sexta-feira, julho 02, 2010

As SCUTS e a ferrovia no Minho

Na continuação das mensagens anteriores sobre os SCUTS, e uma vez que o Governo e o PSD já estão a chegar a um compromisso, parece-me de inteira justiça o acordo que se adivinha:que todos paguem; haverá sempre alguém que arranjará uma razão para não pagar: ou porque são do interior, ou porque não há alternativas por estrada normal, ou porque os residentes são pobres, etc. Pegando neste último ponto: os residentes têm um rendimento médio abaixo da média nacional; Mas uma média implica que há uns que têm um rendimento acima e outro abaixo da média. Então destes quais são os que usam as SCUTS. Os mais pobres? Esses viajam para onde? E a gasolina, o desgaste do carro, e outras despesas de viagem, já podem pagar? Tenho a convicção que quem viaja distâncias longas em SCUTS, pode pagar tudo isto, não é pobre e pode também pagar as portagens. Aqueles que na realidade utilizam as auto-estradas ou SCUTS são as empresas e os viajantes que atravessam esses distritos. Quanto às empresas, serão principalmente empresas de tranportes com camiões TIR. Estas empresas que já tiveram tantas facilidades no passado (veja-se como cresceram como cogumelos…) é altura de pagarem os estragos que fizeram com os seus camiões no asfalto das SCUTS portuguesas. E muitas empresas são estrangeiras. Há sempre o argumento que se forem desviadas para as estradas normais estragarão estas estradas, mas não acredito que a maioria o faça pois com o tempo que perdem, não compensa. As empresas de transporte já foram beneficiadas pela política deste e dos anteriores governos de preferirem a autovia à ferrovia. É altura de inverter a situação.
Porque não se fazem ferrovias? Suponho porque não são tão rentáveis. Mas então qual é o critério, a rentabilidade ou o serviço das populações?
No distrito de Braga não há ligação entre várias cidades por ferrovia mas há por auto-estrada. Como por exemplo entre Braga e Guimarães e entre Braga e Esposende/Viana. Isto não é um contrasenso? Seria importante que o Governo ao cobrar nas SCUTS e nas auto-estradas, introduzisse a alternativa da ferrovia. Afinal Braga é a terceira ou quarta cidade do País, e merece o mesmo que outras cidades da mesma dimensão, como Coimbra por exemplo, que é uma cidade muito mais bem servida de ferrovia. Braga é uma cidade onde acaba a linha que vem do Porto, sem continuidade nem alternativa. É a dependencia total do Porto, como se o Norte fosse só o Porto.
O mesmo se pode dizer de Guimarães.

sábado, junho 26, 2010

A UM, as SCUTS e O princípio dos residentes não pagadores

A proposta que agora está em cima da mesa para negociação entre partidos, propõe que os residentes nas áreas das SCUTS, ou que provem que façam o percurso regularmente, não paguem as portagens. Na sequência do meu comentário anterior, eu pergunto: e os utilizadores regulares e residentes na área das auto-estradas como a de Braga-Guimarães? Os alunos que estão a frequentar a UM e que precisam de se deslocar regularmente entre os dois pólos da UM situados nas duas cidades, os professores e funcionários, e os residentes de uma e outra cidade? Qual é a diferença em relação à auto-estrada Porto Viana? Afinal quem viajou nas estradas alternativas sabe que a estrada Braga-Guimarães não é melhor que a estrada Porto-Viana, e o trânsito também não é inferior.
Não entendo como é que as forças vivas de ambas as cidades não se demonstraram com mais visibilidade na altura da construção da auto-estrada e como a Universidade e os seus utentes, estudantes e professores nomeadamente, não formaram uma destas comissões de utilizadores que já na altura eram notícia noutras SCUTS, como a do Oeste, por exemplo. Se formos a ver, o que se gasta nas viagens entre Braga e Guimarães pelos utilizadores regulares, utentes da UM e residentes numa das duas cidades, tal como para os utilizadores da SCUT Porto-Viana, no fim do mês também vai fazer mossa na bolsa dos estudantes, e/ou no salário dos pais deles, e no salários dos professores e outros utilizadores regulares.
Talvez não seja tarde de mais e que a UM aproveite esta discussão em torno das SCUTS e se movimente, começando por uma intervenção pública dos órgãos de poder, o reitor ou o Presidente do Conselho Geral, para repor a justiça nesta questão das SCUTS e auto-estradas no que refere aos utilizadores da UM.

segunda-feira, junho 14, 2010

As SCUTS, professores e vuvuzelas

Debate-se neste momento o pagamento de portagens nas SCUTS. Tenho assistido aos movimentos que se opõem às portagens com a mesma atitude que assisti ao movimento dos professores do ensino secundário quando reclamavam o fim das avaliações. Com um sentimento de que neste País há a ideia generalizada que quem mais berra e quantos mais forem a berrar, maior possibilidade têm de sucesso. E não é que funciona? Pois se a avaliação é uma brincadeira comparado com o que estava previsto implementar pela ministra e as portagens no norte já não abrangem Viana do Castelo a Caminha e Viana do Castelo a Ponte de Lima!
Mas mesmo assim, os professores querem mais, que não conte a avaliação feita o ano passado (que foi a mínima) para a nota deste ano e os movimentos das SCUTs ainda querem que Porto Viana do Castelo seja de graça...Quanto aos professores não digo nada porque nós no Superior estamos habituados a apanhar com tudo e mais alguma coisa e não nos pronunciamos com a mesma berraria, mas quanto aos senhores do Porto e de Viana, só lhes sugeria que olhassem um pouco para o lado e pensassem naqueles que fazem o percurso em auto-estrada Braga-Porto-Braga quase todos os dias, e Braga-Guimarães-Braga, neste caso para viajar entre os dois pólos da UM, que não duvido sejam a maioria dos utentes (é só ver na altura das férias académicas como diminui o
tráfego nesta autoestrada).
Já estou como aqueles que querem acabar com as vuvuzelas: acabem com esse ruído todo ou então distribuam as vossas vuvuzelas democraticamente, por todos os distritos e no caso do sindicato dos professores, distribuam por todas as carreiras, não se fiquem só pelo ensino secundário, abranjam também o ensino superior.

sábado, junho 05, 2010

O apoio ao empreendedorismo e o capital de risco: As Universidades são ouvidas?

Numa altura que muito se fala do empreendedorismo universitário, tem a UM uma novamente uma oportunidade histórica de se evidenciar nesta área. A UM foi das primeiras a fazê-lo nos anos 80 com empresas de informática e através da Tecminho nos anos 90, impulsionados por programas na altura pioneiros na UM, como o "Smart Tulip" da responsabilidade de Avelino Pinto com o apoio vice-reitor do pelouro na altura, Manuel Mota. Entretanto criou-se o Spin-Park, também muito pelo empenho dos mesmos, empresa capital semente com capitais de várias empresas Públicas entre elas a UM, inserida no AvePark, um parque de C&T especialmente concebido para a instalação deste tipo de empresa. Mas para além desta fase inicial (semente), tardam a aparecer as empresas spin-off da UM na fase já de lançamento comercial. Qual a razão ou razões? A meu ver há uma responsabilidade das empresas de capital de risco em todo este processo "pós-semente" de lançamento de empresas spin-off, que não está a ser cumprido, nomeadamente por aquelas que têm como investidores o Estado, directamente ou por intermédio das empresas públicas e organismos públicos, que é o caso da Inov-capital, com sede no Porto. Se formos ver, o capital investido por esta entidade nos últimos anos em empresas spin-off é mínimo e então em empresas oriundas da UM é ínsignificante, considerando o seu capital social. Este tipo de organismos investem muitas vezes em empresas já maduras que supostamente terão menos risco. Mas para isso existem os bancos. Mesmo assim o investimente em grandes empresas não tem sido muito profícuo nos últimos tempos (veja-se o caso da Aerosoles). Porquê então este comportamento? Lançam-se planos de incentivo às empresas spin-off, do tipo do Finicia, e vai-se ver e nem uma empresa spin-off da UM consta da lista de apoio deste programa no que refere ao capital de risco.
Os empreendedores desesperam pois investem do seu tempo e dinheiro e as empresas de capital de risco, fundadas pelos sucessivos governos, só mudam nos administradores que mudam consoante a sua cor política, o que também não deve ajudar muito ao bom funcionamento da instituição. A meu ver quem devia mudar regularmente seriam os técnicos que trabalham nestas instituições, porque são eles muitas vezes que decidem sobre o futuro das empresas participadas, e o poder de decisão está muitas vezes nas suas mãos e não com os administradores. É demasiado poder para técnicos assalariados por demasiado tempo! Este tipo de capital de risco, não sendo capital dos próprios, como no caso de "business angels", não tem consequência de maior para quem decide, ao invés dos casos em que são investidores particulares, sejam "business angels" ou familiares ou amigos dos empreendedores, a investir no negócio.
Uma forma de de incentivar o empreendedorismo das Universidades (e Politécnicos)seria através da participação das Universidades na administração das empresas de capitais de risco com capitais públicos. Dessa forma ao menos haveria, em teoria, mais sensibilidade para o investimento em empresas spin-off oriundas de Universidades do que há de momento.
A Universidade do Minho, pioneira no empreendedorismo, se conseguiu pela mão do actual reitor, através de "lobbying", cativar o Ministro da Ciência para inserir a UM no roteiro do programa MIT, também conseguirá influenciar o Ministro para esta problemática das capitais de risco. Mesmo não fazendo parte da sua tutela, se realmente o quisesse, o Ministro puxaria pelos galões e exigiria que de futuro as empresas de capital de risco com capitais públicos servissem mais o empreendedorismo proveniente do ensino superior e menos as grandes empresas já lançadas no mercado.