramente da oposição e um que teve a sua origem na anterior hierarquia, mas que acabou por se distanciar do reitor nos momentos finais da candidatura ao Conselho Geral, muito por mérito da força dos grupos da oposição junto do eleitorado, que prenunciavam um Novo Ciclo. Essa oposição, na qual me incluo, deve agora mostrar que não é simplesmente aquele conjunto inicial de insatisfeitos, mas que tem um projecto de mudança e que consegue unir forças para atingir essa mudança. Se o fizer, estou convencido que os eleitores corresponderão a esse anseio de mudança com uma votação expressiva.
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sábado, agosto 01, 2009
Falhas na Gestão da UM
José Abreu do semanário SOL neste seu artigo, parece saber mais do que muitos de nós sobre o passado da UM...pelo menos dos menos atentos. A ser verdade, seria mais matéria a investigar segundo a nova lei sobre o enriquecimento ilícito de gestores de altos cargos da Função Pública, neste caso duma Universidade, com base nos sinais exteriores de riqueza...
quinta-feira, julho 30, 2009
Candidatura a Reitor
Como se esperava, o cabeça da Lista C (candidatura ao Conselho Geral), António Cunha, que ganhou as eleições para o CG em termos de percentagem mas com o mesmo número de lugares que as outras duas lista juntas,anunciou a sua candidatura a Reitor da UM. O mesmo António Cunha que liderou a anterior lista, conotada com o actual reitor, agora demissionário, para a Assembleia Estatutária. Agora pergunta-se: é a candidatura da continuidade?
Só o próprio poderá responder e a Academia terá que acreditar ou não, porque uma coisa é certa, tudo se conjuga para a sua eleição. Senão vejamos: os membros externos que constituem um terço dos membros do Conselho Geral, foram cooptados por maioria pela lista C com a ajuda dos estudantes. Estes por sua vez estão conotados na sua maioria com a Associação de Estudantes que sempre manifestou a sua solidariedade com o actual reitor e que votou com a lista C, na altura sem dúvida a mais próxima do actual reitor. Isto é novidade para alguém da Academia minimamente informado sobre a política Universitária "top-down" dos últimos anos? Não penso que seja. Mas que é preocupante e não oferece garantias de uma verdadeira mudança, isso é, independentemente da vontade de mudar do próprio A.C., uma vez que a máquina já está há muito montada e quem vai em primeira classe neste comboio de interesses instalados, não passa facilmente para a segunda classe.
Só o próprio poderá responder e a Academia terá que acreditar ou não, porque uma coisa é certa, tudo se conjuga para a sua eleição. Senão vejamos: os membros externos que constituem um terço dos membros do Conselho Geral, foram cooptados por maioria pela lista C com a ajuda dos estudantes. Estes por sua vez estão conotados na sua maioria com a Associação de Estudantes que sempre manifestou a sua solidariedade com o actual reitor e que votou com a lista C, na altura sem dúvida a mais próxima do actual reitor. Isto é novidade para alguém da Academia minimamente informado sobre a política Universitária "top-down" dos últimos anos? Não penso que seja. Mas que é preocupante e não oferece garantias de uma verdadeira mudança, isso é, independentemente da vontade de mudar do próprio A.C., uma vez que a máquina já está há muito montada e quem vai em primeira classe neste comboio de interesses instalados, não passa facilmente para a segunda classe.
quinta-feira, julho 23, 2009
Auditoria á Universidade do Minho
Foi divulgada na um-net um e-mail contendo excertos da auditoria efectuada á Universidade do Minho em 2007, cujo texto completo pode ser consultado também aqui.
O texto é longo e muito crítico em relação a muitos aspectos da governação financeira da UM, concluindo com um parecer "desfavorável", com recomendações para o futuro. Não havendo qualquer orgão que fiscalizasse internamente nem o Conselho Administrativo, que curiosamente e malgrado a sua designação não tem um Administrador, nem o próprio Reitor,não se sabe se as recomendações do Tribunal de Contas foram seguidas em 2008 e 2009. Talvez agora com o Conselho Geral as coisas funcionem de maneira diferente. Isso não impede que se devam explicações à comunidade académica, a serem apresentadas pelo responsavel máximo da instiutição durante este período. Em vez de discursos de circunstância e apelos ao Governo para mais financiamento, precisávamos de relatórios sobre o que a Universidade andou a "fazer" nos últimos anos com o dinheiro do Estado, em última instância, dinheiro de todos nós. Salta á vista por exemplo participações da UM em entidades privadas e fundações da ordem dos 2 milhões de euros. Este número não me é estranho, penso que seria o valor necessário para o pagamento do subsídio de férias que o responsável máximo da institutição referiu ser necessário para pagar o subsídio de férias dos docentes e funcionários da UM em 2008. Corrijam-me se estou enganado!
O texto é longo e muito crítico em relação a muitos aspectos da governação financeira da UM, concluindo com um parecer "desfavorável", com recomendações para o futuro. Não havendo qualquer orgão que fiscalizasse internamente nem o Conselho Administrativo, que curiosamente e malgrado a sua designação não tem um Administrador, nem o próprio Reitor,não se sabe se as recomendações do Tribunal de Contas foram seguidas em 2008 e 2009. Talvez agora com o Conselho Geral as coisas funcionem de maneira diferente. Isso não impede que se devam explicações à comunidade académica, a serem apresentadas pelo responsavel máximo da instiutição durante este período. Em vez de discursos de circunstância e apelos ao Governo para mais financiamento, precisávamos de relatórios sobre o que a Universidade andou a "fazer" nos últimos anos com o dinheiro do Estado, em última instância, dinheiro de todos nós. Salta á vista por exemplo participações da UM em entidades privadas e fundações da ordem dos 2 milhões de euros. Este número não me é estranho, penso que seria o valor necessário para o pagamento do subsídio de férias que o responsável máximo da institutição referiu ser necessário para pagar o subsídio de férias dos docentes e funcionários da UM em 2008. Corrijam-me se estou enganado!
quarta-feira, julho 08, 2009
As sub-unidades orgânicas de ontem e hoje
Na Escola de Engenharia perdeu-se uma boa oportunidade de fazer uma reestruturação das suas sub-unidades orgânicas. Não sei se houve reestruturação noutras Unidades Orgânicas ou não, mas duvido. Regem-se todas pelo mesmo diapasão: a lei do menor esforço!
Não querendo isto dizer que não são as sub-unidades "adequadas". Mas com o mundo que temos hoje, "adequado" não chega. As engenharias clássicas serão sempre necessárias. Mas o que é clássico? Não há dúvida que a engenharia civil é uma "clássica", embora há áreas, como a dos materiais, que mudaram muito nos últimos anos e possívelmente não deveriam fazer parte deste departamento. Há outros departamentos clássicos, como o de Engenharia Mecânica que possivelmente têm áreas que não têm muito a ver com o nome como a Termodinâmica e outras do género que estariam melhor num departamento de "Ciências de Engenharia" que nunca devia ter sido extinto, a meu ver. As outras engenharias que não são clássicas mas nasceram com as "novas" Universidades, tais como a do Minho, numa altura que fazia sentido apoiar a indústria local, caso da Engenharia Têxtil e a Engenharia de Polímeros. Só que a indústria têxtil de hoje já não tem muito a ver com a de então. Utiliza muita electrónica, informática, novos materiais, biotecnologia, já para não falar de "marca própria" o que implica design e distribuição. Esta e outras indústrias são portanto clientes de outro tipo de engenheiros, de outros departamentos, tais como Engenharias Electrónica, Informática, Biotecnológica e Produção e Sistemas. Aliás estas últimas duas engenharias quase não têm "indústria" própria. Aliás a indústria têxtil é tanto deles como do departamento de Engenharia Têxtil. Só que eles não o assumem, referindo-se à indústria muitas vezes em termos pouco elogiosos, como “tradicional”, de “baixa tecnologia”, etc. Mas se perguntarmos qual a indústria de “alta tecnologia” que corresponde aos seus departamentos, qual é a resposta? Infelizmente nem a electrónica na maior parte dos casos já é de alta tecnologia. As empresas são internacionais, os produtos são concebidos lá fora e nós cá quase só seguimos instruções, no fabrico dos circuitos integrados ou na montagem de rádios, só para falar de duas empresas muito conhecidas, uma em Vila do Conde e outra em Braga, e uma delas infelizmente na falência. A biotecnologia apoia que indústria própria? A farmacêutica? Puro engano. Talvez a alimentar e a cervejeira. E estas não são tradicionais? E a informática? Fazem programas informáticos? Em que empresas? As maiores empresas informáticas mais uma vez são internacionais e com honrosas excepções, a maior parte dos produtos já vêm concebidos de origem.Tenho ideia que os engenheiros electrónicos acabam por usar o seu know-how mais em empresas nacionais ditas tradicionais, como por exemplo a têxtil e o calçado. Não quero minimizar o que os Departamentos representam, mas é bom que se desmistifique algumas ilusões de “grandeur”.
A meu ver estaríamos todos melhor se fossemos mais flexíveis, sem estas amarras dos departamentos e estivéssemos divididos em três ou quatro grandes áreas. Por exemplo: 1) Engenharia Civil (sem os materiais), 2) Ciências de Engenharia, que incluiria grande parte da Produção e Sistemas e a Mecânica e a componente científica da engenharia têxtil (Química, por exemplo) e da engenharia de Polímeros, 3) uma Engenharia que podia ser de Projecto que incluiria a Mecânica, Polímeros e Têxtil e 4) a Engenharia Electrónica que incluísse a Electricidade e as energias renováveis e, “last but not least”, 4) a Engenharia de Materiais, aglomerando todos os grupos que desenvolvem diferentes materiais nos diversos departamentos.
Quanto á Informática, penso que é uma ciência/engenharia à parte, constituindo um departamento autónomo, como tem vindo a ser proposto pelo próprio
Mesmo que não fosse a divisão ideal, seria ao menos uma pedrada no charco, e motivaria muita gente para uma tarefa que valesse a pena. Agora, fazer novos estatutos para tudo ficar na mesma é que devia fazer pensar…que é tudo a brincar e não para levar a sério.
Não querendo isto dizer que não são as sub-unidades "adequadas". Mas com o mundo que temos hoje, "adequado" não chega. As engenharias clássicas serão sempre necessárias. Mas o que é clássico? Não há dúvida que a engenharia civil é uma "clássica", embora há áreas, como a dos materiais, que mudaram muito nos últimos anos e possívelmente não deveriam fazer parte deste departamento. Há outros departamentos clássicos, como o de Engenharia Mecânica que possivelmente têm áreas que não têm muito a ver com o nome como a Termodinâmica e outras do género que estariam melhor num departamento de "Ciências de Engenharia" que nunca devia ter sido extinto, a meu ver. As outras engenharias que não são clássicas mas nasceram com as "novas" Universidades, tais como a do Minho, numa altura que fazia sentido apoiar a indústria local, caso da Engenharia Têxtil e a Engenharia de Polímeros. Só que a indústria têxtil de hoje já não tem muito a ver com a de então. Utiliza muita electrónica, informática, novos materiais, biotecnologia, já para não falar de "marca própria" o que implica design e distribuição. Esta e outras indústrias são portanto clientes de outro tipo de engenheiros, de outros departamentos, tais como Engenharias Electrónica, Informática, Biotecnológica e Produção e Sistemas. Aliás estas últimas duas engenharias quase não têm "indústria" própria. Aliás a indústria têxtil é tanto deles como do departamento de Engenharia Têxtil. Só que eles não o assumem, referindo-se à indústria muitas vezes em termos pouco elogiosos, como “tradicional”, de “baixa tecnologia”, etc. Mas se perguntarmos qual a indústria de “alta tecnologia” que corresponde aos seus departamentos, qual é a resposta? Infelizmente nem a electrónica na maior parte dos casos já é de alta tecnologia. As empresas são internacionais, os produtos são concebidos lá fora e nós cá quase só seguimos instruções, no fabrico dos circuitos integrados ou na montagem de rádios, só para falar de duas empresas muito conhecidas, uma em Vila do Conde e outra em Braga, e uma delas infelizmente na falência. A biotecnologia apoia que indústria própria? A farmacêutica? Puro engano. Talvez a alimentar e a cervejeira. E estas não são tradicionais? E a informática? Fazem programas informáticos? Em que empresas? As maiores empresas informáticas mais uma vez são internacionais e com honrosas excepções, a maior parte dos produtos já vêm concebidos de origem.Tenho ideia que os engenheiros electrónicos acabam por usar o seu know-how mais em empresas nacionais ditas tradicionais, como por exemplo a têxtil e o calçado. Não quero minimizar o que os Departamentos representam, mas é bom que se desmistifique algumas ilusões de “grandeur”.
A meu ver estaríamos todos melhor se fossemos mais flexíveis, sem estas amarras dos departamentos e estivéssemos divididos em três ou quatro grandes áreas. Por exemplo: 1) Engenharia Civil (sem os materiais), 2) Ciências de Engenharia, que incluiria grande parte da Produção e Sistemas e a Mecânica e a componente científica da engenharia têxtil (Química, por exemplo) e da engenharia de Polímeros, 3) uma Engenharia que podia ser de Projecto que incluiria a Mecânica, Polímeros e Têxtil e 4) a Engenharia Electrónica que incluísse a Electricidade e as energias renováveis e, “last but not least”, 4) a Engenharia de Materiais, aglomerando todos os grupos que desenvolvem diferentes materiais nos diversos departamentos.
Quanto á Informática, penso que é uma ciência/engenharia à parte, constituindo um departamento autónomo, como tem vindo a ser proposto pelo próprio
Mesmo que não fosse a divisão ideal, seria ao menos uma pedrada no charco, e motivaria muita gente para uma tarefa que valesse a pena. Agora, fazer novos estatutos para tudo ficar na mesma é que devia fazer pensar…que é tudo a brincar e não para levar a sério.
sábado, julho 04, 2009
O novo ECDU (5) e a Extensão Universitária-timidez na reforma
Quando se esperava que o novo ECDU viesse alterar substancialmente as várias formas que um professor pudesse contribuir para a Universidade e para o meio empresarial , vemos que as únicas referências a estes aspectos de ligação ao exterior são muito tímidas. No artigo 4, alínea c), aparece como uma das novas funções dos docentes a seguinte descrição:
- Participar em tarefas de extensão universitária, de divulgação científica e de valorização económica e social do conhecimento.
Mas que novidade! Há quanto tempo os docentes "participam" extensão universitária? Há 20 anos? Quando é que foram implementados os PSECS na UM?
Quando se esperava que as actividades de extensão universitária fossem uma das componentes obrigatórias de avaliação curricular, o que aparece no artigo 50, nº6´, são 3 componentes do currículo: a) científica, b) pedagógica e c):
-Outras actividades que hajam sido desenvolvidas pelo candidato no âmbito das atribuições dos docentes universitários.
Neste "saco" cabem lá tantas actividades, que a extensão universitária é completamente diluída. Senão vejamos o que diz o artigo 4 sobre as restantes atribuições.
d) Participar na gestão das respectivas instituições universitárias;
e) Participar em outras tarefas distribuídas pelos órgãos de gestão competentes e
que decorram da actividade de docente universitário.
No que respeita à gestão não há nada a dizer. Mas e a alínea e) que refere "outras" actividades?
Quer isto dizer que a extensão universitária está sujeita ao critério do júri que pode substituí-la por "outras" tarefas distribuídas pelos órgãos de gestão competentes...que não estão definidas, ou seja, podem ser a tarefas de elaboração de mapas de distribuição de serviço docente, organização de visitas, organização de eventos tais como recepção de convidados, elaboração de folhetos, etc.
Mais uma vez perdeu-se a oportunidade de incentivar a extensão universitária. E quando me refiro á extensão universitária, estou-me a referir a projectos de I&D em conjunto com empresas e formação de empresas "spin-off" de base tecnológica como prioritárias. É disto que o País precisa para se inovar. Não é de uma Universidade fechada intramuros que olha para o seu próprio umbigo como sendo o centro do Universo.
- Participar em tarefas de extensão universitária, de divulgação científica e de valorização económica e social do conhecimento.
Mas que novidade! Há quanto tempo os docentes "participam" extensão universitária? Há 20 anos? Quando é que foram implementados os PSECS na UM?
Quando se esperava que as actividades de extensão universitária fossem uma das componentes obrigatórias de avaliação curricular, o que aparece no artigo 50, nº6´, são 3 componentes do currículo: a) científica, b) pedagógica e c):
-Outras actividades que hajam sido desenvolvidas pelo candidato no âmbito das atribuições dos docentes universitários.
Neste "saco" cabem lá tantas actividades, que a extensão universitária é completamente diluída. Senão vejamos o que diz o artigo 4 sobre as restantes atribuições.
d) Participar na gestão das respectivas instituições universitárias;
e) Participar em outras tarefas distribuídas pelos órgãos de gestão competentes e
que decorram da actividade de docente universitário.
No que respeita à gestão não há nada a dizer. Mas e a alínea e) que refere "outras" actividades?
Quer isto dizer que a extensão universitária está sujeita ao critério do júri que pode substituí-la por "outras" tarefas distribuídas pelos órgãos de gestão competentes...que não estão definidas, ou seja, podem ser a tarefas de elaboração de mapas de distribuição de serviço docente, organização de visitas, organização de eventos tais como recepção de convidados, elaboração de folhetos, etc.
Mais uma vez perdeu-se a oportunidade de incentivar a extensão universitária. E quando me refiro á extensão universitária, estou-me a referir a projectos de I&D em conjunto com empresas e formação de empresas "spin-off" de base tecnológica como prioritárias. É disto que o País precisa para se inovar. Não é de uma Universidade fechada intramuros que olha para o seu próprio umbigo como sendo o centro do Universo.
segunda-feira, junho 29, 2009
Daniel Luis
Não conheço o Daniel nem vi o que publicou no blog que ofendeu os colegas de Departamento. Até pode ser que o que ele escreveu fosse ofensivo. Acredito que sim, senão seria difícil um departamento inteiro manifestar o seu repúdio.
A notícia correu pelos jornais nacionais o que não abona nada a favor da UM.
Será que nestes casos não se justificaria um tribunal arbitral interno, com professores independente, nomeadamente sem estarem envolvidos ou fazerem parte do dito departamento, de avaliar a justiça da pena que Daniel Luis está pelos vistos prestes a sofrer, o desemprego? Não é de facto normal não dar a um Assistente a possibilidade de ter mais um biénio para completar a sua tese. É no mínimo duvidoso que a anterior tomada de posição do Departamento não tenha influenciado a sua não aceitação desta prerrogativa dos Assistentes, que normalmente é um proforma.
A notícia correu pelos jornais nacionais o que não abona nada a favor da UM.
Será que nestes casos não se justificaria um tribunal arbitral interno, com professores independente, nomeadamente sem estarem envolvidos ou fazerem parte do dito departamento, de avaliar a justiça da pena que Daniel Luis está pelos vistos prestes a sofrer, o desemprego? Não é de facto normal não dar a um Assistente a possibilidade de ter mais um biénio para completar a sua tese. É no mínimo duvidoso que a anterior tomada de posição do Departamento não tenha influenciado a sua não aceitação desta prerrogativa dos Assistentes, que normalmente é um proforma.
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