domingo, maio 23, 2010

O que mudou na UM com o RJIES?

O que mudou com o RJIES? Muito pouco. Só a forma como se chega ao topo é que mudou. Como diz o povo: Mudam as moscas...Senão vejamos. Independentemente do mérito das pessoas que ocupam os diversos cargos do topo, não se pode dizer que vieram da oposição ao anterior "regime". Poderiam ter ideias um pouco diferentes e personalidades diferentes dos que ocupavam os cargos anteriormente, mas na realidade a estrutura que impuseram, continua intacta. E tudo por um processo democrático recentemente instituído que é o RJIES. A democracia tem destas coisas , mas como refiro no fim deste texto, no Universo restrito duma universidade, a democracia não é assim tão livre de pressões como o é num Universo maior como o próprio País. Foi assim na reitoria e foi assim na maioria das Escolas. Houve na realidade casos em que o Presidente de Escola, como a de Engenharia, ocupou o cargo pela primeira vez mas escolheu para Presidente do Conselho Pedagógico alguém que já o ocupa há décadas. Sem dúvida por acordos pré-eleitorais com o "aparelho". Os Serviços que fazem a ponte entre os órgãos de governo da UM e o bem-estar dos docentes, funcionários e alunos, os SASUM, tiveram o seu administrador os seus directores reconduzidos e muitos foram promovidos a chefes de Divisão, sem haver sequer serviço que justificasse essa promoção, segundo o blogue "UM para todos". O orçamento para estes gastos extra foi submetido pelo reitor, segundo as novas regras do RJIES tinha que ser, ao Conselho Geral e aprovado pela maioria que lhe está afecta. Outras promoções que seriam justas noutros serviços, ficarão à espera de "melhores dias". A crise não é para todos, bem se podem queixar os outros funcionários. Sim, mas queixar a quem? Ao seu representante no Conselho Geral? Um voto em 25? Ao seu sindicato? Sabemos como é inútil e entretanto, sem possibilidade de verem as suas justas aspirações contempladas, viram-se para o SIADAP. Mas como funcionou este processo no passado recente? Consta que em algumas Escolas a classificação de excelente que permite a promoção, foi quase todos para os dirigentes, técnicos superiores e chefes de serviços, quase todos eles afectos ao "aparelho" por via de anos e anos de promoções e concursos que se não foram manipulados foram pelo menos influenciados pelas ligações familiares ou de amizade do concorrente com o topo da hierarquia do passado. Sabemos que até alguns técnicos superiores são familiares de pessoas que estiveram no passado no topo da hierarquia.
Posto isto, que podem os funcionários esperar? Diria que é melhor não terem muitas expectativas nos próximos anos. Só quando o "aparelho", dominado por docentes e por força do RJIES por alunos, for substituído por outros docentes e alunos que nunca estiveram ligados ao "aparelho", uma vez que o número de funcionários nos vários órgãos é diminuto. Isso é possível? Só o tempo o dirá.
Os alunos também não mudaram. A Associação de estudantes, que penso se mantém inalterada desde a anterior reitoria, ocupou os lugares no Conselho Geral, por força da já endémica falta de participação nas eleições, por parte da maioria dos estudantes
E os docentes? Felizmente os docentes têm um estatuto paralelo ao RJIES, o estatuto da carreira docente (ECDU) que exige nos concursos de promoção na carreira membros exteriores à Universidade onde se lecciona. Mas no que respeita aos órgãos de governo da UM os docentes e investigadores estão sujeitos á lógica do voto. E essa lógica adapta-se bem a um Universo amplo, como é o caso do País quando vai a votos, mas num meio mais pequeno, com um universo de votos pequeno, os votantes estão demasiado próximos dos seus governantes e são por eles influenciados quando pensam no seu próprio futuro, ao ponderarem em quem mais os pode ajudar ou prejudicar. É inevitável numa carreira tão vulnerável como a do Ensino Superior. Há factores que aparentemente não são relevantes ao futuro dos docentes, como a distribuição de serviço docente, mas com a instabilidade actual que o RJIES introduziu, cheio de definições ambíguas como o contrato por tempo indeterminado, que terminaria se for "extinto um serviço", os Professores Auxiliares, que são a maioria dos docentes, pressentem que este aspecto é fundamental para o seu futuro. Tanto neste como noutros aspectos o director do Departamento tem a palavra final, e segundo o RJIES, sendo um subalterno do Presidente de Escola, o Professor Auxiliar pressente que estará dependente indirectamente do Presidente de Escola também. São estas as perversões do RJIES, que foi pensado sem dúvida ccomo uma forma de renovar as Universidades mas que veio ironicamente aprofundar ainda mais as "ligações perigosas" entre governantes e governados.

sexta-feira, maio 14, 2010

Quem tem medo do Departamento de Engenharia Têxtil?

Recentemente, por ocasião da aprovação dos regulamentos dos Departamentos da Escola de Engenharia, foi rejeitada em Conselho de Escola a proposta do DET de abranger outros materiais fibrosos sem serem os materiais têxteis. Consta que um outro departamento duma outra área quer agora abranger exclusivamente também estes materiais fibrosos. Que queira fazer investigação em materiais fibrosos, tolera-se, embora estranha-se esta pretensão de quem nunca trabalhou com fibras. Agora que queira impedir outros que já fazem investigação em materiais fibrosos há muitos anos de o continuar a fazer, é que não seria tolerável num órgão que se pautaria pela independência em relação a "lobbies" deste ou daquele departamento, como é o caso do Conselho de Escola.
Mas numa Escola em que a dimensão mediática de alguns, intimida, condicionando (por omissão) até o que vem nos regulamentos, como foi o caso de no regulamento da Escola não constar quaisquer condicionalismos ao que qualquer Centro queira decretar nos seus regulamentos (já mencionado aqui neste blogue), não será de admirar que mais uma vez a vontade desses Centros mediáticos, passar a ser uma ordem para ser seguida pelos demais membros do Conselho.
O Departamento de Engenharia Têxtil tem sido no passado o enteado dos Presidentes de Escola de Engenharia e dos Concelhos Científicos que por lá passaram: não foi incluído no curso de Engenharia de Materiais, retiraram-lhe espaços, puseram os seus docentes a trabalhar para outros departamentos em áreas que por vezes lhes eram totalmente estranhas, entre outras. A UM ignora também duma maneira geral o que de bom emana do Departamento/Centro: as suas patentes e spin-off's passam despercebidas pela propaganda que a UM faz regularmente nos seus boletins oficiosos de prémios e outros feitos alcançados por docentes dos vários departamentos (alguns aparecendo regularmente como se de génios se tratassem). Ora aqui há uma contradição, pois se o departamento não é reconhecido na Escola e Universidade como tendo uma actividade científica de mérito, muito embora tivesse tido a classificação de "excelente" pela FCT, porque é que alguns têm receio da concorrência na investigação de outros materiais fibrosos que não os têxteis, por parte do Departamento/Centro Têxtil? Sempre pensei que a concorrência seria saudável, mas pelos vistos alguns receiam-na.
Não pretendo com isto defender o Departamento em geral, porque para isso existe um Director de Departamento e Centro que têm o dever de o fazer. O que eu acho é que alguns departamentos, e o de Engenharia Têxtil não é o único, como costuma dizer o povo, têm o osso, enquanto que outros, vá-se lá saber porquê, têm a carne. Já é assim há alguns anos na Escola de Engenharia e pelos vistos assim continuará por muitos anos.

segunda-feira, maio 10, 2010

Plágio na UM

Pode-se ler no blog NDNR que a docente do Instituto Politécnico do Porto pediu a demissão do seu cargo após as notícias vindas a público sobre a sua tese de doutoramento, tirado na UM, que teria sido parcialmente obra de plágio de uma outra obra brasileira. Ao menos assumiu a postura correcta ao demitir-se, coisa que outros que estariam na mesma situação não o fizeram. Ou porque não foram descobertos ou porque teriam as costas quentes, protegidos por outros em cargos superiores. Mas analisando este caso, põe-se a questão se o curso em que a própria se inscreveu para doutoramento não será de futuro permeável a outras situações do género. É isso que deve ser analisado pelos órgãos competentes da UM. O reitor diz que vai averiguar e tomar medidas. Quais? Não será um daqueles casos em que o tempo resolve tudo? O que é hoje notícia amanhã já está esquecido. Ora eu penso que se devem tomar medidas para que amanhã não voltemos na UM a ser notícia de novo, por isso averigúem as fragilidades do curso em questão, se há competências à altura do doutoramento em causa, nomeadamente por parte dos potenciais supervisores, porque são eles que serão a porta de entrada de muitos doutoramentos potencialmente "administrativos". Penso aliás que os programas doutorais ainda serão mais permeáveis a estes abusos e a sua aprovação terá que ser muito mais cuidada no futuro, nomeadamente no que respeita à avaliação das competências dos seus docentes para orientação de futuros candidatos. Há um grande número de pessoas nos politécnicos que não tendo doutoramento, com o actual regulamentos, RJIES e Estatuto da Carreira Docente, podem ser dispensados se não o fizerem dentro de um prazo muito curto. Por isso há que ter ainda mais cuidado, porque estaremos a formar outros docentes para o Ensino Superior e não devemos ser só um meio para esses docentes assegurarem o seu emprego ou a sua subida na carreira.