Com o aproximar do Verão, constatamos as deficiências do campus de Gualtar e mesmo o de Azurém, embora menos, no que respeita a espaços verdes. Numa altura em que os alunos e investigadores poderiam auferir desses espaços nos seus tempos livres, como acontece em países realmente desenvolvidos, vemos os alunos em ambientes confinados, em corredores e em halls sem condições, o que não abona em nada a favor da Universidade como local de convívio, que também o deve ser. Afinal estes são considerados anos marcantes na vida dos jovens. Com que memória que ficam da sua passagem pela Universidade? Como procura a Universidade atrair os alunos? Noutras Universidades que lutam por cativar os melhores alunos estas não deixam de referir e mostrar os seus espaços verdes, por onde se pode conviver e relaxar num ambiente agradável, tão importante para enfrentar mais uma aula ou mais um teste ou exame.
Infelizmente, os reitores anteriores não defenderam o espaço em frente ao campus de Gualtar, a chamada quinta dos peões, que foi desafectada do Estado (Ministério da Agricultura) por uma câmara dependente de empreiteiros, e com a passividade ou mesmo conivência da Universidade.
O actual reitor, bem podia reverter esta situação e já que fez da possibilidade de alienar património um dos argumentos da sua campanha para passagem da universidade a fundação, poderia aproveitar essa possibilidade também para "readquirir" este património ao sr. Rodrigues Névoa, que tenho ideia ser o actual proprietário da quinta dos peões. Embora em teoria a Universidade não devesse pagar por um espaço que já era do Estado, uma vez que o negócio foi feito e houve transferência de dinheiro de privados para o Estado, o que por si só é estranho e devia ser investigado, devia a Universidade pagar exactamente a mesma quantia ao sr Rodrigues Névoa para não ser mais prejudicada do que já foi em todo este negócio. E devia fazê-lo antes que se começasse a construir!
sexta-feira, junho 03, 2011
quinta-feira, maio 26, 2011
A Fundação: regime de contratações e promoções
É sabido que no nosso País funciona e funcionou sempre a cunha. Uma palavrinha, uma ligação familiar ou de amizade ou de outra natureza, e o emprego ou a promoção estão garantidas. Acontece nas empresas e acontece na função pública. Todo o País depois sofre na sua competitividade por muitas vezes não serem os melhores em cargos de chefia, ou mesmo que não sejam de chefia mas suficientemente relevantes para "atrasar toda a máquina" ou numa designação muito mais apropriada em inglês: "slow down". Os sociólogos teriam muito a estudar sobre esta apetência que os homens e mulheres têm para se sentirem poderosos ao ter nas suas mãos o destino de alguém, e de daí tirarem prazer ao decidir sobre o seu emprego e futuro profissional.Também sobre os candidatos que se sujeitam a essa arbitrariedade este estudo faria um bom "case study" em termos da aceitação de ficarem a dever favores ao seu chefe e de futuro ter que "pagá-los".
Na função pública, quando um governo introduz uma lei mais exigente de concursos para admissão ou promoção de pessoal, é com o objectivo de reconhecer o mérito na avaliação. No entanto há uma tendência recente de se confundir competitividade com agilização de processos de contratação e de promoção. É o caso da transformação da Universidade em Fundação, em que todos estes processos de contratação e de promoção serão muito mais simples e rápidos. Pode de facto haver a coincidência de se contratar alguém muito capaz que imediatamente põe as suas capacidades de trabalho ao serviço da instituição e tal como em muitas empresas de sucesso, potencia a produtividade da secção para onde foi trabalhar ou onde foi promovido e indirectamente contribuir para a produtividade da própria Universidade. Mas em muitos casos pode também funcionar a cunha ou a proximidade, familiar ou outra, uma vez que é uma condição que não desapareceu nem desaparece tão cedo da sociedade portuguesa. No caso da promoção de funcionários, já temos o exemplo do SIADAP que permite aquilo a que se designou por Opção Gestionária, mas que bem se podia designar por "opção discricionária" pelas injustiças que causa ao passar ao lado da avaliação objectiva regular. No caso dos professores, o ECDU ainda vigora com exclusividade da promoção por via duma avaliação por concurso. Com a passagem da Universidade a Fundação, vai haver também a possibilidade de passar ao lado do ECDU, o que poderá também gerar situações de injustiça. Vamos esperar para ver, porque se as dúvidas ou mesmo rejeição de muitos professores da passagem a Fundação já são muitas, então serão muitas mais nessa altura, o que poderá provocar uma alteração do sentido de voto nas próximas eleições para os cargos dirigentes da UM, uma vez que os actuais dirigentes são os protagonistas desta mudança.
Na função pública, quando um governo introduz uma lei mais exigente de concursos para admissão ou promoção de pessoal, é com o objectivo de reconhecer o mérito na avaliação. No entanto há uma tendência recente de se confundir competitividade com agilização de processos de contratação e de promoção. É o caso da transformação da Universidade em Fundação, em que todos estes processos de contratação e de promoção serão muito mais simples e rápidos. Pode de facto haver a coincidência de se contratar alguém muito capaz que imediatamente põe as suas capacidades de trabalho ao serviço da instituição e tal como em muitas empresas de sucesso, potencia a produtividade da secção para onde foi trabalhar ou onde foi promovido e indirectamente contribuir para a produtividade da própria Universidade. Mas em muitos casos pode também funcionar a cunha ou a proximidade, familiar ou outra, uma vez que é uma condição que não desapareceu nem desaparece tão cedo da sociedade portuguesa. No caso da promoção de funcionários, já temos o exemplo do SIADAP que permite aquilo a que se designou por Opção Gestionária, mas que bem se podia designar por "opção discricionária" pelas injustiças que causa ao passar ao lado da avaliação objectiva regular. No caso dos professores, o ECDU ainda vigora com exclusividade da promoção por via duma avaliação por concurso. Com a passagem da Universidade a Fundação, vai haver também a possibilidade de passar ao lado do ECDU, o que poderá também gerar situações de injustiça. Vamos esperar para ver, porque se as dúvidas ou mesmo rejeição de muitos professores da passagem a Fundação já são muitas, então serão muitas mais nessa altura, o que poderá provocar uma alteração do sentido de voto nas próximas eleições para os cargos dirigentes da UM, uma vez que os actuais dirigentes são os protagonistas desta mudança.
Etiquetas:
Avaliação docentes,
ECDU,
Fundação
domingo, maio 15, 2011
Desvalorização dos graus em Engenharia
Mestrado? Doutoramento? São palavras que em tempos eram raras no quotidiano português mas que agora são comuns, o que seria exclusivamente motivo de orgulho para o nosso País, mas que são também motivo de preocupação pela sua aparente desvalorização. Senão vejamos. Para ingressar no Mestrado já não é necessário como era antes de Bolonha nota de 14 ou 13 com um bom currículo, e na Engenharia, no caso dos Mestrados Integrados, é uma continuação dos primeiros 3 anos, que conferem o grau de licenciatura. É preciso que se recue aos primórdios de Bolonha para nos lembrarmos que as licenciaturas eram para ser por si só o grau de ingresso no mercado de trabalho, com o objectivo de encurtar esse período de aprendizagem tornando-o torná-la mais virado para Mercado. Todos sabemos o que fizemos dessa ideia: foi para o lixo porque não interessava ao Ensino Superior ter os alunos menos anos na instituição com a consequente perda de receitas para as Universidades. Assim, desvalorizando a licenciatura, sobrecarregando-a de matérias que não interessariam ao potencial empregador, forçam os alunos a continuar para Mestrado para assim poderem ter aceitação no mercado de trabalho, e facilitam também essa transição integrando o grau de licenciatura em Mestrado Integrados.
Por sua vez, esta massificação de Mestrados, para além de desvalorizar o grau, força os alunos a pensar diferenciarem-se da concorrência, pensando em prosseguir para o doutoramento. A Universidade agradece e facilita essa transição: para ingressar no programa doutoral também não é necessário nota de 14, ou Mestrado com classificação de Muito Bom como era antes de Bolonha. Os Doutoramentos são agora programas doutorais, em que, tal como no Mestrado, têm um ano com aulas em matérias de "adaptação" à àrea do doutoramento e aulas em matérias de preparação para a investigação. Tudo muito lógico, mas perde-se um ano de investigação. Portanto temos o programa doutoral com menos um ano de investigação no doutoramento.
Em termos de capacidade dos doutorandos para a investigação, como consequência dos anos iniciais da licenciatura sem aulas de preparação de prática laboratorial, substituídas que foram em muitos casos por teoria e por trabalhos em computador (com recurso a motores de busca e enciclopédias on-line), temos a má preparação laboratorial dos alunos, mesmo daqueles que entraram com notas superiores a 14, indispensável para cumprirem um doutoramento.
Será normal que os supervisores façam que tudo seja possível fazer no curto espaço de tempo que têm para cumprir o calendário, não querendo dispensar no seu currículo mais uma orientação de um doutoramento.
Exagerado este cenário? Gostava que o fosse, mas teriam que me convencer do contrário, com factos e não "pedagogia", que é o que não falta na nova realidade que é Bolonha.
Por sua vez, esta massificação de Mestrados, para além de desvalorizar o grau, força os alunos a pensar diferenciarem-se da concorrência, pensando em prosseguir para o doutoramento. A Universidade agradece e facilita essa transição: para ingressar no programa doutoral também não é necessário nota de 14, ou Mestrado com classificação de Muito Bom como era antes de Bolonha. Os Doutoramentos são agora programas doutorais, em que, tal como no Mestrado, têm um ano com aulas em matérias de "adaptação" à àrea do doutoramento e aulas em matérias de preparação para a investigação. Tudo muito lógico, mas perde-se um ano de investigação. Portanto temos o programa doutoral com menos um ano de investigação no doutoramento.
Em termos de capacidade dos doutorandos para a investigação, como consequência dos anos iniciais da licenciatura sem aulas de preparação de prática laboratorial, substituídas que foram em muitos casos por teoria e por trabalhos em computador (com recurso a motores de busca e enciclopédias on-line), temos a má preparação laboratorial dos alunos, mesmo daqueles que entraram com notas superiores a 14, indispensável para cumprirem um doutoramento.
Será normal que os supervisores façam que tudo seja possível fazer no curto espaço de tempo que têm para cumprir o calendário, não querendo dispensar no seu currículo mais uma orientação de um doutoramento.
Exagerado este cenário? Gostava que o fosse, mas teriam que me convencer do contrário, com factos e não "pedagogia", que é o que não falta na nova realidade que é Bolonha.
sábado, maio 07, 2011
A inércia do sistema perante sintomas preocupantes
Surgem ciclicamente mensagens de alguém que sente que foi marginalizado pelos seus superiores ou mesmo colegas, como foi o caso desta semana de Joaquim Sá do IE-Instituto da Educação. Conheço o Joaquim e conheço os seus problemas por alto, mas não conheço toda a história por detrás de tanta amargura. Sei que terá as suas razões, porque sendo um professor profundamente honesto , não conseguiu no entanto progredir na carreira tal como desejava. Assistiu durante anos à progressão de outros que não reconhece como tendo um currículo superior ao seu, ou pelo menos que não tem um currículo que lhe pareça em linha com as directrizes do que é normal nas Ciência de Educação. Para um leigo nesta área como eu, também fico surpreendido como currículos de biologia e áreas afins chegam a Professor Catedrático em departamentos onde supostamente “se ensina a ensinar”, havendo ainda por cima outros com currículo em áreas mais de acordo com a Educação em geral como é o Ensino de crianças, que é aparentemente a área do Joaquim, que ficam pelo caminho.
A frustração de ninguém lhe responder a estas questões, que lhe parecem anómalas, levou-o ao desespero e a tomar atitudes que muitos reprovam, como o de divulgar textos que chegam a insultar quem percorreu esses caminhos paralelos à Educação como o seu colega Nelson Lima, ele próprio eventualmente uma vítima do sistema, que como denuncia o Joaquim, “anicha” professores onde existe vaga, independentemente do seu currículo ser aquele que mais interessa ao fim em vista: neste caso a Educação. Também não aprecio esta forma de protesto que procura envolver todos os membros da comunidade académica num assunto que eventualmente não poderão julgar com isenção por não conhecerem toda a envolvente, e que por isso castiga quem não esperava tal ataque quando inocentemente divulga o que tem construído ao longo dos anos na UM, ou seja uma Micoteca, que sem dúvida tem muito interesse e mérito, embora talvez não para o Instituto de Educação, pelo menos directamente. Dito isto, também compreendo o grito de revolta do Joaquim, que entendo não como um ataque ao seu colega, mas mais um grito contra o sistema que o usou e o "cuspiu" quando ele se tornou incómodo. Infelizmente há vários casos destes nas Universidades, não só na UM como é bom de ver, e não há quem se interesse e procure resolvê-los. Para os alunos há o Procurador do aluno, mas infelizmente para os professores isso não existe.
Amigos Joaquim e Nelson, que não tenho o prazer de conhecer, como os compreendo! O Joaquim por não ter sido reconhecido o seu mérito, o Nelson que fez algo que ninguém lhe pediu para fazer, uma Micoteca, o que na Função Pública é invulgar. E se o fez por vias paralelas é porque não o poderia fazer por outras vias. Mas por favor, o vosso inimigo é o mesmo por isso não se digladiem mutuamente. Antes combatam o sistema juntos. Vejam como se originou toda esta confusão de critérios e exponham essas incongruências juntos, sugerindo rearranjos de sub-unidades orgânicas ou mesmo Unidades orgânicas de modo a que todos no futuro tenha uma vaga onde poderá correctamente se “anichar”, sem usar o nicho alheio.
É minha convicção e já a exprimi aqui neste espaço, que a UM já devia ter feito esse estudo global, reorganizar-se em novas e restruturadas unidades e sub-unidades. Não o faz para não mexer nos interesses instalados e como consequência temos casos como este, que imagino ser só a ponta do iceberg.
A frustração de ninguém lhe responder a estas questões, que lhe parecem anómalas, levou-o ao desespero e a tomar atitudes que muitos reprovam, como o de divulgar textos que chegam a insultar quem percorreu esses caminhos paralelos à Educação como o seu colega Nelson Lima, ele próprio eventualmente uma vítima do sistema, que como denuncia o Joaquim, “anicha” professores onde existe vaga, independentemente do seu currículo ser aquele que mais interessa ao fim em vista: neste caso a Educação. Também não aprecio esta forma de protesto que procura envolver todos os membros da comunidade académica num assunto que eventualmente não poderão julgar com isenção por não conhecerem toda a envolvente, e que por isso castiga quem não esperava tal ataque quando inocentemente divulga o que tem construído ao longo dos anos na UM, ou seja uma Micoteca, que sem dúvida tem muito interesse e mérito, embora talvez não para o Instituto de Educação, pelo menos directamente. Dito isto, também compreendo o grito de revolta do Joaquim, que entendo não como um ataque ao seu colega, mas mais um grito contra o sistema que o usou e o "cuspiu" quando ele se tornou incómodo. Infelizmente há vários casos destes nas Universidades, não só na UM como é bom de ver, e não há quem se interesse e procure resolvê-los. Para os alunos há o Procurador do aluno, mas infelizmente para os professores isso não existe.
Amigos Joaquim e Nelson, que não tenho o prazer de conhecer, como os compreendo! O Joaquim por não ter sido reconhecido o seu mérito, o Nelson que fez algo que ninguém lhe pediu para fazer, uma Micoteca, o que na Função Pública é invulgar. E se o fez por vias paralelas é porque não o poderia fazer por outras vias. Mas por favor, o vosso inimigo é o mesmo por isso não se digladiem mutuamente. Antes combatam o sistema juntos. Vejam como se originou toda esta confusão de critérios e exponham essas incongruências juntos, sugerindo rearranjos de sub-unidades orgânicas ou mesmo Unidades orgânicas de modo a que todos no futuro tenha uma vaga onde poderá correctamente se “anichar”, sem usar o nicho alheio.
É minha convicção e já a exprimi aqui neste espaço, que a UM já devia ter feito esse estudo global, reorganizar-se em novas e restruturadas unidades e sub-unidades. Não o faz para não mexer nos interesses instalados e como consequência temos casos como este, que imagino ser só a ponta do iceberg.
Etiquetas:
investigação,
Orgânica Universitária
sábado, abril 30, 2011
A Fundação: algumas dúvidas in-funda-das?
Em que consiste a Universidade? Somos um serviço público em primeiro lugar para formar alunos ou somos uma instituição que se auto-alimenta de alunos para sobreviver? Estamos aqui para fazer investigação também, ou isso é voluntário? Tantas questões com que nos debatemos no dia a dia da nossa profissão, que ao acrescentar mais uma, ser Fundação ou não, corremos o risco de implodir! Como afecta a Fundação estes propósitos da Universidade? Será que vai incutir um espírito empresarial e adicioná-lo ao espírito de serviço público? Seríamos uma espécie de funcionários multi-tarefa, em que à Segunda seríamos empreendedores e andávamos a cativar verbas para os 50% de comparticipação que a Universidade precisa (ou não?) de apresentar como receitas próprias, à Terça dávamos umas aulas, à Quarta faziamos investigação, à Quinta tratávamos da burocracia dos papéis respeitantes a Bolonha, à Sexta tratávamos da burocracia referente à Segunda feira (projectos com empresas para captação de verbas, incluindo a deslocação em serviço e pedido de PSEC no caso de termos tido sorte com a captação de verbas) e dos papéis referentes ao I&D que precisamos de fazer na semana seguinte (ofícios ao reitor, ajustes directos para compra de matérias primas, e eventualmente tratar duma equiparação a bolseiro para uma conferência em Espanha, aqui pertinho porque as verbas não dão para muito mais). Concluindo, a burocracia só aumentaria com a Fundação, as aulas seriam entaladas com actividades que os docentes cada vez têm menos vontade de fazer, como a saída para o mundo real, o que tornaria aqueles que estão já viciados na burocracia de Bolonha em personagens ainda mais instáveis, devido ao nervosismo que essas novas exigências lhes trariam. Em cima de tudo isto há a conotação da palavra "Fundação" que em muitos docentes será qualquer coisa diferente daquilo para o qual eles entraram e que lhes daria um emprego seguro para toda a vida, uma vez que as Fundações que existem são mais "hobbies" que coisas sérias, como o é, aos seus olhos a "coisa" pública.
Etiquetas:
Bolonha,
Fundação,
Orgânica Universitária
sábado, abril 23, 2011
Burocracia
Todos ou quase todos nós já nos deparámos pelo menos uma vez na nossa vida com atrasos com qualquer requerimento devido à burocracia de instituições públicas. Mas enquanto que no dia a dia a burocracia tem sido parcialmente eliminada, com a introdução do programa Simplex (empresa na hora, casa na hora, registos de carros, etc), na Universidade e em tudo o que tem a ver com inovação ou I&D continua a burocracia. Relativamente ao I&D não se entende como pode haver tanta burocracia. Uma das razões para os atrasos são as muitas barreiras que se interpõem no percurso dos documentos(nem documentos devia haver nesta era informática !). Mesmo aqueles que se pensaria à partida que não haveria mais que fazer uma transferência entre centros de custos, necessitam de passar por inúmeras funcionárias, andam em ping-pong de uns gabinetes para outros, da reitoria para os vários pelouros da reitoria, para a Divisão Financeira e lá dentro de umas funcionárias para outras. Claro que qualquer acção por parte dos órgãos que decidem, deve haver um requerimento, muitas vezes dirigido ao sr. Reitor, que terá que passar por todos os controlos durante o seu percurso, começando pela sub-unidade, passando pela Escola, e se houver mais algum órgão intermédio que se lembre de exigir de verificar e validar o requerimento, ainda tem que fazer um desvio por ali também. Numa era de informatização não se entende porquê que ainda se usa tanto este "meio de transporte" (papel).No entanto o que achei curioso é que ninguém quer depois ficar com o papel. Ele volta á base e é o infeliz do docente/investigador que o tem que armazenar, pelo menos no caso de projectos (se isto continua assim os gabinetes dos docentes com projectos, transformar-se-ão nos arquivos da UM no que respeita a projectos).
Este ano ainda não tenho experiência de fazer um documento de despesa, pois com tantos passos que o antecedem, desde que abriu o programa de gestão de verbas, ainda não chegou a hora (já lá vão quase 3 meses). Dizem-me que uma vez chegado a este ponto, agora até é mais rápido que com o anterior programa. Oxalá. Mas melhorando uma etapa, não adianta muito, se tudo o resto está mais lento.
Devo dizer que se a Fundação eliminasse esta burocracia, eu seria o primeiro a apoiá-la. Mas será que os passos intermédios e o ping-pong que os documentos sofrem, serão eliminados? A não ser que haja uma mudança de mentalidade e que se deixe de duvidar de quem faz projectos como se de falsários se tratassem, obrigando-os a passar por todos estes controlos, receio que o novo regime fundacional não fará grande diferença ao dia a dia pantanoso do professor/investigador.
Este ano ainda não tenho experiência de fazer um documento de despesa, pois com tantos passos que o antecedem, desde que abriu o programa de gestão de verbas, ainda não chegou a hora (já lá vão quase 3 meses). Dizem-me que uma vez chegado a este ponto, agora até é mais rápido que com o anterior programa. Oxalá. Mas melhorando uma etapa, não adianta muito, se tudo o resto está mais lento.
Devo dizer que se a Fundação eliminasse esta burocracia, eu seria o primeiro a apoiá-la. Mas será que os passos intermédios e o ping-pong que os documentos sofrem, serão eliminados? A não ser que haja uma mudança de mentalidade e que se deixe de duvidar de quem faz projectos como se de falsários se tratassem, obrigando-os a passar por todos estes controlos, receio que o novo regime fundacional não fará grande diferença ao dia a dia pantanoso do professor/investigador.
Etiquetas:
Fundação,
Orgânica Universitária
domingo, abril 17, 2011
Fórum Fundação
No Fórum promovido pelo reitor em Azurém na Quarta-feria dia 13, constatou-se mais uma vez o desinteresse da comunidade académica pelo tema Fundação (havia talvez umas 20 pessoas na sala). A apresentação do reitor foi longa e mais completa do que a da primeira vez, abordando em mais pormenor aspectos que não estavam claros, pelo menos para mim. Mesmo assim, como não tenho conhecimento do que tem sido a experiência de outras Universidades e sendo essa experiência curta, conto-me entre aqueles que não apoiando a Fundação também não a negam. Não havendo defensores da "não passagem" a Fundação que se tivessem manifestado no Fórum, não houve oportunidade para um ouvinte atento como eu de duvidar dos argumentos apresentados a favor da Fundação. Houve uma pergunta que coloquei sobre os empréstimos: Que regras havia (se algumas) para esses empréstimos, se não haveria o perigo de seguirmos o rumo que os demais organismos Públicos que podem recorrer a empréstimos, como autarquias e parcerias público-privadas, tinham seguido com endividamentos que dificilmente poderiam pagar. Foi respondido que não que este assunto estava regulamentado por decreto-lei e que também o reitor e demais órgãos (Conselho Geral?) teriam que seguir as directivas de defesa da instituição pública, havendo uma obrigação ética nesse sentido. Posta a questão por dois outros membros da Academia também presentes na sala se outros reitores no futuro o fariam a resposta foi de que o Conselho de Curadores não permitiria empréstimos que não fossem sustentáveis. Também foi referido que os empréstimos seriam mais para auxiliar a tesouraria de projectos de investigação e não para obras de raiz porque para esses haveria outros mecanismos de financiamento.
Como ouvinte pareceu-me que o reitor estava muito seguro e confiante no "projecto" Fundação, eu diria, demasiado seguro. Pode-se interpretar isto de várias maneiras que deixo à consideração e imaginação de cada um, mas para mim foi em parte consequência do fracasso relativo da petição para um referendo com aproximadamente 200 pessoas a assinar. Não o beliscou nem um pouco, pelo contrário, tal como eu previa deu-lhe força para, podendo socorrer-se dos números, alegar que só uma minoria o contraria. Já o inquérito (1º) promovido pelos funcionários mas dirigido também a docentes, e muito menos divulgado, tendo sido quase só exposto no blogue UM Para Todos, conseguiu resultados mais representativos, sendo que a maior parte das respostas foram no sentido de que os inquiridos não dispunham de dados suficientes para se pronunciarem. Até parece que estes estão a seguir o lema de uma astróloga da praça pública que diz sobre o seu método de previsão do futuro: "Não negue à partida uma ciência que desconhece". Assim é, e sem experimentar nunca se saberá. Afinal, pode-se sempre recuar após as próximas eleições para os órgãos da UM daqui a pouco mais de dois anos se a maioria o quiser.
Como ouvinte pareceu-me que o reitor estava muito seguro e confiante no "projecto" Fundação, eu diria, demasiado seguro. Pode-se interpretar isto de várias maneiras que deixo à consideração e imaginação de cada um, mas para mim foi em parte consequência do fracasso relativo da petição para um referendo com aproximadamente 200 pessoas a assinar. Não o beliscou nem um pouco, pelo contrário, tal como eu previa deu-lhe força para, podendo socorrer-se dos números, alegar que só uma minoria o contraria. Já o inquérito (1º) promovido pelos funcionários mas dirigido também a docentes, e muito menos divulgado, tendo sido quase só exposto no blogue UM Para Todos, conseguiu resultados mais representativos, sendo que a maior parte das respostas foram no sentido de que os inquiridos não dispunham de dados suficientes para se pronunciarem. Até parece que estes estão a seguir o lema de uma astróloga da praça pública que diz sobre o seu método de previsão do futuro: "Não negue à partida uma ciência que desconhece". Assim é, e sem experimentar nunca se saberá. Afinal, pode-se sempre recuar após as próximas eleições para os órgãos da UM daqui a pouco mais de dois anos se a maioria o quiser.
Inquérito sobre Fundação
Divulgam-se os resultados dum inquérito dirigido a toda a Academia, efectuado pela equipa do blogue "UM para todos":
"O UMPARATODOS conclui hoje a 1ª fase do Inquérito promovido para auscultar a opinião da comunidade académica sobre o processo em curso, desencadeado pela apresentação da proposta do Reitor ao Conselho Geral de alteração do regime jurídico da UMinho.
O número de registos efectuados na consulta foi de 1 251.
Apenas um número relativamente reduzido de inquiridos tem uma opinião conclusiva, quando confrontado com a concordância da passagem a fundação. De estes, apenas 62 (4.94%) emite opinião favorável. Já 203 (16.16%) são inequivocamente contra .
A grande maioria dos inquiridos continua a considerar que não tem informação suficiente, não se tendo registado qualquer alteração, no essencial, no número de respostas dadas face aos resultados apurados na passada semana..
Assim, 396 pessoas (31,53%) referem que não têm informação suficiente, sendo ainda esta a opção dominante.
Segue-se, novamente, a que manifesta que “Talvez, mas não tenho informação suficiente” – 356 pessoas, perfazendo 28.34% dos inquiridos.
O número dos que acha que "a informação que têm indica que é uma má opção" mantém-se inalterado em 115 (9.16%)
O mesmo acontece com aqueles que têm reservas, acham que o momento não é oportuno 28 (2,23%) , e os que não têm opinião 32 (2,55%)."
"O UMPARATODOS conclui hoje a 1ª fase do Inquérito promovido para auscultar a opinião da comunidade académica sobre o processo em curso, desencadeado pela apresentação da proposta do Reitor ao Conselho Geral de alteração do regime jurídico da UMinho.
O número de registos efectuados na consulta foi de 1 251.
Apenas um número relativamente reduzido de inquiridos tem uma opinião conclusiva, quando confrontado com a concordância da passagem a fundação. De estes, apenas 62 (4.94%) emite opinião favorável. Já 203 (16.16%) são inequivocamente contra .
A grande maioria dos inquiridos continua a considerar que não tem informação suficiente, não se tendo registado qualquer alteração, no essencial, no número de respostas dadas face aos resultados apurados na passada semana..
Assim, 396 pessoas (31,53%) referem que não têm informação suficiente, sendo ainda esta a opção dominante.
Segue-se, novamente, a que manifesta que “Talvez, mas não tenho informação suficiente” – 356 pessoas, perfazendo 28.34% dos inquiridos.
O número dos que acha que "a informação que têm indica que é uma má opção" mantém-se inalterado em 115 (9.16%)
O mesmo acontece com aqueles que têm reservas, acham que o momento não é oportuno 28 (2,23%) , e os que não têm opinião 32 (2,55%)."
domingo, abril 10, 2011
Avaliação na Escola de Engenharia-documento final
O regulamento de avaliação de professores da Escola de Engenharia, o RAD-EEUM, entrará em vigor brevemente. Da discussão entre os vários departamentos e centros, resultou um regulamento de compromisso que tem a particularidade de ser efectuado através de um programa informático que facilitará a auto-avaliação e a própria avalaliação pelos avaliadores nomeados pela Escola, como por exemplo por facilitar a avaliação dos artigos científicos através ter uma ligação imediata ao ISO web-of-knowledge (wok), confirmando ou não a presença da revista nesse catálogo de prestígio que é o ISI-wok. O factor de impacto varia de área para àrea, sendo aquelas àreas com maior volume de publicações, as que têm maior factor de impacto e também maior número de citações, outro factor de avaliação. No entanto, penso que estas discrepâncias foram tidas em conta pela introdução de diferentes metas para os váris departamentos.
No entanto alguns aspectos são preocupantes, noneadamente a equivalência de proceedings de conferências a revistas científicas, só pelo facto de figurarem no ISI-wok. Uma coisa são artigos que são muito consultados e citados, e por isso têm um grande factor de impacto, outra coisa são conferências em que não se indica o factor de impacto e que podem só fazer parte do ISI-wok porque houve um número grande de atendimento nessas conferências e em que algumas apresentações que figuram nos proceedings foram citadas por essa razão em revistas científicas ou mais provavelmente em compilações ou "reviews". Aliás, os proceedings no ISI-wok tal como acontece nas publicações, têm um factor de impacto muito dependente da quantidade de investigadores que a "frequentam". Quanto mais abrangente a àrea de investigação maior o impacto e no entanto em algumas áreas muito específicas, há conferências que não figuram no ISI-wok por serem muito restritas, e que têm os melhores especialistas a apresentar trabalhos de I&D de grande relevo.
A pontuação duma comunicação numa conferência pode assim ser equiparada a um artigo científico e obter a mesma pontuação, bastando para isso que tenha sido recomendada pelo Centro de Investigação respectivo e figure no ISI-wok. Esta equivalência, tanto como me foi possível aperceber, originou de uma proposta por parte do departamento de Informática, por argumentar que no caso da sua área muito específica, eram mais importantes os proceedings de conferências e a base de dados SCOPUS que artigos científicos e que o ISI-wok. Sabemos que a Informática é um caso à parte, mas daí a imporem o seu sistema de avaliação ao resto da Escola de Engenharia é no mínimo estranho, uma vez que a informática não é representativa em termos científicos do resto da Engenharia. Seria interessante saber se noutras Escolas de Engenharia do País, também foi feita a equivalência entre proceedings de conferências e artigos científicos, numa confusão de critérios que confunde o que à partida era uma óptima ferramenta de avaliação.
No entanto alguns aspectos são preocupantes, noneadamente a equivalência de proceedings de conferências a revistas científicas, só pelo facto de figurarem no ISI-wok. Uma coisa são artigos que são muito consultados e citados, e por isso têm um grande factor de impacto, outra coisa são conferências em que não se indica o factor de impacto e que podem só fazer parte do ISI-wok porque houve um número grande de atendimento nessas conferências e em que algumas apresentações que figuram nos proceedings foram citadas por essa razão em revistas científicas ou mais provavelmente em compilações ou "reviews". Aliás, os proceedings no ISI-wok tal como acontece nas publicações, têm um factor de impacto muito dependente da quantidade de investigadores que a "frequentam". Quanto mais abrangente a àrea de investigação maior o impacto e no entanto em algumas áreas muito específicas, há conferências que não figuram no ISI-wok por serem muito restritas, e que têm os melhores especialistas a apresentar trabalhos de I&D de grande relevo.
A pontuação duma comunicação numa conferência pode assim ser equiparada a um artigo científico e obter a mesma pontuação, bastando para isso que tenha sido recomendada pelo Centro de Investigação respectivo e figure no ISI-wok. Esta equivalência, tanto como me foi possível aperceber, originou de uma proposta por parte do departamento de Informática, por argumentar que no caso da sua área muito específica, eram mais importantes os proceedings de conferências e a base de dados SCOPUS que artigos científicos e que o ISI-wok. Sabemos que a Informática é um caso à parte, mas daí a imporem o seu sistema de avaliação ao resto da Escola de Engenharia é no mínimo estranho, uma vez que a informática não é representativa em termos científicos do resto da Engenharia. Seria interessante saber se noutras Escolas de Engenharia do País, também foi feita a equivalência entre proceedings de conferências e artigos científicos, numa confusão de critérios que confunde o que à partida era uma óptima ferramenta de avaliação.
domingo, abril 03, 2011
Fundação: carne ou peixe?
O regime fundacional para as Universidades é algo que ninguém sabe muito bem o que é. Parece que é um misto de privado e público, isto é, como o povo diz, "Nem é carne nem é peixe". Têm-se multiplicado intervenções na UM sobre os benefícios ou os malefícios do regime fundacional. Normalmente os benefícios estão relacionados com os méritos das instituições privadas, ou seja, menos burocracia e mais flexibilidade na gestão de verbas. Os malefícios são também associados aos das empresas, ou seja, mais facilidade de despedimentos, maior diferença de salários entre os de topo e os outros. A maior autonomia serve para ambos os lados: menos dependente do Estado, gostam os que preferem menos Estado, não gostam os que privilegiam a segurança do emprego e os benefícios que ainda existem (ADSE, por exemplo).
Embora a curto prazo a componente privada seja muito pequena, depressa se desenvolverá e em 10 ou 20 anos será a predominante, uma vez que á medida que os docentes e funcionários se reformam, os que os vão substituir já entram com o novo regime, o que em alguns casos não será muito diferente do que já acontece (contrato por tempo indeterminado) mas noutros casos poderá ser um contrato a prazo. Assim, podemos dizer que este processo é um processo de privatização de médio-longo prazo, ou não podemos?
O que é um facto é que não há certezas em relação ao regime fundacional. Por isso na UM surgem abaixo assinados a pedir um referendo, o que é natural, dada a incerteza que paira sobre todos nós. Embora não creio que seja um abaixo assinado a pedir um referendo que seja a solução, uma vez que penso que quase ninguém está suficientemente esclarecido para votar sim ou não à Fundação, só o facto dele existir deveria dar que pensar ao reitor e ao Conselho Geral, que é a quem é dirigido o abaixo assinado. Se eles (reitor e Conselho Geral) realmente acreditam na Fundação, devem esclarecer os membros da Academia, devem apostar o seu lugar nesta proposta, e se não forem eleitos nas próximas eleições (afinal faltará pouco mais de dois anos), pelo menos os membros do CG que restarem para se candidatarem de novo, devem-no fazer com base na experiência entretanto adquirida. Talvez assim nas próximas eleições os eleitores estejam finalmente esclarecidos para votarem Fundação ou não. Afinal todos dizem que se pode voltar atrás, o que neste caso seria recuar, porque a experiência seria só o arranque.
Embora a curto prazo a componente privada seja muito pequena, depressa se desenvolverá e em 10 ou 20 anos será a predominante, uma vez que á medida que os docentes e funcionários se reformam, os que os vão substituir já entram com o novo regime, o que em alguns casos não será muito diferente do que já acontece (contrato por tempo indeterminado) mas noutros casos poderá ser um contrato a prazo. Assim, podemos dizer que este processo é um processo de privatização de médio-longo prazo, ou não podemos?
O que é um facto é que não há certezas em relação ao regime fundacional. Por isso na UM surgem abaixo assinados a pedir um referendo, o que é natural, dada a incerteza que paira sobre todos nós. Embora não creio que seja um abaixo assinado a pedir um referendo que seja a solução, uma vez que penso que quase ninguém está suficientemente esclarecido para votar sim ou não à Fundação, só o facto dele existir deveria dar que pensar ao reitor e ao Conselho Geral, que é a quem é dirigido o abaixo assinado. Se eles (reitor e Conselho Geral) realmente acreditam na Fundação, devem esclarecer os membros da Academia, devem apostar o seu lugar nesta proposta, e se não forem eleitos nas próximas eleições (afinal faltará pouco mais de dois anos), pelo menos os membros do CG que restarem para se candidatarem de novo, devem-no fazer com base na experiência entretanto adquirida. Talvez assim nas próximas eleições os eleitores estejam finalmente esclarecidos para votarem Fundação ou não. Afinal todos dizem que se pode voltar atrás, o que neste caso seria recuar, porque a experiência seria só o arranque.
domingo, março 27, 2011
Contrato de Confiança: possíveis consequências na progressão da carreira
Assistimos no ensino secundário ao facilitismo, tanto para os professores como para os alunos. Para os professores do ensino secundário, com a queda no Parlamento do modelo de avaliação em vigor e a fraca probabilidade de outro modelo credível ser implementado no curto/médio prazo, vai ser possível progredir na carreira sem qualquer controlo, tal como o fizeram no passado, somente com base na antiguidade. No caso dos alunos, não há provas de aferição até ao 9º ano. Veja-se o caso do aluno que apareceu numa reportagem que só sabia escrever o seu nome e nem sabia a data em que fazia anos, algures no interior do País, e que frequentava o 8º ano.
No caso do Ensino Superior, com o novo contrato de confiança entre Governo e Universidades, multiplicam-se nas Universidades os cursos, nomeadamente os noturnos, para conseguirem novos alunos e assim justificarem as verbas que recebem do Ministério. Serve a declaração de voto que sustenta a posição que defendi em reunião do meu departamento (Engenharia Têxtil), para exprimir o que penso serão os riscos desta multiplicação de cursos. Embora se reporte a um curso em particular e possa não representar outras situações de outros cursos a serem propostos por outros departamentos da Escola de Engenharia ou de outra Escolas, é obviamente uma situação que me preocupa em relação ao meu departamento mas também ao que possa estar a acontecer na Universidade do Minho e noutras Universidades, fruto da pressão a que estarão sujeitas com as regras do Contrato de Confiança Governo-Universidades. È caso para perguntar: contrato de Confiança ou de Desconfiança (na Qualidade futura da Universidade)?
Declaração de voto Reunião dia 24 de Abril 2011
Venho explicitar a minha declaração de voto ao votar NÂO à proposta de um curso pós-laboral idêntico ao curso diurno de Design e Marketing de Moda:
1) O número de designers "puros" no departamento é oficialmente de 1 e não é doutorado.
2) O número de docentes que fizeram doutoramentos em Design e Marketing não o fizeram na componente de Design e Marketing de Moda
3) Mesmo considerando os docentes mencionados em 1 e 2 e juntar todos os outros que se "converteram ao Design" com cursos curtos intensivos , verifica-se que o número de horas para cada docente é suficientemente elevado para não ser necessário mais horas para estes docentes
4) Ao trazer outros docentes de outras áreas para o Design, mesmo com a conversão referida em 3), iludem-se os alunos que esperavam que o curso fosse de realmente de Design e Marketing de Moda e não de Tecnologia Têxtil, nome que aliás não consta do título do curso.
5) É claro que deriva dos pontos anteriores que os outros docentes que não são da área do Design beneficiarão muito pouco deste curso, e são os que menos horas têm neste momento (Química Têxtil por exemplo)
6) A competência científica, que deveria estar associada à componente pedagógica, pelo menos nos casos das Research Universities, deve estar em sintonia. No caso do Designers basta analisar os últimos relatórios do Centro para verificar que a componente científica dos Designers mencionados em 1 e 2 está muito pobre. Os outros de outras áreas que têm vindo a cumprir as tarefas burocráticas deste curso também são penalizados. Será difícil esta situação se inverter carregando-os com mais um curso. Em termos científicos o Departamento será penalizado. Os docentes serão penalizados na progressão na carreira. Por outro lado os docentes com menos aulas das outras áreas, terão mais tempo para se dedicarem à investigação. Teremos assim, um conjunto de docentes que progride mais rapidamente que outros ou por opção ou por incapacidade. Resta saber se alguns docentes se refugiam nas aulas e funções administrativas para não fazerem investigação.
7) Há nitidamente uma tendência para a Moda e o Design, e cada vez a concorrência de outras Universidades e Institutos será maior. As empresas por outro lado saturarão, por serem na sua grande maioria só algumas com dimensão suficiente para terem um designer, sendo a maior parte PMEs. Haverá no futuro próximo, não tenho dúvidas, uma componente de empregabilidade na avaliação dos números clausus dos cursos. Poderá portanto ser um projecto só para o curto/médio prazo.
Guimarães, 24 de Abril de 2011
Jaime I. N. Rocha Gomes
No caso do Ensino Superior, com o novo contrato de confiança entre Governo e Universidades, multiplicam-se nas Universidades os cursos, nomeadamente os noturnos, para conseguirem novos alunos e assim justificarem as verbas que recebem do Ministério. Serve a declaração de voto que sustenta a posição que defendi em reunião do meu departamento (Engenharia Têxtil), para exprimir o que penso serão os riscos desta multiplicação de cursos. Embora se reporte a um curso em particular e possa não representar outras situações de outros cursos a serem propostos por outros departamentos da Escola de Engenharia ou de outra Escolas, é obviamente uma situação que me preocupa em relação ao meu departamento mas também ao que possa estar a acontecer na Universidade do Minho e noutras Universidades, fruto da pressão a que estarão sujeitas com as regras do Contrato de Confiança Governo-Universidades. È caso para perguntar: contrato de Confiança ou de Desconfiança (na Qualidade futura da Universidade)?
Declaração de voto Reunião dia 24 de Abril 2011
Venho explicitar a minha declaração de voto ao votar NÂO à proposta de um curso pós-laboral idêntico ao curso diurno de Design e Marketing de Moda:
1) O número de designers "puros" no departamento é oficialmente de 1 e não é doutorado.
2) O número de docentes que fizeram doutoramentos em Design e Marketing não o fizeram na componente de Design e Marketing de Moda
3) Mesmo considerando os docentes mencionados em 1 e 2 e juntar todos os outros que se "converteram ao Design" com cursos curtos intensivos , verifica-se que o número de horas para cada docente é suficientemente elevado para não ser necessário mais horas para estes docentes
4) Ao trazer outros docentes de outras áreas para o Design, mesmo com a conversão referida em 3), iludem-se os alunos que esperavam que o curso fosse de realmente de Design e Marketing de Moda e não de Tecnologia Têxtil, nome que aliás não consta do título do curso.
5) É claro que deriva dos pontos anteriores que os outros docentes que não são da área do Design beneficiarão muito pouco deste curso, e são os que menos horas têm neste momento (Química Têxtil por exemplo)
6) A competência científica, que deveria estar associada à componente pedagógica, pelo menos nos casos das Research Universities, deve estar em sintonia. No caso do Designers basta analisar os últimos relatórios do Centro para verificar que a componente científica dos Designers mencionados em 1 e 2 está muito pobre. Os outros de outras áreas que têm vindo a cumprir as tarefas burocráticas deste curso também são penalizados. Será difícil esta situação se inverter carregando-os com mais um curso. Em termos científicos o Departamento será penalizado. Os docentes serão penalizados na progressão na carreira. Por outro lado os docentes com menos aulas das outras áreas, terão mais tempo para se dedicarem à investigação. Teremos assim, um conjunto de docentes que progride mais rapidamente que outros ou por opção ou por incapacidade. Resta saber se alguns docentes se refugiam nas aulas e funções administrativas para não fazerem investigação.
7) Há nitidamente uma tendência para a Moda e o Design, e cada vez a concorrência de outras Universidades e Institutos será maior. As empresas por outro lado saturarão, por serem na sua grande maioria só algumas com dimensão suficiente para terem um designer, sendo a maior parte PMEs. Haverá no futuro próximo, não tenho dúvidas, uma componente de empregabilidade na avaliação dos números clausus dos cursos. Poderá portanto ser um projecto só para o curto/médio prazo.
Guimarães, 24 de Abril de 2011
Jaime I. N. Rocha Gomes
Etiquetas:
Cursos,
Orgânica Universitária,
Política
domingo, março 20, 2011
Geração à rasca
Nas manifestações de rua da auto-denominada "geração à rasca", ouvimos entrevistas de rua em que muitos dos entrevistados não só tinham a licenciatura mas tinham doutoramento e não arranjavam emprego. A manifestação que envolveu mais de cem mil pessoas, é um grito de revolta. No entanto fica também a ideia que o governo é responsável e poderá resolver-lhes a vida. Infelizmente o governo não pode dar emprego a quase ninguém por ter decidido congelar as contratações para a Função Pública, ao invés, continua a dispensar pessoal da Função Publica, seja por reformas antecipadas seja por outros meios. Quem pode empregar obviamente são as empresas. Mas as empresas e os empresários são um alvo difícil de identificar e não é popular culparem a falta de inovação e crescimento das empresa nos empresários. Os empresários, deviam por exemplo ser obrigados a contratarem x licenciados, y mestres e até alguns doutores, dependendo da sua dimensão, e não se permitir que lucrem com base em salários baixos de trabalhadores indiferenciados. Quem pode exigir? O governo. E a que empresas? Às que recebem subsídios do governo obviamente. Mas como este tipo de ideias é demasiado arrojado para qualquer governo, é melhor esquecer.
A ingenuidade da juventude e o desespero leva-os a culparem o óbvio e mais distante, e a não analisarem aqueles com quem mais de perto conviveram durante as sua vida de estudante: os seus pais e os seus professores e os que lhes concederam as bolsas para estudarem e os lugares para investigarem. Infelizmente os pais com as melhores das intenções, muitas vezes cederam à ambição de terem filhos doutores, não interessava muito em quê, desde que pudessem dizer à família, vizinhos e colegas que os filhos eram doutores. Muitas destas famílias viviam, e vivem, com dificuldades e trabalharam uma vida inteira para que não faltasse aos filhos o que lhes faltou a eles e em contrapartida os jovens esforçam-se e entram no Ensino Superior ou mediante um sistema de facilitismo, mesmo sem esforço entram para as Universidades, Politécnicos ou Institutos. No pico desta enchente até entravam com notas negativas. Agora entram com notas positivas mas inflacionadas porque as estatisticas assim o exigem. Assim muitos avançam pelos cursos. Os melhores continuam para mestrados, doutoramentos e pós-doutoramentos, candidatando-se a bolsas de Universidades e Institutos que muitas vezes são até reconhecidos como excelentes. O problema é que estes institutos funcionam em circuito fechado. Alimentam-se dos trabalhos dos estudantes para com esse trabalho científico terem verbas para sobreviverem e até crescerem. Não há dúvida que alguns produzem trabalho científico de qualidade com estes bolseiros, e que é divulgado e até pavoneado pelos seus superiores nos media. Mas uma vez acabada a bolsa são descartados e os seus superiores continuam com outros bolseiros na mesma senda do auto elogio e do percurso mediático que alimenta o seu ego. Estes empregadores que pagam bolsas e recibos verdes deviam, a meu ver, ser honestos para com os candidatos e avisarem-nos que uma bolsa de pós-doutoramento, e mesmo de doutoramento, não dá emprego, pelo contrário só dificulta.
A outra frase muito vulgar nas entrevistas e já gasta é a de emigrarem para outro País onde as probabilidades de emprego são melhores. Mais uma falácia. Países onde as probabilidades são melhores, tais como os Estados unidos, também são os Países onde há mais concorrência. Há milhares de indianos e chineses com excelentes currículos a candidatarem-se a esses lugares. Mas mesmo que se consiga um bom lugar permanente numa Universidade ou mesmo numa grande empresa, não é a mesma coisa (anúncio da zon…podia mas não era a mesma coisa). Fica a família para trás, ficam os amigos. Por outro lado, os jovens com boas qualificações que foram formados em Portugal têm uma dívida para com o País. Gastou-se dinheiro, criaram-se expectativas para o País, reveladas em estatísticas emanadas constantemente pelo Ministério de Mariano Gago, em nº de doutoramentos obtidos (sempre a crescer). Seria interessante se o Ministério fizesse um apanhado sobre o percurso desses doutorados nos anos subsequentes ao doutoramento! Talvez fosse menos triunfalista em relação a estes números!
Há males que vêm por bem. Talvez a crise nas finanças dos ministérios, inclua o abrandamento neste frenesim e nesta corrida sem fim á vista.
Financiar estágios remunerados acompanhados pelas Universidades em vez de bolsas seria um começo. E não só mil estágios como já o fizeram nos dois últimos anos. Vinte, trinta, quarenta mil, gastando tanto como têm gasto com os Institutos de investigação em actividades que muitas vezes são notícia mas não dão emprego a ninguém!
A ingenuidade da juventude e o desespero leva-os a culparem o óbvio e mais distante, e a não analisarem aqueles com quem mais de perto conviveram durante as sua vida de estudante: os seus pais e os seus professores e os que lhes concederam as bolsas para estudarem e os lugares para investigarem. Infelizmente os pais com as melhores das intenções, muitas vezes cederam à ambição de terem filhos doutores, não interessava muito em quê, desde que pudessem dizer à família, vizinhos e colegas que os filhos eram doutores. Muitas destas famílias viviam, e vivem, com dificuldades e trabalharam uma vida inteira para que não faltasse aos filhos o que lhes faltou a eles e em contrapartida os jovens esforçam-se e entram no Ensino Superior ou mediante um sistema de facilitismo, mesmo sem esforço entram para as Universidades, Politécnicos ou Institutos. No pico desta enchente até entravam com notas negativas. Agora entram com notas positivas mas inflacionadas porque as estatisticas assim o exigem. Assim muitos avançam pelos cursos. Os melhores continuam para mestrados, doutoramentos e pós-doutoramentos, candidatando-se a bolsas de Universidades e Institutos que muitas vezes são até reconhecidos como excelentes. O problema é que estes institutos funcionam em circuito fechado. Alimentam-se dos trabalhos dos estudantes para com esse trabalho científico terem verbas para sobreviverem e até crescerem. Não há dúvida que alguns produzem trabalho científico de qualidade com estes bolseiros, e que é divulgado e até pavoneado pelos seus superiores nos media. Mas uma vez acabada a bolsa são descartados e os seus superiores continuam com outros bolseiros na mesma senda do auto elogio e do percurso mediático que alimenta o seu ego. Estes empregadores que pagam bolsas e recibos verdes deviam, a meu ver, ser honestos para com os candidatos e avisarem-nos que uma bolsa de pós-doutoramento, e mesmo de doutoramento, não dá emprego, pelo contrário só dificulta.
A outra frase muito vulgar nas entrevistas e já gasta é a de emigrarem para outro País onde as probabilidades de emprego são melhores. Mais uma falácia. Países onde as probabilidades são melhores, tais como os Estados unidos, também são os Países onde há mais concorrência. Há milhares de indianos e chineses com excelentes currículos a candidatarem-se a esses lugares. Mas mesmo que se consiga um bom lugar permanente numa Universidade ou mesmo numa grande empresa, não é a mesma coisa (anúncio da zon…podia mas não era a mesma coisa). Fica a família para trás, ficam os amigos. Por outro lado, os jovens com boas qualificações que foram formados em Portugal têm uma dívida para com o País. Gastou-se dinheiro, criaram-se expectativas para o País, reveladas em estatísticas emanadas constantemente pelo Ministério de Mariano Gago, em nº de doutoramentos obtidos (sempre a crescer). Seria interessante se o Ministério fizesse um apanhado sobre o percurso desses doutorados nos anos subsequentes ao doutoramento! Talvez fosse menos triunfalista em relação a estes números!
Há males que vêm por bem. Talvez a crise nas finanças dos ministérios, inclua o abrandamento neste frenesim e nesta corrida sem fim á vista.
Financiar estágios remunerados acompanhados pelas Universidades em vez de bolsas seria um começo. E não só mil estágios como já o fizeram nos dois últimos anos. Vinte, trinta, quarenta mil, gastando tanto como têm gasto com os Institutos de investigação em actividades que muitas vezes são notícia mas não dão emprego a ninguém!
sábado, março 12, 2011
Fundação: o último debate
Mais um debate, o último, sobre a Fundação. Mais do mesmo a acreditar nos relatos disponíveis. De um lado a defesa de maior autonomia; do outro, a falta de confiança nas promessas vindas dos defensores do regime fundacional. Só tive ocasião de ver dois interveniente, Machado dos Santos e Jorge Pedrosa. Como moderador Machado dos Santos com uma intervenção pouco elucidativa, falando mais do passado que do presente. Jorge Pedrosa não trouxe também nada de novo ao debate. E esse é o problema nos debates. Não há nova informação que permita que se faça um juízo sobre o assunto. Não vale a pena falar em mais autonomia sem dizer como, nem falar em mais verbas se não se disser como as vão investir. Não há qualquer plano. É como ir ao banco, pedir um empréstimo e não dizer como vai haver retorno do dinheiro emprestado. Porque se a Universidade pedir empréstimo, outras das vantagens anunciadas, terá que o pagar de volta e para isso terá que ter um plano, coisa que o reitor não apresentou nem sequer referiu nos debates.
Também não é razoável estar totalmente contra o regime fundacional sem saber exactamente o que isso implica. Não basta dizer que isso implica a politização da Universidade através dum Conselho de Curadores. A Universidade já está dependente do Ministério por depender da tutela para o seu financiamento. Com a Fundação não me parece que mude algo nesse sentido. Os curadores são propostos pelo reitor e não pelo governo. Por sua vez o reitor continua a ser eleito pelo Conselho Geral.
O que me parece é que em todo este processo, tem havido muita pressa em avançar para este regime, como se o fim em vista fosse mais importante que os meios para o alcançar. Os debates mais parecem uma forma de legitimar todo o processo. No fim dir-se-á que afinal o assunto foi amplamente debatido.
Também não é razoável estar totalmente contra o regime fundacional sem saber exactamente o que isso implica. Não basta dizer que isso implica a politização da Universidade através dum Conselho de Curadores. A Universidade já está dependente do Ministério por depender da tutela para o seu financiamento. Com a Fundação não me parece que mude algo nesse sentido. Os curadores são propostos pelo reitor e não pelo governo. Por sua vez o reitor continua a ser eleito pelo Conselho Geral.
O que me parece é que em todo este processo, tem havido muita pressa em avançar para este regime, como se o fim em vista fosse mais importante que os meios para o alcançar. Os debates mais parecem uma forma de legitimar todo o processo. No fim dir-se-á que afinal o assunto foi amplamente debatido.
sábado, março 05, 2011
Em que nos vamos (vão) meter?
Os debates sucedem-se sobre a Fundação. É um desfilar de personagens que vêm testemunhar sobre o regime fundacional, principalmente a favor. Uma excepção foi o então reitor da Universidade de Coimbra, o Seabra Santos, que em Azurém fez alguns comentários que poderiam ser interpretados como críticas ao processo, como por exemplo: "Não vão em modas".
Eu tive alguma incerteza na interpretação deste comentário mas percebi o seu alcance. Se é moda, é passageira. Também foi referido pelo mesmo, que uma Fundação não se pode desfazer depois de feita com a facilidade que alguns defensores do regime fundacional têm afirmado, nomeadamente o reitor e o Vital Moreira. Portanto há que ter muito cuidado porque uma vez que se entra neste regime, ele é para durar.
Por esta razão, devem os responsáveis por esta iniciativa, nomeadamente o reitor, pôr em cima da mesa todos os dados de que dispõem sobre este regime e também as suas intenções, ou seja um plano, de como tencionam investir as verbas recebidas do ministério para a instalação do novo regime e das verbas conseguidas com a alienação do património. Se não o fizerem, que garantia temos nós que essas verbas não serão desperdiçadas? Um novo regime implicaria um novo fôlego para a UM, segundo o que tem vindo a ser afirmado. Como? Isso é o que queremos saber!
Eu tive alguma incerteza na interpretação deste comentário mas percebi o seu alcance. Se é moda, é passageira. Também foi referido pelo mesmo, que uma Fundação não se pode desfazer depois de feita com a facilidade que alguns defensores do regime fundacional têm afirmado, nomeadamente o reitor e o Vital Moreira. Portanto há que ter muito cuidado porque uma vez que se entra neste regime, ele é para durar.
Por esta razão, devem os responsáveis por esta iniciativa, nomeadamente o reitor, pôr em cima da mesa todos os dados de que dispõem sobre este regime e também as suas intenções, ou seja um plano, de como tencionam investir as verbas recebidas do ministério para a instalação do novo regime e das verbas conseguidas com a alienação do património. Se não o fizerem, que garantia temos nós que essas verbas não serão desperdiçadas? Um novo regime implicaria um novo fôlego para a UM, segundo o que tem vindo a ser afirmado. Como? Isso é o que queremos saber!
sábado, fevereiro 19, 2011
Spin-offs ou show-offs?
Na cerimónia do dia da UM, na qual não particiei, por razões que não consigo explicar (desinteresse, desenquadramento, falta de paciência para "show-off", incómodo de estar sentado por mais de duas horas em cadeiras pouco confortáveis?), soube que a oração de sapiência incidiu sobre o tema da inovação, empreendedorismo e principalmente spin-offs. Na realidade, antes de ler o conteúdo da mesma, fiquei a pensar que finalmente a instituição iria enveredar por um apoio à formação e sobrevivência nos primeiros tempos de spin-offs, através de uma apologia por parte da oradora nesse sentido. Puro engano. Ao ler a apresentação, constatei uma vez mais que se fala muito e pouco se faz neste sentido. O historial e a análise da situação actual de spin-offs será um estudo interessante, mas académico. Talvez sirva para dar umas aulas sobre o assunto. Mas em que ajuda aos académicos que pretendem enveredar por essa via? Quais os apoios? Nem o novo estatuto das Universidades, o RJIES, nem o novo ECDU, nem o regulamento da própria UM ou das suas Escolas ou interfaces, encorajam a formação de spin-offs. No entanto discursa-se como se de facto houvesse qualquer intenção de mudar este estado de inércia institucional. No caso do RJIES, permite-se por exemplo que um docente, por um determinado período de tempo, em vez de leccionar se dedique a outras actividades, nomeadamente à investigação, desde que tenha a autorização institucional, mas no entanto não incentiva no sentido específico de formação de spin-offs, nem com condições financeiras, como o faz por exemplo aos directores de Unidades Orgânicas e mesmo de sub-unidades, nem com outras. Podia por exemplo atribuir o estatuto a um docente que pretendesse enveredar por esse caminho, equivalente a de um director de uma sub-unidade, com autoridade para escolher outros membros do sua sub-unidade orgânica para o acompanharem nesse empreendimento. O ECDU também não ajuda, valorizando mais as comunicações e os artigos científicos do que este tipo de actividade. Pelo contrário, impede que por exemplo o docente acumule vencimentos de eventuais salários na spin-off com o seu salário da Universidade, e mais ainda impede trabalho mesmo que não seja remunerado, como sendo por exemplo a gerência da spin-off, por via da cláusula da exclusividade. O regulamento da UM também não adianta nada ao RJIES nesta área e podia tê-lo feito.
Agora que o reitor propõe a mudança para o regime fundacional, ele e os seus defensores apresentam argumentos como a maior autonomia financeira e com a maior captação de fundos, através de empréstimos e venda de património. Mas nem uma palavra para o empreendedorismo e criação de spin-offs, e muito menos de apoios financeiros nesse sentido. Para quê então captar essa verba inicial se não é para permitir algo diferenciador? Se é para gastar no habitual como seja mais contratações, mais obras, mais show-off, então é melhor não gastarem energias (as deles e as dos opositores ao regime fundacional), nem esgotarem a paciência de quem já viu este show-off demasiadas vezes!
Agora que o reitor propõe a mudança para o regime fundacional, ele e os seus defensores apresentam argumentos como a maior autonomia financeira e com a maior captação de fundos, através de empréstimos e venda de património. Mas nem uma palavra para o empreendedorismo e criação de spin-offs, e muito menos de apoios financeiros nesse sentido. Para quê então captar essa verba inicial se não é para permitir algo diferenciador? Se é para gastar no habitual como seja mais contratações, mais obras, mais show-off, então é melhor não gastarem energias (as deles e as dos opositores ao regime fundacional), nem esgotarem a paciência de quem já viu este show-off demasiadas vezes!
sábado, fevereiro 12, 2011
Estratégia para UM: Conselho Geral refém da maioria?
Durante o debate sobre o regime fundacional, concorde-se ou não com esse regime, o que é um facto é que pelo menos deu para perceber que o Conselho Geral estará refém da sua própria génese, nascido que foi de uma lista maioritariamente afecta ao reitor. Assim, aparentemente, aquilo que o RJIES estipulava que fossem as competências do CG, aprovar a estratégia para a Universidade, está condicionado pela forma como o sistema funciona. Senão veja-se: o CG é eleito pelos vários constituintes da Academia que são os seus professores, investigadores, alunos e funcionários e de facto todas as listas concorrentes apresentam uma estratégia para a Universidade. O CG elege o reitor e se um candidato a reitor lidera ou faz parte de uma das listas e essa lista ganha, naturalmente esse candidato vai ganhar as eleições e vai condicionar toda a acção do CG durante o seu mandato, apoiado pelos que o elegeram. A democracia tem destas coisas. É um pouco como o primeiro-ministro e a Assembleia da República. Uma vez eleito, normalmente tem o apoio da maioria da Assembleia da República. O que fazem os partidos representantes na Assembleia é muito virado para os eleitores, como se estivessem em permamente campanha eleitoral, pois sabem que não conseguem influenciar o primeiro-ministro e por isso aguardam. Talvez seja esse o percurso dos membros não afectos à lista apoiante do reitor, ganhar posição para futuras eleições. Se o projecto Fundação não for bem sucedido ou não tiver o suporte da Academia, o reitor arrisca não ser eleito em futuras eleições. E isto também é democracia.
sexta-feira, janeiro 28, 2011
Fundação "regionalizada" com Escola Piloto?
Num debate sobre o regime fundacional, em que os oradores eram ambos a favor desse regime, Vital Moreira o "pai" do RJIES e Alberto Amaral, ex-reitor da Universidade do Porto e actualmente responsável por um organismo de avaliação das Universidades, segundo explicou o próprio. Foi uma apresentação por parte de Vital Moreira muito completa em que se ouviram comentários como "des-estatização" da Universidade, ou seja mais autonomia, Conselho de Gestão na dependência directa do Conselho de Curadores. Outras afirmações que tinham como intenção sossegar os mais preocupados em relação à segurança de emprego, tais como a explicação já conhecida que os actuais docentes e funcionários permanecem no mesmo regime se assim o quiserem e que se por acaso a Universidade não quiser continuar nesse regime, pode voltar atrás. Neste ponto surgiu-me a dúvida de como ficariam aqueles novos docentes e funcionários que teriam sido contratados noutro regime, ou seja, com contratos a termo e de estrutura e valores diferentes dos das carreiras da função pública, quando a Universidade voltasse a ser uma instituição pública. Colocada a questão ao Professor Alberto Amaral, uma vez que o Dr. Vital Moreira teve que se ausentar, não obtive resposta a esta questão, talvez porque demorou muito a responder à outra questão que coloquei, um pouco a jeito de provocação (admito): Se a Universidade pode no regime fundacional alienar o seu património, e grande parte do seu património é a sua "massa cinzenta", será expectável que aliene docentes de cursos que vai fechar por não corresponderem às necessidades de mercado? Talvez devido à sua actual actividade (avaliação de cursos) a pergunta foi levada a sério e foi afirmado se fosse por ele muitos cursos já não existiam, por haver cursos a mais em determinadas áreas (foi dado o exemplo da formação deprofessores). Pelos vistos a resposta à minha pergunta é que sim, que será essa a tendência, uma vez que a Universidade estará mais virada para o mercado que para a formação da população, segundo os seus desejos. Aqui põe-se a questão: como se vai saber das necessidades do mercado? E os cursos de Filosofia por exemplo, desaparecerão? Quem decide, o Conselho de Curadores que será constituido por personagens ligados ao exterior, supostamente conhecedores do que o mercado quer, ou o Conselho Geral, que também tem um conjunto de personalidades do exterior mas que é maioritariamente constituído por representantes dos Professores? Se for o mercado a decidir por intermédio do Conselho de Curadores ou por influência dos membros co-optados do Conselho Geral, ou por ambos, então pode-se depreender que muitos cursos de áreas das humanidades terão os dias contados, uma vez que a via do ensino, como nos informou o Professor Alberto Amaral estará superlotada por muitos anos. Nesse caso quem quer saber se a lingua portuguesa é importante para podermos comunicar uns com os outros com o mínimo de qualidade? Ou se a literatura portuguesa faz parte da nossa história e distingue-nos das outras culturas, o que faz de nós um povo independente e único? Se a Filosofia pode-nos dar uma visão diferente e estimulante do dia a dia? Se as línguas francesa e principalmente a inglesa, nos fornecem profissionais que fazem a ponte com outras civilizações do nosso continente e de outros continentes, tão importante no mundo global? Já para não falar de áreas marginais em termos de alunos, como a música e as artes, que nos fornecem sensações únicas?
Temo sinceramente pela evolução destas áreas, já para não dizer pela sua sobrevivência. Afinal de contas, qual será a diferença entre a Universidade Fundação e uma Universidade privada daqui a 30 anos? Todos os membros da Universidade que cá estão, estarão fora do sistema (reformados) e os novos terão sido todos contratados segundo as regras do sector privado. E veja-se que cursos as Universidade privadas têm para se poder ter uma ideia de como será a Universidade Fundação daqui a uns anos (talvez não seja necessário esperar 30 anos).
Dito isto, não sou contra a Fundação, mas penso que o essencial do ensino público deve também ser preservado, independentemente das necessidades presentes do mercado de trabalho. Por isso defenderia por exemplo a Fundação para as Escolas de Engenharia, Ciências, Direito e Gestão, mas não para as Humanidades. Há outra razão para se distinguir entre umas e outras áreas, ou seja, o facto dum dos critérios ser a captação de verbas próprias de 50%, o que não será possível nas Humanidades. Quanto a mim, as Escolas deviam decidir separadamente, e aquelas que sentem que têm condições para avançar e vontade de o fazer, que o fizessem. Está aliás previsto no regulamento (RJIES) esta possibilidade. Haja bom senso e menos pressa, é o que se pede, e faça-se por exemplo o que se propõe para a Regionalização que também ninguém sabe no que vai dar: uma Escola-Fundação piloto à qual se seguiriam outras, caso a experiência fosse globalmente positiva.
Temo sinceramente pela evolução destas áreas, já para não dizer pela sua sobrevivência. Afinal de contas, qual será a diferença entre a Universidade Fundação e uma Universidade privada daqui a 30 anos? Todos os membros da Universidade que cá estão, estarão fora do sistema (reformados) e os novos terão sido todos contratados segundo as regras do sector privado. E veja-se que cursos as Universidade privadas têm para se poder ter uma ideia de como será a Universidade Fundação daqui a uns anos (talvez não seja necessário esperar 30 anos).
Dito isto, não sou contra a Fundação, mas penso que o essencial do ensino público deve também ser preservado, independentemente das necessidades presentes do mercado de trabalho. Por isso defenderia por exemplo a Fundação para as Escolas de Engenharia, Ciências, Direito e Gestão, mas não para as Humanidades. Há outra razão para se distinguir entre umas e outras áreas, ou seja, o facto dum dos critérios ser a captação de verbas próprias de 50%, o que não será possível nas Humanidades. Quanto a mim, as Escolas deviam decidir separadamente, e aquelas que sentem que têm condições para avançar e vontade de o fazer, que o fizessem. Está aliás previsto no regulamento (RJIES) esta possibilidade. Haja bom senso e menos pressa, é o que se pede, e faça-se por exemplo o que se propõe para a Regionalização que também ninguém sabe no que vai dar: uma Escola-Fundação piloto à qual se seguiriam outras, caso a experiência fosse globalmente positiva.
quinta-feira, janeiro 20, 2011
As sessões de esclarecimento sobre o regime fundacional, quem esclarecem?
Foram anunciadas várias sessões de esclarecimento sobre o regime fundacional, promovidas pelo Conselho Geral. É sem dúvida uma contribuição importante para o esclarecimento da Academia sobre este importante passo da UM. Mas há algo que não bate certo: Sessões de esclarecimento com que finalidade? Convencer quem? Afinal quem vai votar é o Conselho Geral, não o professor, funcionário ou investigador. No entanto são estes que são o alvo destas sessões. Talvez o que se devia fazer seria uma "formação" para os membros do Conselho Geral nas instituições que já passaram a fundações. Seria interessante que o Conselho Geral auscultasse não só a reitoria e o Conselho Geral dessas instituições, mas também auscultasse o Conselho de Gestão sobre as contas da instituição em causa, auscultasse os professores da instituição, os funcionários e eventualmente os investigadores. Talvez assim os membros do CG ficasssem com uma ideia de como iriam votar quando fossem chamados a isso, já que o fariam com algum conhecimento de causa. Doutra forma, o que se vai discutir nas sessões anunciadas será quase tudo teórico e como todos os que fazem investigação sabem, a teoria nem sempre se confirma na prática.
sábado, janeiro 15, 2011
Nas obras públicas o norte é o Porto?
Recentemente o Presidente da Câmara do Porto tem vindo a público sugerir que o que se ia (vai) gastar com o TGV do Porto a Vigo, devia-se gastar com o Metro do Porto para compensar o "norte" pela perda que se vai suportando em relação às diferenças de critério entre os investimentos na região de Lisboa e o Norte do País. Aproveitou o sr. Rui Rio uma informação da CE sobre a possibilidade da reafectação de fundos para o Metro do Porto, conforme vem referido em notícia do jornal Público.
É do conhecimento geral, que o TGV Porto-Vigo parava em Braga e não havendo TGV, Braga fica a perder muito em termo de ligações rápidas a Lisboa e Vigo. No entanto, mais uma vez, o norte para muita gente é o Porto e o Rui Rio assim o diz, conhecendo o receio que os governantes têm de melindrar o "norte", enterrando como o têm feito verbas nas extensões do metro do Porto, um buraco financeiro sem fim. Na perspectiva do Governo será uma boa medida para calar os que mais berram, entre eles o sr. Rui Rio e o seu colega do Conselho de Administração do Metro do Porto, o major Valentim Loureiro. Enquanto isso, que reacção dos outros autarcas de cidades que serão prejudicadas com esta medida? Do Presidente da Câmara de Braga e de Guimarães (estando também prevista uma ligação do TGV a esta cidade)? Nenhuma!
Estamos habituados a que em Lisboa o Porto seja considerada a cidade que representa o "norte"´e tem sido esse o critério na distribuição de verbas de obras públicas entre Lisboa e o norte. Não há cidadezinha ou vila no grande Porto que não esteja ligada por metro ao Porto. No entanto não há ferrovia entre Braga e Guimarães, as duas maiores cidades do "norte" logo a seguir ao Porto, que até partilham uma Universidade,a Universidade do Minho, prejudicando-a e de uma maneira mais acentuada o seu pólo mais pequeno, o de Azurém em Guimarães, nomeadamente os seus alunos que viajam diariamente entre as duas cidades. Não é isto de estranhar ? Já para não dizer que entre Viana do Castelo, capital do Alto Minho e Braga, a maior cidade do Minho, também não há ferrovia. Não será isto uma discriminação entre o que se tem investido no Porto e o que se tem investido no resto do "norte"? Estas duas cidades, Braga e Guimarães procuram afirmar-se como cidades intermédias numa região que tem a sua própria história e identidade. No entanto, quando se trata de infraestruturas, ou são as próprias a arcar com as despesas, ou são as empresas privadas que as constroem e que cobram os custos, como foi e é o caso das auto-estradas que ligam estas cidades ao Porto e entre Braga e Guimarães, e entre Braga e Barcelos/Esposende. Só recentemente se paga portagem nas auto-estradas que entram e saem do Porto, as chamadas SCUTS, e vejam os protestos que isso gerou (ver "As SCUTS e a Ferrovia"). E não nos admiremos se mudando o governo, por uma questão de eleitoralismo, o novo governo não voltará atrás e repõe a situação anterior. Assim tem sido em tempos normais, o que um governo faz o outro desfaz, mas em tempos de crise talvez não o faça e será essa a única razão. Porque o "norte" , para os media é o Porto e não se pode deixar que Lisboa fique com todos os fundos, sejam eles da CE ou não. E voltando ao metro, não se olhará ao facto da gestão do metro ter sido ruinosa, e reverterão os fundos para o Metro, muito devido ao populismo de certos governantes locais , como o sr. Rui Rio, e à cedência eleitoralista dos governos a este populismo. Como termo de comparação só temos o Alberto João Jardim!
É do conhecimento geral, que o TGV Porto-Vigo parava em Braga e não havendo TGV, Braga fica a perder muito em termo de ligações rápidas a Lisboa e Vigo. No entanto, mais uma vez, o norte para muita gente é o Porto e o Rui Rio assim o diz, conhecendo o receio que os governantes têm de melindrar o "norte", enterrando como o têm feito verbas nas extensões do metro do Porto, um buraco financeiro sem fim. Na perspectiva do Governo será uma boa medida para calar os que mais berram, entre eles o sr. Rui Rio e o seu colega do Conselho de Administração do Metro do Porto, o major Valentim Loureiro. Enquanto isso, que reacção dos outros autarcas de cidades que serão prejudicadas com esta medida? Do Presidente da Câmara de Braga e de Guimarães (estando também prevista uma ligação do TGV a esta cidade)? Nenhuma!
Estamos habituados a que em Lisboa o Porto seja considerada a cidade que representa o "norte"´e tem sido esse o critério na distribuição de verbas de obras públicas entre Lisboa e o norte. Não há cidadezinha ou vila no grande Porto que não esteja ligada por metro ao Porto. No entanto não há ferrovia entre Braga e Guimarães, as duas maiores cidades do "norte" logo a seguir ao Porto, que até partilham uma Universidade,a Universidade do Minho, prejudicando-a e de uma maneira mais acentuada o seu pólo mais pequeno, o de Azurém em Guimarães, nomeadamente os seus alunos que viajam diariamente entre as duas cidades. Não é isto de estranhar ? Já para não dizer que entre Viana do Castelo, capital do Alto Minho e Braga, a maior cidade do Minho, também não há ferrovia. Não será isto uma discriminação entre o que se tem investido no Porto e o que se tem investido no resto do "norte"? Estas duas cidades, Braga e Guimarães procuram afirmar-se como cidades intermédias numa região que tem a sua própria história e identidade. No entanto, quando se trata de infraestruturas, ou são as próprias a arcar com as despesas, ou são as empresas privadas que as constroem e que cobram os custos, como foi e é o caso das auto-estradas que ligam estas cidades ao Porto e entre Braga e Guimarães, e entre Braga e Barcelos/Esposende. Só recentemente se paga portagem nas auto-estradas que entram e saem do Porto, as chamadas SCUTS, e vejam os protestos que isso gerou (ver "As SCUTS e a Ferrovia"). E não nos admiremos se mudando o governo, por uma questão de eleitoralismo, o novo governo não voltará atrás e repõe a situação anterior. Assim tem sido em tempos normais, o que um governo faz o outro desfaz, mas em tempos de crise talvez não o faça e será essa a única razão. Porque o "norte" , para os media é o Porto e não se pode deixar que Lisboa fique com todos os fundos, sejam eles da CE ou não. E voltando ao metro, não se olhará ao facto da gestão do metro ter sido ruinosa, e reverterão os fundos para o Metro, muito devido ao populismo de certos governantes locais , como o sr. Rui Rio, e à cedência eleitoralista dos governos a este populismo. Como termo de comparação só temos o Alberto João Jardim!
sábado, janeiro 08, 2011
Fundação e Universidade de direito Público: Diferenças previsíveis
O Sr. Reitor defende a passagem da UM a Fundação com base em alguns argumentos, nomeadamente a flexibilidade na gestão dos recursos e na contratação de pessoal, mais com base nas limitações actuais da UM do que propriamente nos méritos absolutos da nova estrutura fundacional. Deu-se como exemplo a alienação de património, como por exemplo o edifício do Castelo em pleno centro de Braga. No entanto segundo o RJIES (artº 109) as Universidades podem alienar parte do seu património, bastando para isso o parecer positivo do Ministro da tutela e do Ministro das Finanças. Não será muito diferente para as Universidades-Fundação, com a diferença que, tal como todas as outras questões estratégicas passam por um Conselho de Curadores. Na realidade o que diferencia a Fundação será a possibilidade de ter uma classe de professores e de funcionários paralela à existente, uma vez que, tanto quanto nos é dado a perceber pelas escassas informações referentes ao novo estatuto fundacional, os novos membros da Universidade poderão ter um estatuto diferente, sendo que os Professores não terão que obedecer ao ECDU e os funcionários não seguirão as carreiras estabelecidas para a Função Pública nem serão avaliados nem promovidos segundo o SIADAP, pelo menos segundo o que podemos depreender no artigo 134 do RJIES. As remunerações poderão ser também completamente diferentes das actuais, obviamente com tendência para serem mais altas, com o argumento de se aliciar os melhores profissionais. Poder-se-á argumentar que os que já cá estão também poderão optar por este novo estatuto. Mas isso não está estabelecido em parte alguma do RJIES e seria complicado se todos optassem por passar para um nova carreira, tanto para a Universidade que não comportaria as despesas previsivelmente superiores com os salários, como para os próprios funcionários e professores que já cá estão, por não terem uma informação clara sobre os seus direitos respeitantes à sua estabilidade desemprego e a outras questões de natureza contratual como as consequências em relação à reforma, etc. Portanto, todo este processo se revela complicado e especialmente desajustado à situação actual que a Universidade vive, em período de mudança e de implementação dos estatutos do RJIES e na actual conjuntura económica em que o País se encontra e principalmente nas dificuldades orçamentais que os organismos públicos depararão a partir deste ano de 2011.
Subscrever:
Mensagens (Atom)