Foi divulgado na imprensa através duma entrevista do reitor ao Diário do Minho, as intenções da Universidade para com a Quinta dos Peões, o espaço em frente ao campus de Gualtar. A proposta da UM, como contrapartida da aceitação da construção de prédios ou vivendas de luxo pelo actual dono, Rodrigues Névoa conforme se lê na entrevista completa na versão em papel do DM, é a de uma instalação de um parque Tecnológico do género do TagusPark.
Não deixa de ser caricato comparar esta proposta com o TagusPark, quer pela sua dimensão quer pela sua relevância, mas comparando o terreno disponível na Quinta dos Peões e o terreno onde se situa o TagusPark em Oeiras, diríamos que a ideia até não seria má...mas noutro local. Aqui, no pouco terreno que vai sobrar depois da ocupação dos terrenos com equipamentos do sr. Rodrigues Névoa, se construírem só pode ser em altura e então...fecha-se o cerco ao campus a sul com esta iniciativa, iniciada há anos pela construção de prédios a poente e atrás com uma urbanização junto ao hospital, já que a nascente já existia a estrada de Adaúfe e prédios (se a geografia não estiver perfeitamente correcta, pelo menos os quatro lados deste campus estão identificados para quem conhece o campus).
No início da vida da UM esta quinta era uma quinta de experimentação do Ministério da Agricultura. Depois foi vendida a um particular, o Sr. Rodrigues Névoa (esse mesmo do escândalo de Lisboa) o que na altura causou muita estranheza, e de seguida o PDM passou de agrícola para urbano, pela mão do ainda actual Presidente da Câmara (Mesquita Machado) sendo permitido construir e consequentemente o valor do terreno deve ter subido exponencialmente (conhecemos outros casos semelhantes lá para os lados de Gondomar). Nessa altura o sr. Rodrigues Névoa, segundo o artigo do DM, queria construir vivendas luxuosas, depois "equipamentos" que seriam de dimensões bastantes maiores, deixando no meio um corredor para a UM respirar (prevendo-se um desvio da estrada que se situa entre a UM e esta quinta para poderem os alunos desfrutar deste pequeno espaço verde). Agora, nem corredor vai haver, sugerindo-se a bem do progresso, uns edifícios do género das torres do Tagus Park ! No entanto para calar os estudantes está também prometido estudar a possibilidade da Associação também passar para a quinta, com um prédio a condizer com a fidelidade que esta Associação, eleita com uma abstenção de mais ou menos 95%, tem demonstrado para com as reitorias anteriores e agora com esta, a julgar pelo sentido das votações no Conselho Geral.
A vontade de projectar a UM no exterior está patente nas intenções do reitor. No entanto quando quiserem promover a UM, nomeadamente o campus de Gualtar, não vão conseguir tirar uma fotografia da fachada sem estes edifícios pela frente, a não ser que seja com uma lente de olho de peixe a uma distância de uns dez metros (e mesmo assim não abrange todo o campus). Espaços verdes, nem vê-los!
Cerca-se a UM com betão e vidro, perde-se qualidade de vida no campus. Afinal nestes últimos anos dentro do próprio campus multiplicaram-se as estruturas de betão espelhadas, e se a moda pega, teremos uma Quinta dos Peões transparente, senão na essência, pelo menos na aparência.
segunda-feira, janeiro 25, 2010
domingo, janeiro 24, 2010
A renovação adiada.1-Os Centros de I&D
Agora que se discute os estatutos das sub-unidades orgânicas, nomeadamente os Centros, verifica-se que a vontade de renovação por parte de quem fez os estatutos não é muita, pelo menos na Escola de Engenharia. Um dos únicos artigos homologado pelo reitor em relação aos Centros, foi o de que o mandato dos Directores é renovável, sem qualquer limitação. É de notar que quem fez parte da Assembleia Estatutária por parte dos centros existentes, é quem mais beneficia com esta regra, como que a confirmar que os estatutos foram feitos á medida dos membros da Assembleia Estatutária como já referido anteriormente. O reitor de então, AGR, em vez de questionar este artigo em particular, que podia fazê-lo uma vez que todos os outros órgãos, incluindo as outra sub-unidades orgânicas como os Departamentos, estão sujeitos à limitação de mandatos, o que fez? Foi o de o deixar passar, não se inibindo no entanto de não homologar quase todos os outros, perfeitamente inócuos diga-se de passagem, justificando que compete aos Centros fazer os seus próprios estatutos. Isto até pode ajudar a perpetuar a Direcção do Centro, uma vez que os estatutos sendo aprovados pela maioria afecta ao actual director, pode ditar as regras para os que devem votar e os que não devem votar (excluí-los pelo tipo de contrato que têm ou o tempo de contrato, pela sua produção científica e outras formas de assegurar, intencionalmente não, que o seu lugar não será posto em causa por muitos e muitos anos). É de notar que os Centros assumiram com o o novo estatuto uma posição institucional muito mais importante que os Departamentos, fazendo parte do Conselho Científico, que é órgão que decide as questões mais relevantes para a vida dos docentes e para a própria instituição.
Das duas uma, ou os Centros têm plena autonomia e não deviam ser considerados parte das unidades orgânicas nem estariam representados nos seus órgãos, ou então são suas sub-unidades orgânicas, que o são, e então deve-se ter em atenção os regulamentos que regem as unidades orgânicas, nomeadamente os regulamentos respeitantes à eleição dos seus órgãos máximos, incluindo o próprio Presidente e o Conselho Científico, e fazer destes regulamentos a base dos regulamentos dos Centros.
Das duas uma, ou os Centros têm plena autonomia e não deviam ser considerados parte das unidades orgânicas nem estariam representados nos seus órgãos, ou então são suas sub-unidades orgânicas, que o são, e então deve-se ter em atenção os regulamentos que regem as unidades orgânicas, nomeadamente os regulamentos respeitantes à eleição dos seus órgãos máximos, incluindo o próprio Presidente e o Conselho Científico, e fazer destes regulamentos a base dos regulamentos dos Centros.
domingo, janeiro 17, 2010
Provedor do cidadão universitário
Discute-se neste momento a figura do Provedor do estudante, uma espécie de defensor dos direitos humanos do estudante junto das instâncias de poder da Universidade, nomeadamente junto do Reitor e do Conselho Geral. Face aos atropelos que muitos professores e funcionários da UM se queixam de que foram vítimas nos últimos anos, pergunto: porque não alargar essa função a todos os cidadãos da UM, sejam alunos, professores ou funcionários? Não será a forma de resolver todas as injustiças, mas seria uma forma mais expedita de certos assuntos não terem que ir à justiça dos tribunais que por norma não resolvem nada, tal é a morosidade com que tratam qualquer queixa. Afinal há processos disciplinares dirigidos a professores e funcionários, de cima para baixo, mas não há a possibilidade de processos de defesa, de baixo para cima, de queixas de funcionários ou professores contra os atropelos de que muitas vezes são vítimas por parte dos seus superiores. Em muitas situações estou convicto que muita da falta de motivação patente entre docentes e funcionários, nomeadamente estes últimos, resolver-se-ia se muitos destes atropelos á sua dignidade fossem detectados por esta via. Muitas vezes até se pode tratar de aspectos que têm a ver com as justas aspirações que muitos funcionários e docentes têm e que os sindicatos não resolvem. Temos o exemplo das classificações para progresso na carreira dos funcionários, donde podemos tirar algumas conclusões do que não se deve fazer em futuras avaliações, sejam dos funcionários ou dos professores, começando já com a deste ano, e quando chegar a vez dos professores do que não se deve fazer em relação e estes, embora o cariz da avaliação seja forçosamente diferente. Em relação aos funcionários, é patente o que aconteceu na UM e que foi denunciado noutras instituições, incluindo algumas universidades (embora a UM não tivesse sido uma das denunciadas, sabe-se lá porquê): Os funcionários de topo, técnicos superiores e outros do topo da carreira, receberam por norma excelente: ora como o número de excelentes (e muito bom) obedece a quotas, esgotaram os muito bons, não restando para as outras categorias abaixo das chefias senão alguns muito bons e o resto foi tudo corrido a bom, fosse um excelente funcionário ou não. Há serviços em que todas as chefias tiveram excelente. Se isto não tivesse consequências, como antes do SIAPA em que todos tinham muito bom, podíamos rir da caricatura que era todo este processo. Mas como todos sabemos, agora há consequências na progressão da carreira de cada um e até pode haver dispensa em casos de má qualificação.
Como constatamos pelas notícias recentes, alguns casos estão a ser investigados noutras organizações. E aqui? Com Provedor ou sem, o que o reitor devia fazer, para não se repetir o que aconteceu nos últimos anos, seria mudar os avaliadores nos casos em que se observou manifesto abuso ou incompetência na avaliação; e em segundo lugar, deveria nomear um Provedor provisório que ouvisse as reclamações daqueles que se sentiriam lesados, ou delegava estas funções no Senado, onde existe um Comissão disciplinar.
Outra acção obrigatória seria distribuir as quotas duma forma vertical por todas as categorias , não favorecendo as chefias, porque são elas em muitos casos que são a causa da ineficiência do funcionamento da Função Pública, como todos sabemos. Uma forma justa de o fazer seria ter a mesma proporção de excelentes e muito bons para todas as categorias.
Claro que tudo isto já vai tarde e muitos serão promovidos, ou não conforme o caso, segundo as classificações que obtiveram nas últimas avaliações. Mas isso foi noutra era, a do anterior reitor, em que tínhamos a sensação que as chefias faziam o que muito bem entendiam, com o beneplácito do reitor ou não. Quero crer que estamos noutra era em que existe "accountability", ou seja, que todos respondam pelas suas acções.
Como constatamos pelas notícias recentes, alguns casos estão a ser investigados noutras organizações. E aqui? Com Provedor ou sem, o que o reitor devia fazer, para não se repetir o que aconteceu nos últimos anos, seria mudar os avaliadores nos casos em que se observou manifesto abuso ou incompetência na avaliação; e em segundo lugar, deveria nomear um Provedor provisório que ouvisse as reclamações daqueles que se sentiriam lesados, ou delegava estas funções no Senado, onde existe um Comissão disciplinar.
Outra acção obrigatória seria distribuir as quotas duma forma vertical por todas as categorias , não favorecendo as chefias, porque são elas em muitos casos que são a causa da ineficiência do funcionamento da Função Pública, como todos sabemos. Uma forma justa de o fazer seria ter a mesma proporção de excelentes e muito bons para todas as categorias.
Claro que tudo isto já vai tarde e muitos serão promovidos, ou não conforme o caso, segundo as classificações que obtiveram nas últimas avaliações. Mas isso foi noutra era, a do anterior reitor, em que tínhamos a sensação que as chefias faziam o que muito bem entendiam, com o beneplácito do reitor ou não. Quero crer que estamos noutra era em que existe "accountability", ou seja, que todos respondam pelas suas acções.
domingo, dezembro 27, 2009
As férias não são para todos?
Natal é tempo de repouso para muitos e para a Universidade também. Sabemos que muitos professores não trabalham nos dias imediatamente antes ou depois, ou pelo menos não vão á Universidade a julgar pelos parques de estacionamento vazios (a não ser que deixem o carro em casa). Então porque não dar o mesmo tratamento aos funcionários que não têm qualquer função sem a presença dos professores? Estou a pensar em técnicos de laboratório e funcionários administrativos por exemplo. Seria mais útil que trabalhassem mais uma hora e ir embora às 18:30 nos outros dias do ano do que permanecer nos seus locais de trabalho sem fazer nada durante a época de férias dos professores. Chama-se a isto flexibilidade de horário que parece que não foi descoberto ainda pela Universidade.
Há outras repartições do Estado e empresas que fecham em Agosto e entre o Natal e o Fim do Ano. Mas na Universidade temos que ter tudo aberto? Para quê? Só se for para fazer o jeito a alguns que funcionários que preferem férias quando há mais que fazer para poderem descansar em Agosto na Universidade quando não está lá ninguém (nem alunos nem professores) ou á mania de alguns Professores de saber que se por acaso tiverem que ir lá um dia tenham tudo aberto à sua disposição. Claro que há trabalho que tem que ser feito antes do fim do ano, contas que fechar, por exemplo. Mas a excepção faz a regra e esses funcionários que sacrificam muito nesta época deviam ter a compensação adequada noutra altura do ano.
Parece-me que cada vez há mais desigualdade entre docentes e funcionários, e vejo isso com preocupação. O RJIES infelizmente veio acentuar essas desigualdades, não concedendo aos funcionários os direitos de representatividade nos vários órgãos de governo da Universidade que merecem e onde poderiam defender os seus direitos. Até os bolseiros que passam aqui um ano têm mais representatividade que os funcionários (ver em Homologação dos Estatutos da Escola de Engenharia por exemplo) Os funcionários passam cá grande parte da sua vida. Quem fez o RJIES foi o Ministro da Educação e infelizmente temos como Ministro alguém que não vive neste planeta, preferindo a exploração espacial à exploração pessoal. E não é só por ser um físico embora tal possa ter influenciado. Já muitas vezes ouvimos que os professores não são os melhores gestores e a gestão deve ser entregue a profissionais (Reitor, Presidente de Escola, Director de Departamento) e Ministros da Educação? Porque temos que ter um Professor e ainda por cima um teórico (físico?).
Desça à terra senhor Ministro, venha às Universidades, veja quem lá trabalha e verá que não são só cientistas!
Mas não é só o Ministro que manda. A Universidade tem Autonomia e pode alterar este estado de coisas, aliás como o fez o ano passado, embora pelas razões erradas, que consistiu em dramatizar sem necessidade a situação financeira da Universidade, decretando o fecho das instalações para poupança de energia e assim poder pagar o 13º mês (sic). Pelo menos deu para perceber que se poderia fazer o mesmo este ano e nos anos seguintes sem nemhum problema, ou pelo menos nada de grave. Muitos docentes nem vão sentir que há qualquer diferença pois não costumam frequentar a UM nessa altura, tal como foi já referido, mas para muitos funcionários foi uma amostra de como poderiam ser as suas férias de Natal, houvesse mais imaginação e tolerância por parte dos governantes.
Há outras repartições do Estado e empresas que fecham em Agosto e entre o Natal e o Fim do Ano. Mas na Universidade temos que ter tudo aberto? Para quê? Só se for para fazer o jeito a alguns que funcionários que preferem férias quando há mais que fazer para poderem descansar em Agosto na Universidade quando não está lá ninguém (nem alunos nem professores) ou á mania de alguns Professores de saber que se por acaso tiverem que ir lá um dia tenham tudo aberto à sua disposição. Claro que há trabalho que tem que ser feito antes do fim do ano, contas que fechar, por exemplo. Mas a excepção faz a regra e esses funcionários que sacrificam muito nesta época deviam ter a compensação adequada noutra altura do ano.
Parece-me que cada vez há mais desigualdade entre docentes e funcionários, e vejo isso com preocupação. O RJIES infelizmente veio acentuar essas desigualdades, não concedendo aos funcionários os direitos de representatividade nos vários órgãos de governo da Universidade que merecem e onde poderiam defender os seus direitos. Até os bolseiros que passam aqui um ano têm mais representatividade que os funcionários (ver em Homologação dos Estatutos da Escola de Engenharia por exemplo) Os funcionários passam cá grande parte da sua vida. Quem fez o RJIES foi o Ministro da Educação e infelizmente temos como Ministro alguém que não vive neste planeta, preferindo a exploração espacial à exploração pessoal. E não é só por ser um físico embora tal possa ter influenciado. Já muitas vezes ouvimos que os professores não são os melhores gestores e a gestão deve ser entregue a profissionais (Reitor, Presidente de Escola, Director de Departamento) e Ministros da Educação? Porque temos que ter um Professor e ainda por cima um teórico (físico?).
Desça à terra senhor Ministro, venha às Universidades, veja quem lá trabalha e verá que não são só cientistas!
Mas não é só o Ministro que manda. A Universidade tem Autonomia e pode alterar este estado de coisas, aliás como o fez o ano passado, embora pelas razões erradas, que consistiu em dramatizar sem necessidade a situação financeira da Universidade, decretando o fecho das instalações para poupança de energia e assim poder pagar o 13º mês (sic). Pelo menos deu para perceber que se poderia fazer o mesmo este ano e nos anos seguintes sem nemhum problema, ou pelo menos nada de grave. Muitos docentes nem vão sentir que há qualquer diferença pois não costumam frequentar a UM nessa altura, tal como foi já referido, mas para muitos funcionários foi uma amostra de como poderiam ser as suas férias de Natal, houvesse mais imaginação e tolerância por parte dos governantes.
segunda-feira, dezembro 21, 2009
Um Novo ciclo no impacto da Universidade nas empresas?
Quando surgiu o RJIES pensámos que viria aí um Novo Ciclo. Quando veio o novo ECDU pensámos que vinham daí novidades. Nem uma coisa nem outra. Em Portugal não há mudanças que alterem verdadeiramente o status quo. Não há visionários no Governo. Há, isso sim, Ministros que gostam de mostrar estatísticas que no caso do Ensino Superior se resumem a número de doutoramentos, número de publicações, etc. E o custo-beneficio? O que é que se gastou e o que é que o País lucrou com isso? Prestígio? Talvez. Mas e o resto? Houve muitos empregos criados por este investimento? Claro que não. Noutros países mais desenvolvidos são mais pragmáticos, a investigação é em grande parte financiada por empresas, que é caso dos EUA e em grande medida o Reino Unido. As empresas desta forma inovam e criam mais e melhores empregos. Assiste-se cada vez mais à "open-innovation", isto é, inovação fora das empresas e sub-contratada às Universidades e outros centros de I&D. As empresas são na sua maioria grandes empresas duma dimensão que não temos em Portugal. Mas não devia servir de desculpa, uma vez que fazemos as coisas à dimensão do nosso País noutras áreas e temo-nos saído bem. Caso das pequenas empresas que contra todas as previsões são bem sucedidas cá dentro e lá fora. Algumas dessas já são empresas nascidas nas Universidades, como seja Critical Software, Ydreams para mencionar algumas já estabelecidas. Outras, mais perto de casa, como a Micropolis, nascida na UM, tenta a sua sorte numa estratégia que passou pela sua aquisição por outra empresa que já tinha os canais de distribuição estabelecidos. Mas são exemplos que só provam a regra geral do quase total divórcio entre a Universidade e o mundo empresarial.
Muita da investigação é feita em parceria com outros centros de investigação, nacionais e estrangeiros, mas quando as empresas estão envolvidas, normalmente são programas europeus em que elas próprias são subsidiadas. Não há verdadeiramente uma transferência de tecnologia das Universidades para as empresas.
Normalmente os mais capazes de levar a tecnologia ao exterior, não estão envolvidos na governação da Universidade. Sabem que não é para eles mas para aqueles que vivem disso. O que eles querem é que os deixem em paz já que não têm ajudas nem incentivos. Vivem pois alheados da instituição. Acabam por ser iniciativas isoladas. Não devia ser assim, mas com o RJIES e o ECDU e as próprias Universidades a não incentivarem essa ponte com exterior, não haverá uma verdadeira mudança no panorama; continuaremos a trabalhar para as estatísticas.
Muita da investigação é feita em parceria com outros centros de investigação, nacionais e estrangeiros, mas quando as empresas estão envolvidas, normalmente são programas europeus em que elas próprias são subsidiadas. Não há verdadeiramente uma transferência de tecnologia das Universidades para as empresas.
Normalmente os mais capazes de levar a tecnologia ao exterior, não estão envolvidos na governação da Universidade. Sabem que não é para eles mas para aqueles que vivem disso. O que eles querem é que os deixem em paz já que não têm ajudas nem incentivos. Vivem pois alheados da instituição. Acabam por ser iniciativas isoladas. Não devia ser assim, mas com o RJIES e o ECDU e as próprias Universidades a não incentivarem essa ponte com exterior, não haverá uma verdadeira mudança no panorama; continuaremos a trabalhar para as estatísticas.
sexta-feira, dezembro 18, 2009
As Eleições para os órgãos da Escola de Engenharia 4- Os resultados
Os resultados das eleições para os órgãos que foram a eleições já foram divulgados. Para as listas de Professores e investigadores de carreira foi a seguinta:
Conselho de Escola: lista B elege 8, lista A elege 3 membros
Conselho Científico: Lista B elege 9, lista A elege 3 membros
Não houve surpresas nestes resultados, considerando que a lista A era uma lista de cariz departamental, o que se nota aliás num maior equilíbrio de votos em Gualtar, onde o Departamento de Informática está sediado. Em Azurém a lista B em ambos os Conselhos teve uma maioria esmagadora, e muito semelhante em número de votos, o que leva a pensar que haveria alguma sobreposição entre as duas listas no que se refere à filosofia e à proximidade de ideiais e vivência na UM dos seus membros. É curioso observar, como que a comprovar esta teoria, que o texto de agradecimento de ambas as listas B, é igual.
Conselho de Escola: lista B elege 8, lista A elege 3 membros
Conselho Científico: Lista B elege 9, lista A elege 3 membros
Não houve surpresas nestes resultados, considerando que a lista A era uma lista de cariz departamental, o que se nota aliás num maior equilíbrio de votos em Gualtar, onde o Departamento de Informática está sediado. Em Azurém a lista B em ambos os Conselhos teve uma maioria esmagadora, e muito semelhante em número de votos, o que leva a pensar que haveria alguma sobreposição entre as duas listas no que se refere à filosofia e à proximidade de ideiais e vivência na UM dos seus membros. É curioso observar, como que a comprovar esta teoria, que o texto de agradecimento de ambas as listas B, é igual.
segunda-feira, dezembro 14, 2009
As eleições para os órgãos da Escola de Engenharia 3-O Presidente
Aqui estão os factos:
O Presidente da Escola será eleito pelo Conselho de Escola, como é do conhecimento geral (ou não?). As listas para o Conselho de Escola irão a votos na Quarta-feira. Os cabeças das duas listas já fizeram o seu apelo ao voto. O cabeça de lista A entre outras considerações sobre o programa, afirma que não se compromete com nenhum nome para a Presidência da Escola.
Agora as hipóteses:
A lista B não revelando quem é o Presidente, deixa em aberto a hipótese mais provável de ser Paulo Pereira, o cabeça de lista. O nº 2 da lista, João Álvaro será provavelmente um dos Vices, repetindo a sua função no tempo da anterior Presidência de A. Cunha.
Sendo assim, seria importante que a lista B abrisse o jogo, porque quem vota na lista B estará presumivelmente a votar para o Presidente da Escola.
Porquê que é relevante esta questão? Porque o Presidente terá muito mais importância que o Conselho de Escola. Será quem gere a Escola e o seu programa e as suas ideias serão de muito maior importância que o programa da lista para o Conselho de Escola, que não deixa de ser um órgão consultivo na prática, embora de em teoria ser um órgão de poder da Escola (ver anterior mensagem).
O Presidente da Escola será eleito pelo Conselho de Escola, como é do conhecimento geral (ou não?). As listas para o Conselho de Escola irão a votos na Quarta-feira. Os cabeças das duas listas já fizeram o seu apelo ao voto. O cabeça de lista A entre outras considerações sobre o programa, afirma que não se compromete com nenhum nome para a Presidência da Escola.
Agora as hipóteses:
A lista B não revelando quem é o Presidente, deixa em aberto a hipótese mais provável de ser Paulo Pereira, o cabeça de lista. O nº 2 da lista, João Álvaro será provavelmente um dos Vices, repetindo a sua função no tempo da anterior Presidência de A. Cunha.
Sendo assim, seria importante que a lista B abrisse o jogo, porque quem vota na lista B estará presumivelmente a votar para o Presidente da Escola.
Porquê que é relevante esta questão? Porque o Presidente terá muito mais importância que o Conselho de Escola. Será quem gere a Escola e o seu programa e as suas ideias serão de muito maior importância que o programa da lista para o Conselho de Escola, que não deixa de ser um órgão consultivo na prática, embora de em teoria ser um órgão de poder da Escola (ver anterior mensagem).
sexta-feira, dezembro 11, 2009
Universidades portuguesas desperdiçam dinheiro?
Hoje tivemos a notícia no Jornal de Negócios dum estudo encomendado ao ISEG pela Comissão Europeia, que conclui que as Universidades portuguesas produziriam o mesmo com metade do dinheiro, desde que as verbas tivessem sido aplicadas eficientemente.
E mais não adianta a notícia.
Ficamos sem saber:
1) se o desperdício é devido ao excesso de professores, funcionários ou outro tipo de gastos considerados supérfluos.
2) se é uma questão de a produção, eventualmente aferida pelo número de alunos formados, ser aquém do que se esperaria, ou se é de produção científica que se refere o estudo.
3) se quem fez o estudo o fez "eficientemente" uma vez que o ISEG também é uma Universidade portuguesa
4) se este estudo foi encomendado para o nosso ministro Gago cortar nas verbas às Universidades
5) se adianta alguma coisa este estudo, sem sugerir uma reforma da universidade (a última que se fez, o RJIES, já todos percebemos que vai deixar tudo na mesma)
6) Se agora que foram publicados os novos estatutos do Ensino Superior, ECDU, vamos alterá-los outra vez para melhorar a "eficiência" das Universidades ou se este novo Estatuto vai resolver alguma coisa
7) Se os professores vão ligar alguma a este estudo
8) se.....
Concluindo: não é com críticas destrutivas que vamos lá, é preciso também que se sugiram medidas que alterem este aparente cenário de desperdício de dinheiros públicos.
E mais não adianta a notícia.
Ficamos sem saber:
1) se o desperdício é devido ao excesso de professores, funcionários ou outro tipo de gastos considerados supérfluos.
2) se é uma questão de a produção, eventualmente aferida pelo número de alunos formados, ser aquém do que se esperaria, ou se é de produção científica que se refere o estudo.
3) se quem fez o estudo o fez "eficientemente" uma vez que o ISEG também é uma Universidade portuguesa
4) se este estudo foi encomendado para o nosso ministro Gago cortar nas verbas às Universidades
5) se adianta alguma coisa este estudo, sem sugerir uma reforma da universidade (a última que se fez, o RJIES, já todos percebemos que vai deixar tudo na mesma)
6) Se agora que foram publicados os novos estatutos do Ensino Superior, ECDU, vamos alterá-los outra vez para melhorar a "eficiência" das Universidades ou se este novo Estatuto vai resolver alguma coisa
7) Se os professores vão ligar alguma a este estudo
8) se.....
Concluindo: não é com críticas destrutivas que vamos lá, é preciso também que se sugiram medidas que alterem este aparente cenário de desperdício de dinheiros públicos.
sábado, dezembro 05, 2009
As eleições para os órgãos da Escola de Engenharia 2- listas para o Conselho Científico
Tal como para o Conselho de Escola são duas as listas que se apresentam para o corpo dos "professores e investigadores de carreira", e tal como para o CG uma das listas (A) apresenta-se como departamental, embora neste caso avance com algumas linhas gerais em que outros se possam identificar. Sendo uma atitude mais positiva não deixa de ser uma candidatura departamental.
A outra lista (B) não oferece grandes surpresas na orientação, sendo uma orientação já assumida por vários dos seus elementos no passado recente, como sendo a proposta de parcerias do tipo MIT, que teve um responsável por parte da UM no ex-vice-reitor Manuel Mota, que lidera esta lista. Um aspecto curioso é que com o currículo científico e de gestão científica do seu cabeça de lista, M.M., esta lista torna-se uma lista macrocéfala, estando os outros elementos tanto quanto me é possível avaliar pelos elementos curriculares que estão acessíveis ao público em geral, num patamar muito inferior, apresentando um currículo mais de gestão, pelo que se põe a questão se esta lista não deveria ser de facto a lista para o Conselho de Escola e o seu cabeça de lista o candidato a Presidente da Escola. Aliás nada impede que M.M. se candidate á Presidência da Escola, o que tornaria esta lista acéfala em termos de currículo científico.
Independentemente do currículo científico, há na lista pessoas com experiência de gestão, alguns ex-pró-reitores que penso que estarão nessa lista como uma espécie de continuidade das suas funções como pró-reitores, mas agora não na UM como um todo, mas na Escola de Engenharia. Ter ex-vice-reitores e pró-reitores no Conselho Científico será uma experiência curiosa. A meu ver, não será mau ter elementos no Conselho Científico com essa experiência, mas espera-se que não tragam alguns dos aspectos piores da governação de A. Guimarães Rodrigues para o Conselho Científico, que para o bem e para o mal foi A.G.R o grande responsável e não os seus vice e pró-reitores, como é do conhecimento geral.
Podemos considerar que o Conselho Científico é mais que um órgão que determina a política científica da Escola? O programa da lista B tem uma proposta de formação de novas unidades de interface e uma de interacção com a indústria tradicional com equipas multi-disciplinares de vários departamentos (ou centros?)que é interessante, e fugindo um pouco á ciência é um exemplo de como a relação com o exterior aparece neste órgão e também no programa da lista B concorrente ao órgão que define a estratégia da Escola, o Conselho de Escola. É uma das indefinições do RJIES e do Regulamento da Escola, é precisamente onde é definida a relação com o exterior. Embora a proposta refere que é em conjunto com o Conselho Consultivo e as Unidades de Interface, esquece o facto de que quem propõe é o Presidente do Científico que é ao mesmo tempo Presidente da Escola e o artigo 14, alínea e) dos Estatutos da Escola refere que quem decide a estratégia Geral da Escola é o Conselho de Escola que não está sob a alçada do Presidente. Por isso espero que realmente funcione a articulação entre estes dois órgãos, o CE e o CC, para que a relação com o exterior, tão importante para uma Escola de Engenharia, realmente funcione. Resta acrescentar que quem dirige a banda é o Presidente e se não for um bom maestro será difícil qualquer articulação.
A outra lista (B) não oferece grandes surpresas na orientação, sendo uma orientação já assumida por vários dos seus elementos no passado recente, como sendo a proposta de parcerias do tipo MIT, que teve um responsável por parte da UM no ex-vice-reitor Manuel Mota, que lidera esta lista. Um aspecto curioso é que com o currículo científico e de gestão científica do seu cabeça de lista, M.M., esta lista torna-se uma lista macrocéfala, estando os outros elementos tanto quanto me é possível avaliar pelos elementos curriculares que estão acessíveis ao público em geral, num patamar muito inferior, apresentando um currículo mais de gestão, pelo que se põe a questão se esta lista não deveria ser de facto a lista para o Conselho de Escola e o seu cabeça de lista o candidato a Presidente da Escola. Aliás nada impede que M.M. se candidate á Presidência da Escola, o que tornaria esta lista acéfala em termos de currículo científico.
Independentemente do currículo científico, há na lista pessoas com experiência de gestão, alguns ex-pró-reitores que penso que estarão nessa lista como uma espécie de continuidade das suas funções como pró-reitores, mas agora não na UM como um todo, mas na Escola de Engenharia. Ter ex-vice-reitores e pró-reitores no Conselho Científico será uma experiência curiosa. A meu ver, não será mau ter elementos no Conselho Científico com essa experiência, mas espera-se que não tragam alguns dos aspectos piores da governação de A. Guimarães Rodrigues para o Conselho Científico, que para o bem e para o mal foi A.G.R o grande responsável e não os seus vice e pró-reitores, como é do conhecimento geral.
Podemos considerar que o Conselho Científico é mais que um órgão que determina a política científica da Escola? O programa da lista B tem uma proposta de formação de novas unidades de interface e uma de interacção com a indústria tradicional com equipas multi-disciplinares de vários departamentos (ou centros?)que é interessante, e fugindo um pouco á ciência é um exemplo de como a relação com o exterior aparece neste órgão e também no programa da lista B concorrente ao órgão que define a estratégia da Escola, o Conselho de Escola. É uma das indefinições do RJIES e do Regulamento da Escola, é precisamente onde é definida a relação com o exterior. Embora a proposta refere que é em conjunto com o Conselho Consultivo e as Unidades de Interface, esquece o facto de que quem propõe é o Presidente do Científico que é ao mesmo tempo Presidente da Escola e o artigo 14, alínea e) dos Estatutos da Escola refere que quem decide a estratégia Geral da Escola é o Conselho de Escola que não está sob a alçada do Presidente. Por isso espero que realmente funcione a articulação entre estes dois órgãos, o CE e o CC, para que a relação com o exterior, tão importante para uma Escola de Engenharia, realmente funcione. Resta acrescentar que quem dirige a banda é o Presidente e se não for um bom maestro será difícil qualquer articulação.
sábado, novembro 28, 2009
As eleições para os órgãos da Escola de Engenharia 1-as listas para o Conselho de Escola
Foram divulgadas as listas para o Conselho de Escola e para o Conselho Científico, dois órgãos decisivos para o futuro da Escola. As duas listas candidatas ao Conselho de Escola não trouxeram grandes novidades, reflectindo as listas que já se tinham apresentado para a Assembleia Estatutária. Nota-se no entanto que não há propriamente duas listas com dois programas distintos em todas as áreas que distinguem a vida académica dos professores: a docência, a investigação e a gestão (incluindo a ligação ao exterior), sendo que só a lista B apresenta algumas ideias gerais sobre estes temas. A lista A assume-se como uma lista departamental, defendendo mais aspectos de defesa dos seus próprios interesses do que propriamente da Escola. Este é um aspecto preocupante que já se arrasta desde as workshops organizadas pela Escola, avançando na altura com a ideia que tinha aspirações a ser uma unidade orgânica independente e que, a meu ver, devia ter sido resolvido na altura pelo Conselho Geral da Universidade e não agora no seio da Escola de Engenharia. Seria melhor o Departamento de Informática ter um estatuto próprio, fosse Escola ou departamento autónomo, do que se assumir como defensor dos seus direitos especiais no interior do Conselho de Escola, olhando mais para o seu umbigo do que para a Escola no seu todo. Por isso não espanta que tenham sentido a necessidade de afirmar no fim do seu manifesto que não têm um nome para candidato a Presidente de Escola, porque não é esse o seu objectivo. Já a lista B assume claramente esse objectivo, consciente como é óbvio que o Conselho de Escola não é um órgão de governo, mas que decide quem é o órgão de governo que efectivamente governa, o Presidente e os seus vice-presidentes. Por isso, como já o afirmei aqui, quem vota numa lista estará a votar no Presidente de Escola indirectamente, que será tudo o indica, o cabeça de lista dessa lista. Quanto a isso tudo como os Estatutos prevêem, embora os professores desejassem talvez elegê-lo directamente como se fazia antes, o que seria mais democrático. Os restantes membros da lista, dois nos lugares de topo serão vice-presidentes, os outros reunirão de vez em quando para avaliar a estratégia do Presidente, que sendo sempre forçosamente vaga não causará, grandes razões para se tomarem decisões contrárias ao que o Presidente propor, especialmente se a sua lista tiver a maioria dos lugares. É o que se está a verificar, e cada vez mais, no Conselho Geral da Universidade, que é o órgão análogo ao Conselho de Escola, mas para toda a Universidade. Assim, concluímos que o resto do poder centra-se no Conselho Científico, para o qual se apresentam também duas listas e sobre o qual me debruçarei na próxima mensagem.
quarta-feira, novembro 25, 2009
Estatutos de Conselhos de Escolas "á la carte"
Pode-se ler no blogue "Uminho: Novos desafios,Novos Rumos", uma observação sobre os Estatutos do Conselho de duas Escolas, o IE e a Escola de Engenharia, dando um exemplo para cada Escola que mostra bem como cada Assembleia Estatutária escolheu um menu diferente, sendo que o menu foi aprovado pelo "chef", sem primeiro o provar nem dar a provar a outros (CG).
sábado, novembro 07, 2009
Engenharia à Bolonhesa?
Chamou-me à a atenção este artigo de opinião de um aluno do curso de Engenharia Mecânica da UM, referida no blogue Universidade Alternativa, e que foi publicado no Expresso na secção dedicada ao ensino universitário.
É no mínimo curioso, para não dizer embaraçoso, que foi preciso um aluno alertar para a selva que é a panóplia de cursos de engenharia no período pós-bolonha, em contraste com a indiferença mostrada pela tutela e pela maioria dos docentes de engenharia. Embora seja um artigo jornalístico de um blogue e nada mais que isso, não abordando o assunto como um estudioso da matéria o faria, o aluno toca no essencial duma forma desassombrada, sem complexos, o que é difícil de encontrar nos textos de docentes que já se debruçaram sobre Bolonha, que, criticando todo o processo, não põem no entanto em causa directamente os cursos mas mais a forma como se estão a leccionar (não deixam de ter razão quando criticam a forma muito superficial como são abordadas as matérias neles leccionadas).
Concordando com o autor do artigo, penso que o problema deve ser atacado na raiz e não só em falhas de currículum, sendo que os cursos de primeiro ciclo devem todos ser de banda larga, ou seja, de preparação para um segundo ciclo profissionalizante, não pondo no entanto de parte que haja algumas opções mais tecnológicas para o aluno ter algumas ferramentas que possam ser úteis na sua vida profissional, no caso de se ficar pelo primeiro ciclo. Como exemplo, o primeiro ciclo seria de Ciência de Engenharia, e teria opções no 3º ano dirigidas aos vários cursos de Engenharia existentes na UM, Engenharia Civil, Mecânica, Têxtil, Sistemas, Gestão Industrial, Materiais, Polímeros, Electrónica e Informática, por exemplo (não sendo de excluir outras).
O autor do artigo acaba por não acreditar que seja fácil implementar um sistema deste tipo, por se tocar em interesses instalados. Claro que todos já percebemos que esta é a razão principal para não se avançar neste sentido.
Ao perpetuar-se a situação existente, mantida pelos próprios professores representados pelos seus Departamentos, para no fundo manterem o número de horas de aulas a que estiveram habituados desde o início da sua carreira e que garantem de certa forma o seu lugar na instituição, continuamos com uma situação desajustada aos desígnios dos alunos, que pretendem ter uma formação que lhes forneça a possibilidade de terem um emprego, e desajustada às necessidades do País que não tem uma indústria nem serviços (saúde, ensino..)para os licenciados dos cursos existentes. Quem hoje entra, por exemplo, num curso com o prefixo Bio, tão popular entre os jovens, terá muita dificuldade de encontrar emprego ao sair do curso de cinco anos. Neste e noutros cursos, deve-se ponderar o desperdício dos anos que o/ aluno/a "gastou", numa fase importante e mais activa da sua vida, quando podia tê-los gasto num curso que pudesse escolher, ao fim do primeiro ciclo de três anos, com mais cuidado tendo em conta as saídas profissionais. Ou podia saír logo ao fim do primeiro ciclo, arranjar um emprego indiferenciado, e deixar para mais tarde fazer o segundo ciclo quando já estivesse numa indústria ou serviços em que o curso Bio, neste exemplo, fosse útil para a sua progressão no seu emprego. O exemplo clássico da dificuldade de colocação é o da indústria tradicional como a têxtil, mas nos tempos que correm, todos os sectores são difíceis, e o que hoje parece uma certeza, daqui a cinco anos estará sem perspectivas de emprego. A flexibilidade e a possibilidade de decidir o mais tarde possível qual a especialidade a escolher, são pois a via mais aconselhada.
Os professores das várias especialidades devem pois submeter-se a um desígnio acima dos seus interesses pessoais, nem que este desígnio seja imposto top-down, e se alguém tem que se adequar aos novos tempos são também os professores, pois no que respeita ao ensino, as Universidades existem para os alunos e não para os Professores. Os alunos (ou os seus pais) pagam para os alunos se formarem e os Professores recebem para os formar. É tão simples como isso. O Estado paga a dobrar: para os professores e para as bolsas dos alunos. Há ainda a componente de investigação, mas só por si não justificaria a existência das Universidades.
Embora pareça radical, penso que tal com para o Ensino Secundário, não se deve deixar a solução só com os Professores, Os pais, e entidades externas ao ensino, tais como gabinetes especializados em estudos de Mercado, devem ser chamados a decidir qual o melhor sistema de ensino, a forma com está estruturado, quais e quando devem ser leccionadas as áreas específicas, e as outras actividades que devem fazer parte dum curso, como a componente prática, a de gestão, as línguas e a cultura geral, necessárias ou não para os cursos em questão.
Só assim se sai deste ciclo vicioso de faz-de-conta que se faz mas não se faz aquilo do que estava previsto com Bolonha: cursos mais curtos e adequados ao mercado, isto é, um mercado de trabalho sempre em mudança!
É no mínimo curioso, para não dizer embaraçoso, que foi preciso um aluno alertar para a selva que é a panóplia de cursos de engenharia no período pós-bolonha, em contraste com a indiferença mostrada pela tutela e pela maioria dos docentes de engenharia. Embora seja um artigo jornalístico de um blogue e nada mais que isso, não abordando o assunto como um estudioso da matéria o faria, o aluno toca no essencial duma forma desassombrada, sem complexos, o que é difícil de encontrar nos textos de docentes que já se debruçaram sobre Bolonha, que, criticando todo o processo, não põem no entanto em causa directamente os cursos mas mais a forma como se estão a leccionar (não deixam de ter razão quando criticam a forma muito superficial como são abordadas as matérias neles leccionadas).
Concordando com o autor do artigo, penso que o problema deve ser atacado na raiz e não só em falhas de currículum, sendo que os cursos de primeiro ciclo devem todos ser de banda larga, ou seja, de preparação para um segundo ciclo profissionalizante, não pondo no entanto de parte que haja algumas opções mais tecnológicas para o aluno ter algumas ferramentas que possam ser úteis na sua vida profissional, no caso de se ficar pelo primeiro ciclo. Como exemplo, o primeiro ciclo seria de Ciência de Engenharia, e teria opções no 3º ano dirigidas aos vários cursos de Engenharia existentes na UM, Engenharia Civil, Mecânica, Têxtil, Sistemas, Gestão Industrial, Materiais, Polímeros, Electrónica e Informática, por exemplo (não sendo de excluir outras).
O autor do artigo acaba por não acreditar que seja fácil implementar um sistema deste tipo, por se tocar em interesses instalados. Claro que todos já percebemos que esta é a razão principal para não se avançar neste sentido.
Ao perpetuar-se a situação existente, mantida pelos próprios professores representados pelos seus Departamentos, para no fundo manterem o número de horas de aulas a que estiveram habituados desde o início da sua carreira e que garantem de certa forma o seu lugar na instituição, continuamos com uma situação desajustada aos desígnios dos alunos, que pretendem ter uma formação que lhes forneça a possibilidade de terem um emprego, e desajustada às necessidades do País que não tem uma indústria nem serviços (saúde, ensino..)para os licenciados dos cursos existentes. Quem hoje entra, por exemplo, num curso com o prefixo Bio, tão popular entre os jovens, terá muita dificuldade de encontrar emprego ao sair do curso de cinco anos. Neste e noutros cursos, deve-se ponderar o desperdício dos anos que o/ aluno/a "gastou", numa fase importante e mais activa da sua vida, quando podia tê-los gasto num curso que pudesse escolher, ao fim do primeiro ciclo de três anos, com mais cuidado tendo em conta as saídas profissionais. Ou podia saír logo ao fim do primeiro ciclo, arranjar um emprego indiferenciado, e deixar para mais tarde fazer o segundo ciclo quando já estivesse numa indústria ou serviços em que o curso Bio, neste exemplo, fosse útil para a sua progressão no seu emprego. O exemplo clássico da dificuldade de colocação é o da indústria tradicional como a têxtil, mas nos tempos que correm, todos os sectores são difíceis, e o que hoje parece uma certeza, daqui a cinco anos estará sem perspectivas de emprego. A flexibilidade e a possibilidade de decidir o mais tarde possível qual a especialidade a escolher, são pois a via mais aconselhada.
Os professores das várias especialidades devem pois submeter-se a um desígnio acima dos seus interesses pessoais, nem que este desígnio seja imposto top-down, e se alguém tem que se adequar aos novos tempos são também os professores, pois no que respeita ao ensino, as Universidades existem para os alunos e não para os Professores. Os alunos (ou os seus pais) pagam para os alunos se formarem e os Professores recebem para os formar. É tão simples como isso. O Estado paga a dobrar: para os professores e para as bolsas dos alunos. Há ainda a componente de investigação, mas só por si não justificaria a existência das Universidades.
Embora pareça radical, penso que tal com para o Ensino Secundário, não se deve deixar a solução só com os Professores, Os pais, e entidades externas ao ensino, tais como gabinetes especializados em estudos de Mercado, devem ser chamados a decidir qual o melhor sistema de ensino, a forma com está estruturado, quais e quando devem ser leccionadas as áreas específicas, e as outras actividades que devem fazer parte dum curso, como a componente prática, a de gestão, as línguas e a cultura geral, necessárias ou não para os cursos em questão.
Só assim se sai deste ciclo vicioso de faz-de-conta que se faz mas não se faz aquilo do que estava previsto com Bolonha: cursos mais curtos e adequados ao mercado, isto é, um mercado de trabalho sempre em mudança!
sábado, outubro 31, 2009
Eleições para o Presidente da Escola
Á primeira vista parece que me estou a antecipar no tempo. De facto as primeiras eleições são para o Conselho de Escola, supostamente o órgão de governo máximo da Escola. Mas não é engano, porque uma coisa e outra são a mesma coisa. Por muito que se tente argumentar que o Conselho de Escola é interveniente na gestão da Escola, não se vislumbra nas suas competências qualquer actividade que ultrapasse na realidade a atribuição a este órgão da função de eleger o Presidente de Escola e a aprovação do seu plano, que não é mais do que a comprovação da sua eleição. Por isso, quando aparecerem as listas para o Conselho de Escola, vejam quem é o cabeça de lista, porque estarão a votar para o Presidente de Escola. O seu perfil estará intimamente ligado à política que se seguirá na Escola. O presidente está presente em todo o lado, a sua influência far-se-á sentir não só no Conselho de Gestão, que decidirá a política de gestão que vai influenciar o dia-a-dia da vida Académica da Escola no que respeita às verbas e espaços alocados aos departamentos e Centros, mas até aos equipamentos existentes (bibliotecas, laboratórios, salas de aulas, bares, por exemplo) que embora dependam da Reitoria e aos vários serviços da UM, tais como os Serviços Técnicos, terão uma dependência de quem está mais perto da realidade dos campus onde se encontra situada a Escola de Engenharia, nomeadamente Azurém. E ao olharem para os elementos que se seguem na lista, estarão a olhar em alguns casos para os seus vice-presidentes que seguirão a sua política, nomeadamente no Conselho Pedagógico, que terá como Presidente precisamente um vice-presidente da Escola. No Conselho Científico será o próprio Presidente da Escola o seu Presidente.
No caso do Conselho Científico, agora mais representativo que o anterior, sem dúvida, não deixa de ser interessante verificar que será dominado pelos Directores dos Centros de Investigação e por investigadores. Os directores de Departamento não fazem parte. Quem os representa neste órgão? Só pode ser o Presidente. Terá pois o Presidente da Escola uma tarefa importante de introduzir nas decisões que se tomam, aspectos que dizem respeito aos Departamentos e aos seus docentes, nomeadamente no que respeita a lugares do quadro, que serão distribuídos pelos Departamentos e não pelos Centros. Mas no entanto a decisão compete ao Conselho Científico, maioritariamente constituído pelos representantes e investigadores dos Centros. Assim, é natural que o perfil do Presidente acabe por ser o fiel da balança na evolução da carreira de muitos docentes. Terá que incutir o seu cunho pessoal e institucional às decisões mais "teóricas" dos membros investigadores do Conselho, baseadas mais no Currículo Científico puro e duro (publicações). Se do perfil e do passado do Presidente não transparecer esta dose de bom senso, podem muitos Professores Auxiliares ficar pelo caminho porque dedicaram muito do seu tempo a trabalhar para a instituição, e com menos currículo científico "puro" para mostrar, precisamente porque ocuparam o seu tempo como lhes foi exigido pelos seus superiores hierárquicos, que implica um elevado número de aulas e muitas vezes tarefas burocráticas como a gestão de cursos e recursos (laboratórios). Num instante se passam 5 anos! Muitas das Nomeações Definitivas que passaram na anterior Assembleia da Escola, não passarão no futuro Conselho Científico, se não houver vozes ponderadas com alguma influência, e a do Presidente será a mais influente. Não passarão pelo crivo com um pendente mais científico, que é o do grupo de investigadores e Directores de Centros, que serão a maioria do Conselho. Imaginem a pior hipótese: um Presidente dogmático, inflexível e que preza a imagem da sua cátedra como um general que preza os seus galões? Se as suas imaginárias "tropas" alimentarem a fogueira do seu orgulho, a mistura pode ser explosiva!
Ninguém defende mais do que eu a Universidade com base na Ciência. Não gosto de ver, como muitos colegas não gostam, outros a serem promovidos por terem ombreado nas tarefas de gestão com os que no passado influenciavam e muito a sua promoção na carreira: os directores de Departamento. Mas também não se gosta de ver alguém que como único objectivo será o seu currículo científico, aproveitando-se muitas vezes de condições de trabalho que outros, altruisticamente, lhes proporcionaram. Tem que haver ponderação nas várias actividades dos docentes: docência, investigação, gestão e actividades de extensão universitária. Felizmente os concursos já contemplam esta última actividade. Mas a Nomeação Definitiva, agora Contrato por tempo indeterminado, não é um concurso, mas depende de pareceres e é decidida não por um júri da especialidade mas pelos membros do Conselho Científico, presumivelmente já com Nomeação Definitiva. No caso dos investigadores uma vez que nunca terão Nomeação Definitiva devido a terem um estatuto diferente, não é claro nos Estatutos se lhes será exigido que a tenham, e então será deveras caricato.
No caso do Conselho Científico, agora mais representativo que o anterior, sem dúvida, não deixa de ser interessante verificar que será dominado pelos Directores dos Centros de Investigação e por investigadores. Os directores de Departamento não fazem parte. Quem os representa neste órgão? Só pode ser o Presidente. Terá pois o Presidente da Escola uma tarefa importante de introduzir nas decisões que se tomam, aspectos que dizem respeito aos Departamentos e aos seus docentes, nomeadamente no que respeita a lugares do quadro, que serão distribuídos pelos Departamentos e não pelos Centros. Mas no entanto a decisão compete ao Conselho Científico, maioritariamente constituído pelos representantes e investigadores dos Centros. Assim, é natural que o perfil do Presidente acabe por ser o fiel da balança na evolução da carreira de muitos docentes. Terá que incutir o seu cunho pessoal e institucional às decisões mais "teóricas" dos membros investigadores do Conselho, baseadas mais no Currículo Científico puro e duro (publicações). Se do perfil e do passado do Presidente não transparecer esta dose de bom senso, podem muitos Professores Auxiliares ficar pelo caminho porque dedicaram muito do seu tempo a trabalhar para a instituição, e com menos currículo científico "puro" para mostrar, precisamente porque ocuparam o seu tempo como lhes foi exigido pelos seus superiores hierárquicos, que implica um elevado número de aulas e muitas vezes tarefas burocráticas como a gestão de cursos e recursos (laboratórios). Num instante se passam 5 anos! Muitas das Nomeações Definitivas que passaram na anterior Assembleia da Escola, não passarão no futuro Conselho Científico, se não houver vozes ponderadas com alguma influência, e a do Presidente será a mais influente. Não passarão pelo crivo com um pendente mais científico, que é o do grupo de investigadores e Directores de Centros, que serão a maioria do Conselho. Imaginem a pior hipótese: um Presidente dogmático, inflexível e que preza a imagem da sua cátedra como um general que preza os seus galões? Se as suas imaginárias "tropas" alimentarem a fogueira do seu orgulho, a mistura pode ser explosiva!
Ninguém defende mais do que eu a Universidade com base na Ciência. Não gosto de ver, como muitos colegas não gostam, outros a serem promovidos por terem ombreado nas tarefas de gestão com os que no passado influenciavam e muito a sua promoção na carreira: os directores de Departamento. Mas também não se gosta de ver alguém que como único objectivo será o seu currículo científico, aproveitando-se muitas vezes de condições de trabalho que outros, altruisticamente, lhes proporcionaram. Tem que haver ponderação nas várias actividades dos docentes: docência, investigação, gestão e actividades de extensão universitária. Felizmente os concursos já contemplam esta última actividade. Mas a Nomeação Definitiva, agora Contrato por tempo indeterminado, não é um concurso, mas depende de pareceres e é decidida não por um júri da especialidade mas pelos membros do Conselho Científico, presumivelmente já com Nomeação Definitiva. No caso dos investigadores uma vez que nunca terão Nomeação Definitiva devido a terem um estatuto diferente, não é claro nos Estatutos se lhes será exigido que a tenham, e então será deveras caricato.
sexta-feira, outubro 23, 2009
O mesmo Ministro
Ficámos a saber que o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior foi reconduzido no cargo do novo governo. Quanto a mim não foi uma boa escolha tendo em vista o que ele tem feito em desfavor do Ensino Superior, a saber:
- cortes no financiamento
- introdução de um regulamento que no mínimo é pouco democrático (Reitor e Presidentes de Escola eleitos por um colégio eleitoral) e confuso, com o potencial de ser gerador de conflitos entre órgãos (Reitor e Conselho Geral, Presidentes de Escola e Conselhos de Escola)
- a introdução do novo ECDU que não veio solucionar os problemas endémicos do Ensino Superior e só veio assegurar ainda mais os lugares dos professores de Nomeação Definitiva, mesmo os improdutivos, e ainda menos os dos Professores Auxiliares sem Nomeação Definitiva, mesmo os mais produtivos.
Em relação à Ciência, a sua veia de físico, fruto da sua formação e vivência como Professor, influenciou as medidas que tomou ao longo dos anos à frente da Ciência do País,para o bem e para o mal: aumentou o nº de doutorados significativamente mas em contrapartida desperdiçou dinheiros com a Agência Espacial Europeia e com o CERN, e na última legislatura com o MIT e o Carnegie College, só alimentando a fuga de cérebros e pouco fazendo pelo desenvolvimento da Ciência em Portugal.
Só podemos esperar que nesta legislatura "baixe à terra" e procure resolver os problemas reais da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior em Portugal e não imaginar que é com uma espécie de "peep-show" das instituições científicas de referência, que se transmite o conhecimento científico duma forma que perdure o suficiente para tirar este País do lugar pouco invejável em que se situa no ranking internacional da inovação (parece que voltámos a descer uns lugares este ano outra vez...).
- cortes no financiamento
- introdução de um regulamento que no mínimo é pouco democrático (Reitor e Presidentes de Escola eleitos por um colégio eleitoral) e confuso, com o potencial de ser gerador de conflitos entre órgãos (Reitor e Conselho Geral, Presidentes de Escola e Conselhos de Escola)
- a introdução do novo ECDU que não veio solucionar os problemas endémicos do Ensino Superior e só veio assegurar ainda mais os lugares dos professores de Nomeação Definitiva, mesmo os improdutivos, e ainda menos os dos Professores Auxiliares sem Nomeação Definitiva, mesmo os mais produtivos.
Em relação à Ciência, a sua veia de físico, fruto da sua formação e vivência como Professor, influenciou as medidas que tomou ao longo dos anos à frente da Ciência do País,para o bem e para o mal: aumentou o nº de doutorados significativamente mas em contrapartida desperdiçou dinheiros com a Agência Espacial Europeia e com o CERN, e na última legislatura com o MIT e o Carnegie College, só alimentando a fuga de cérebros e pouco fazendo pelo desenvolvimento da Ciência em Portugal.
Só podemos esperar que nesta legislatura "baixe à terra" e procure resolver os problemas reais da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior em Portugal e não imaginar que é com uma espécie de "peep-show" das instituições científicas de referência, que se transmite o conhecimento científico duma forma que perdure o suficiente para tirar este País do lugar pouco invejável em que se situa no ranking internacional da inovação (parece que voltámos a descer uns lugares este ano outra vez...).
sábado, outubro 17, 2009
Nomeação Definitiva ou Nomeação Científica?
Tem-se falado ultimamente muito na situação dos Professores Auxiliares à luz do novo RJIES, no que respeita àqueles que não têm Nomeação Definitiva. O RJIES determina que só com dois terços de votos no Conselho Científico terão passagem assegurada. Se a esta exigência acrescentarmos a nova constituição do Conselho Científico que terá só 25 membros, poderá haver uma maior exigência científica que anteriormente, e passo a explicar porquê.
Os Directores de Departamento, que normalmente têm um conhecimento mais amplo das actividades do docente, não se limitando à componente científica, não fazem parte do C.C. Quem faz parte são os Directores dos Centros de Investigação em número de dez, que têm uma visão mais científica, pelo menos na teoria. Segundo os novos Estatutos da Escola, uma parte significativa do Conselho Científico poderá ser constituída por investigadores, que nem sequer são Professores Auxiliares e não serão sensíveis ao problema. Foi uma das cláusulas dos Estatutos que critiquei, precisamente por esta razão. Os Directores dos Centros e os investigadores juntos, os últimos não se oporão aos primeiros como é óbvio, exigirão que os candidatos tenham um bom currículo científico, independentemente das restantes actividades, pedagógicas/de gestão/ extensão universitária.
A única maneira de introduzir alguma razoabilidade no C.C. a meu ver, é a de constituir listas candidatas aos restantes 12 lugares destinados a professores e investigadores de carreira, que sejam equilibradas e de que façam parte maioritariamente professores com perfis diferenciados e investigadores independentes e com uma mente aberta. Precisamos de membros do C.C.com uma atitude construtiva e não de membros que se vangloriem utilizando o seu orgulho ou o seu currículo como uma espada, esquecendo tudo o que há mérito para além do currículo científico, nomeadamente no que essa pessoa já contribuiu para a formação de futuros profissionais deste país e para o prestígio da Universidade junto da sociedade. Tenho ouvido falar de casos, noutras Escolas é certo, mas que demonstram o que pode vir a acontecer: aqueles que mais se esforçaram na formação dos alunos, nas actividades junto da sociedade envolvente, e que apresentam um currículo global muito interessante para o futuro da instituição, só por terem o vínculo mais precário, foram os primeiros a serem dispensados. Ficaram os de vínculo mais sólido, que só por terem lá chegado um pouco mais cedo, permanecem no seu lugar, e muitos só o ocupam não fazendo dele mais do que uma ocupação, uma "residência", enquanto que outros que o merecem nem chegam a aquecê-lo.
Os Directores de Departamento, que normalmente têm um conhecimento mais amplo das actividades do docente, não se limitando à componente científica, não fazem parte do C.C. Quem faz parte são os Directores dos Centros de Investigação em número de dez, que têm uma visão mais científica, pelo menos na teoria. Segundo os novos Estatutos da Escola, uma parte significativa do Conselho Científico poderá ser constituída por investigadores, que nem sequer são Professores Auxiliares e não serão sensíveis ao problema. Foi uma das cláusulas dos Estatutos que critiquei, precisamente por esta razão. Os Directores dos Centros e os investigadores juntos, os últimos não se oporão aos primeiros como é óbvio, exigirão que os candidatos tenham um bom currículo científico, independentemente das restantes actividades, pedagógicas/de gestão/ extensão universitária.
A única maneira de introduzir alguma razoabilidade no C.C. a meu ver, é a de constituir listas candidatas aos restantes 12 lugares destinados a professores e investigadores de carreira, que sejam equilibradas e de que façam parte maioritariamente professores com perfis diferenciados e investigadores independentes e com uma mente aberta. Precisamos de membros do C.C.com uma atitude construtiva e não de membros que se vangloriem utilizando o seu orgulho ou o seu currículo como uma espada, esquecendo tudo o que há mérito para além do currículo científico, nomeadamente no que essa pessoa já contribuiu para a formação de futuros profissionais deste país e para o prestígio da Universidade junto da sociedade. Tenho ouvido falar de casos, noutras Escolas é certo, mas que demonstram o que pode vir a acontecer: aqueles que mais se esforçaram na formação dos alunos, nas actividades junto da sociedade envolvente, e que apresentam um currículo global muito interessante para o futuro da instituição, só por terem o vínculo mais precário, foram os primeiros a serem dispensados. Ficaram os de vínculo mais sólido, que só por terem lá chegado um pouco mais cedo, permanecem no seu lugar, e muitos só o ocupam não fazendo dele mais do que uma ocupação, uma "residência", enquanto que outros que o merecem nem chegam a aquecê-lo.
quinta-feira, outubro 08, 2009
A sucessão de António Cunha na Escola de Engenharia
Agora que António Cunha foi eleito Reitor e deixou definitivamente a Presidência da Escola de Engenharia, põe-se a questão: quem o vai suceder? Será que preparou a sua sucessão na Escola? Claro que mesmo sendo preparado pelo António Cunha, quem o suceder não vai ser uma réplica do que foi A.C. Mas, não terá já uma equipa sucedânea da anterior? E se ganhar, não ficará demasiado dependente do Reitor A.C., uma vez que a sua candidatura à Escola foi orientada ("coached") por A.C.?
Talvez se levante a ponta do véu quando soubermos mais sobre as candidaturas ao Conselho de Escola e quem se apresenta como cabeça de lista.
Como se pode verificar no Twitter ao lado, iniciei hoje um desafio aos membros da Escola para se juntarem num Movimento que eventualmente se canditará ao Conselho de Escola, tenha esse Movimento condições para tal. Com isso pretendo demarcar-me precisamente de outras listas que eventualmente venham a aparecer e que possam estar ligadas à anterior hierarquia. Também pretendo demarcar-me de candidaturas anteriores para outros ógãos,com lógicas totalmente diferentes daquilo que deve ser uma lista para uma Escola.
Talvez se levante a ponta do véu quando soubermos mais sobre as candidaturas ao Conselho de Escola e quem se apresenta como cabeça de lista.
Como se pode verificar no Twitter ao lado, iniciei hoje um desafio aos membros da Escola para se juntarem num Movimento que eventualmente se canditará ao Conselho de Escola, tenha esse Movimento condições para tal. Com isso pretendo demarcar-me precisamente de outras listas que eventualmente venham a aparecer e que possam estar ligadas à anterior hierarquia. Também pretendo demarcar-me de candidaturas anteriores para outros ógãos,com lógicas totalmente diferentes daquilo que deve ser uma lista para uma Escola.
Novo Reitor
Foi eleito para Reitor por maioria de votos o Professor António Cunha.
Parabéns e felicidades no seu novo cargo são os votos expressos pelo Movimento NDNR e que também subscrevo. Embora eu tenho tido uma atitude crítica em relação à sua postura que por vezes teve como Presidente da Escola de Engenharia, reconheço que no fim do seu mandato através de workshops que organizou, procurou trazer alguma mudança para a Escola, o que nos dá a esperança de o fazer também para a UM.
Parabéns e felicidades no seu novo cargo são os votos expressos pelo Movimento NDNR e que também subscrevo. Embora eu tenho tido uma atitude crítica em relação à sua postura que por vezes teve como Presidente da Escola de Engenharia, reconheço que no fim do seu mandato através de workshops que organizou, procurou trazer alguma mudança para a Escola, o que nos dá a esperança de o fazer também para a UM.
terça-feira, outubro 06, 2009
Uma agradável surpresa nas candidaturas a Reitor
Só assisti à apresentação do candidato Artur Águas. Embora não tendo podido assistir à apresentação de António Cunha por impedimento profissional, penso que não teria sido surpreendido, por conhecer as suas ideias e o seu percurso na Escola de Engenharia ao longo dos anos. Agora, Artur Águas realmente surpreendeu-me. Porquê? Porque estava à espera de um A. Cunha nº2 e eis que surge uma personagem aparentemente liberta de clichés e do “politicamente correcto”. Sem complexos de Professor, transmitiu a ideia de que a avaliação dos alunos é para ser pública, atirando por terra a defesa de um membro do CG de que a UM é pioneira neste tipo de avaliação e que ela é avaliada pelos Directores de Departamento e de Curso! Defendeu as "Artes" como nenhum engenheiro o consegue fazer, sugerindo que tal como nos EUA a Universidade fosse o Centro Cultural da cidade onde se insere. Ideias originais, que lhe saíram da manga, como um Instituto Galego no seio da UM ou um pequeno estúdio de cinema experimental num departamento de "Artes". Talvez o único problema fosse a falta de tempo para abranger as Letras, quando confrontado com uma pergunta sobre a sua importância para uma Universidade que segue a óptica do mercado e do lucro, referindo-se só ao lado das Artes criativas, publicidade e cinema. No entanto não deixou de responder a uma pergunta rasteira de um membro do CG, que muito cheio da sua excelência em língua portuguesa, e esquecendo que o que estava em causa não era pavonear o seu ego mas ouvir o candidato a reitor, o lembrou que o mérito que o candidato referiu como sendo condição para um Reitor, também se reflecte na escrita que por sinal, na sua apresentação, teria erros ortográficos! Respondeu humildemente, o que é raro em Professores Catedráticos, que o português que escrevia podia não ser Queiroziano mas era aquele que era adequado para transmitir uma mensagem, directo e objectivo, coisa que este seu interlocutor não é! Aliás, o seu estilo revelou aquilo que viemos a descobrir mais tarde, a sua vivência nos EUA durante o doutoramento. O seu estilo irreverente, “atrevendo-se” a desafiar uma situação já há muito estabelecida na UM, mesmo não atingindo um objectivo que nem o próprio acredita, referindo-se a uma muito remota hipótese de ser eleito, foi sem dúvida uma lufada de ar fresco na teia de interesses em que se tornou a UM nos últimos anos.
Um muito obrigado a Artur Águas por nos ter permitido sonhar com uma UM nova, mesmo que fosse só por uma ou duas horas de intervalo na rotina do dia-a- dia de um professor da UM.
Um muito obrigado a Artur Águas por nos ter permitido sonhar com uma UM nova, mesmo que fosse só por uma ou duas horas de intervalo na rotina do dia-a- dia de um professor da UM.
sábado, outubro 03, 2009
Triste saída de cena
O reitor em exercício teve que submeter a proposta de aprovação dos novos estatutos dos Serviços de Acção Social da UM ao Conselho Geral porque assim o RJIES o exige. É esta uma vantagem do RJIES em relação ao que era anteriormente, em que o Reitor não tinha que submeter as suas propostas a nenhum órgão da UM e fazia como bem queria. O que sucede é que o C.G. aprovou o documento, embora tudo indicasse que não o deveria ter feito uma vez que o Senado não foi ouvido por não terem ainda sido indigitados os membros do Senado. Mas sendo assim, porque não se esperou para que o Senado entrasse em funções? Ou ainda, porque não esperou o reitor em exercício para que o novo reitor tomasse posse? Penso que sabemos qual a resposta: não haveria a certeza de o novo reitor propor o novo Estatuto tal cmo está, especialmente se o Senado desse um voto desfavorável. Sendo assim, pergunta-se: o que forçou o reitor a propôr no limite do seu mandato este Estatuto, ainda por cima, polémico (ver em post do dia 13)? Ou se não foi forçado, que é que o move? O dever de retribuir favores? A vontade de mostrar que ainda manda? Querer um último "show-down" com o C.G.? Sabe-se que de facto teve uma atitude de "birra", ou mesmo de chantagem segundo opinião de membros do C.G., na reunião com o C.G. para conseguir a aprovação, o que significa que esta última hipótese concretizou-se, não se sabendo no entanto se foi uma consequência da sua ânsia de aprovar o Estatuto ou se foi de facto uma intenção de confrontar o C.G, mostrando desta forma quem ainda manda na UM.
E continuamos nós na UM ao sabor dos humores do reitor até ao último dia do seu mandato.
Que triste saída de cena!
E continuamos nós na UM ao sabor dos humores do reitor até ao último dia do seu mandato.
Que triste saída de cena!
terça-feira, setembro 29, 2009
Um Ministro do Ensino Superior diferente por favor
Este Ministro tentou de facto inovar, com a introdução do RJIES e o novo ECDU.
Alguns aspectos destes dois documentos são positivos, a meu ver. Mas na realidade o que mudou verdadeiramente em relação aos anteriores documentos? Muito pouco, a não ser a possibilidade das Universidades passarem a Fundações, que talvez fosse o único verdadeiro objectivo do Ministro ao introduzir o RJIES. Senão vejamos: Introduziu o Conselho Geral, que seria uma grande novidade. Antes havia a Assembleia da Universidade. Qual a diferença já que o CG elege o Reitor e a Assembleia também elegia? Só se for que o CG pode fiscalizar o Reitor enquanto que a Assembleia não tinha esses poderes. Mas a fiscalização é relativa, e necessita de uma maioria absoluta para ter verdadeiras consequências (demmissão do reitor, por exemplo). O Senado já existia. O Conselho Administrativo também, etc, etc. Portanto que novidades há? No caso da UM, se houve novidades essas foram introduzidas pelos Estatutos da própria Universidade, que aproveitou os novos Estatutos para juntar duas Unidades Orgânicas numa só, e para conferir o estatuto de Escola ao Departamento Autónomo da Arquitectura (anunciado na última reunião do CG e a meu ver prematuramente). Nas Unidades Orgânicas também não há grandes alterações ao que acontecia anteriormente, a não ser a figura do Conselho de Escola, que por analogia com o Conselho Geral elege o Presidente de Escola e fiscaliza a sua actividade.
Fica pois a sensação que foi quase tudo cosmética, menos para aquelas Universidades escolhidas para se transformarem em Fundações. As verdadeiras intenções do Ministro não serão de separar estas Universidades de outras possibilitando que de futuro tenham orçamentos superiores às restantes e que se distanciem, qual Oxford e Cambridge? Tal como na Ciência (ver post anterior), as manias de ter uns escolhidos entre os demais para alcançarem a excelência voltam a ser visíveis. Na Ciênca foram aqueles que foram escolhidos para "colaborarem" com o MIT. Nas Universidades são as Fundações que também são só para alguns (tanto num como noutro caso sem concurso).
No caso do ECDU, foi tudo feito para ficar tudo na mesma, pelo menos na Universidade, com a agravante de haver uma intenção de se desfazer dos docentes que poderiam estar a mais (leitores e Professores sem Nomeação Definitiva). Até alguns, os Professores Auxiliares mesmo com Nomeação Definitiva não se livram de daqui a uns anos com dois pareceres negativos serem dispensados, por não terem tenure.
No Politécnico têm que todos ir a concurso, mesmo os que estão lá há anos, para assim se poderem eliminar mais alguns docentes.
Não vamos ter saudades deste Ministro que ainda por cima acumulou o Ensino Superior com o da Ciência. Esperemos que o futuro Governo não caia na mesma asneira. Havendo dois Ministros diferentes, as probalidades de um ser bom serão melhores, ou não?
Alguns aspectos destes dois documentos são positivos, a meu ver. Mas na realidade o que mudou verdadeiramente em relação aos anteriores documentos? Muito pouco, a não ser a possibilidade das Universidades passarem a Fundações, que talvez fosse o único verdadeiro objectivo do Ministro ao introduzir o RJIES. Senão vejamos: Introduziu o Conselho Geral, que seria uma grande novidade. Antes havia a Assembleia da Universidade. Qual a diferença já que o CG elege o Reitor e a Assembleia também elegia? Só se for que o CG pode fiscalizar o Reitor enquanto que a Assembleia não tinha esses poderes. Mas a fiscalização é relativa, e necessita de uma maioria absoluta para ter verdadeiras consequências (demmissão do reitor, por exemplo). O Senado já existia. O Conselho Administrativo também, etc, etc. Portanto que novidades há? No caso da UM, se houve novidades essas foram introduzidas pelos Estatutos da própria Universidade, que aproveitou os novos Estatutos para juntar duas Unidades Orgânicas numa só, e para conferir o estatuto de Escola ao Departamento Autónomo da Arquitectura (anunciado na última reunião do CG e a meu ver prematuramente). Nas Unidades Orgânicas também não há grandes alterações ao que acontecia anteriormente, a não ser a figura do Conselho de Escola, que por analogia com o Conselho Geral elege o Presidente de Escola e fiscaliza a sua actividade.
Fica pois a sensação que foi quase tudo cosmética, menos para aquelas Universidades escolhidas para se transformarem em Fundações. As verdadeiras intenções do Ministro não serão de separar estas Universidades de outras possibilitando que de futuro tenham orçamentos superiores às restantes e que se distanciem, qual Oxford e Cambridge? Tal como na Ciência (ver post anterior), as manias de ter uns escolhidos entre os demais para alcançarem a excelência voltam a ser visíveis. Na Ciênca foram aqueles que foram escolhidos para "colaborarem" com o MIT. Nas Universidades são as Fundações que também são só para alguns (tanto num como noutro caso sem concurso).
No caso do ECDU, foi tudo feito para ficar tudo na mesma, pelo menos na Universidade, com a agravante de haver uma intenção de se desfazer dos docentes que poderiam estar a mais (leitores e Professores sem Nomeação Definitiva). Até alguns, os Professores Auxiliares mesmo com Nomeação Definitiva não se livram de daqui a uns anos com dois pareceres negativos serem dispensados, por não terem tenure.
No Politécnico têm que todos ir a concurso, mesmo os que estão lá há anos, para assim se poderem eliminar mais alguns docentes.
Não vamos ter saudades deste Ministro que ainda por cima acumulou o Ensino Superior com o da Ciência. Esperemos que o futuro Governo não caia na mesma asneira. Havendo dois Ministros diferentes, as probalidades de um ser bom serão melhores, ou não?
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