sábado, junho 26, 2010

A UM, as SCUTS e O princípio dos residentes não pagadores

A proposta que agora está em cima da mesa para negociação entre partidos, propõe que os residentes nas áreas das SCUTS, ou que provem que façam o percurso regularmente, não paguem as portagens. Na sequência do meu comentário anterior, eu pergunto: e os utilizadores regulares e residentes na área das auto-estradas como a de Braga-Guimarães? Os alunos que estão a frequentar a UM e que precisam de se deslocar regularmente entre os dois pólos da UM situados nas duas cidades, os professores e funcionários, e os residentes de uma e outra cidade? Qual é a diferença em relação à auto-estrada Porto Viana? Afinal quem viajou nas estradas alternativas sabe que a estrada Braga-Guimarães não é melhor que a estrada Porto-Viana, e o trânsito também não é inferior.
Não entendo como é que as forças vivas de ambas as cidades não se demonstraram com mais visibilidade na altura da construção da auto-estrada e como a Universidade e os seus utentes, estudantes e professores nomeadamente, não formaram uma destas comissões de utilizadores que já na altura eram notícia noutras SCUTS, como a do Oeste, por exemplo. Se formos a ver, o que se gasta nas viagens entre Braga e Guimarães pelos utilizadores regulares, utentes da UM e residentes numa das duas cidades, tal como para os utilizadores da SCUT Porto-Viana, no fim do mês também vai fazer mossa na bolsa dos estudantes, e/ou no salário dos pais deles, e no salários dos professores e outros utilizadores regulares.
Talvez não seja tarde de mais e que a UM aproveite esta discussão em torno das SCUTS e se movimente, começando por uma intervenção pública dos órgãos de poder, o reitor ou o Presidente do Conselho Geral, para repor a justiça nesta questão das SCUTS e auto-estradas no que refere aos utilizadores da UM.

segunda-feira, junho 14, 2010

As SCUTS, professores e vuvuzelas

Debate-se neste momento o pagamento de portagens nas SCUTS. Tenho assistido aos movimentos que se opõem às portagens com a mesma atitude que assisti ao movimento dos professores do ensino secundário quando reclamavam o fim das avaliações. Com um sentimento de que neste País há a ideia generalizada que quem mais berra e quantos mais forem a berrar, maior possibilidade têm de sucesso. E não é que funciona? Pois se a avaliação é uma brincadeira comparado com o que estava previsto implementar pela ministra e as portagens no norte já não abrangem Viana do Castelo a Caminha e Viana do Castelo a Ponte de Lima!
Mas mesmo assim, os professores querem mais, que não conte a avaliação feita o ano passado (que foi a mínima) para a nota deste ano e os movimentos das SCUTs ainda querem que Porto Viana do Castelo seja de graça...Quanto aos professores não digo nada porque nós no Superior estamos habituados a apanhar com tudo e mais alguma coisa e não nos pronunciamos com a mesma berraria, mas quanto aos senhores do Porto e de Viana, só lhes sugeria que olhassem um pouco para o lado e pensassem naqueles que fazem o percurso em auto-estrada Braga-Porto-Braga quase todos os dias, e Braga-Guimarães-Braga, neste caso para viajar entre os dois pólos da UM, que não duvido sejam a maioria dos utentes (é só ver na altura das férias académicas como diminui o
tráfego nesta autoestrada).
Já estou como aqueles que querem acabar com as vuvuzelas: acabem com esse ruído todo ou então distribuam as vossas vuvuzelas democraticamente, por todos os distritos e no caso do sindicato dos professores, distribuam por todas as carreiras, não se fiquem só pelo ensino secundário, abranjam também o ensino superior.

sábado, junho 05, 2010

O apoio ao empreendedorismo e o capital de risco: As Universidades são ouvidas?

Numa altura que muito se fala do empreendedorismo universitário, tem a UM uma novamente uma oportunidade histórica de se evidenciar nesta área. A UM foi das primeiras a fazê-lo nos anos 80 com empresas de informática e através da Tecminho nos anos 90, impulsionados por programas na altura pioneiros na UM, como o "Smart Tulip" da responsabilidade de Avelino Pinto com o apoio vice-reitor do pelouro na altura, Manuel Mota. Entretanto criou-se o Spin-Park, também muito pelo empenho dos mesmos, empresa capital semente com capitais de várias empresas Públicas entre elas a UM, inserida no AvePark, um parque de C&T especialmente concebido para a instalação deste tipo de empresa. Mas para além desta fase inicial (semente), tardam a aparecer as empresas spin-off da UM na fase já de lançamento comercial. Qual a razão ou razões? A meu ver há uma responsabilidade das empresas de capital de risco em todo este processo "pós-semente" de lançamento de empresas spin-off, que não está a ser cumprido, nomeadamente por aquelas que têm como investidores o Estado, directamente ou por intermédio das empresas públicas e organismos públicos, que é o caso da Inov-capital, com sede no Porto. Se formos ver, o capital investido por esta entidade nos últimos anos em empresas spin-off é mínimo e então em empresas oriundas da UM é ínsignificante, considerando o seu capital social. Este tipo de organismos investem muitas vezes em empresas já maduras que supostamente terão menos risco. Mas para isso existem os bancos. Mesmo assim o investimente em grandes empresas não tem sido muito profícuo nos últimos tempos (veja-se o caso da Aerosoles). Porquê então este comportamento? Lançam-se planos de incentivo às empresas spin-off, do tipo do Finicia, e vai-se ver e nem uma empresa spin-off da UM consta da lista de apoio deste programa no que refere ao capital de risco.
Os empreendedores desesperam pois investem do seu tempo e dinheiro e as empresas de capital de risco, fundadas pelos sucessivos governos, só mudam nos administradores que mudam consoante a sua cor política, o que também não deve ajudar muito ao bom funcionamento da instituição. A meu ver quem devia mudar regularmente seriam os técnicos que trabalham nestas instituições, porque são eles muitas vezes que decidem sobre o futuro das empresas participadas, e o poder de decisão está muitas vezes nas suas mãos e não com os administradores. É demasiado poder para técnicos assalariados por demasiado tempo! Este tipo de capital de risco, não sendo capital dos próprios, como no caso de "business angels", não tem consequência de maior para quem decide, ao invés dos casos em que são investidores particulares, sejam "business angels" ou familiares ou amigos dos empreendedores, a investir no negócio.
Uma forma de de incentivar o empreendedorismo das Universidades (e Politécnicos)seria através da participação das Universidades na administração das empresas de capitais de risco com capitais públicos. Dessa forma ao menos haveria, em teoria, mais sensibilidade para o investimento em empresas spin-off oriundas de Universidades do que há de momento.
A Universidade do Minho, pioneira no empreendedorismo, se conseguiu pela mão do actual reitor, através de "lobbying", cativar o Ministro da Ciência para inserir a UM no roteiro do programa MIT, também conseguirá influenciar o Ministro para esta problemática das capitais de risco. Mesmo não fazendo parte da sua tutela, se realmente o quisesse, o Ministro puxaria pelos galões e exigiria que de futuro as empresas de capital de risco com capitais públicos servissem mais o empreendedorismo proveniente do ensino superior e menos as grandes empresas já lançadas no mercado.

domingo, maio 30, 2010

A propósito do Fórum UMinho:algumas medidas relacionadas com alunos

A propósito da primeira reunião do reitor com os alunos, designada por Fórum UMinho, para uma discussão sobre propinas, Bolonha, cursos pós-laborais e outros assuntos relacionados com os alunos, uma notícia no CM critica a pouca afluência de alunos. Não analisa no entanto as causas. O Fórum a meu ver é uma boa ideia, mas os alunos devem ter percebido que seria mais uma informação por parte do reitor do que propriamente uma discussão donde sairiam resultados práticos. Ou dito doutra forma pelo blogue Universidade Alternativa, uma campanha de propaganda por parte do reitor. O jornalista do CM também expressou uma opinião que parece tirada da frustração do reitor, o que indicaria que de facto haveria uma intenção de atingir o máximo número de alunos possível. Mas eu pergunto? Porque se sentiria o reitor tão incomodado pela pouca participação de alunos, quando não se sente incomodado de ter o apoio no Conselho Geral da maior parte dos alunos que são nomeados pela Associação Académica, quando a sua eleição resultou de uma percentagem de votantes de aproximadamente 3% do universo eleitoral? Os alunos têm sido determinantes na passagem de algumas das suas mais importantes medidas, tais como a aprovação dos estatutos dos Serviços Sociais (SASUM), que implicou um aumento orçamental muito por culpa da promoção dos directores a categorias superiores. Claro que se percebe a conivência entre a Associação Académica e os SASUM, sendo que grande parte do orçamento dos SASUM reverte para os alunos, nomeadamente as bolsas.
Só se conquistarão os alunos para debates quando eles sentirem que estão representados nos vários órgãos da UM duma forma representativa e transparente, não por nomeação por parte da Associação Académica. Se em parte a culpa é deles por serem tão pouco militantes, isso é, mas que dá muito jeito á reitoria, isso dá, por isso vamos nos deixar de hipocrisias. Para acreditarmos na bondade destas iniciativas e para que muitos mais alunos se sintam motivados para participarem nelas, sugiro as seguinte medidas, que sendo dez, alguns podem chamar mandamentos (que não o são):
1)Exija-se que os alunos representados nos vários órgãos não estejam ligados à Associação Académica,
2)Faça-se uma divulgação junto dos alunos para as eleições dos vários órgãos, o que não foi feito da última vez
3)Retire-se aos SASUM a atribuição de bolsas, remetendo este serviço para os serviços centrais (Ministério)
4)Não se atribua verbas para as festas dos alunos (eles que angariem essas verbas, como fazem noutros países)
5) Não tratem os alunos como crianças ou adolescentes, que é o que parece estar a acontecer com Bolonha, mas tratem-nos como adultos que o são (ou devem ser).
4) Não incentivem a utilização de fardas, porque elas são caras e só servem para enaltecer a incompetência
5) Deixem de misturar religião e ensino com a bênção das pastas (respeite-se quem é religioso mas não o façam ostensivamente, esquecendo aqueles que não o são).
6) Reduzam as praxes a clubes, como fazem lá fora. Isto é: o clube dos montanhistas, por exemplo, terá a sua praxe, mas não obriguem toda a Academia a ter essa praxes.
7) Retirem os carros dos alunos do campus e usem esse espaço para pôr relva e árvores para os alunos conviverem e terem um espaço agradável
8)Criem um gabinete de desporto associado ao Senado, para que os SASUM não tenham esse monopólio sobre os alunos.
9)Façam mais zonas de convívio entre estudantes, nomeadamente pós-graduados, e professores.
e finalmente:
10) Divulguem as notícias do Conselho Geral e do Senado que dizem respeito aos alunos em Fóruns do género do que deu origem a esta discussão, mas façam Fóruns que envolvam representantes das várias sensibilidades dentro da UM, para não cheirar a propaganda.

domingo, maio 23, 2010

O que mudou na UM com o RJIES?

O que mudou com o RJIES? Muito pouco. Só a forma como se chega ao topo é que mudou. Como diz o povo: Mudam as moscas...Senão vejamos. Independentemente do mérito das pessoas que ocupam os diversos cargos do topo, não se pode dizer que vieram da oposição ao anterior "regime". Poderiam ter ideias um pouco diferentes e personalidades diferentes dos que ocupavam os cargos anteriormente, mas na realidade a estrutura que impuseram, continua intacta. E tudo por um processo democrático recentemente instituído que é o RJIES. A democracia tem destas coisas , mas como refiro no fim deste texto, no Universo restrito duma universidade, a democracia não é assim tão livre de pressões como o é num Universo maior como o próprio País. Foi assim na reitoria e foi assim na maioria das Escolas. Houve na realidade casos em que o Presidente de Escola, como a de Engenharia, ocupou o cargo pela primeira vez mas escolheu para Presidente do Conselho Pedagógico alguém que já o ocupa há décadas. Sem dúvida por acordos pré-eleitorais com o "aparelho". Os Serviços que fazem a ponte entre os órgãos de governo da UM e o bem-estar dos docentes, funcionários e alunos, os SASUM, tiveram o seu administrador os seus directores reconduzidos e muitos foram promovidos a chefes de Divisão, sem haver sequer serviço que justificasse essa promoção, segundo o blogue "UM para todos". O orçamento para estes gastos extra foi submetido pelo reitor, segundo as novas regras do RJIES tinha que ser, ao Conselho Geral e aprovado pela maioria que lhe está afecta. Outras promoções que seriam justas noutros serviços, ficarão à espera de "melhores dias". A crise não é para todos, bem se podem queixar os outros funcionários. Sim, mas queixar a quem? Ao seu representante no Conselho Geral? Um voto em 25? Ao seu sindicato? Sabemos como é inútil e entretanto, sem possibilidade de verem as suas justas aspirações contempladas, viram-se para o SIADAP. Mas como funcionou este processo no passado recente? Consta que em algumas Escolas a classificação de excelente que permite a promoção, foi quase todos para os dirigentes, técnicos superiores e chefes de serviços, quase todos eles afectos ao "aparelho" por via de anos e anos de promoções e concursos que se não foram manipulados foram pelo menos influenciados pelas ligações familiares ou de amizade do concorrente com o topo da hierarquia do passado. Sabemos que até alguns técnicos superiores são familiares de pessoas que estiveram no passado no topo da hierarquia.
Posto isto, que podem os funcionários esperar? Diria que é melhor não terem muitas expectativas nos próximos anos. Só quando o "aparelho", dominado por docentes e por força do RJIES por alunos, for substituído por outros docentes e alunos que nunca estiveram ligados ao "aparelho", uma vez que o número de funcionários nos vários órgãos é diminuto. Isso é possível? Só o tempo o dirá.
Os alunos também não mudaram. A Associação de estudantes, que penso se mantém inalterada desde a anterior reitoria, ocupou os lugares no Conselho Geral, por força da já endémica falta de participação nas eleições, por parte da maioria dos estudantes
E os docentes? Felizmente os docentes têm um estatuto paralelo ao RJIES, o estatuto da carreira docente (ECDU) que exige nos concursos de promoção na carreira membros exteriores à Universidade onde se lecciona. Mas no que respeita aos órgãos de governo da UM os docentes e investigadores estão sujeitos á lógica do voto. E essa lógica adapta-se bem a um Universo amplo, como é o caso do País quando vai a votos, mas num meio mais pequeno, com um universo de votos pequeno, os votantes estão demasiado próximos dos seus governantes e são por eles influenciados quando pensam no seu próprio futuro, ao ponderarem em quem mais os pode ajudar ou prejudicar. É inevitável numa carreira tão vulnerável como a do Ensino Superior. Há factores que aparentemente não são relevantes ao futuro dos docentes, como a distribuição de serviço docente, mas com a instabilidade actual que o RJIES introduziu, cheio de definições ambíguas como o contrato por tempo indeterminado, que terminaria se for "extinto um serviço", os Professores Auxiliares, que são a maioria dos docentes, pressentem que este aspecto é fundamental para o seu futuro. Tanto neste como noutros aspectos o director do Departamento tem a palavra final, e segundo o RJIES, sendo um subalterno do Presidente de Escola, o Professor Auxiliar pressente que estará dependente indirectamente do Presidente de Escola também. São estas as perversões do RJIES, que foi pensado sem dúvida ccomo uma forma de renovar as Universidades mas que veio ironicamente aprofundar ainda mais as "ligações perigosas" entre governantes e governados.

sexta-feira, maio 14, 2010

Quem tem medo do Departamento de Engenharia Têxtil?

Recentemente, por ocasião da aprovação dos regulamentos dos Departamentos da Escola de Engenharia, foi rejeitada em Conselho de Escola a proposta do DET de abranger outros materiais fibrosos sem serem os materiais têxteis. Consta que um outro departamento duma outra área quer agora abranger exclusivamente também estes materiais fibrosos. Que queira fazer investigação em materiais fibrosos, tolera-se, embora estranha-se esta pretensão de quem nunca trabalhou com fibras. Agora que queira impedir outros que já fazem investigação em materiais fibrosos há muitos anos de o continuar a fazer, é que não seria tolerável num órgão que se pautaria pela independência em relação a "lobbies" deste ou daquele departamento, como é o caso do Conselho de Escola.
Mas numa Escola em que a dimensão mediática de alguns, intimida, condicionando (por omissão) até o que vem nos regulamentos, como foi o caso de no regulamento da Escola não constar quaisquer condicionalismos ao que qualquer Centro queira decretar nos seus regulamentos (já mencionado aqui neste blogue), não será de admirar que mais uma vez a vontade desses Centros mediáticos, passar a ser uma ordem para ser seguida pelos demais membros do Conselho.
O Departamento de Engenharia Têxtil tem sido no passado o enteado dos Presidentes de Escola de Engenharia e dos Concelhos Científicos que por lá passaram: não foi incluído no curso de Engenharia de Materiais, retiraram-lhe espaços, puseram os seus docentes a trabalhar para outros departamentos em áreas que por vezes lhes eram totalmente estranhas, entre outras. A UM ignora também duma maneira geral o que de bom emana do Departamento/Centro: as suas patentes e spin-off's passam despercebidas pela propaganda que a UM faz regularmente nos seus boletins oficiosos de prémios e outros feitos alcançados por docentes dos vários departamentos (alguns aparecendo regularmente como se de génios se tratassem). Ora aqui há uma contradição, pois se o departamento não é reconhecido na Escola e Universidade como tendo uma actividade científica de mérito, muito embora tivesse tido a classificação de "excelente" pela FCT, porque é que alguns têm receio da concorrência na investigação de outros materiais fibrosos que não os têxteis, por parte do Departamento/Centro Têxtil? Sempre pensei que a concorrência seria saudável, mas pelos vistos alguns receiam-na.
Não pretendo com isto defender o Departamento em geral, porque para isso existe um Director de Departamento e Centro que têm o dever de o fazer. O que eu acho é que alguns departamentos, e o de Engenharia Têxtil não é o único, como costuma dizer o povo, têm o osso, enquanto que outros, vá-se lá saber porquê, têm a carne. Já é assim há alguns anos na Escola de Engenharia e pelos vistos assim continuará por muitos anos.

segunda-feira, maio 10, 2010

Plágio na UM

Pode-se ler no blog NDNR que a docente do Instituto Politécnico do Porto pediu a demissão do seu cargo após as notícias vindas a público sobre a sua tese de doutoramento, tirado na UM, que teria sido parcialmente obra de plágio de uma outra obra brasileira. Ao menos assumiu a postura correcta ao demitir-se, coisa que outros que estariam na mesma situação não o fizeram. Ou porque não foram descobertos ou porque teriam as costas quentes, protegidos por outros em cargos superiores. Mas analisando este caso, põe-se a questão se o curso em que a própria se inscreveu para doutoramento não será de futuro permeável a outras situações do género. É isso que deve ser analisado pelos órgãos competentes da UM. O reitor diz que vai averiguar e tomar medidas. Quais? Não será um daqueles casos em que o tempo resolve tudo? O que é hoje notícia amanhã já está esquecido. Ora eu penso que se devem tomar medidas para que amanhã não voltemos na UM a ser notícia de novo, por isso averigúem as fragilidades do curso em questão, se há competências à altura do doutoramento em causa, nomeadamente por parte dos potenciais supervisores, porque são eles que serão a porta de entrada de muitos doutoramentos potencialmente "administrativos". Penso aliás que os programas doutorais ainda serão mais permeáveis a estes abusos e a sua aprovação terá que ser muito mais cuidada no futuro, nomeadamente no que respeita à avaliação das competências dos seus docentes para orientação de futuros candidatos. Há um grande número de pessoas nos politécnicos que não tendo doutoramento, com o actual regulamentos, RJIES e Estatuto da Carreira Docente, podem ser dispensados se não o fizerem dentro de um prazo muito curto. Por isso há que ter ainda mais cuidado, porque estaremos a formar outros docentes para o Ensino Superior e não devemos ser só um meio para esses docentes assegurarem o seu emprego ou a sua subida na carreira.

domingo, abril 25, 2010

O 25 de Abril e a discussão livre de ideias

Hoje é o dia 25 de Abril, data que comemora uma revolução em 1974. Já foi há tanto tempo que nos esquecemos dos ideais que nos trouxe como povo, e que nos colocou muito à frente de outros países democráticos nas ideias. O problema foi a prática, como muitos alertam. Mas ficando pelas ideias, havia uma frescura nas ideias que hoje não há. Havia um altruísmo que desapareceu; uma motivação para ajudar outros, como nas campanhas de alfabetização, que hoje está institucionalizada, sem gás. Havia uma vontade de ler que hoje desapareceu. Havia uma discussão saudável de ideias, necessária para limpar teias de aranha de um povo que esteve adormecido tantos anos, que se fazia sem complexos, pondo tudo em causa. Hoje não se discute nada, só se elogia ou só se deita abaixo, que é diferente.
Cometeram-se erros, naturalmente. Não se fazendo nada, não se cometeriam erros. Mas estaríamos melhores? Não creio nem quase ninguém crê. No tempo do Salazar e depois do Marcelo Caetano, as pessoas esquecem que havia censura, não se podiam debater ideias livremente. Havia presos que o foram só pelas suas ideias políticas. Havia tortura desses presos. Havia perseguição a essas pessoas. Havia o degredo para alguns dos mais incómodos para muito longe (Tarrafal).
Hoje mais que nunca devemos prometer a nós próprios, que dentro do nosso pequeno universo, seja o nosso local de trabalho ou o nosso grupo de colegas, nos vamos esforçar para que haja uma discussão livre de ideias, sob pena de estarmos a permitir um retrocesso naquilo que tão penosamente foi alcançado no dia 25 de Abril de 1974.