O processo da praia do Meco em
que morreram 6 estudantes, foi re-aberto, após um arquivamento prematuro, muito
por força da insistência dos pais e da exposição nos média. Nem sequer foi
considerada na avaliação do processo a possibilidade das mortes terem sido
causadas por uma praxe, o que é estranho, dada a evidência dos factos e das
circunstâncias em que ocorreu o "acidente". O caso da queda do muro
em Braga, embora diferente, é outra consequência das praxes, em que também
houve estudantes mortos. Estamos de novo no início do ano letivo com as praxes
a ocorrerem como se nada se aprendesse destes dois casos. Impressiona a
inconsequência de tais tragédias nas praxes e não se percebe o que mudou. Os
alunos ou são irresponsáveis ou são ignorantes ou o mais provável, continuam a
ser esmagados logo à entrada por toda uma encenação dos mais velhos, de tal
forma intimidatória que não se atrevem a faltar à praxe. Poderá ser que alguns
gostem da praxe. Mas quantos gostam realmente de práticas extenuantes, em que
se mantêm de pé, tal como os vemos quando passamos pelos agrupamentos, horas a
fio, à chuva e vento, mal protegidos, muitos em T-shirt ou equivalente,
obrigados a gritarem e a fazerem outro tipo de brincadeiras forçadas, que de
brincadeira não têm nada? Então se é assim, porque não forma para as forças
armadas? Lá só não há as brincadeiras forçadas, porque de resto há tudo o
resto: permanecer de pé horas, obedecer cegamente à hierarquia, gritar coisas
sem nexo, etc.
É um fenómeno de um misto de
medo, teimosia em ser aceite pelos pares, vontade quase masoquista de sofrer
para alcançar o patamar superior, e a possibilidade de se divertirem como bónus
logo após a praxe, em bebedeiras gerais, que leva mais uma vez à inconsciência
do seus atos.
Não entendo, nem muitos entendem,
a não ser que seja uma penitência que está imbuída no seu ser, proveniente de
séculos de fé católica que os moldou sem eles se aperceberem. Afinal Cristo
também teve que morrer para poder ser ressuscitado. Será essa a analogia
nos seus pensamentos íntimos?
quinta-feira, outubro 16, 2014
terça-feira, outubro 07, 2014
Prós sem contras
No programa "prós e contras" de ontem, no Teatro Circo de Braga, tivemos a ocasião de ouvir dos vários intervenientes os prós de Braga e da UM em várias frentes, centrada nos jovens de Braga, e no sucesso da intervenção da UM na sociedade. Foram passando os minutos e os membros da "mesa", desde o Presidente da Câmara ao ex-secretário de Estado, agora responsável pela mais recente incubadora de empresas de Braga, a investBraga, falaram de uma realidade que dificilmente se pode imaginar como sendo aquela da cidade de Braga. O que é certo é que faltaram exemplos de todo esse dinamismo que foi referido, sendo que quase a única foi a Primavera que da plateia fez um relato que deve ter posto muita gente a dormir. Aliás,entre o enfado que as várias intervenções provocavam, ao enjôo de tantos elogios à cidade e à UM, faltou algum discernimento sobre a nossa realidade. Que a cidade é a mais jovem, refira-se como jovem o facto de ter a população mais jovem, é o que temos ouvido há mais de 20 anos. Será que ainda é? A emigração de jovens para a Suíça, França e Reino Unido, parte principalmente do norte do país e o distrito de Braga deve ser o epicentro dessa emigração. O norte do país deve ser a região do país com mais pobres. Tem talvez o maior desemprego. No entanto só o arcebispo referiu timidamente estes dados, não fosse destoar do otimismo e autoelogio de todos os outros presentes. Não se coibiu no entanto de regogizar-se com o trabalho que a igreja tem feito junto desses setores da população mais desfavorecida. A moderadora Fátima Campos Ferreira, parecia que dançava num mar de rosas, incentivando à enaltação por parte dos presentes dos feitos que fizeram para Braga ser a cidade que pintou quando da apresentação do programa. Não destoou em nada, não havendo lugar aos "contras" normalmente presente no seu programa. O reitor fez o que lhe competia, referindo a Universidade como uma "research University", e até pecou por ser parco nas palavras, não deixando no entanto de referir mais um ranking onde a UM figura à frente das outras universidades portuguesas. Não disse no entanto o óbvio, que os rankings são baseados em critérios que nem sempre são objetivos. O discurso de quase euforia teve um pequeno solavanco com a intervenção de José Mendes que se queixou que a região merecia receber mais investimento por parte do poder central, considerando ser uma região exportadora e que muito contribui para a riqueza do país por esta via. Esqueceu-se da auto-europa e da Galp, as maiores exportadoras, situadas perto de Lisboa. Ainda houve lugar ao protesto do reitor sobre o financiamento dos centros por parte da FCT não ter contemplado um centro de I&D que tem no seu seio um investigador que fez parte da equipa de um nobel da física, com trabalho na área do grafeno. António Murta fez o discurso de exaltação deste investigador. Quase que estávamos ombro a ombro com os prémio nobel com tal exaltação! Foi o ponto alto da noite. Foi uma noite surrealista em que Braga se elevou acima das nuvens, o que ao menos já é uma melhoria para Braga, habitualmente debaixo de nuvens.
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sábado, setembro 13, 2014
O moinho da praxe
Num programa muito interessante da LVTV sobre moinhos no Algarve, descrevia-se o moinho como um sistema de movimento contante quando, propulsionado por velas movidas a vento, com engrenagens que ligavam e transmitiam este movimento ao de uma mó, em que o objetivo era mover a mó para esmagar os grãos de milho ou trigo e assim fazer farinha.
Podemos imaginar as praxes como um sistema semelhante. Começa um novo ano letivo e começam as praxes. É um movimento contínuo, uma engrenagem que não para. Uma roda dentada em movimento em que outras rodas encaixam, sendo que as rodas pequenas, os praxantes, obedecem às rodas grandes, os dux e companhia, num movimento constante e imparável, ao sabor do vento. Todo este sistema tem como objetivo moer uns grãos, os caloiros, que saiem já feitos numa farinha que será amassada pelos professores para fazer o pão. Se daqui sai um bom pão, é o que é discutível.
Farinha não será a melhor para fazer um adulto com ideias próprias, iniciativa e que analise e discuta ideias. Serão soldados prontos a receber ordens, receber matéria sem questionar, com o objetivo de alcançarem o fim do curso e obterem o tão desejado diploma.
O vento pode ser forte, com praxes que violentam os caloiros, humilhando-os, tornando ainda mais provável a sua submissão e deixando marcas na sua personalidade. Pode-se argumentar que quem sobrevive se torna mais forte. É provável. Esta é a lei da selva e se esta é a lei que governa as praxes, então está tudo dito. O vento pode ser menos forte e as praxes serem educativas, com atividades coletivas em que todos fazem parte da engrenagem. No entanto há sempre alguém que por ter sofrido em anos anteriores a praxe, quer retribuir na mesma moeda e não permite estas facilidades, ou então é um bully que só tira prazer de humilhar outros mais fracos que ele. Estes moinhos de praxe, localizam-se em espaços supostamente onde se cultiva a cultura, ciência e a evolução do indivíduo. Não pode haver maior contradição.
Podemos imaginar as praxes como um sistema semelhante. Começa um novo ano letivo e começam as praxes. É um movimento contínuo, uma engrenagem que não para. Uma roda dentada em movimento em que outras rodas encaixam, sendo que as rodas pequenas, os praxantes, obedecem às rodas grandes, os dux e companhia, num movimento constante e imparável, ao sabor do vento. Todo este sistema tem como objetivo moer uns grãos, os caloiros, que saiem já feitos numa farinha que será amassada pelos professores para fazer o pão. Se daqui sai um bom pão, é o que é discutível.
Farinha não será a melhor para fazer um adulto com ideias próprias, iniciativa e que analise e discuta ideias. Serão soldados prontos a receber ordens, receber matéria sem questionar, com o objetivo de alcançarem o fim do curso e obterem o tão desejado diploma.
O vento pode ser forte, com praxes que violentam os caloiros, humilhando-os, tornando ainda mais provável a sua submissão e deixando marcas na sua personalidade. Pode-se argumentar que quem sobrevive se torna mais forte. É provável. Esta é a lei da selva e se esta é a lei que governa as praxes, então está tudo dito. O vento pode ser menos forte e as praxes serem educativas, com atividades coletivas em que todos fazem parte da engrenagem. No entanto há sempre alguém que por ter sofrido em anos anteriores a praxe, quer retribuir na mesma moeda e não permite estas facilidades, ou então é um bully que só tira prazer de humilhar outros mais fracos que ele. Estes moinhos de praxe, localizam-se em espaços supostamente onde se cultiva a cultura, ciência e a evolução do indivíduo. Não pode haver maior contradição.
sexta-feira, setembro 05, 2014
Mais um golpe numa classe profissional aparentemente indiferente
Ontem em entrevista num canal de televisão o Presidente do Sindicato Nacional do Ensino superior, António Vicente, disse que nos últimos 3 anos os cortes foram de 31%. . Perante a questão de que este ano são só de 1,5% o que seria um pequeno sacrifício perante os sacrifícios dos restantes setores do Estado e do país, o entrevistado disse que era grave este corte porque não havia mais margem de manobra devido aos cortes anteriores. Não sei se esta foi uma boa resposta, uma vez que quem acomoda 31% também acomoda 1,5%, dirá alguém menos atento. A questão é que o que o entrevistado não disse como resposta, embora o tenha referido anteriormente mas sem convição, é que a este corte acresce ainda os cortes nas bolsas de investigação e nos cortes baseados numa avaliação dos centros de I&D que poupará à FCT outro tanto sobrecarregando as Universidades, mais que aos politécnicos, com verbas desviadas para os centros que necessitem de honrar os seus compromissos. Há ainda a considerar os aumentos dos funcionários públicos, incluindo os professores, nos meses pós-chumbo da troika nos cortes dos salários. Penso que o grande problema dos professores do ensino superior perante o governo, é não terem nem um sindicato à altura de os defender, e já agora, nem um conselho de reitores à altura. Os reitores também não convencem que estão determinados quando ora dizem que não podem apresentar orçamentos com estes cortes, ora dizem que o farão após um fim de semana supostamente de telefonemas do ministro a insistir na aceitação deste corte.
Os próprios professores não estão à altura de se defenderem, uma vez que para além de não estrem unidos, são pessoas que não pensam em reivindicar seja o que for, e aguardam serenamente que venha o ordenado ao fim do mês. Só se escandalizam quando o seu centro não foi selecionado para financiamento ou um seu aluno não tem bolsa. São de facto muito altruístas ou pura e simplesmente indiferentes.
Os próprios professores não estão à altura de se defenderem, uma vez que para além de não estrem unidos, são pessoas que não pensam em reivindicar seja o que for, e aguardam serenamente que venha o ordenado ao fim do mês. Só se escandalizam quando o seu centro não foi selecionado para financiamento ou um seu aluno não tem bolsa. São de facto muito altruístas ou pura e simplesmente indiferentes.
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sábado, agosto 23, 2014
O Algarve que (não) temos
Perdeu-se algures o espírito do Algarve de outros tempos. Aquilo que era mais apetecível, as praias, tornou-se num mar de gente ávida de ocuparem a areia ou as espreguiçadeiras dos hotéis e num dormitório temporário dos chamados turistas de massas. O Algarve já foi orgulhoso com as suas praias pristinas e os seus produtos originais, separado do resto do país por uma barreira natural, a serra do caldeirão, que noutros tempos o tornava suficientemente isolado para os que lá moravam se sentirem algarvios e os que se aventuravam pela serra para passarem um mês de férias numa pensão uma numa casa alugada se sentirem turistas na sua terra, usufruindo dos bens locais e interagindo com os residentes algarvios.
Agora parece o inverso. Comunidades de turistas do norte da europa, sendo os britânicos a maior colónia residente de estrangeiros, vivem num mundo à parte, relacionando-se quase exclusivamente uns com os outros, comprando em lojas também deles, utilizando de preferência os seus conterrâneos como fornecedores (construtores de piscinas, talhos, etc). Muitos não pagaram os impostos que os locais tiveram que pagar na compra da casa e nem pagam IRS. Vivem numa região e num país para a qual pouco contribuem. No entanto quando necessitam de cuidados de saúde utilizam os hospitais públicos além dos privados, um serviço pago por todos os portugueses. Não sei se pagam IMI sequer. Muitas das suas casas forma compradas por off-shores fugindo desta forma aos impostos. Tudo isto com a complacência das autoridades. No inverno os turista são outros: os idosos de países do norte da Europa que se estabelecem nos hotéis a preços abaixo do que pagariam de contas de eletricidade nos seus próprios países. A hotelaria habituou-se nas últimas década de tal ordem a estes clientes, que os clientes de verão, muitos portugueses, têm que gramar com comida ao gosto dos ingleses e outros estrangeiros europeus, que têm por base alimentar o borrego assado, o filete de peixe tipo perca, os "beans", a salsicha, etc. A gastronomia portuguesa está remetida para um dia em que se anuncia qualquer coisa como sardinhas assadas ou outras coisas menos nobres da nossa gastronomia. Mais uma vez tudo para que os portugueses se sintam estrangeiros na sua própria terra.
Claro que também há os hotéis de 5 estrelas e os restaurantes com 1 ou até 2 estrelas Michelin, ou as "villas" em condomínios mais ou menos fechados. Mas nesses os algarvios só entram como ajudantes de cozinha ou empregadas de limpeza e de quartos, muito como o fazem na Suíça e França, pelo que podem ser considerados como parcelas dessas economias mais evoluídas em território nacional. Só falta pedir o passaporte para ter poder entrar em alguns desses locais (veja-se por exemplo Vale de Lobo com segurança privada em todo o resort). Há ainda os letreiros em inglês, os pubs, o turismo de habitação pertencente a estrangeiros que angariam pessoas do seu país, enfim, toda uma economia paralela que foge em grande parte ao controlo das autoridades e principalmente ao controlo político regional.
A sazonalidade no Algarve é outro problema. Uma região quase totalmente dependente do turismo, não consegue dar aos seus naturais trabalho fora dos meses de estação alta. Não se investiu em mais nada que não o turismo, muito incentivado por programas de incentivos europeus. As pescas pelo contrário, desde o tempo de Cavaco Silva como primeiro ministro, ele próprio um algarvio, que se veem abatendo barcos em troco de subsídios para não se fazer nada.
Com o continuar da crise nacional e o poderia económico dos norte-europeus, e com a sua continuada vontade de viver em países do sul da Europa, devido ao seu clima, ou o Algarve dá uma grande reviravolta e se protege, pela mão dos algarvios conscienciosos e do governo, ou os outros, turistas e parasitas, incluindo alguns algarvios oportunistas, o virarão do avesso, se é que já não o fizeram, transformando-o num conjunto de kibutzs de vários países do norte da Europa, com predominância para o britânicos, ficando os algarvios remetidos a uma faixa "de Gaza". Afinal, muito antes da existência da faixa de Gaza, foi assim que se fundou o estado hebraico, pela mão dos britânicos.
Agora parece o inverso. Comunidades de turistas do norte da europa, sendo os britânicos a maior colónia residente de estrangeiros, vivem num mundo à parte, relacionando-se quase exclusivamente uns com os outros, comprando em lojas também deles, utilizando de preferência os seus conterrâneos como fornecedores (construtores de piscinas, talhos, etc). Muitos não pagaram os impostos que os locais tiveram que pagar na compra da casa e nem pagam IRS. Vivem numa região e num país para a qual pouco contribuem. No entanto quando necessitam de cuidados de saúde utilizam os hospitais públicos além dos privados, um serviço pago por todos os portugueses. Não sei se pagam IMI sequer. Muitas das suas casas forma compradas por off-shores fugindo desta forma aos impostos. Tudo isto com a complacência das autoridades. No inverno os turista são outros: os idosos de países do norte da Europa que se estabelecem nos hotéis a preços abaixo do que pagariam de contas de eletricidade nos seus próprios países. A hotelaria habituou-se nas últimas década de tal ordem a estes clientes, que os clientes de verão, muitos portugueses, têm que gramar com comida ao gosto dos ingleses e outros estrangeiros europeus, que têm por base alimentar o borrego assado, o filete de peixe tipo perca, os "beans", a salsicha, etc. A gastronomia portuguesa está remetida para um dia em que se anuncia qualquer coisa como sardinhas assadas ou outras coisas menos nobres da nossa gastronomia. Mais uma vez tudo para que os portugueses se sintam estrangeiros na sua própria terra.
Claro que também há os hotéis de 5 estrelas e os restaurantes com 1 ou até 2 estrelas Michelin, ou as "villas" em condomínios mais ou menos fechados. Mas nesses os algarvios só entram como ajudantes de cozinha ou empregadas de limpeza e de quartos, muito como o fazem na Suíça e França, pelo que podem ser considerados como parcelas dessas economias mais evoluídas em território nacional. Só falta pedir o passaporte para ter poder entrar em alguns desses locais (veja-se por exemplo Vale de Lobo com segurança privada em todo o resort). Há ainda os letreiros em inglês, os pubs, o turismo de habitação pertencente a estrangeiros que angariam pessoas do seu país, enfim, toda uma economia paralela que foge em grande parte ao controlo das autoridades e principalmente ao controlo político regional.
A sazonalidade no Algarve é outro problema. Uma região quase totalmente dependente do turismo, não consegue dar aos seus naturais trabalho fora dos meses de estação alta. Não se investiu em mais nada que não o turismo, muito incentivado por programas de incentivos europeus. As pescas pelo contrário, desde o tempo de Cavaco Silva como primeiro ministro, ele próprio um algarvio, que se veem abatendo barcos em troco de subsídios para não se fazer nada.
Com o continuar da crise nacional e o poderia económico dos norte-europeus, e com a sua continuada vontade de viver em países do sul da Europa, devido ao seu clima, ou o Algarve dá uma grande reviravolta e se protege, pela mão dos algarvios conscienciosos e do governo, ou os outros, turistas e parasitas, incluindo alguns algarvios oportunistas, o virarão do avesso, se é que já não o fizeram, transformando-o num conjunto de kibutzs de vários países do norte da Europa, com predominância para o britânicos, ficando os algarvios remetidos a uma faixa "de Gaza". Afinal, muito antes da existência da faixa de Gaza, foi assim que se fundou o estado hebraico, pela mão dos britânicos.
quarta-feira, agosto 20, 2014
Mais cortes no orçamento do ensino superior
No período de férias, eis que surge mais uma noticia de cortes por parte da tutela, desta vez 1,5%. Muitas instituições não conseguirão compensar estes cortes gerando receitas que há uns anos propagandeavam que faziam através e projetos europeus e receitas próprias em projetos de I&D.
O melhor seria não declarar as receitas próprias para desse modo ir buscar mais financiamento? Nesse caso foi um erro a UM inflacionar as receitas próprias com orgulho há um par de anos atrás, reclamando que constituiriam mais de 50% do total daas receitas, incluindo por exemplo receitas de projetos europeus que provêm da cobrança de custos indiretos, como receitas próprias. É como um senhorio receber rendas e ser considerado produtiva essa receita.
Noutra componente dos cortes, estão os seus professores e funcionários que voltarão a ter cortes, e os cortes nas bolsas e nos centros de investigação.
O Ensino Superior nunca foi tão atacado como agora. Terá que se defender, e se reinventar. Não basta fazer o mesmo que sempre tem feito, ensino e investigação. Tem que se ligar ao exterior, com aas empresas, e deixar que esta ligação não seja só um slogan mas uma realidade.
O melhor seria não declarar as receitas próprias para desse modo ir buscar mais financiamento? Nesse caso foi um erro a UM inflacionar as receitas próprias com orgulho há um par de anos atrás, reclamando que constituiriam mais de 50% do total daas receitas, incluindo por exemplo receitas de projetos europeus que provêm da cobrança de custos indiretos, como receitas próprias. É como um senhorio receber rendas e ser considerado produtiva essa receita.
Noutra componente dos cortes, estão os seus professores e funcionários que voltarão a ter cortes, e os cortes nas bolsas e nos centros de investigação.
O Ensino Superior nunca foi tão atacado como agora. Terá que se defender, e se reinventar. Não basta fazer o mesmo que sempre tem feito, ensino e investigação. Tem que se ligar ao exterior, com aas empresas, e deixar que esta ligação não seja só um slogan mas uma realidade.
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segunda-feira, julho 28, 2014
Avaliação dos centros de I&D
Agora que se aproximam as férias, não se esperam grandes novidades. Acaba o ano com a polémica causada pelos centros que não passaram à segunda fase. O centro de física da UM e o centro de química apareceram na imprensa a reclamar a sua não passagem à segunda fase, pelo que foram secundados por vários comentadores que depressa passaram ao pedido de impugnação de todo o processo de avaliação. Independentemente da justeza ou não destas reclamações, há algumas questões que se nos ocorrem. Tendo sido a avaliação pela primeira vez feita totalmente por avaliadores estrangeiros, seria de esperar que num país pequeno como Portugal, onde quase todos os cientistas do mesmo ramo se conhecem, esta teria sido um boa medida para evitar compadrios, que têm assolado o nosso meio científico durante décadas. Pelos visto já não basta só o número de "papers" e citações para se ser considerado um centro de excelência. É talvez um ponto de viragem que se impunha há algum tempo, não havendo qualquer benefício para o tecido empresarial português ou mesmo para o Estado Social o aumento exponencial que se tem verificado de produção científica. Houve nos últimos anos uma proliferação de publicações para inflacionar o ego dos responsáveis dos institutos de I&D e de alguns responsáveis de equipas e I&D que são autenticas fábricas de produção de "papel". Também não ajuda a comunicação social contabilizar a excelência científica a metro, contabilizando o número de papers e citações sem olhar às causas de tais resultados. Uma delas é a globalização da I&D e a proliferação de "journals" na última década, um negócio das editoras como a Elsevier entre outras. Temos pois que enveredar por uma autoanálise do que tem sido o financiamento da I&D em Portugal e só depois criticar as novas orientações, que não são este governo, mas são da Europa, que financia a I&D e exige mudanças, no sentido de ligar mais a I&D ao tecido empresarial e industrial regional, que diga-se de passagem, não é má ideia.
quarta-feira, julho 23, 2014
Avaliação dos professores 2014
Assistiu-se mais uma vez ao espetáculo dos professores do ensino secundário a resistirem a serem avaliados em provas escritas efetuadas em escolas. No local onde é suposto eles manterem a ordem entre os alunos, comportam-se pior que muitos alunos, comprometendo a autoridade e a própria dignidade da classe. Embora as provas fossem muito fáceis e mais adequadas ao 9ºano, segundo alguns que fizeram a prova, foi a primeira vez que os professores foram avaliados, o que significa que é possível avaliá-los. Já é um começo. Foi a segunda prova que se fez por terem faltado muitos professores à primeira devido a ações do sindicato que desde os governos anteriores tem feito um boicote sistemático à avaliação. Como é que é possível aqueles que pautam o resultado do seu trabalho pela avaliação de outros, os alunos, não sintam que é essencial que eles próprios sejam avaliados, sob pena do seu trabalho estar à partida inquinado, sendo o resultado, alunos mal preparados para prosseguirem os seus estudos e eventualmente se candidatarem ao ensino superior? Em consciência eles sabem que é assim. Os alunos que chegam ao ensino superior, está na sua grande parte mal preparados, o que lhes dificulta o seu percurso, muitos desistindo nos primeiros anos, com tudo o que isso implica para eles e para as suas famílias. O abandono escolar, seja no ensino secundário ou no universitário, tem muito a ver com uma deficiente formação e motivação dos alunos, durante o ensino básico e secundário, fruto em grande parte de professores mal preparados para lhes transmitirem essas duas vertentes essenciais do seu percurso académico. O país perde muito com índices tão elevados de abandono escolar, por serem jovens que poderiam contribuir mais para a evolução do país e para o seu progresso, ao qual está tudo ligado, desde o PIB (engenheiros, gestores, etc) ao Estado Social (médicos e enfermeiros, professores, assistentes sociais, etc).
No ensino superior, embora só de tantos em tantos anos, os professores são avaliados quando são submetidos a provas que permitam subir na carreira. Os juízes e médicos são avaliados também para progressão na carreira. Todos os funcionários públicos são avaliados de 3 em 3 anos, bem ou mal, para progredirem na carreira. A exceção são os professores do ensino básico e secundário.
Desta vez até podem ter alguns argumentos para não se terem submetido à prova ou por considerar que a prova não é séria, por ser demasiado fácil ou por ter sido marcada muito em cima. Mas noutras ocasiões com os anteriores governos arranjavam sempre argumentos para não serem avaliados. De que têm medo? Por que se deixam ser manipulados? Qual a razão? Pura e simplesmente insegurança em relação aos seus próprios conhecimentos. Só pode ser.
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sábado, julho 12, 2014
A ciência sem consequência
Têm vindo a ser frequentes as críticas ao financiamento por parte de institutos de I&D dos cortes de financiamento para a investigação fundamental. São de facto lamentáveis os cortes cegos nas bolsas que a FCT fez sem qualquer estratégia alternativa que concedesse financiamento alternativo à ciência, a não ser a promessa dos centros que passaram à segunda fase da avaliação serem financiados.
Mas quem mais se queixa?
É quem mais recebeu nos últimos anos. Não é quem tem recebido pouco ou nada, que tem sido preterido ano após no financiamento, mas são aqueles que se pode dizer estava mal habituados. Muitos foram beneficiados através de programas especiais de financiamento "por atacado" a laboratórios associados e a institutos de I&D. O Centro de I&D que não estivesse integrado em laboratórios associados, não teria a garantia dos 10 anos de financiamento, mas teria 3 anos.
Claro que os centros de I&D tinham que estar sempre a candidatar-se a financiamento enquanto que os laboratórios associados não precisassem, sendo os seus orçamentos renovados quase automaticamente, não se conhecendo um laboratório associado que não tivesse o seu orçamento aprovado. Claro que nem todos os laboratórios associados eram de I&D fundamental e por não o serem não se queixam porque têm projetos com empresas como alternativa. Os outros, de I&D fundamental, sem outros recursos agora gemem. A questão é se um país como Portugal pode-se dar ao luxo de ter laboratórios de I&D fundamental, sejam institutos ou centros de I&D, totalmente ou quase totalmente financiados pelo Estado, na situação em que o País se encontra. Por muito que custe a estes “opinion makers” da ciência, constantemente convidados para programas sobre ciência, o que fazem pode ser muito interessante, mas o que o país agora precisa não é de “papers”, mas sim de ideias e de quem as ponha em prática. Biólogos às centenas a fazer I&D não vai resolver os problemas do país, por muito interessante que a genética seja. Desde que o genoma humano foi descoberto que não têm parado os cursos "bio" de se multiplicarem, ou de aumentarem s numeros cláusus, Depois vêm os doutoramentos nas áreas "bio" que tornaram o país num oásis para os "cocabichinhos". Não se esqueçam do que os rodeia, que é um país real com necessidades reais e muito mais básicas! Portugal não é um país com capacidade de absorver as suas experiência, como os países das multinacionais, EUA, Suíça Alemanha, Reino Unido e França. Não, é um país pequeno e sem essa capacidade como é o nosso.
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domingo, julho 06, 2014
Cursos sem alunos
Entre as notícias de crianças de famílias que perderam o rendimento mínimo, e que tudo indica permanecerão na pobreza extrema durante anos, a baixa taxa de natalidade e a imigração de famílias jovens que levam os seus filhos com eles para engrossar a juventude de países como Inglaterra, a França e Suiça…fala-se do fecho de cursos com menos de 10 alunos. Estima-se que serão pouco mais de uma dezena nas Universidades. Mas como será daqui a uns anos quando estes jovens, alguns não-nascidos outros sem meios para entrarem na Universidade por estarem na pobreza máxima, e outros que terão a sua vida outros países para onde imigraram, entrariam para a Universidade e que nunca lá chegarão? Não serão só uma dezena de cursos a desaparecer, serão centenas de cursos que desaparecerão.
O governo que não pense que as suas políticas de cortes não tem consequências na baixa do número de jovens em Portugal e que por sua vez um país com menos jovens terá necessariamente consequências não só no PIB mas na produção do saber, nas Universidades e Politécnicos.
Por sua vez, cursos que formam engenheiros para a indústria exportadora, como é o caso de engenharia têxtil, não podem fechar, e é uma posição corajosa sem dúvida, manter o curso a funcionar. O reitor já anunciou que é um curso estratégico para a região norte e para o país. O problema é que um curso com menos de 10 alunos torna-se um curso difícil de atingir os objetivos a que se propõe por não ter massa crítica. O intercâmbio entre os alunos, principalmente agora com Bolonha em que os projetos integrados são uma componente muito relevante do curso. Os alunos que entram para o curso de engenharia têxtil por exemplo vêm dos cursos CET, o que implica que com a alteração que o governo fez no ensino profissional é muito provável que o curso desça para números muito abaixo dos 10 tornando o ensino ainda mais problemático. Por isso a decisão de manter o curso aberto é sem dúvida corajosa.
quinta-feira, junho 19, 2014
A insustentável alienação dos académicos
Ás vezes temos a sensação de que estamos mal onde estamos. Se vivêssemos noutra cidade estaríamos melhor; se vivêssemos noutro país melhor ainda. Se estivéssemos noutro emprego, e no nosso emprego mas noutra entidade, no meu caso universidade, se estivéssemos noutro tempo...
Dizem que é próprio do ser humano estar insatisfeito. Há no entanto uma boa percentagem que está bem onde está. Vem isto a propósito do último "post" que fiz sobre a permanência em certos lugares de topo da instituição de alguns colegas nossos, que perpetuam o seu lugar como se realmente estivessem no sítio certo e não encontrariam outro melhor, fosse noutra condição ou mesmo fora de todo o que fizeram até à data. Penso que lhes fazia bem, a eles e à instituição. Uma ótima experiência que aconselho, longe das burocracias e das guerras intestinas dos académicos é o empreendedorismo. Cruzamo-nos com gente de outras proveniências, empresários, quadros e técnicos de empresas, diretores e empregados de organismos públicos, e outros. Os académicos, têm a tendência de viver para dentro, enquanto os empresários e os que trabalham para/com eles vivem para fora, procuram clientes e colaboradores. Cruzam-se com todo o tipo de profissões, vivências e projetos que lhes dão uma visão mais real da vida. Essa é que é a realidade. Os académicos vivem do que observam à sua volta, no meio académico, e do que leem nas revistas da especialidade, nunca saindo muito daquele mundo restrito das conferências e papers. Mais parece um mundo dentro de outro mundo.
O que faz falta, é tirar-lhes o tapete, para bem deles. Obriguem-nos a vir cá para fora, nem que seja uma vez por ano, passar um ano numa empresa, e aposto que vai haver uma lufada de ar fresco no ensino superior e que os que se agarram aos lugares vão querer largá-los ao perceber a insignificância desses lugares no mundo exterior.
Dizem que é próprio do ser humano estar insatisfeito. Há no entanto uma boa percentagem que está bem onde está. Vem isto a propósito do último "post" que fiz sobre a permanência em certos lugares de topo da instituição de alguns colegas nossos, que perpetuam o seu lugar como se realmente estivessem no sítio certo e não encontrariam outro melhor, fosse noutra condição ou mesmo fora de todo o que fizeram até à data. Penso que lhes fazia bem, a eles e à instituição. Uma ótima experiência que aconselho, longe das burocracias e das guerras intestinas dos académicos é o empreendedorismo. Cruzamo-nos com gente de outras proveniências, empresários, quadros e técnicos de empresas, diretores e empregados de organismos públicos, e outros. Os académicos, têm a tendência de viver para dentro, enquanto os empresários e os que trabalham para/com eles vivem para fora, procuram clientes e colaboradores. Cruzam-se com todo o tipo de profissões, vivências e projetos que lhes dão uma visão mais real da vida. Essa é que é a realidade. Os académicos vivem do que observam à sua volta, no meio académico, e do que leem nas revistas da especialidade, nunca saindo muito daquele mundo restrito das conferências e papers. Mais parece um mundo dentro de outro mundo.
O que faz falta, é tirar-lhes o tapete, para bem deles. Obriguem-nos a vir cá para fora, nem que seja uma vez por ano, passar um ano numa empresa, e aposto que vai haver uma lufada de ar fresco no ensino superior e que os que se agarram aos lugares vão querer largá-los ao perceber a insignificância desses lugares no mundo exterior.
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sábado, maio 31, 2014
A renovação e a rotatividade em risco na política e nas sub-unidades da UM
Há pessoas que realmente estão agarradas ao poder ! Tanto na política como até nas Universidades. Até fazem ou alteram estatutos para se perpetuarem no poder. Neste momento está a acontecer no PS com a entrada em cena de António Costa. Hoje saber-se-á que manobra o presente secretário geral tomará para evitar a eleição de António Costa. Já se sabe que não vai convocar um congresso extraordinário que seria arriscado para ele. Felizmente a lei geral que incide sobre as autarquias veio limitar a eternidade dos mandatos dos presidentes de câmara.
Nas Universidades, a mesma ideia, não podendo os reitores e os Presidentes de Escola ter mais de dois mandatos. Mas quando descemos na hierarquia dos órgãos, vemos que alguns departamentos e centros de I&D não têm essa restrição, nomeadamente as sub-unidades da Escola de Engenharia, sendo um desses exemplos o Conselho Pedagógico dos cursos de Engenharia e o Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil, este último que conheço bem e que não impõe qualquer limite ao exercício do cargo de Diretor. Estes estatutos do Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil foram propostos pelo atual Diretor e, tudo indica, candidato à eleições das próxima semana. Não se entende tais discrepâncias, sendo a rotatividade essencial em todos os órgãos, sejam eles Unidades ou sub-unidades. Por interesses pessoais ou por descuido na uniformização dos estatutos entre Unidades e subunidades por parte dos dirigentes das Unidades, existem estas discrepâncias entre sub-unidades, prejudicando a rotatividade e eventualmente a renovação das políticas, tão necessário nos tempos que correm em que o mérito não pode ficar para segundo plano, refém de estatutos inquinados.
Também o congelamento das admissões na função pública torna a renovação muito difícil. Nas Universidades, não deve já haver professores de carreira com menos de 35 anos! É urgente o descongelamento das admissões sob pena de não haver Universidades, tal como as conhecemos, dentro de 20 anos!
Nas Universidades, a mesma ideia, não podendo os reitores e os Presidentes de Escola ter mais de dois mandatos. Mas quando descemos na hierarquia dos órgãos, vemos que alguns departamentos e centros de I&D não têm essa restrição, nomeadamente as sub-unidades da Escola de Engenharia, sendo um desses exemplos o Conselho Pedagógico dos cursos de Engenharia e o Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil, este último que conheço bem e que não impõe qualquer limite ao exercício do cargo de Diretor. Estes estatutos do Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil foram propostos pelo atual Diretor e, tudo indica, candidato à eleições das próxima semana. Não se entende tais discrepâncias, sendo a rotatividade essencial em todos os órgãos, sejam eles Unidades ou sub-unidades. Por interesses pessoais ou por descuido na uniformização dos estatutos entre Unidades e subunidades por parte dos dirigentes das Unidades, existem estas discrepâncias entre sub-unidades, prejudicando a rotatividade e eventualmente a renovação das políticas, tão necessário nos tempos que correm em que o mérito não pode ficar para segundo plano, refém de estatutos inquinados.
Também o congelamento das admissões na função pública torna a renovação muito difícil. Nas Universidades, não deve já haver professores de carreira com menos de 35 anos! É urgente o descongelamento das admissões sob pena de não haver Universidades, tal como as conhecemos, dentro de 20 anos!
domingo, maio 25, 2014
Eleições hoje e amanhã
Mais uma eleição europeia em que a abstenção foi quem ganhou e em que os partidos tiraram as ilações que lhes convinha. A Aliança PSD/CDS não obteve sequer 30%, mas fala mais da expressão menor do que se esperava para o PS. O PS por sua vez fica satisfeito com os resultados que se situam abaixo dos 40% . Infelizmente para o País ninguém tira as ilações que devia. O governo saíu derrotado e o PS dececionou. O que seria de esperar era que o governo do PSD/CDS se demitisse e o PS mudasse de líder, isto sem qualquer animosidade em relação a José Seguro. Mas isto seria o que se esperaria e o que afirmarão amanhã ou nos dias seguintes os comentadores mais esclarecidos.
Amanhã serão as eleições "europeias" da UM, ou seja as eleições para o Senado. A abstenção será tão grande ou maior que nas eleições europeias; o Senado tal como o Parlamento Europeu é um órgão sem poder, um órgão consultivo. Esperemos que no fim os vencedores e vencidos não tirem as ilações que lhes convém, tal como as eleições europeias, mas que tirem as ilações mais lógicas e consequentes.
Há uma diferença, é que os candidatos nestas eleições para o Senado, não vão ter um emprego bem pago e com viagens em primeira classe. Terão, isso sim, um período da sua vida académica, em que fazem menos investigação ou outras atividades que teriam interesse para o se currículo, um período de discussões estéreis, frustrações (aqueles que levam o cargo a sério), e porventura até afetará as suas vidas privadas. Oxalá me engane.
Amanhã serão as eleições "europeias" da UM, ou seja as eleições para o Senado. A abstenção será tão grande ou maior que nas eleições europeias; o Senado tal como o Parlamento Europeu é um órgão sem poder, um órgão consultivo. Esperemos que no fim os vencedores e vencidos não tirem as ilações que lhes convém, tal como as eleições europeias, mas que tirem as ilações mais lógicas e consequentes.
Há uma diferença, é que os candidatos nestas eleições para o Senado, não vão ter um emprego bem pago e com viagens em primeira classe. Terão, isso sim, um período da sua vida académica, em que fazem menos investigação ou outras atividades que teriam interesse para o se currículo, um período de discussões estéreis, frustrações (aqueles que levam o cargo a sério), e porventura até afetará as suas vidas privadas. Oxalá me engane.
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domingo, maio 11, 2014
Assim vai o reino da..Cratogracia
O estatuto da UM, derivado do RJIES. prevê um órgão consultivo, O Senado, que não se sabe ao certo quais as competências reais. No entanto há umas almas que se candidatam com as melhores das intenções, uma vez que pensam fazer a diferença. Boa sorte é o que lhes desejo, embora desconfio que vão acabar frustrados pelo tempo perdido. Oxalá me engane, já que se esforçaram tanto e tantas expetativas criaram. Em vez do ministro andar a tentar cortar mais com a fusão de cursos de Universidades consideradas próximas geograficamente, faria melhor em reformular o RJIES e dar mais força ao Senado ou a um Conselho Académico que tratasse das questões pedagógicas, que tanta falta faz...
Para já, podia por o ECDU a funcionar, já que foi reformulado mas não foi posto a funcionar naquilo que seria o mais relevante para a tão propalada ligação Universidade-empresa: a possibilidade dos professores passarem um tempo nas empresas sem por essa razão serem penalizados na progressão da carreira.
Este ministro será que tem um plano ou estratégia? Ou estará preso pelas suas próprias contradições? É um rol de falsos arranques, tanto no secundário, com o inglês no primeiro ciclo e os exames aos professores, como no superior com os milhões que cortou e que diz que serão repostos e não o são. Agora diz que se vai avaliar os cursos segundo noções vagas de orientação, preferindo os cursos "técnicos" aos outros. Não se sabe bem o que quer mas não há um documento que guie as universidades neste ou naquele caminho. Ou se há, deve estar bem escondido.
Entretanto, nas Universidades reina a confusão, com o novo ano letivo já à porta.
Típico deste ministério e deste governo. Navegação à vista, como um comentador político definiu a sua atuação no outro dia numa análise pós anúncio da reforma do setor público, leia-se: dos cortes e impostos que vamos sofrer no setor público, desde o IRS à ADSE.
Para já, podia por o ECDU a funcionar, já que foi reformulado mas não foi posto a funcionar naquilo que seria o mais relevante para a tão propalada ligação Universidade-empresa: a possibilidade dos professores passarem um tempo nas empresas sem por essa razão serem penalizados na progressão da carreira.
Este ministro será que tem um plano ou estratégia? Ou estará preso pelas suas próprias contradições? É um rol de falsos arranques, tanto no secundário, com o inglês no primeiro ciclo e os exames aos professores, como no superior com os milhões que cortou e que diz que serão repostos e não o são. Agora diz que se vai avaliar os cursos segundo noções vagas de orientação, preferindo os cursos "técnicos" aos outros. Não se sabe bem o que quer mas não há um documento que guie as universidades neste ou naquele caminho. Ou se há, deve estar bem escondido.
Entretanto, nas Universidades reina a confusão, com o novo ano letivo já à porta.
Típico deste ministério e deste governo. Navegação à vista, como um comentador político definiu a sua atuação no outro dia numa análise pós anúncio da reforma do setor público, leia-se: dos cortes e impostos que vamos sofrer no setor público, desde o IRS à ADSE.
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sábado, maio 03, 2014
O legado de Veiga Simão na UM
Morreu Veiga Simão o visionário Professor que fundou as Universidades novas, incluindo a Universidade do Minho. Na altura, eram politécnicos e institutos superiores, uma vez que os cursos eram de 3 anos e considerados bacharelatos. A ideia era de que preparassem engenheiros e especialistas em áreas onde não existiam, como a Engenharia Têxtil, que apoiaria a indústria principal do Minho, a Engenharia Metalomecânica, importante na região de Braga e a Engenharia de Polímeros, que foi fundada de seguida, já fora do seu local de implantação, por não haver Universidade em Leiria. Foi ainda fundada a Engenharia Informática, curso de onde provieram muitos empreendedores que formavam as primeiras empresas de informática, numa altura em que os computadores estavam a invadir as empresas e não havia técnicos para os manipular ou programar. É assim que eu interpreto as escolhas do então ministro da Educação, Veiga Simão. A Universidade rapidamente passou dos cursos de bacharelato para cursos de 5 anos, licenciatura, num espaço de 3 anos, sendo que muitos alunos que já estavam na indústria voltaram para acabar a licenciatura. Isto foi tudo há mais de 30 anos trás. Alguns desses alunos estarão já reformados ou próximo da reforma! Muitos transformaram as empresas assumindo posições de relevo, tais como diretores de produção, modernizando o tecido industrial numa altura em que as pequenas e médias empresas estavam entregues a empresários que não tinham a formação adequada e técnicos que aplicavam ainda métodos empíricos passados de pais para filhos. A Engenharia de Produção e Sistemas, fundada mais tarde por seguidores de Veiga Simão, como Barbosa Romero, membro da comissão instaladora e grande impulsionador destes novos cursos que vieram colmatar muitas deficiências na gestão das empresas, através dos seus licenciados. Foi a época áurea da engenharia, embora houvesse outros cursos únicos também fundados logo no início da Universidade do Minho, como a licenciatura em Relações Internacionais, que se espalharam pelo mundo, espalhando também o nome da UM esta forma. A fundação de cursos específicos, continuou com o curso de Administração Pública, que se esperava vir a modificar uma administração muito envelhecida. Foram tempos de mudança no tecido empresarial e na administração pública, que foram vividos com entusiasmo pelos seus protagonistas. Devemos muito desta revolução silenciosa a Veiga Simão, um homem que soube adaptar-se aos tempos modernos de então e não se ficar pelo saudosismo do passado, como infelizmente muitos se ficaram.
domingo, abril 27, 2014
O que pagamos e recebemos é mais justo do que há 30 anos atrás?
José Afonso dizia numa das suas canções de intervenção, os Vampiros, que "eles comem tudo". Pois hoje com evolução do País cada vez mais capitalista e de livre concorrência, podemos dizer que eles "vendem tudo". Vem isto a propósito de vários sinais que têm surgido e divulgados nos média, tais como as privatizações em curso das empresas de água e resíduos urbanos. Há uma guerra em Lisboa entre a autarquia e o governo para evitar a privatização dos resíduos de Lisboa. Todos estão conscientes que os resíduos são um negócio apetecível, uma vez que os pobres contribuintes, ou melhor, munícipes, não têm outro remédio senão pagar, sob pena e serem levados a tribunal. Depois há as empresas municipais que conseguem sempre ter preços mais elevados do que quando o serviço pertencia à Câmara.Temos exemplos perto de casa, como o preço dos serviços da empresa municipal AGERE formada há uns anos. Os preços dispararam. Nós pagamos mais de 20 euros todos os meses, quando há municípios que pagam menos de 5 euros aqui muito perto, como por exemplo Terras de Bouro. Porquê? Será porque uma é para pagar os empregos que foram aninhados nessa empresa aquando da sua formação e noutro caso é a própria Câmara a tratar do assunto, não sendo necessário neste caso pagar ordenados extra de extra funcionários? Antes queria a Câmara como era há trinta anos atrás a cobrar.
Depois temos o que recebemos como Professores nas Universidades. Os custos com os ordenados dizem-nos que são 90% do orçamento das Universidades ou por aí. Mas ordenados de quem e de quê? Em tempos, no início da UM em 1975/76 havia a discussão sobre o subsídio de investigação que foi considerado pouco mais tarde, se não estou enganado, como o subsídio de exclusividade. Era separado do ordenado. Mais tarde foi incluído como fazendo parte do ordenado, numa daquelas medidas que antecedem eleições, quanto a mim erradamente, uma vez que quem faz investigação deve receber por isso separadamente. Imaginem quanto se pouparia se voltássemos ao tempo do subsídio de investigação ser pago a quem fazia investigação? É caso para pensar...Não que eu defenda fazer investigação só com o intuito de publicar, ser promovido em concurso por o ter feito extensivamente, e receber extra por isso. Não tenho a certeza que seja este tão pouco o melhor caminho. Mas, por exemplo, entre pagar ordenados a Professores Auxiliares com nomeação definitiva, Professores Associados que estão satisfeitos ou conformados com a sua posição na carreira e não fazem investigação e Catedráticos que chegando ao topo da carreira não terão incentivo para fazer investigação, ou pagar um subsídio àqueles que realmente fazem investigação fundamental, eu optaria por esta última hipótese como a melhor alternativa possível. Como membro da Escola de Engenharia e por teimosia de querer de facto fazer algo de útil à sociedade, defendo mais a investigação com alguma consequência para parte dessa sociedade, nomeadamente a indústria, mas como isso é quase impossível com os obstáculos existentes, sejam causados pelo ECDU ou pelos próprios Estatutos da UM, ao menos que se faça uma investigação que possa dar alguma formação científica aos professores que suplante em muito a dos alunos que eles vão ensinar, para o bem da qualidade do ensino universitário, e que essa investigação seja compensada.
Depois temos o que recebemos como Professores nas Universidades. Os custos com os ordenados dizem-nos que são 90% do orçamento das Universidades ou por aí. Mas ordenados de quem e de quê? Em tempos, no início da UM em 1975/76 havia a discussão sobre o subsídio de investigação que foi considerado pouco mais tarde, se não estou enganado, como o subsídio de exclusividade. Era separado do ordenado. Mais tarde foi incluído como fazendo parte do ordenado, numa daquelas medidas que antecedem eleições, quanto a mim erradamente, uma vez que quem faz investigação deve receber por isso separadamente. Imaginem quanto se pouparia se voltássemos ao tempo do subsídio de investigação ser pago a quem fazia investigação? É caso para pensar...Não que eu defenda fazer investigação só com o intuito de publicar, ser promovido em concurso por o ter feito extensivamente, e receber extra por isso. Não tenho a certeza que seja este tão pouco o melhor caminho. Mas, por exemplo, entre pagar ordenados a Professores Auxiliares com nomeação definitiva, Professores Associados que estão satisfeitos ou conformados com a sua posição na carreira e não fazem investigação e Catedráticos que chegando ao topo da carreira não terão incentivo para fazer investigação, ou pagar um subsídio àqueles que realmente fazem investigação fundamental, eu optaria por esta última hipótese como a melhor alternativa possível. Como membro da Escola de Engenharia e por teimosia de querer de facto fazer algo de útil à sociedade, defendo mais a investigação com alguma consequência para parte dessa sociedade, nomeadamente a indústria, mas como isso é quase impossível com os obstáculos existentes, sejam causados pelo ECDU ou pelos próprios Estatutos da UM, ao menos que se faça uma investigação que possa dar alguma formação científica aos professores que suplante em muito a dos alunos que eles vão ensinar, para o bem da qualidade do ensino universitário, e que essa investigação seja compensada.
domingo, abril 20, 2014
O 25 Abril,Braga, e Páscoa, uma semana de contradições
Esta semana comemora-se a Páscoa mas também o 25 de Abril de 1974. O dia da liberdade. O dia em que uma ditadura caduca caiu. O dia em que muitos caciques de regiões do interior tremeram e mais tarde em eleições livres também caíram. Em 1974 abriu-se um novo ciclo em que o país saiu da sua ignorância e se iniciou uma abertura o mundo exterior e um processo de alfabetização como nunca se vira na Europa. Esse processo teve grandes dificuldades de se afirmar nas aldeias do interior, nomeadamente a norte do Tejo, devido aos caciques e à igreja. Havia uma propaganda de sinal oposto ao da revolução que tal como o regime deposto, apelidava de comunista a todos os que queriam ensinar o povo analfabeto. A igreja desses locais isolados era a aliada. Felizmente tudo isso mudou e a própria igreja de então mudou muito. Nas cidades já tinha mudado sendo o bispo do Porto um exemplo disso. No entanto havia uma cidade que não mudava: Braga. Nem com a vinda da Universidade mudou assim tanto. Continuava a associação entre a igreja local e os grupos de extrema-direita que ainda perduravam na sociedade bracarense. O MDLP, um movimento que se tornou num grupo terrorista, que perseguia partidos de esquerda, organizava incêndios de sedes do partido comunista, como aliás aconteceu em Braga, armado com armas e bombas e que era acusado de ter morto o padre Max, tinha o seu refúgio em Braga, em casas de simpatizantes. O cónego Melo era acusado de pactuar com tais criminosos. No entanto, era venerado pela sociedade bracarense ao ponto de estar em todas as atividades mais relevantes da cidade, desde o futebol à universidade. Tinha como amigos figuras como o Presidente da Câmara, que pela sua filiação partidária os tornava "odd partners"("estranhos parceiros"). Talvez não tão estranhos, uma vez Mesquita Machado, que é a quem me refiro, o seu interesse seriam os votos da população maioritariamente católica e obediente à influência do cónego, e desta forma sabia que garantia mais uns milhares de votos nas eleições. Assim se manteve Mesquita Machado durante estes anos todos desde a revolução até atingir o limite de mandatos no ano passado, agradando à igreja local e ao povo das aldeias, acompanhando o cónego tanto no Sporting clube de Braga como nas atividades da vida da cidade, tais como inaugurações de obras de encher o olho ao povo, até à morte do cónego, não deixando no entanto de apadrinhar a estátua que se ergueu num local bem visível da cidade.
Outra contradição desta semana é a tolerância de ponto que a
Universidade, leia-se o reitor, decidiu dar aos seus funcionários na segunda feira de Páscoa. Não faz
sentido. Não se deu tolerância no carnaval, quando era essa a tradição da
universidade e do país. Não se deu aos funcionários tolerância de ponto quando
a UM fez 40 anos embora se tivesse dado essa tolerância aos professores. Mas na
segunda feira de Páscoa dá-se tolerância. É tradição em algumas vilas e aldeias do Minho,
tais como Terras do Bouro, que a cruz seja levada às casas dos crentes na
segunda de Páscoa e não ao domingo, como acontece por exemplo em Braga. Também há a questão das tradições populares e esta também poderia ser considerada uma delas, mas sendo tão localizada como o é, temos o caso da UM querer mesmo ser uma universidade regional? Não o creio.
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